
Cantor. Instrumentista. Compositor.
Em 1903 transferiu-se para o Rio de Janeiro.
Freqüentou as rodas de samba nos morros da Favela e Santo Antônio, assim como outros redutos em Niterói, quando passou a ser conhecido como Mano Elói.
Pai-de-santo e jongueiro respeitado, ao lado de Silas de Oliveira, Paulinho, Olímpio Navalhada e Aniceto do Império, fazia as rodas de jongo no morro da Serrinha.
Tocava cavaquinho, tamborim e pandeiro.
Foi estivador do Cais do Porto.
Foi um dos fundadores do Grêmio Recreativo e Escola de Samba Império Serrano em 1947.
Participou da fundação de várias escolas de samba como Deixa Malhar e Vai como Pode, que mais tarde seria conhecida como Portela. Também participou da fundação da Escola Prazer da Serrinha, que deu origem ao Império Serrano.
Freqüentador dos terreiros, em 1930 foi o pioneiro em gravar pontos e corimás de macumba. Estão incluídos em dois discos da Odeon os pontos de Iansã e Ogum e os cantos de macumba de Exu e Ogum.
Em 1936, foi eleito o “Primeiro Cidadão do Samba” em um concurso promovido pela União Geral das Escolas de Samba do Brasil (UGESB).
No ano de 1966, desfilou pelo Império Serrano.
Foi gravado pelo Conjunto Africano, que interpretou no LP “Não vai ao candomblé”, uma composição de sua autoria. Por essa época, participou dos discos “Amor” e “Conjunto africano”.
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.
ARAÚJO, Hiram. Carnaval – seis milênios de história. Rio de Janeiro. Editora Gryphus, 2000.
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SILVA, Marília T. Barbosa da, OLIVEIRA, Arthur L. de. Silas de Oliveira. Do jongo ao samba-enredo. Rio de Janeiro: Editora MEC/Funarte, 1981.
Oriundo de Vassouras, Elói Antero Dias, o Mano Elói, nasceu no ano da abolição da escravatura e chegou ao Rio de Janeiro com quinze anos. Foi trabalhar com seu tio como baleiro no Campo de Santana. Logo se tornou um dos maiores nomes do samba carioca. Frequentou as rodas do Morro da Favela, Mangueira e Portela. Batuqueiro e jongueiro gravou “pontos” famosos como Não vai ao candomblé, elogiado pelo escritor e pesquisador Mário de Andrade.
Como muitos que emigraram da região do Vale da Paraíba, se fixou no Morro do Vintém (mencionado por Assis Valente no samba “Brasil Pandeiro”), na Tijuca. No bairro fundou no início dos anos trinta a escola de samba Deixa Malhar, na rua Delgado de Carvalho, próximo ao sopé do Morro do Turano. Casemiro Calça Larga, líder da Azul e Branco do Morro do Salgueiro, afirma ter sido pioneira a agremiação de Mano Elói, que contou ainda com a participação de Jamelão e seu irmão Zé Linguiça, entre outros.
Em 1937, Mano Elói tornou-se o primeiro Cidadão Samba, quando já era respeitado líder estivador e dirigente da União Geral das Escolas de Samba, que teve a Deixa Malhar como sede nas primeiras reuniões. Mas os ataques alemães aos navios brasileiros motivaram o governo Vargas a ordenar o fechamento de clubes e associações, sob a alegação de medidas de segurança. Um texto de cunho racista chegou a celebrar o fato:
“A polícia resolveu fechar a escola de samba Deixa Malhar. Não se conhecem os motivos da providência, mas o simples título de ‘escola’ estava a exigir remédio pronto e enérgico (…) O Brasil de hoje não admite desocupados nem toadas afro-analfabetas.”
Com o fim do conflito mundial, houve um típico racha da guerra fria no samba, com os simpatizantes do PCB de um lado e Mano Elói e Tancredo Silva, da Federação Umbandista, ligados ao trabalhismo, de outro. Mesmo assim o fechamento precoce da Deixa Malhar comprova que Elói Antero Dias não era um pelego governista como seus opositores afirmavam. O surgimento do Império Serrano em 1947 o levou a apoiar a escola da Serrinha, onde desfilou pela última vez em 1966, cinco anos antes de sua morte. A quadra da verde e branco de Madureira passou a ter o nome de Elói Antero Dias.
Orlando Oliveira (Jornalista)