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Nome Artístico
João Nogueira
Nome verdadeiro
João Batista Nogueira Júnior
Data de nascimento
12/11/1941
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
5/6/2000
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Cantor. Compositor.
Nascido e criado na Rua Magalhães Couto, no Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro.
Frequentador de tradicionais botequins cariocas como o antigo “Pé na Poça”, situado no bairro onde cresceu.
Sempre homenageou, em seus sambas, “as coisas simples das gentes”.
Filho de músico profissional, nunca deixou de estar em contato com o samba e o choro devido às presenças de Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Donga e João da Baiana, amigos de seu pai e frequentadores de sua casa.
O pai chegou a tocar com Noel Rosa, segundo o livro “Noel, uma biografia”, de João Máximo.
Aprendeu a tocar violão acompanhando o próprio pai, que morreu quando ele tinha 10 anos. “Seu” João Nogueira  era violonista e chegou a tocar com o Conjunto Regional, de Rogério Guimarães, e com Jacob do Bandolim. Com a sua morte, a família passou por uma fase difícil. Assim, foi obrigado a trabalhar como vitrinista e vendedor.
Trabalhou, também, como funcionário da Caixa Econômica.
Aos 15 anos, começou a fazer música junto com a irmã, a compositora Gisa Nogueira.
Em 1958, passou a freqüentar o Bloco Carnavalesco Labareda do Méier, do qual, mais tarde, veio a ser diretor.
Foi na sua própria casa do Méier que nasceu o Clube do Samba, que funcionou durante anos a fio com noitadas animadas pelo “Pagodinho de Fundo de Quintal”. O Clube mudou-se para o bairro do Flamengo, em seguida para a Associação dos Servidores Civis do Brasil – inaugurado por Clara Nunes – e para o Clube Municipal, antes de chegar à sede definitiva, na Barra da Tijuca. O local, onde funcionava um depósito de bebidas, foi totalmente reformado e decorado por João Nogueira – o fundador e presidente do Clube (1979). Além do salão, com capacidade para mais de 1000 pessoas, funcionava no Clube uma galeria de arte – Guilherme de Brito – e o jardim batizado com o nome de Clara Nunes. Neste, há uma escultura de um sabiá com a seguinte inscrição: “Voa meu sabiá/ Canta meu sabiá/ Adeus, meu sabiá/ Até um dia…”, estribilho de um samba do compositor (parceria com Paulo César Pinheiro), gravado por Alcione.
Participou, como ator, do filme Quilombo, de Cacá Diegues, no qual fez o papel de Rufino.
O Bloco Carnavalesco Clube do Samba desfila todos os anos pela Avenida Rio Branco e traz entre seus integrantes: Alcione, Beth Carvalho, Dalmo Castello, Dona Ivone Lara, Gisa Nogueira, Martinho da Vila, Paulinho Tapajós e Paulo César Pinheiro.
Faleceu na madrugada do dia 6 de junho de 2000, vítima de enfarte, quando ainda se recuperava de um AVC  que o deixara com  algumas sequelas.
Em 2012 seu nome foi usado para rebatizar o Teatro Imperator, famosa casa de espetáculo da Zona Norte, situada no bairro do Méier, próximo ao local onde residiu o compositor, que passou a ser chamada de Centro Cultural João Nogueira. Por iniciativa de Emílio Khalil, Secretário de Cultura da Pefeitura do Rio de Janeiro na gestão de Eduardo Paes, o centro cultural é um complexo que envolvesalas de cinema, salas de apresentações, palco principal e também um mini-museu sobre o compositor. Todo o complexo cultural tem capacidade para cerca de duas mil pessoas em dias de evento.

Dados artísticos

No fim da década de 1960 já havia composto mais de 40 músicas.

Iniciou a carreira no “Festival de Juiz de Fora”.

O primeiro disco, um compacto simples, trazia as músicas “Alô Madureira” e “Mulher valente”, ambas de sua autoria.

Em 1968, por meio de Airto Silva, filho do saxofonista Moacir Silva, então diretor da gravadora Copacabana, conseguiu gravar sua composição “Espere, ó nega”, acompanhado por um conjunto de samba que, depois, passaria a ser chamado de Nosso Samba. Nessa época, conheceu Paulo César Valdez, que o levou à presença de sua mãe, a cantora Elizeth Cardoso. A cantora gravou “Corrente de aço” no LP “Falou e disse”, lançado pela gravadora Copacabana, em 1969. Animado com a boa recepção do público e da crítica, apresentou-se a Adelzon Alves, conhecido locutor e descobridor de talentos. Assim surgiu o convite para gravar um LP coletivo intitulado “Quem samba fica”. Na contracapa, Adelzon Alves recomendava:

 

“É mais um João que veio diferente no cantar samba e fazer verso. É mais uma reza forte nas quebradas, meu compadre.”

 

A música “Das 200 para lá”, do compositor, foi gravada no disco por Eliana Pittman e chegou aos primeiros lugares das paradas de sucesso.

No ano de 1972, pela gravadora Odeon, lançou o primeiro LP individual, que trazia seu nome como título. No disco, produzido por Adelzon Alves, incluiu de sua autoria as composições “Morrendo em versos”, “Beto navalha”, “Mariana da gente”, “Meu caminho” e “Blá, blá, blá”, esta com participação de sua irmã, Gisa Nogueira. Ainda neste LP, regravou “Das 200 prá lá”, “Alô Madureira”, ambas de sua autoria, e ainda interpretou composições de outros autores, tais como “Heróis da resistência” (Mano Décio da Viola, Manuel Ferreira e Silas de Oliveira), “Prum samba” (Egberto Gismonti), “Maria sambamba” (Casquinha), “Sétimo dia” (Garça) e “Mãe solteira” (Wilson Batista e Jorge de Castro).

Em 1974 gravou o segundo disco, “E lá vou eu”, também produzido por Adelzon Alves e lançado no Teatro Senac. A faixa que deu título ao disco foi composta em parceria com Paulo César Pinheiro, autores também de “Batendo à porta” (c/ Paulo César Pinheiro) e sucesso da época. Destacaram-se, ainda, neste trabalho, as músicas “Meu canto sem paz” e “Eu sei Portela”, ambas em parceria com sua irmã, Gisa Nogueira, e a regravação de “Gago apaixonado”, de Noel Rosa. O disco contou com as participações de Paulo César Pinheiro na faixa “Partido rico” (c/ Paulo César Pinheiro) e Ivor Lancellotti, autor de “De rosas e coisas amigas”. Também foram incluídas as faixas “Sonho de bamba” (João Nogueira), “Eu heim, Rosa!” (c/ Paulo César Pinheiro), “Do jeito que o Rei mandou” (c/ é Katimba), “Tempo à beça” (João Nogueira) e “Baço de boneca” (c/ Paulo César Pinheiro).

Em seu terceiro LP, “Vem quem tem”, lançado em 1975, trouxe novas composições que, mais tarde, virariam clássicos, como “O Homem de um braço só” (feita em homenagem ao bicheiro e dirigente Natal, da Portela), “Chorando pelos dedos” (c/ Cláudio Jorge), dedicada a Joel Nascimento – que fez uma participação especial neste trabalho – “Amor de malandro” (Monarco e Alcides Malandro Histórico) e “Mineira”, em parceria com Paulo César Pinheiro e dedicada à Clara Nunes. Neste samba, homenagearam a cantora (mulher de Paulo César Pinheiro) com citações de versos do também mineiro Ary Barroso:

 

“Clara/ abre o pano do passado/ tira a preta do serrado/ põe Rei Congo no congá/anda/ canta o samba verdadeiro/ faz o que mandou o mineiro, ô mineira/(…)/que é filha de Ogum com Iansã…”.

 

A gravação, realizada no fim de 1975, ficou presente nas paradas de sucesso durante mais de 20 semanas, destacando-se como um dos grandes sucessos da música popular do ano seguinte. O LP contou, ainda, com as participações especiais de Dino Sete Cordas, Hélio Delmiro, Marçal, Paulo Moura e Wilson das Neves, sendo também incluídas as composições “Não tem tradução” (Noel Rosa e Francisco Alves); “Convênio cupido” (João Nogueira); “Samba da Bandola” (c/ Cláudio Jorge), sendo Bandola o nome do grupo que o acompanhava; “Vem quem tem, vem quem não tem” (João Nogueira); “Pra fugir nunca mais” (c/ Claudio Jorge); “Seu caminho se abre” (Ivor Lacellotti) e “Albatrozes”, de sua autoria, além de “Nó na madeira”, em parceria com o letrista José Eugênio Monteiro, que foi um dos destaques deste LP, alcançando, também, sucesso à época. No ano seguinte, em 1976, Elizeth Cardoso interpretou, de sua autoria, “Entenda a Rosa”.

Em 1977, chegou às lojas “Espelho”, uma produção de Paulo César Pinheiro com arranjos do maestro Geraldo Vespar, lançado no Teatro João Caetano. A faixa-título, em parceria com Paulo César Pinheiro, tornou-se um grande sucesso. Ainda deste disco despontaram as composições “Pimenta no vatapá” (c/ Cláudio Jorge), a regravação de “Espere, óh! Nega”, “Wilson, Geraldo, Noel”, as duas de sua autoria, “Samba de amor” (c/ Mauro Duarte e Gisa Nogueira) e “Batucajé” (c/ Wilson Moreira), “Malandro JB” (Renato Barbosa e Nei Lopes), “Dora das Sete Portas” (c/ Paulo César Pinheiro), “O passado da Portela” (Monarco), “Apoteose ao samba” (Zinco e Darcy do Caxambu), “Quem sabe é Deus” e “Desenganos”, esta última em parceria com Mauro Duarte. No ano seguinte, em 1978, com produção de Paulo César Pinheiro, lançou “Vida Boêmia”, LP muito bem recebido pela crítica e no qual se destacaram as músicas “Baile no Elite” (c/ Nei Lopes), “As forças da natureza” (c/ Paulo César Pinheiro) e “Maria Rita”, de autoria de Luiz Grande. Este LP contou com a participação especial de Clara Nunes, na faixa “Bela cigana”, parceria com Ivor Lancellotti, além das faixas “Bares da cidade” (c/ Paulo César Pinheiro), “Moda da barriga” (João Nogueira), “Bate-boca” (Mauro Duarte e Walter Alfaiate), “Recado ao poeta” (Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro), “Amor de fato” (c/ Cláudio Jorge), “Sem medo” (João Nogueira) e “A cor da esperança” (Roberto Nascimento e Cartola), além de uma parceria póstuma com Noel Rosa, “Ao meu amigo Edgard”, na qual musicou a carta do paciente (Noel) ao seu médico (Edgard). Nesse mesmo ano, sua gravadora Emi Odeon lançou no mercado “Os maiores sucessos de João Nogueira”.

Em 1979, fundou o Clube do Samba, em sua própria casa, e com produção de Paulo Debétio lançou o disco de mesmo nome com várias composições que viriam a marcar sua carreira, tais como “Súplica” e “Canto do trabalhador”, ambas em parceria com Paulo César Pinheiro. Neste LP também foram incluídas as composições “Arquibundo” (c/ Maurício Tapajós), “Dama da noite” (c/ Paulo César Pinheiro), “Nicanor Belas-Artes” (c/ Chico Anysio), “Esse meu cantar” (João Nogueira), “Amor de dois anos” (Luiz Grande), “Dia de azar” (c/ Paulo Valdez), “Enganadora” (Monarco e Alcides Dias Lopes), “Terno branco” (Gisa Nogueira), “Iô Iô” (c/ Paulo César Pinheiro) e “Samba Rubro-Negro”, de Wilson Batista e Jorge de Castro. Ainda neste ano, realizou uma série de shows, dentre eles “João Nogueira apresenta Ivor Lancellotti”, na Sala Funarte. No repertório destacaram-se “Súplica”, “Dama da noite”, “Enganadora” e “Terno branco”. Também em 1979, Jom Tob Azulay dirigiu um curta-metragem que reuniu depoimentos sobre suas grandes paixões: o samba, a Portela e o Flamengo. Neste mesmo ano, de 1979, Elis Regina regravou, com grande sucesso, “Eu, hein Rosa!”, Alcione interpretou “Paraíba do Norte, Maranhão” e Elizeth Cardoso, no LP “O inverno do meu tempo”, incluiu “Mulata faceira”, todas em parceria com Paulo César Pinheiro.

Em 1980, lançou seu sétimo LP, “Boca do povo”, produzido por Paulo Debétio e criado pelo processo inverso. Em primeiro lugar foi escolhido o título do disco, depois vieram as composições “Poder da criação”, “Trabalhadores do Brasil” e “Cavaleiros Santos”, as três em parceria com Paulo César Pinheiro, e ainda “Bons ventos” (c/ Ivor Lancellotti) e “Linguagem do morro”, de autoria de Padeirinho da Mangueira e Ferreira dos Santos. No disco interpretou “Seu dono da gente” (c/ Nei Lopes), “Lá de Angola” (c/ Geraldo Vespar), “Quedas e curvas” (c/ Ivor Lancellotti), “Saudade de solteiro” (c/ Paulo César Pinheiro), “Mulher valente é minha mãe” (João Nogueira), “A força do samba” (Luiz Grande) e “Serei teu Iô Iô”, de Monarco em parceria póstuma com Paulo da Portela.

Admirador de Wilson Batista, Geraldo Pereira e Noel Rosa, gravou, em 1981, o disco “Wilson, Geraldo, Noel – João Nogueira”, o primeiro no qual não cantou composições de sua autoria, limitando-se a interpretar os autores que exerceram influência sobre seu trabalho. No disco, produzido por Homero Ferreira, gravou “Louco” (Wilson Batista e Henrique de Almeida); “De babado” (Noel Rosa e João da Mina); “Bolinha de papel” (Geraldo Pereira); “Largo da Lapa” (Wilson Batista e Marino Pinto); “Você está sumindo” (Geraldo Pereira e Jorge de Castro); “O maior castigo que eu te dou” (Noel Rosa); “Samba do Meyer” (Wilson Batista e Dunga); “Positivismo” (Noel Rosa e Orestes Barbosa); “Pedro Pedregulho” (Geraldo Pereira); “Feitio de oração” (Vadico e Noel Rosa), “Esta noite eu tive um sonho” (Wilson Batista e Moreira da Silva) e “Você vai se quiser”, de Noel Rosa.

No ano de 1982, o show “O homem dos quarenta” marcou o lançamento do nono disco de sua carreira, produzido por João Augusto e Paulo César Pinheiro. O roteiro musical ficou a cargo de Paulo César Pinheiro, pontilhado por um texto de Arnaud Rodrigues. Interpretou neste show o homem de 40 anos em diversas situações: no esporte, no lazer, na família, no trabalho, entre outras. Deste disco, destacou-se “Minha missão”, parceria com Paulo César Pinheiro, mas também foram incluídas as faixas “Meu dengo” (Luiz Grande); “Besouro da Bahia” (c/ Paulo César Pinheiro), “Pimpolho moderno” (Nélson Cavaquinho e Gérson Filho), “Transformação” (Jurandir da Mangueira e João Vieira), “Minha missão” (c/ Paulo César Pinheiro), “Dinheiro nenhum” (c/ Ivor Lancellotti), “Juramento falso” (J. Cascata e Leonel Azevedo), “Coisa ruim demais” (c/ Ivor Lacellotti) e “Temores”, em parceria como violonista Toquinho, além da faixa-título “O homem dos quarenta”, em parceria com Paulo César Pinheiro. No ano seguinte, em 1983, pela gravadora RCA Victor e com produção de Paulo César Pinheiro, lançou o LP “Bem transado”. Sobre o disco, falou o autor:

 

“Cada música tem uma história, principalmente porque eu, raramente, sento para fazer música; elas aparecem de acordo com a situação e com muita naturalidade. Gosto de todas as músicas, mas a que eu me sinto melhor cantando é Retrato de saudade, de Raphael Rabello e Paulo César Pinheiro, e Pagode do clube do samba, que canto junto com Martinho da Vila.”

 

No disco interpretou “Se segura, Segurança” (c/ Edil Pacheco e Dalmo Castelo); “Sapato de trecê” (c/ Nonato Buzar); “Retrato de saudade” (Raphael Rabello e Paulo César Pinheiro); “Outros tempos” (c/ Ivor Lancellotti); “Carica de coração” (Nonato Buzar e Pitty Mello); “Clube do Samba” (João Nogueira); “Sonhos de uma noite de verão” (c/ Reginaldo Bessa); “Lua com limão” (Claudio Cartier e Paulo César Feital), “Dois dois” (Dadinho, Mateus e Clóvis) e “como será o ano 2000?”, de Padeirinho.

Com produção de Paulo César Pinheiro lançou no ano de 1984 o LP “Pelas terras do Pau-Brasil”, disco no qual incluiu “Vovô Sobral”, “Chico Preto” e “Xingu” (todas em parceria com Paulo César Pinheiro), sendo a primeira composição, uma homenagem ao advogado Sobral Pinto. São deste disco também “Mel da Bahia” (c/ Edil Pacheco) e “Nos teus olhos” (c/ Nonato Buzar), além de “Na Boca do Mato” (Luiz Grande), “Anunciando o sol raiar” (Cláudio e Jurandir da Mangueira), “Dois de dezembro, Dia do Samba” (c/ Nonato Buzar e Paulo César Feital), “Meu louco” (c/ Paulo César Feital) e a regravação de “Segredo”, de Herivelto Martins e Marino Pinto. Neste mesmo ano, de 1984, Aldir Blanc e Maurício Tapajós gravaram “O Sandoval tá mudado” (parceria de Aldir, João e Maurício), no LP da dupla, lançado pelo selo Saci. Ainda em 1984, realizou, ao lado de Cristina Buarque, uma temporada no Teatro Carlos Gomes. Participou do disco “Partido alto nota 10”, de Aniceto do Império, no qual interpretaram em dueto a faixa “Entrevista”, de autoria de Aniceto do Império. No ano posterior, em 1985, também com produção de Paulo César Pinheiro, lançou o LP “De amor é bom”, com as faixas “Pimba na pitomba” (Luiz Grande); “Jornal cantado” (c/ Paulo César Feital); “Terra gira” (João Nogueira); “Bem-Hur dos macacos” (Cláudio Cartier e Aldir Blanc); “Rei Senhor, Rei Zumbi, Rei Nagô” (c/ Paulo César Pinheiro); “Chavão” (Baden Powell e Paulo César Pinheiro); “É disso que o povo gosta” (Carlinhos Vergueiro), “Alô, Rio” (c/ Ivor Lancellotti); “Rancho da natureza” (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro) e a faixa-título, “De amor é bom”, uma parceria com o compositor baiano Edil Pacheco.

No ano de 1986, gravou o disco “João Nogueira”, com produção de Jorge Cardoso e Paulo César Pinheiro, do qual se destacaram as composições “Boteco do Arlindo” (Maria do Zeca e Nei Lopes), “Eu não falo gringo” (c/ Nei Lopes) e “Sonhos de Natal”, parceria com Paulo César Pinheiro e na qual os compositores prestaram homenagem a Natal, um dos fundadores da Portela, além de “Figuraça” (Cristóvão Bastos e Paulo César Pinheiro), “Bahia morena” (c/ Edil Pacheco), “Primeira mão” (c/ Paulo César Pinheiro), “Malandro 100” (/ Luiz Grande), “Tô pianinho” (c/ Luiz Carlos da Vila), “Poeira da idade” (Luiz Violão) e “Triste regresso”, do baiano Roque Ferreira.

No ano de 1988 lançou o LP “João”, do qual se destacou a música “Sem companhia” de Ivor Lancellotti e Paulo César Pinheiro. No disco, produzido por Aluízio Falcão, foram incluídas as composições “Fôia de amor” (c/ Edil Pacheco); “Cachaça de rola” (c/ Paulo César Pinheiro); “Coração de malandro” (c/ Paulo César Pinheiro); “Pelas ruas do Recife” (Novelli, Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle); “Levanta, Brasil” (c/ Nonato Buzar); “Maria do Socorro” (c/ Carlinhos Vergueiro); “Vai, coroa” (c/ Nonato Buzar e Orlandivo) e “Tudo acaba em samba”, somente de sua autoria. Neste mesmo ano, de 1988, a convite do produtor do disco Ricardo Cravo Albin, participou do álbum duplo “Há sempre um nome de mulher”, no qual interpretou “Acertei no milhar” (Wilson Batista e Geraldo Pereira) e “Mineira”, em parceria com Paulo César Pinheiro. O trabalho ganhou o “Disco de Ouro” por 600 mil cópias vendidas somente nas agências do Banco do Brasil, tendo a renda revertida para a “Campanha do Aleitamento Materno”.

Em 1989 lançou o disco “O Grande Presidente”, produzido por Tuninho Galante para o selo Ideia Livre, trabalho em homenagem ao Presidente Getúlio Vargas, para arrecadar verba para a campanha do candidato Leonel Brizola. No LP, dividido com a cantora Beth Carvalho, foram interpretadas as faixas “Doutor Getúlio” (Edu Lobo e Chico Buarque), “Diplomata” (Henrique Gonçales), “Sessenta anos de uma República” (Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola), “Retrato do velho” (Haroldo Lobo e Marino Pinto), “Legado de Getúlio Vargas” (Silas de Oliveira e Walter Rosa), “Ela disse” (Edgar Ferreira), “Vinte e quatro de agosto” (Jagarão), “Trabalhadores do Brasil” (Luís Wanderley) e “Hino da Legalidade” (Demóstenes Gonzales, Lara de Lemos e Paulo César Pereio), além da faixa-título, “O Grande Presidente”, de autoria do compositor mangueirense Padeirinho.

Com produção de Aramis Barros, no ano de 1992 lançou “Além do Espelho”, com as faixas “Mineira”; “Batendo a porta”; “Eu heim, Rosa!”; “Súplica”; “Poder da criação”; “Minha missão”; “E agora, Drummond?” e “Espelho”, além da faixa-título “Além o espelho”, as nove em parceria com o poeta Paulo César Pinheiro. No disco também interpretou “Serenô” (Nonato Buzar, Gerude e Nogueirinha), “Luz maior” (Jorge Simas e Marcos Paiva), “Beco com saída” (c/ Nonato Buzar e Landinho Marques), “Do jeito que o rei mandou” (c/ Zé Katimba); “Corrente de aço” (João Nogueira); “Bicho homem” (c/ Sílvio César), “Nó na madeira” (c/ Zé Eugênio Monteiro), “Maria Rita” (Luiz Grande), “Clube do Samba II” (João Nogueira) e “Ecolaxé”, parceria com Edil Pacheco. Dois anos depois, em 1994, dividiu com o Paulo César Pinheiro o CD “Parceria”, lançado pela gravadora Velas, no qual ambos interpretaram suas parcerias ao longo de 22 anos, gravado ao vivo, em um show com as faixas “Espelho”, “Eu heim, Rosa!”, “E lá vou eu”, “Bafo de boca”, “Bares da cidade”, “As forças da natureza”, “Batendo a porta”, “Chorando pela natureza”, “Banho de manjericão”, “Súplica”, “Poder da criação”, “Minha missão”, “Chico Preto”, “Rio, samba, amor e Tradição”, “Primeira mão”, “Além do espelho” e “Um ser de luz”, esta última parceria deles com Mauro Duarte.

Em 1995, em parceria com o pianista Marinho Boffa, lançou o CD “Chico Buarque – letra e música”, disco produzido por Almir Chediak e somente com composições do autor, entre as quais “Feijoada completa”, “A Rita”, “Samba e amor”, “Com açúcar e com afeto”, “Homenagem ao malandro”, “O meu guri”, “Olhos nos olhos”, “Sem fantasia”, “Quem te viu, quem te vê”, “Sonho de um carnaval”, “Gota dágua”, “Bastidores”, “Deixa a menina” e “Olê, olá”. Neste mesmo ano, de 1995, a convite do poeta e produtor Paulo César Pinheiro, participou do disco “Clara Com vida”, homenagem à Clara Nunes, no qual interpretou, ao lado da cantora (com remixagem posterior), a faixa “As forças da natureza”, parceria com Paulo César Pinheiro. Neste mesmo ano participou do programa “Ao vivo entre amigos”, gravado no estúdio principal da Rádio MEC, comandado por Ricardo Cravo Albin e transmitido, ao vivo, para todo o Brasil, pela TVE, com uma hora de duração.

No ano de 1998, participou do CD “Chico Buarque de Mangueira”, no qual interpretou as composições “Saudosa Mangueira” (Herivelto Martins), “Linguagem do morro” (Padeirinho e Ferreira dos Santos) e “Samba do operário”, de autoria de Cartola, Nelson Sargento e Alfredo Português. No mesmo ano, de 1998, participou do CD “Balaio do Sampaio”, em homenagem a Sérgio Sampaio. No disco, produzido pelo letrista Sergio Natureza, interpretou “Até outro dia”, de Sérgio Sampaio. Lançou, ainda em 1998, o CD “João de todos os sambas”, produzido por Jorge Cardoso, no qual interpretou as faixas “Estrela da Manhã” (c/ Paulo César Pinheiro); “Chic radical” (Jorge Simas e Marcos Paiva); “Caminha Caymmi” (c/ Edil Pacheco e Paulo César Pinheiro); “Quando parei no sinal” (Arlindo Cruz e Franco); “Pro mundo morar” (c/ Mário Lago); “Apitaço” (João Nogueira);”Pra que ciúmes?” (c/ Paulo César Pinheiro); “Coração na voz” (Nonato Buzar, Nosli e Gerude) e “Rocinha”, da parceria com Paulo César Pinheiro. As outras cinco composições do disco lhes foram impostas pela gravadora e tinham qualidade duvidosa, segundo seu biógrafo Luiz Fernando Vianna, que relata o fato em seu livro “João Nogueira – Discobiografia”, lançado pela Editora Casa da Palavra, em 2012:

 

“A combinação de estilo dessas nove canções era coerente com a discografia de João, mas o restante não era, e a sua saúde foi abalada com isso. Em 1º de abril, dia em que o CD chegou às lojas, ele teve um AVC.”

 

No ano seguinte, em 1999, pela gravadora Velas, participou do disco “Natal de samba”, do qual, também, fizeram parte Zeca Pagodinho, Dunga, Toque de Prima, Almir Guinéto, Fundo de Quintal, Arlindo Cruz & Sombrinha, Luiz Grande, Dona Ivone Lara & Délcio Carvalho, Luizinho SP, Nei Lopes, Mauro Diniz, Luiz Carlos da Vila e Emílio Santiago. Neste mesmo ano, de 1999, com Beth Carvalho, Luiz Carlos da Vila, Moacyr Luz, Dona Ivone Lara e Walter Alfaiate dividiu o CD “Esquina Carioca”, lançado pela gravadora, no qual interpretou as faixas “Espelho”, “Poder da criação” e “Minha missão”, as três em parceria com Paulo César Pinheiro.

No ano 2000, com Monarco, Paulinho da Viola, Eliane Faria, Cristina Buarque, Simone Moreno, Wilson Moreira, Noca da Portela e Dorina, participou do disco “Ala dos Compositores da Portela”. O grupo interpretou “Hino da Velha Guarda”, de autoria de Chico Santana.

Faleceu neste mesmo ano de 2000, uma semana antes da data prevista para gravação de um CD ao vivo, em São Paulo. No disco, gravaria antigos sucessos e algumas músicas inéditas. A produção musical seria de Cristóvão Bastos e contaria, ainda, com as participações especiais de Zeca Pagodinho e Emílio Santiago.

Sobre a perda do compositor, escreveu Tárik de Souza:

 

“Do recorte bem humorado (Se segura, segurança, Moda da barriga, onde ele cita de Silvio Santos até Tim Maia e o roqueiro Carlos Imperial, Apitaço, a respeito do entrevero da maconha na praia de Ipanema) ao épico (Súplica, O Poder da criação, Minha missão, Um ser de luz, Espelho, um comovido retrato do pai) e a crítica social (Jornal cantado, Trabalhadores do Brasil, Eu não falo gringo, Vovô Sobral, Canto do trabalhador), acentuada no precursor Beto Navalha (Não se vive direito/ com ódio no peito e armas na mão) além de uma cutucada no establishment baiano (Ioiô) e uma vela acesa à política das 200 milhas territoriais da época da ditadura (Das 200 pra lá), Nogueira deixa uma obra vasta e rica. Filiado à corrente da raiz, presidente do Clube do Samba, ele defendeu e praticou seu credo musical até a última nota. O gênero perde, ao mesmo tempo, um ourives de alto refino e um militante de rua. Ou melhor, de calçada.”

 

Em novembro de 2000, Ângela Nogueira, sua esposa, assumiu a presidência do Clube do Samba.

No carnaval do ano 2001, o bloco desfilou com o samba-enredo “Como diria João”, composto, coletivamente, por toda a Ala dos Compositores, na ocasião integrada por Paulinho Tapajós, Paulo César Feital, Paulinho Soares, Luiz Carlos da Vila, Walter Alfaiate, Jorge Simas, Gisa Nogueira, Celso Lima, Athayde e Dalmo Castelo. Ainda em 2001, na casa de show Tom Brasil, foi gravado o disco “Através do espelho”, do qual participaram Dona Ivone Lara, Didu Nogueira, Gisa Nogueira, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz & Sombrinha. Outros artistas que não participaram do show por problemas de agenda na época prestaram sua homenagem ao amigo em estúdio, João Bosco e Chico Buarque. Ainda em 2001, o Canecão, no Rio de Janeiro, foi palco de mais uma homenagem ao compositor, com o show “Através do espelho”, no qual se apresentaram Beth Carvalho, Arlindo Cruz & Sombrinha, Dona Ivone Lara, Emílio Santiago e Zeca Pagodinho, além da família Nogueira (Gisa, Didu e Diogo, respectivamente, irmã, sobrinho e filho). Em setembro desse mesmo ano, a Rádio MEC, no programa de Kléber Saião, reproduziu, em especial, o show, anteriormente gravado na casa de show Tom Brasil, em São Paulo.

Em 2002, foi lançado o livro “Velhas histórias, memórias futuras” (Editora UERJ), de Eduardo Granja Coutinho, livro no qual o autor fez várias referências ao compositor. Ainda em 2002, foi lançado o livro “Driblando a censura – de como o cutelo vil incidiu na cultura”, de Ricardo Cravo Albin, no qual consta o relato de uma composição de sua autoria proibida pela censura e liberada, com contundente parecer de Ricardo Cravo Albin, pelo Conselho Superior de Censura, “Pensão Dom Luís” (c/ Paulo César Pinheiro).  O Conselho Superior de Censura foi integrado por personalidades da sociedade civil e sua função era de provocar a transição de um Estado de exceção para um Estado de direito, atuando incisivamente, entre os anos de 1979/1989, na liberação de músicas, livros, peças, novelas, caso especial, filmes e outras obras intelectuais proibidas pelo regime militar. Neste mesmo ano, Martinho da Vila incluiu “Minha missão” e “Poder da criação”, ambas de João Nogueira e Paulo César Pinheiro, no disco “Voz e coração”.

Em 2003, o rapper Marcelo D2 sampleou parte de sua composição “Do jeito que o rei mandou” (c/ Zé Katimba) e incluiu no disco “À procura da batida perfeita”. Seu parceiro Edil Pacheco regravou “De amor é bom”, parceria de ambos, no CD “O samba me pegou”. Neste mesmo ano, no show “Nogueira canta Nogueira”, no Carioca da Gema, Gisa Nogueira, Didu Nogueira (sobrinho de João) e Diogo Nogueira (filho) prestaram homenagem a João Nogueira. Foi lançado o CD duplo “Um ser de luz – saudação à Clara Nunes”, no qual Teresa Cristina interpretou de sua autoria “As forças da natureza” (c/ Paulo César Pinheiro). No dia em que faria 62 anos, sua esposa Ângela organizou o show “Bem de família”, no Teatro Rival BR, no qual vários artistas lhe prestaram homenagem, entre eles, Didu Nogueira, Diogo Nogueira, Dora Vergueiro, Vó Maria, Beth Carvalho, Marcelo D2 e Carlinhos Vergueiro.

Em 2004 suas composições “Do pilotis à palafita” (c/ Dalmo Castello) e “Se segura, segurança” (c/ Dalmo Castelo e Edil Pacheco), foram incluídas no CD “Passeador de palavras”, de Dalmo Castello.

No ano de 2006 Fabiana Cozza interpretou “Vou deixar pra amanhã” (c/ Maurício Tapajós e Aldir Blanc), incluída no CD póstumo “Sobras repletas”, de Maurício Tapajós. A música havia sido gravada anteriormente por Beth Carvalho.

No ano de 2009 foi lançado o DVD póstumo com seu especial no “Programa Ensaio”, realizado em 1992 pela TV Cultura, de São Paulo. No DVD João Nogueira falou de sua amizade com Eliane Pittman, Elizeth Cardoso, Elis Regina e Clara Nunes e como todas foram importantes para sua carreira gravando composições suas que se tornaram sucessos nacionais e até internacionais como “Pra lá das 200”, gravada por Eliana Pittman que lhe rendeu citações na revista americana “Times”. Acompanhado apenas do violonista Jorge Simas e do percussionista Freddy, João Nogueira interpretou sucessos de várias fases da carreira, entre os quais “Entenda a rosa” (composto para o Bloco Carnavalesco Labareda, do Méier, na década de 1950 e posteriormente gravada por Elizeth Cardoso); “Espere, oh, nega” (também composto para o bloco Labareda e gravada pelo Conjunto Nosso Samba); “Corrente de aço” (gravada por Elizeth Cardoso); “Mulher valente é minha mãe”; “O homem de um braço só” (composta em homenagem ao bicheiro Natal da Portela); “Batendo a porta” (c/ Paulo César Pinheiro); “Eu, hein, Rosa!” (c/ Paulo César Pinheiro e sucesso na voz de Elis Regina); “Nó na madeira” (c/ Zé Eugênio); “Mineira”, composta em parceria com Paulo César Pinheiro em homenagem à Clara Nunes (e sucesso na voz da cantora) e a composição “Um ser de luz”, em parceria com Paulo César Pinheiro, composta após o falecimento de Clara Nunes e em homenagem a ela. No DVD João Nogueira falou da sua amizade com o pai e sobre a reunião na casa do jornalista Antônio Carlos Austregésilo de Athaíde, na qual desenvolveu a ideia da criação do Clube do Samba, um dos principais locais de referência do samba carioca.

No ano de 2011foi lançado pelo Selo Discobertas, do pesquisador Marcelo Fróes, em convênio com o Selo ICCA (Instituto Cultural Cravo Albin), o box “100 Anos de Música popular Brasileira” integrado por quatro CDs duplos, contendo oito LPs remasterizados. Inicialmente os discos foram lançados no ano de 1975, em coleção produzida pelo crítico musical e radialista Ricardo Cravo Albin a partir de seus programas radiofônicos “MPB 100 AO VIVO”, com gravações ao vivo realizadas no auditório da Rádio MEC entre os anos de 1974 e 1975. Beth Carvalho interpretou no CD volume 8 “E lá vou eu” (João Nogueira e Paulo César Pinheiro). Neste mesmo ano de 2011 seu aniversário foi celebrado no show “Caruru do João”, na sede do Cordão da Bola Preta, na Lapa, centro do Rio de Janeiro, no qual amigos e parceiros, tais como Carlinhos Vergueiro, Ivor Lancellotti, Cláudio Jorge e Edil Pacheco, se apresentaram e contaram estórias sobre João Nogueira, além de admiradores do compositor se reunirem para comemorar a data, incluindo também a exibição do documentário “Carioca, suburbano, mulato e malandro”, dirigido por Jom Tob Azulay.

Em 2012 foram lançados o CD, DVD e Blu Ray “Sambabook – João Nogueira”, pelo selo Musickeria (patrocinado pelo Itaú Cultural e Petrobras), do qual participaram Alcione “Corrente de aço” (João Nogueira); Arlindo Cruz “Alô Madureira” (João Nogueira); Seu Jorge “Minha missão” (João Nogueira e Paulo César Pinheiro); Dudu Nobre “Amor de fato” (João Nogueira e Cláudio Jorge); Teresa Cristina “As forças da natureza” (João Nogueira e Paulo César Pinheiro); Mart’nália “Súplica” (João Nogueira e Paulo César Pinheiro); Beth Carvalho “Poder da criação” (João Nogueira e Paulo César Pinheiro); Fundo de Quintal “Chinelo novo” (João Nogueira e Niltinho Tristeza); Gisa Nogueira “Wilson Geraldo, Noel” (João Nogueira); Grupo Revelação “Mineira” (João Nogueira e Paulo César Pinheiro); Diogo Nogueira “Espelho” (João Nogueira e Paulo César Pinheiro), com participação especial de Joel Nascimento; “João e José” (João Nogueira e Martinho da Vila), com participação de Martinho da Vila; Jorge Aragão “E lá ou eu” (João Nogueira e Paulo César Pinheiro); Mariene de Castro “Um ser de luz” (João Nogueira, Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro); Monarco “Sonho de bamba”, com a participação especial da Velha Guarda da Portela e Zeca Pagodinho “Do jeito que o rei mandou” (João Nogueira e Zé Katimba), com a participação especial da Velha Guarda da Portela; Marcelo D2 na faixa “Baile na Elite” (João Nogueira e Nei Lopes). A direção musical ficou a cargo de Alceu Maia (cavaco e banjo) e os músicos foram Cristóvão Bastos e Marinho Boffa (pianos), Fernando Merlino (teclados), Dirceu Leite (sopros), Cláudio Jorge e Jorge Simas (violões), Ivan Machado (baixo), Jorge Gomes, Pirulito, Marcelo Pizzott, Milton Manhãs, Paulinho da Aba e Beloba (percussão), com idealização e direção artística de Afonso Carvalho, que ao lado de Sérgio Baeta e Luiz Calainho são os donos da Produtora Musickeria, responsável pelo selo de lançamento do trabalho. No CD, DVD e no Blu Ray todos os participantes interpretaram em bloco a faixa “Clube do samba”, um dos grandes sucessos do compositor. Na ocasião do evento de inauguração do Imperator – Centro Cultural João Nogueira foi apresentado um show com Diogo Nogueira, no qual o cantor recebeu como convidados especiais Alcione e a Velha-Guarda da Portela. Neste mesmo dia foi inaugurada, no Centro Cultural João Nogueira (que durante quase um ano foi vista por cerca de 500 mil pessoas) a exposição “Madeira de Lei”, sobre a vida e obra do homenageado, com curadoria de Ricardo Cravo Albin. Ainda em 2012 foi lançado o livro “João Nogueira: Discobiografia”, do pesquisador Luiz Fernando Vianna (Editora Casa da Palavra), sobre sua trajetória artística. Neste mesmo ano também foi lançada a sua biografia “É disso que o povo gosta – a história e as histórias de João Nogueira”, de autoria de José de La Peña (amigo e cofundador do Clube do Samba) e do jornalista Paulo Henrique de Noronha, com entrevistas com mais de 40 amigos do compositor, entre os quais Paulo César Pinheiro, Gisa Nogueira, Diogo Nogueira, Beth Carvalho, Monarco e Adelzon Alves. Também foi lançado um livro com 60 partituras de sua obra gravada, além de sites e aplicativos para celulares e tablets.

No ano de 2019 Paulo César Feital e Lucas Buenos lançaram o CD “Lágrimas”, no qual foram incluídas as faixas “Pão com goiaba” e “Setembrina”, ambas em parcerias póstumas com a dupla.

Discografias
2012 Selo Musikeria Blu-ray Samba Book - João Nogueira

(vários)

2012 Selo Musikeria Blu-ray Samba Book - João Nogueira (vários)
2012 Selo Musikeria CD Samba Book - João Nogueira (vários)
2012 Selo Musikeria DVD Samba Book - João Nogueira (vários)
2012 Selo Musikeria CD Samba Book - João Nogueira Volume I

(vários)

2012 Selo Musikeria DVD Samba Book - João Nogueira Volume I e II

(vários)

2012 Selo Musikeria CD Samba Book - João Nogueira Volume II

(vários)

2009 TV Brasil - TV Cultura SP DVD João Nogueira - Especial Programa Ensaio
2004 EMI Music Brasil CD Retrato

(compilação)

2001 Jam Music CD Um sonho através do espelho

(vários)

2000 (vários) CD Ala de Compositores da Portela
1999 Gravadora Dabliú CD Esquina carioca

(c/ Beth Carvalho, Luiz Carlos da Vila, Moacyr Luz, Dona Ivone Lara e Walter Alfaiate)

1999 Gravadora Dabliú CD Esquina carioca (c/ Beth Carvalho, Luiz Carlos da Vila, Moacyr Luz, Dona Ivone Lara e Walter Alfaiate)
1999 Gravadora Velas CD Natal de samba

(vários)

1999 Velas CD Natal de samba

(vários)

1998 PolyGram CD Balaio do Sampaio

(vários)

1998 BMG CD Chico Buarque de Mangueira

(participação)

1998 Gravadora BMG CD João de todos os sambas
1995 Gravadora Lumiar Discos CD Chico Buarque - letra e música

(c/ Marinho Boffa)

1995 EMI/Odeon CD Clara Nunes com vida

(vários)

1994 Gravadora Velas CD Parceria

João Nogueira e Paulo César Pinheiro

1994 Velas CD Parceria

João Nogueira e Paulo César Pinheiro

1992 Som Livre CD Além do Espelho
1992 Som Livre LP Além do espelho
1989 Selo Ideia Livre/PolyGram LP O Grande Presidente

(c/ Beth Carvalho)

1989 Selo Ideia Livre/PolyGram LP O Grande Presidente (c/ Beth Carvalho)
1988 Independente LP Há sempre um nome de mulher

(vários)

1988 Independente LP Há sempre um nome de mulher (vários)
1988 PolyGram LP João
1986 RCA Victor LP João Nogueira
1985 RCA Victor LP De amor é bom
1984 CID LP Partido alto nota 10

(participação)

1984 RCA Victor LP Pelas terras do Pau-Brasil
1983 RCA Victor LP Bem transado
1982 PolyGram LP O homem dos quarenta
1981 PolyGram LP Wilson, Geraldo e Noel
1980 PolyGram LP Boca do povo
1980 PolyGram LP Na boca do povo
1979 PolyGram LP Clube do Samba
1978 Odeon LP Os maiores sucessos de João Nogueira
1978 Odeon LP Vida boêmia
1977 Odeon LP Espelho
1975 Odeon LP Vem quem tem
1974 Odeon LP E lá vou eu
1972 Odeon LP João Nogueira
Obras
"Foia" de amor - null (c/ Edil Pacheco)
Albatrozes
Além do espelho (c/ Paulo César Pinheiro)
Alô Madureira
Amor de fato (c/ Cláudio Jorge)
Amor de malandro
Ao meu amigo Edgard (letra de Noel Rosa)
Arquibundo (c/ Maurício Tapajós)
As forças da natureza (c/ Paulo César Pinheiro)
Bafo de boca (c/ Paulo César Pinheiro)
Bahia morena (c/ Edil Pacheco)
Baile no Elite (c/ Nei Lopes)
Banho de manjericão (c/ Paulo César Pinheiro)
Bares da cidade (c/ Paulo César Pinheiro)
Batendo à porta (c/ Paulo César Pinheiro)
Batucajé (c/ Wilson Moreira)
Bela cigana (c/ Ivor Lancellotti)
Besouro da Bahia (c/ Paulo César Pinheiro)
Beto Navalha
Blá, blá, blá
Bons ventos (c/ Ivor Lancellotti)
Braço de Boneca (c/ Paulo César Pinheiro)
Cachaça de rolha (c/ Paulo César Pinheiro)
Caminha, Caymmi (c/ Edil Pacheco e Paulo César Pinheiro)
Canto do trabalhador (c/ Paulo César Pinheiro)
Cavaleiros santos (c/ Paulo César Pinheiro)
Chico preto (c/ Paulo César Pinheiro)
Chorando pela natureza (c/ Paulo César Pinheiro)
Chorando pelos dedos (c/ Cláudio Jorge)
Clube do samba
Coisa ruim demais (c/ Ivor Lancellotti)
Convênio com cupido
Coração de malandro (c/ Paulo César Pinheiro)
Corrente de aço
Dama da noite (c/ Maurício Tapajós)
Das 200 para lá
De amor é bom (c/ Edil Pacheco)
Desengano (c/ Mauro Duarte)
Dia de azar (c/ Paulo Valdez)
Dinheiro nenhum (c/ Ivor Lancellotti)
Do jeito que o rei mandou (c/ Zé Catimba)
Do pilotis à palafita (c/ Dalmo Castello)
Dois de dezembro - dia do samba (c/ Nonato Buzar e Paulo César Feital)
Dora das 7 portas (c/ Paulo César Pinheiro)
E lá vou eu (c/ Paulo César Pinheiro)
Enganadora
Entenda a Rosa
Espelho (c/ Paulo César Pinheiro)
Espere óh! Nega
Esse meu cantar
Eu heim, Rosa! (c/ Paulo César Pinheiro)
Eu não falo gringo (c/ Nei Lopes)
Eu sei Portela (c/ Gisa Nogueira)
Iô iô (c/ Paulo César Pinheiro)
Jornal cantado (c/ Paulo César Feital)
Levanta Brasil (c/ Nonato Buzar)
Lá de Angola (c/ Geraldo Vespar)
Malandro 100 (c/ Luiz Grande)
Maria do Socorro (c/ Carlinhos Vergueiro)
Mariana da gente
Mel da Bahia (c/ Edil Pacheco)
Meu caminho
Meu canto sem paz (c/ Gisa Nogueira)
Meu louco (c/ Paulo César Feital)
Mineira (c/ Paulo César Pinheiro)
Minha missão (c/ Paulo César Pinheiro)
Moda da barriga
Morrendo verso em verso
Mulata faceira (c/ Paulo César Pinheiro)
Mulher valente é minha mãe
Negra luz (c/ Paulo César Feital)
Nicanor Belas Artes (c/ Chico Anísio)
Nos teus olhos (c/ Nonato Buzar)
Nó na madeira (c/ Eugênio Monteiro)
O Sandoval tá mudado (c/ Maurício Tapajós e Aldir Blanc)
O homem de um braço só
O homem dos 40 (c/ Paulo César Pinheiro)
O poder da criação (c/ Paulo César Pinheiro)
Outros tempos (c/ Ivor Lancellotti)
Paraiba do Norte, Maranhão (c/ Paulo César Pinheiro)
Partido rico (c/ Paulo César Pinheiro)
Pensão Dom Luís (c/ Paulo César Pinheiro)
Pimenta no vatapá (c/ Cláudio Jorge)
Poder da criação (c/ Paulo César Pinheiro)
Pra fugir nunca mais (c/ Cláudio Jorge)
Primeira mão (c/ Paulo César Pinheiro)
Pão com goiaba (c/ Lucas Bueno e Paulo César Feital)
Quedas e curvas (c/ Ivor lancellotti)
Quem sabe é Deus
Rei Senhor, Rei Zumbi, Rei Nagô (c/ Paulo César Pinheiro)
Rio, samba, amor e Tradição (c/ Paulo César Pinheiro)
Samba da bandola (c/ Cláudio Jorge)
Samba de amor (c/ Mauro Duarte e Gisa Nogueira)
Sapato de trecê (c/ Nonato Buzar)
Saudade de solteiro (c/ Paulo César Pinheiro)
Se segura, segurança (c/ Edil Pacheco e Dalmo Castello)
Sem medo
Setembrina (c/ Lucas Bueno e Paulo César Feital)
Sonho de bamba
Sonhos de Natal (c/ Paulo César Pinheiro)
Súplica (c/ Paulo César Pinheiro)
Temores (c/ Toquinho)
Tempo à beça
Terno branco
Trabalhadores do Brasil (c/ Paulo César Pinheiro)
Tô pianinho (c/ Luiz Carlos da Vila)
Um ser de luz (c/ Paulo César Pinheiro e Mauro Duarte)
Vai coroa (c/ Nonato Buzar e Landinho Marques)
Vem quem tem, vem quem não tem
Vou deixar pra amanhã (c/ Maurício Tapajós e Aldir Blanc)
Vovô Sobral (c/ Paulo César Pinheiro)
Wilson, Geraldo, Noel
Xingu (c/ Paulo César Pinheiro)
É disso que o povo gosta (c/ Carlinhos Vergueiro)
Shows
1994 Parceria (c/ Paulo César Pinheiro). RJ.
1984 João Nogueira e Cristina Buarque. Seis e Meia - Teatro Carlos Gomes, RJ,
1982 O Homem dos Quarenta. Teatro Clara Nunes, RJ,
1979 João Nogueira apresenta Ivor Lancellotti. Sala Funarte, RJ,
1977 Espelho. Teatro João Caetano, RJ,
1974 E Lá Vou Eu. Teatro Senac, RJ,
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

ALBIN, Ricardo Cravo. Driblando a censura – De como o cutelo vil incidiu na cultura. Rio de Janeiro: Editora Gryphus, 2002.

ALBIN, Ricardo Cravo. MPB, a história de um século. Rio de Janeiro: Atrações Produções Ilimitadas/MEC/Funarte, 1997.

ALBIN, Ricardo Cravo. O livro de ouro da MPB. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações, 2003.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.

CABRAL, Sérgio. Elisete Cardoso – Uma vida. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, S/D.

CAMPOS, Conceição. A letra brasileira de Paulo César Pinheiro: uma jornada musical. Rio de Janeiro: Editora Casa da Palavra, 2009.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

COUTINHO, Eduardo Granja. Velhas histórias, memórias futuras. Rio de Janeiro: Editora Uerj, 2002.

MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música Brasileira – erudita, folclórica e popular. 3. ed. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural/Publifolha, 1998.

MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música brasileira – erudita, folclórica e popular. 1 v. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural, 1977.

MONTE, Carlos e VARGENS, João Baptista. (Ilustrações Lan). A Velha Guarda da Portela. Rio de Janeiro: Editora Manati, 2001.

PASCHOAL, Marcio. Pisa na fulô mas não maltrata o carcará. Vida e obra do compositor João do Vale, o poeta do povo. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, 2000.

VIANNA, Luiz Fernando. João Nogueira – Discobiografia. Rio de Janeiro: Editora Casa da Palavra, 2012.

Crítica

João Nogueira é puríssima madeira de lei, para quem vale o velho, gasto e mentiroso adjetivo “insubstituível”.

E por quê? Simplesmente porque ele era titular de estilo tão pessoal que dele ousaria dizer: não teve pais nem deixou filhos. Ou seja, original de verdade, na arte do canto e do ser carioca.

João Nogueira, ao contrário do Moreira da Silva, não construiu um “tipo” para identificar-lhe o talento. Até porque sua originalidade vinha das cordas vocais, que emitiam o mais grave e solene som dentre todos os sambistas cariocas. A voz encorpada do João era tão sedutora e particular que, em menos de 20 compassos, qualquer pessoa ligada em MPB é capaz de identificá-la de pronto.

João não se esgotou no canto, porque também foi um extraordinário compositor. Em 1998, apresentei-o em programa na Rádio MEC-TVE e o mais difícil de tudo foi escolher as músicas. Ele ficou mais de três horas me mostrando apenas a “última florada”, como ele chamava. Era um desfiar de tantas maravilhas, que joguei a toalha: “Eu não escolho mais nada, João, você canta as que quiser, tantas quanto o tempo der.”

Ricardo Cravo Albin