Compositor.
Nasceu no interior do Ceará, onde estudou nas primeiras séries escolares e aprendeu a tocar bandolim e flauta. Era sobrinho do maestro cearense Lafaiete Teixeira. Mais tarde mudou-se para Fortaleza, onde fez o curso secundário, estudando no Liceu do Ceará. Em 1943 formou-se em Direito, pela Faculdade Nacional de Direito do Rio de Janeiro. Ficou conhecido como o “Doutor do Baião”. Em 2015, ano de centenário de seu nascimento, recebeu diversas homenagens, entre elas o circuito “Centenário de Humberto Teixeira – o doutor do baião”, realizado em datas diferentes em diversas cidades brasileiras. Entre outros eventos, a programação contou com um culto ecumênico na catedral metropolitana de Fortaleza (CE) e apresentações de danças e bandas em São Luís (MA) e Brasília (DF). Também em Fortaleza (CE), inaugurou-se o Salão Humberto Teixeira, no Museu do Ceará, com todo o seu acervo pessoal em amostra, o Memorial Humberto Teixeira, a praça Doutor do Baião, com uma estátua sua encravada, além de escolas novas e ruas com o seu nome.
Iniciou a carreira artística tocando como flautista-aluno na Orquestra Iracema, regida pelo maestro Antônio Moreira. Em 1931 mudou-se para o Rio de Janeiro. Em 1934, foi um dos vencedores do concurso de músicas carnavalescas promovido pela revista “O Malho”. Ao lado de músicas de Ary Barroso, Cândido das Neves, José Maria de Abreu e Ari Kerner, classificou sua composição “Meu pedacinho”. Mesmo assim, não conseguiu gravar, e seguiu compondo valsas, toadas, modas e canções, que eram editadas para piano pela casa A Guitarra de Prata.Formado em advocacia, passou a trabalhar em um escritório na Avenida Calógeras. Em 1945, Orlando Silva gravou os sambas “Só uma louca não vê” e “Samba da roça”, ambos de parceria com Lauro Maia. Numa tarde em agosto daquele mesmo ano, conheceu aquele que se tornou seu grande parceiro de inúmeros sucessos, Luiz Gonzaga. Da parceria dos dois surgiu o baião, numa batida uniforme feita para dançar. Substituíram os instrumentos originais, viola, pandeiro, botijão e rabeca, por acordeom, triângulo e zabumba. O novo ritmo fez uma revolução na música brasileira, que oscilava na época entre o samba-canção e os ritmos importados, e via-se diante de algo completamente novo e que entrou direto no gosto popular, o baião.
A dupla com Luiz Gonzaga rendeu inúmeros sucessos, dentre os quais os maiores foram: “Mangaratiba”, “Juazeiro”, “Paraíba”, “Qui nem jiló”, “Xanduzinha”, “Baião”, “Asa branca”, “Lorota boa”, “Assum preto”, “Estrada de Canindé”, “Respeita Januário” e “Meu pé de serra”. Em 1950, a dupla se desfez, com a ida de Luiz Gonzaga para a Sbacem. Ainda em 1950 teve a música “Meu brotinho”, cantada por Francisco Carlos no filme “Carnaval no fogo”. O referido cantor tornou-se conhecido pelo público a partir deste sucesso. No mesmo ano, Humberto Teixeira elegeu-se deputado federal pelo Ceará, com maciça votação. Em 1951 teve “Bate o bumbo” interpretada por Eliana no filme “Aviso aos navegantes”. No mesmo ano, dois sambas de sua autoria foram gravados: “Desci o morro”, em parceria com Lauro Maia, gravado por Os Boêmios, e “Martírio”, em parceria com Oldemar Magalhães, gravado por Helena de Lima. Ainda em 1951 teve grande êxito com a composição “Sinfonia do café”, feita especialmente para o espetáculo “Muiraquitação”, encenado no Teatro Municipal e gravado por Déo e Coro dos Apiacás, pela Continental. A mesma Helena de Lima gravou “Baião de Salvador”, da parceria com Sivuca. Foi eleito o “melhor compositor nacional” pela Revista do Rádio nos anos de 1950, 1951 e 1952, sendo recebido pelo presidente Getúlio Vargas.
Em 1952, teve a “Marcha do sapinho”, parceria com Norte Victor, cantada por Oscarito e Maria Antonieta Pons, no filme “Carnaval Atlântida”. Em 1956, juntamente com o compositor João de Barro fundou a Academia Brasileira de Música Popular. Além de Luiz Gonzaga, teve como um dos seus principais parceiros o cunhado Lauro Maia com quem compôs, entre outras, “Mariposa”, marcha gravada por Orlando Silva em 1946, e “Pecador”, samba gravado em 1949 por 4 Ases e 1 Coringa. Fez também diversas composições com Felícia de Godoy, entre as quais “Antes que eu enlouqueça” e “Vou-me embora”.
Suas composições foram gravadas por diversos intérpretes, entre os quais Carmélia Alves, com a marcha rancho “Jardineira de ilusões”, Odete Amaral, com a marcha “Bem vi”, Jamelão, com “Pirarucu”, Cyro Monteiro com “Agradece a Deus”, Ivon Curi, com “A beleza da Chuiquinha” e Emilinha Borba com “Tá fartando coisa em mim”. Posterirormente, Geraldo Vandré, Caetano Veloso e Alceu Valença entre outros gravaram “Asa branca” e Gal Costa gravou “Assum preto”, além de outros artistas contemporâneos que gravaram composições de sua autoria. Em 1958, conseguiu aprovar no Congresso Nacional a Lei Humberto Teixeira para a formação de caravanas de artistas para divulgar a música brasileira no exterior. A primeira dessas caravanas foi formada no mesmo ano, contando com a participação dos artistas Abel Ferreira, Sivuca, Pernambuco, Dimas, Trio Iraquitã e Maestro Guio de Morais, tendo percorrido diversos países. Sempre sob a direção de Humberto Teixeira, essas caravanas aconteceram até 1964. Em 1971, foi eleito vice-diretor da UBC, dando prosseguimento a sua luta pelos direitos autorais. Com mais de 400 composições gravadas, tornou-se um compositor reconhecido internacionalmente, com composições gravadas em diversos idiomas.
A partir do ano 2000, sua filha, a atriz Denise Dumont, residente em Nova York, encarregou-se de resgatar suas memórias, promovendo shows e artigos em jornais e revistas sobre a importância de sua obra. Em 2001, teve a música “baião” (c/ Luiz Gonzaga) gravada por Targino Gondim, no CD “Dance Forró Mais eu”.
Em 2002 foi homenageado por ocasião da entrega do Primeiro Prêmio Rival BR de Música / Troféu Humberto Teixeira, na noite de 27 de agosto da quele ano, com a realização de um show-tributo, com a participação de Elba Ramalho, Fagner, Gilberto Gil, Lenine, Rita Ribeiro, Sivuca, Cordel de Fogo Encantado, Carmélia Alves e Zeca Pagodinho, que interpretaram, entre outras, ” Adeus Maria Fulô”, parceria com Sivuca, “Juazeiro”, “Assum preto”, “Qui nem jiló” e “Estrada do Canindé”, todas em parceria com Luiz Gonzaga. O show, que fez parte do documentário sobre o compositor, produzido por Ana Lontra e pela filha do artista, Denise Dummont, foi lançado em CD em 2003, pelo selo Biscoito Fino o CD com o título “O Doutor do Baião. Além do registro ao vivo do show, o disco apresenta nas quatro primeiras faixas, gravadas em estúdio, Maria Bethânia, exortando o lirismo sertanejo em “Asa Branca; Caetano Veloso em “Baião de Dois”, Sivuca acompanha Gal Costa em “Adeus Maria Fulô” e Chico Buarque interpreta “Kalu”, em cuja letra se pode ver exemplo de como Humberto Teixeira soube transitar entre a erudição e as licenças poéticas, trazendo versos como: “Tira o verde desses óio de riba d”eu”. Também faz parte do projeto a revitalização de “Juazeiro”, por Gilberto Gil e, na última faixa, todos cantam “Asa Branca”. Em 2004, “Asa Branca”, composta com Luiz Gonzaga, foi apontada como uma das mais executadas, em diversas apresentações de palco, além de execuções no rádio, segundo dados da Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição). Em 2006, ocorreu, pela Jobim Music e Good Ju-Ju, a publicação do livro “Cancioneiro – Humberto Teixeira”, um compêndio de 2 volumes em homenagem ao compositor. O volume 1- “Biografia” e o segundo volume, “Obras escolhidas”, contendo as partituras e letras de uma seleção de obras, sob os cuidados da atriz Denise Dummont, filha de Humberto Teixeira. O projeto, que teve concepção da Jobim Music, foi realizado com curadoria de Denise e Ana Lontra Jobim, tendo, os dois volumes, texto biográfico, em oito capítulos, de Ricardo Cravo Albin, apresentação de Sérgio Cabral e prefácio de Tárik de Souza. Os arranjos, das partituras foram assinados por Wagner Tiso e o desenho gráfico por Gringo Cardia. O volume “Biografia” também contou com breve declaração de Roberto Smith, presidente da BNB. Em 2009, teve as suas músicas “Orélia”; “Juazeiro” (c/ Luiz Gonzaga); e “Estrada de Canindé” (c/ Luiz Gonzaga), gravadas no CD “Canções de Luiz”, do cantor e sanfoneiro Targino Gondim.
Seu clássico “Asa branca”, parceria com Luiz Gonzaga, é uma das músicas mais conhecidas e gravadas do cancioneiro popular brasileiro, tendo recebido gravações de cantores consagrados como João Mossoró, Gilberto Gil, Dominguinhos, Lulu Santos, Fagner, Caetano Veloso, Elis Regina, Tom Zé, Chitãozinho e Xororó, Ney Matogrosso, Badi Assad, Maria Bethânia, Hermeto Pascoal, Quinteto Violado, Xangai e Raul Seixas, que gravou a canção em uma versão em inglês, além do original em português, fazendo um mix com a música “Blue Moon of Kentucky”, do norte-americano Bill Moroe. A composição continua sendo revitalizada com interpretações em shows e gravações de cantores e duplas mais jovens do universo sertanejo.
Em maio de 2010, o cantor e compositor Zé Ramalho lançou, pelo selo Descobertas, o CD “Zé Ramalho canta Luiz Gonzaga”, marcando 20 anos de ausência do Rei do Baião. Neste disco, produzido por Marcelo Fróes, Zé Ramalho incluiu 7 faixas de autoria de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, que fizeram sucesso com este último: “Baião”, “O xote das meninas”, “Asa Branca”, “No meu pé de serra”, “Qui nem jiló”, “Paraíba” e “Assum preto”. Em 2011, foi lançada pelo selo Discobertas, em convênio com o ICCA – Instituto Cultural Cravo Albin, a caixa “100 anos de música popular brasileira”, com a reedição, em 4 CDs duplos, dos oito LPs que continham as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin, na Rádio MEC-RJ, em 1974 e 1975. Nesses CDs estão incluídos os baiões “Dezessete e setecentos”, com Miguel Lima; “Baião”, “Paraíba”, “Juazeiro”, “Magaratiba”, “Qui nem jiló” e “Asa branca”, todas com Luiz Gonzaga, na interpretação do “Rei do Baião”.
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