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Nome Artístico
Serguei
Nome verdadeiro
Sérgio Augusto Bustamante
Data de nascimento
8/11/1933
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
7/6/2019
Local de morte
Volta Redonda, RJ
Dados biográficos

Cantor. Compositor.

Filho de um executivo da IBM, Domingos Bustamante, e da dona de casa Heloísa.

Aos 12 anos foi morar nos Estados Unidos, com a avó materna, Lia Anderson, em Long Island, Nova York, onde participou de festivais estudantis.

De volta ao Brasil, em 1955, trabalhou no Banco Boavista, depois como comissário de bordo na Loyd Aéreo, Cruzeiro do Sul, PanAir e Varig. Da Empresa Varig foi demitido após uma bebedeira em Madrid.

De volta aos Estados Unidos no ano de 1963 passou a morar Village, em Nova York, e cantou em bares. Com suas performances, roupas extravagantes e o rebolado agradava ao público. Nessa época, conheceu Janis Joplin, frequentou a casa de Jim Morrison, líder do The Doors, foi ao festival “Woodstock”.

A partir do ano de 1982 passou a residir na cidade de Saquarema, estado do Rio de Janeiro.

Considerado pelos motoqueiros Hells Angels o cantor oficial do grupo (facção brasileira).

No ano de 1991, a Escola de Samba Estácio de Sá lhe prestou uma homenagem com um alegórico dedicado ao cantor no carnaval daquele ano.

Em 1999 foi lançado o livro “Serguei – O Anjo Maldito”, biografia escrita por João Henrique Schiller.

Em 2010 a Prefeitura de Saquarema lhe prestou homenagem quando entregou ao cantor (em festa com várias autoridades da cidade) uma nova sede (ampliada) do Museu do Rock, constituído com peças de roupas, discos, prêmios, livros, cartazes, filmes em VHS e outros materiais sobre a vida do cantor. O Museu do Rock é administrado pelo próprio artista que lá reside, tornando-se uma personalidade emblemática da Região dos Lagos, no Rio de Janeiro. Neste mesmo ano foi convidado pelo canal Multishow para atuar como comentarista e entrevistador do principal prêmio da emissora, o “Prêmio Multishow”. Ainda em 2010 trabalhou como jurado do programa “Festival Ridículos”, comandado pelo humorista e apresentador Tom Cavalcante na emissora de televisão Record.

No ano de 2011 estreou o programa musical “Serguei Rock Show”, na TV Multishow, no qual, além de entrevistas com artistas do rock nacional, comentava clipes, contava estórias de sua vida e de artistas internacionais da cena roqueira internacional e ainda dava dicas de saúde e sexo. Dirigido por Leandro Ramos o programa era gravado no “Templo do Rock”, na verdade, sua casa, um misto de museu e residência na cidade de Saquarema, Região dos Lagos do Estado do Rio de Janeiro. Entre os convidados recebidos no programa “Serguei Rock Show” estiveram os roqueiros Rogério Skylab e Zéu Brito.

No ano de 2013 desfilou como destaque do carnaval pela Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel, com o enredo sobre o “Rock in Rio”. O roqueiro desfilou na comissão de frente com uma camiseta com a frase “Eu comi a Janis Joplin”.

Portador do Alzheimer foi internado no dia 6 de maio, com desidratação, desnutrição e infecção urinária. No dia 7 de junho foi a óbito no Hospital Zilda Arns, da cidade de Volta Redonda, no Rio de Janeiro.

Sobre o seu falecimento escreveu a jornalista musical e letrista Ana Maria Bahiana:

 

“Existem pessoas e existem celebridades e existem lendas. Serguei era um pouco de cada coisa dessas e, provavelmente, também um elfo do reino do rock n roll. Salve quem se foi! O que é lembrado, vive.”

Dados artísticos

Surgiu em meados dos anos 60 cantando com o grupo The Youngsters, uma das bandas de apoio de Roberto Carlos.

Em 1966, com produção do organista Ed Lincoln, gravou em compacto simples “Eu não volto mais”, de autoria E. Savoya e Orlandivo. Neste mesmo ano, lançou outro compacto, pelo Selo Equipe, desta vez com as músicas “As alucinações de Sergei” (Osmar Navarro e Luis de França) e a faixa “Savoya” (E. Savoya).

Frequentou festas com Jim Morrisson, Jimi Hendrix e Janis Joplin, com quem namorou durante suas várias visitas aos Estados Unidos.

Em 1968, lançou, em compacto simples, mais uma composição “Eu sou psicodélico”, de Carlos Cruz e Emanoel Rodrigues. Neste mesmo ano, pela Gravadora Continental, foi lançada a coletânea “A grande jogada e margarida”, na qual foram incluidas a sua interpretação para “Eu sou psicodélico” (Carlos Cruz e Emanoel Rodrigues) e “Maria Antonieta sem bolinhos”  (Antônio Cláudio e Romeu F. Filho). No disco também participaram outros intérpretes da época como Sergio Murilo, Milena, Fernando Pereira, Cleópatra, Stelinha e Didier. No ano seguinte, em 1969, pelo selo musical Orange Discos, lançou outro compacto simples, desta vez acompanado pelo grupo carioca The Cougars com as faixas “Alfa Centauro” (Toni e Alfredo) e “Aventura”, dos compositores Lápis e Paulo Vitola. Por essa época, apresentou-se no “Programa Flávio Cavalcanti”, no qual fez uma performance pop-tropicalista e quase atingiu Márcia de Windsor, uma das juradas, com uma banana.

Em 1970, produzido por Nélson Motta, lançou um compacto simples pelo selo Polydor (da gravadora Polygran) com as faixas “O burro cor-de-rosa” (Luis Carlos Sá) e “Ouriço”, de Paulinho Machado. O disco fora gravado em meio a uma viagem de LSD.

Apesar de nunca ter obtido sucesso comercial, é considerado uma lenda do rock brasileiro, pelo caso que supostamente teria tido com a cantora de rock e blues norte-americana Janis Joplin em sua estada no Brasil, no verão de 1970, poucos meses antes da sua morte por overdose de heroína.

Em 1970 apresentou-se diversas vezes no palco do New Hollyday, em Nova York.

Considerado também o precursor brasileiro em usar o visual andrógino em suas apresentações, mais tarde surgiu o grupo Secos & Molhados (no Brasil) e ainda Alice Coper e Kiss, anos depois (no exterior), além de mostrar a língua para o público, antes de Mick Jagger.

No ano de 1973 ganhou no “Programa Flávio Cavalcanti” o “Troféu Policarpo”, por ter sido eleito o pior cantor do ano.

No ano de 1983, à frente da Banda Cerebelo, lançou um compacto com as composições: “Hells Angels do Rio” e “Ventos do norte”, ambas de autoria de Marcelo Xavier, sendo acompanhado pela banda integrada Paulo de Tarso (baixo), Marcelo Xavier (Guitarra) e Vinicio Gomes (Bateria). O disco continha um carimbo que dizia “Aprovado pelos Hells Angels do Rio”. No ano seguinte, em dueto com Herman Torres (ex- Gang 90 & Absurdetes), gravou “Mamãe não diga nada ao papai” e “Alegria”. Contudo, foi no início década de 1990 que obteve certo reconhecimento público.

Em 1990, participou como “hors-concours” no concurso “Escalada do Rock”, que levou ao palco do “Festival Rock in Rio II”, roqueiros brasileiros com pouca divulgação na mídia. Na noite da final, no Circo-Voador, fez o melhor show de sua carreira, como afirmaria posteriormente. Em sua apresentação no festival interpretou “Summertime”, um dos muitos sucessos de Janis Joplin, sendo ovacionado por milhares de roqueiros. No ano seguinte, em 1991, foi convidado pela BMG Ariola para gravar um disco, o único de sua carreira não lançado de forma independente. No LP, produzido por Michael Sullivan e intitulado apenas de “Serguei”, interpretou as faixas “A noite inteira” (Humberto Gessinger), “Coleção de vícios” (Roberto Frejat, Guto Goffi e Dé), “Estou na lona” (Serguei), “Help” (John Lennon e Paul McCartney), “Lindo anjo” (Ney Matogrosso e Marcelo Xavier), “Mercedes Benz” (Janis Joplin, M. McClure e B. Neuwirth), “Não tem jeito” (Satisfaction / I Cant Get No) (Mick Jagger e Keith Richard – versão: Rossini Pinto), “Rock do papai” (Marcelo Xavier), “Rolava Bethânia – Roll Over Beethoven” (Chuck Berry – versão: Tavinho Paes) e “Summertime” (George Gershwin, Ira Gershwin e DuBose Heyward).

Em 1991, na terceira edição do “Rock in Rio”, apresentou-se vestido de ursinho ao lado de Silvinho (ex-Absynto).

Durante sua carreira gravou oito compactos simples e um LP, este, só com composições da dupla Sá & Guarabira.

No ano de 2001 o selo (e loja de discos) paulista Baratos Afins, compilou em CD alguns compactos simples lançados anteriormente por várias gravadoras pequenas. No CD intitulado “Serguei” foram incluídos os fonogramas “Alfa Centauro” (Toni e Alfredo), “As alucinações de Sergei” (Osmar Navarro e Luis de França), “Aventura” (Lápis e Paulo Vitola), “De sol a sol” (Moraes e Januário), “Eu não volto mais” (E. Savoya e Orlandivo), “Eu sou psicodélico” (Carlos Cruz e Emanoel Rodrigues), “Mamãe não diga nada ao papai” (P. O. May Jr), “Maria Antonietam sem bolinhos (Antônio Cláudio e Romeu F. Filho), “O burro cor-de-rosa” (Luis Carlos Sá), “Ouriço” (Paulinho Machado) e “Ventos do norte”, de Marcelo Xavier.

Em 2009 desfilou como modelo na feira de moda “São Paulo Fashion Week”.

No ano de 2011 fez show em vários palcos na cidade de Brasília. No ano seguinte, em 2012, voltou a desfilar como modelo na “São Paulo Fashion Week” e fez show  no evento “Rio Rock  In Blues” no lançamento da coleção de camisetas de rock da empresa “Minimália”, inspiradas, segundo os empresários da empresa, no próprio roqueiro neste mesmo ano.

Apresentou em quatro edições do “Rock in Rio” (1991, 2001, 2011 e 2013).

No ano de 2014, ao completar 81 anos, foi homenageado pelo portal “Porta Curta” com o lançamento do documentário “Serguei Íntimo”, da diretora Luciana Cavalcanti.

Discografias
2013 Selo Groovie Records CD Serguei Pisicodélico 1966-1975

(compilação)

2001 Selo Baratos Afins CD Serguei;

(compilação)

1991 Gravadora BMG/Ariola LP Serguei
1984 Independente Mamãe não diga nada ao papai/Alegria

(c/ Herman Torres)

1983 Independente Compacto simples Serguei e Banda Cerebelo
1970 Selo Polydor Compacto simples Ouriço/ O Burro Cor-de-rosa
1969 Selo Orange Discos Compacto simples Alfa centauro/Aventura
1968 Gravadora Continental LP A grande jogada e margarida

(vários)

1968 Selo Equipe Compacto simples Eu sou psicodélico
1966 Selo Equipe Compacto simples As alucinações de Serguei/Savoya
1966 elo Equipe Compacto simples Eu não volto mais
1966 - As alucinações de Serguei/Savoya- Selo Equipe - Compacto simples
1966 - Eu não volto mais - Selo Equipe - Compacto simples
1968 - A grande jogada e margarida (vários) - Gravadora Continental - LP
1968 - Eu sou psicodélico - Compacto simples
1969 - Alfa centauro/Aventura - Selo Orange Discos - Compacto simples
1970 - Ouriço/ O Burro Cor-de-rosa - Selo Polydor - Compacto simples
1983 - Serguei e Banda Cerebelo - Compacto simples
1984 - Mamãe não diga nada ao papai/Alegria (c/ Herman Torres) Compacto simples
1991 - Serguei - BMG/Ariola - LP
2001 - Serguei (compilação) Selo Baratos Afins - CD
Obras
Estou na lona
Shows
1993 Rio de Janeiro, RJ. Rock in Rio III
1991 Rio de Janeiro, RJ. Rock in Rio II
1991 Circo Voador, Rio de Janeiro, RJ. Seguei
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.

AMARAL, Euclides. O Guitarrista Victor Biglione & a MPB. Rio de Janeiro: 2ª ed. Esteio Editora, 2011. 3ª ed. EAS Editora, 2014.