Cantor. Compositor.
Filho do imigrante português José Alves, que se tornou dono de um bar na Rua do Acre, onde nasceu e se criou. Teve quatro irmãos, entre os quais, José, conhecido por Juca, que morreu durante as epidemia de gripe espanhola e Ângela, a mais velha e que o presenteou com uma guitarra, seu primeiro instrumento musical.
Desde cedo ganhou o apelido de Chico que o acompanhou por toda a vida. Começou a trabalhar cedo, como engraxate na Rua Evaristo da Veiga, para onde a família se mudou com dificuldades financeiras. Por essa época, costumava acompanhar os ensaios da banda de música do batalhão da Polícia Militar situado na mesma rua onde morava. Em 1916 empregou-se na fábrica de chapéus Mangueira onde ficou por pouco tempo indo trabalhar em seguida na fábrica de chapéus Júlio Lima. Em 1918 começou a trabalhar como chofer de táxi. Com a morte do pai e o casamento das irmãs, passou a morar sozinho com a mãe. Em 1920 casou-se com Perpétua Guerra Tutóia, a quem conhecera num cabaré na Lapa. O casamento, que foi feito contra a vontade da família, durou pouco tempo entretanto.
Pouco depois conheceu a atriz Célia Zenatti, com quem se casou e viveu por 28 anos. Durante alguns anos, mesmo já atuando como cantor e com diversos discos gravados, continuou trabalhando como chofer de táxi.
Decidido a ser cantor, fez seu primeiro teste com o maestro Antônio Lago, pai do ator Mário Lago. Foi aprovado, mas ainda assim preferiu tomar aulas de canto com o barítono Sante Athos por um período de três meses.. Em 1948, apaixonou-se por Iraci, sua companheira dos últimos quatro anos de vida.
Morreu em 1952, vitimado por um acidente na Estrada Rio-São Paulo. Voltando de uma viagem à capital paulista, tendo ao lado o amigo Haroldo Alves, o carro (um Buick) por ele mesmo dirigido foi atingido por um caminhão que vinha na contramão e o cantor morreu instantaneamente, próximo à cidade de Pindamonhangaba (SP). No trajeto até o Rio de Janeiro o caixão foi sendo recoberto de flores pelo povo.
Após sua morte, a ex-mulher Perpétua, foi à justiça reivindicando seus filhos como herdeiros, o que ocasionou grande celeuma pública.
Iniciou a carreia artística em 1918 cantando no Pavilhão do Méier para o qual foi aprovado num teste e depois, no Circo Spinelli. A companhia com a qual trabalhava dissolveu-se pouco depois devido aos efeitos provocados na cidade pela gripe espanhola. Um ano depois a companhia voltou a se organizar em Nitérói e o cantor voltou a atuar nela. Por essa época conheceu numa festa o compositor Sinhô que o apresentou a João Gonzaga, filho de Chiquinha Gonzaga e que estava montando uma fábrica de discos. Em 1919 lançou pelo selo Popular seu primeiro disco interpretando de Sinhô a marcha carnavalesca “O pé de anjo” e o samba “Fala, meu louro”, com o próprio Sinhô fazendo o ritmo e o côro formado por algumas de suas sobrinhas e seu amigo Juvenal Fontes. Em seguida, gravou do mesmo Sinhô o samba “Alivia esses olhos”. Continuou frequentando rodas de boemia em bairros como a Lapa e Vila Izabel, travando conhecimento com inúmeros artistas, entre os quais, Pixinguinha.
Em 1921 conheceu o empresário José Segreto que o convidou a trabalhar no Teatro São José, em revistas musicais, interpretando sucessos de Vicente Celestino. Em 1924 gravou na Odeon, sem muito sucesso, o samba “Miúdo”, de Sebastião Santos Neves, e de Freire Júnior as marchas carnavalescas “Não me passo prá você” e “Mademoiselle cinema”. Em 1927, realizou uma série de gravações mecânicas na Odeon, interpretando diversas composições de Sinhô como o maxixe “Cassino Maxixe” e o samba “Ora vejam só”, esta última, grande sucesso do carnaval daquele ano. No mesmo ano gravou o samba “O que é nosso”, de José Luiz de Morais, o Caninha, que havia vencido um concurso carnavalesco promovido pelo jornal “Correio da Manhã”. Ainda no mesmo ano, tornou-se o primeiro cantor a gravar no novo sistema eletrônico na Odeon, lançando a marcha “Albertina” e o samba “Passarinho do má”, ambas do dançarino e compositor Duque.
Em 1928 gravou outros sucessos de autoria de Sinhô, os sambas “A favela vai abaixo” e “Não quero saber mais dela”, este último em dueto com a atriz Rosa Negra, com a qual gravou também o fox trote “Moleque namorador”, de Hekel Tavares e o fox “Que pequena levada” de J. Francisco de Freitas. Neste ano gravou pela Odeon 62 discos, num total de mais de 120 músicas, um verdadeiro record. Dentre essas diversas gravações, constam as do maxixe “Não posso comer sem molho”, de Bonfíglio de Oliveira e o samba “Foram-se os malandros”, de Donga, feitas com o cantor Gastão Formenti. Registrou também, o samba “Festa de branco”, de Pixinguinha, a modinha “Leão da noite”(Flor de sangue), de Pedro de Sá Pereira, o tango “Adios mis farras”, de Raul Roulien e a valsa “Castelo de luar”, de Joubert de Carvalho. Também em 1928 gravou na Parlophon, subsidiária da Odeon, a canção “A voz do violão”, de sua autoria e Horácio de Campos. Os versos da canção foram compostos originalmente para a revista “Não é isso que eu procuro”, encenada pela companhia de Jardel Jércolis e que não alcançou sucesso, foram musicados pelo cantor que se entusiasmou com o poema, e que acabou por se tornar um marco na sua carreira, sendo regravada ainda mais quatro vezes.
Em 1929 teve duas composições gravadas por Mário Reis, os sambas “Vadiagem”, que foi um dos sucessos do período e “Perdão”. No mesmo ano, alcançou sucesso com a canção “Lua nova”, parceria com Luiz Iglesias e o samba “Amor de malandro”, parceria com Ismael Silva. Dentre os 51 discos que gravou nesse ano, registrou duas composições alusivas ao então canditato à presidência da República Júlio Prestes, a marcha “Seu Julinho vem”, de Freire Jr. e o samba “Eu ouço falar (Seu Julinho), de Sinhô, além de um samba de Cartola, “Que infeliz sorte”.
Em 1930, entre diversos registros fonográficos, gravou “Quando a mulher não quer”, samba de Caninha, “Dá nela”, samba de Ary Barroso, que foi destaque no carnaval daquele ano, e “Dor de uma saudade”, samba de sua autoria. Com a cantora Gilda de Abreu registrou a valsa canção “Se estou sonhando”, de J. Burke, com versão de Osvaldo Santiago. No mesmo ano gravou o primeiro disco, de uma série de 12 com Mário Reis, interpretando os sambas “Deixa essa mulher chorar”, de Sylvio Fernandes e “Quá quá quá”, de Lauro dos Santos. Participou também de seu primeiro filme, “Coisas nossas”, de Wallace Downey.
Em 1931 gravou dois sambas de sua polêmica parceria com os sambistas do Estácio, Ismael Silva e Nilton Bastos, os sambas “Nem é bom falar” e “olê-leô”. Esta parceria levou a comentários, nem sempre justos e verdadeiros, a respeito da compra de sambas por parte do cantor. Tal fato era verdadeiro em alguns casos, mas não em todos, e, ofuscou um pouco seu talento como compositor. No mesmo ano, lançou o segundo disco com Mário Reis no qual os dois interpretaram “Se você jurar”, parceria com Ismael Silva e Nilton Bastos, que se tornou um grande sucesso e clássico da música brasileira.
Em 1932, lançou dois sambas antológicos, “Para me livrar do mal”, de Noel Rosa e Ismael Silva, e, com Mário Reis, “A razão dá-se a quem tem”, de sua parceria com Ismael Silva e Noel Rosa. Ainda no mesmo ano, excursionou a Buenos Aires com Mário Reis, Carmen Miranda, Luperce Miranda e Tute. Em 1933, assinou contrato com a Rádio Mayrink Veiga e gravou mais três discos em dupla com Mário Reis, destacando-se os sambas de Noel Rosa “Estamos esperando”, “Tudo que você diz” e o clássico “Fita amarela”, grande sucesso no carnaval daquele ano. No mesmo ano, foi o responsável pelo lançamento de Aurora Miranda, irmã de Carmem Miranda como cantora, com a qual gravou em dueto a marcha “Cai, cai, balão”, de Assis Valente e o samba “Toque de amor”, de Floriano Ribeiro de Pinto. Também na mesma época, gravou com Castro Barbosa o samba “Feitio de oração”, de Noel Rosa e Vadico, que se tornou um clássico da MPB.
Em 1934, excursionou a Porto Alegre juntamente com Noel Rosa, que foi como violonista, o pianista Nonô, o bandolinista Peri Cunha e o cantor Mário Reis, realizando diversas apresentações. No mesmo ano, parrticipou de seu primeiro filme, “Alô, alô, Brasil”, da Waldow-Cinédia, dirigido pelo americano Wallace Downey, com roteiro de João de Barro (Braguinha) e Alberto Ribeiro, lançado no ano seguinte, interpretando “Foi ela”, de Ary Barroso. Ainda no mesmo ano, assinou contrato com a gravadora Victor onde estreou cantando o fox-trot “Dei-te meu coração”, de Franz Lehar, com versão de Orestes Barbosa e a valsa “Por teu amor”, de sua autoria e o mesmo Oreste Barbosa.
Em 1935, gravou com Lamartine Babo a marcha “Grau dez…”, de Lamartine Babo e Ary Barroso. No mesmo ano, lançou em seu programa na Rádio Cajuti o cantor Orlando Silva. Em 1936 tomou parte no filme “Alô, alô carnaval”, de Adhemar Gonzaga, no qual interpretou “Comprei uma fantasia de pierrô”, de Alberto Ribeiro e Lamartine Babo, “Manhãs de sol”, de João de Barro e Alberto Ribeiro, “Amei”, de Eratóstenes Frazão e Antônio Nássara e “Sonhos de amor”, de Franz Liszt. No mesmo ano, fez sucesso com a valsa “Boa noite amor”, de José Maria de Abreu e Francisco Matoso, composição que marcaria sua presença no rádio, sendo executada como prefixo e sufixo de suas apresentações. A valsa foi por ele regravada ainda mais duas vezes. Ainda como destaques do ano ficaria o samba “Favela”, de Roberto Martins e Valdemar Silva.
Em 1937, entre outras composições, gravou os sambas “Ando sofrendo”, de Alcebíades Barcelos e Roberto Martins e “Foi você”, de Ataulfo Alves e Roberto Martins e o samba canção “Serra da boa esperança”, de Lamartine Babo. No ano seguinte, gravou 4 composições de Ary Barroso, as marchas “Como as ondas do mar” e “De déu em déu”, e os sambas “Vão pro Scala de Milão” e “Ela sabe e não diz”, e do pernambucano Capiba, o frevo canção “Júlia”. Em 1939, estreou na Columbia lançando com Dalva de Oliveira os sambas “Brasil!”, de Benedito Lacerda e Aldo Cabral e “Acorda Estela”, de Benedito Lacerda e Herivelto Martins. No mesmo ano, foi responsável pela primeira gravação de “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, com arranjo antológico de Radames Gnatalli e que contaria com uma discografia das mais extensas na história da Música Popular Brasileira.
Em 1940 tomou parte no filme “Laranja da China”, de Ruy Costa, no qual cantou as músicas “A dama das camélias”, “Despedida de Mangueira” e “Solteiro é melhor”. No ano seguinte, voltou a gravar em dueto com Dalva de Oliveira registrando a “Valsa da despedida”, de R. Burns, com versão de João de Barro e Alberto Ribeiro. Também em 1941, dois anos após o lançamento de “Aquarela do Brasil”, fez sucesso com a gravação de “Canta Brasil”, de Alcyr Pires Vermelho e David Nasser, que consolidaria o prestígio do gênero samba-exaltação. Sobre a música, Alcyr contava que “fez a melodia numa viagem de bonde do Centro à Tijuca depois de receber a letra de Nasser num encontro casual na Avenida Rio Branco. “Canta Brasil” foi gravado na Odeon, com acompanhamento da Orquestra da Rádio Nacional. Nesse mesmo ano, alcançou grande êxito com a valsa “Eu sonhei que tu estavas tão linda”, de Lamartine Babo e Francisco Matoso. Em julho de 1941, retornou à Odeon, gravadora onde permaneceu até 1952, ano de sua morte.
Em 1942, gravou com sucesso o samba “Sandália de prata”, de Pedro Caetano e Alcyr Pires Vermelho. No mesmo ano, impulsionado pelo clima nacionalista provocado pela Segunda Guerra Mundial, gravou a marcha “O “V” da vitória”, de Lamartine Babo e com Dalva de Oliveira o samba “Meu país verdadeiro”, de Herivelto Martins e Pinto Filho. Em 1943 gravou outro sucesso da dupla Pedro Caetano e Alcyr Pires Vermelho, a valsa “Dama de vermelho”. Gravou também a clássica canção “Luar do sertão”, de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco.
Em 1944 gravou outro grande sucesso carnavalesco, a marcha “Eu brinco”, de Pedro Caetano e Caludionor Cruz. No mesmo ano, gravou novamente com Dalva de Oliveira, desta feita a valsa “Mais uma história de amor”, de Herivelto Martins e Humberto Porto. Mais uma vez, enprestou sua voz ao esforço de guerra e gravou a “Canção do expedicionário”, de Spartaco Rossi e Guilherme de Almeida e a canção “Vitória! Vitória!”, de José Rodrigues Pires. Ainda no mesmo período, reapareceu no cinema participando dos filmes da Cinédia “Berlim na batucada” e “Caídos do céu”.
Em 1945, voltou a gravar composições de Herivelto Martins, muito comum naquele momento de sua carreira, os sambas “Isaura”, parceria de Herivelto e Roberto Roberti, “A guerra acaba amanhã”, de Herivelto e Grande Otelo e “Que rei sou eu?”, de Herivelto e Valdemar Resurreição. No mesmo ano, gravou com o Trio de Ouro o samba “Não é assim que se procede”, de Arnô, Buci, Raul e Henrique. Em 1946, gravou a clássica canção “Minha terra”, de Valdemar Henrique. Composta em 1923, a canção teve outras duas gravações, mas só se tornou sucesso a partir do seu registro. Em 1947, gravou quatro sambas canção que se tornaram clássicos da música popular brasileira, “Marina”, de Dorival Caymmi, “Cinco letras que chora (Adeus)”, de Silvino Neto, “Caminhemos”, de Herivelto Martins e “Nervos de aço”, de Lupicínio Rodrigues.
Em 1948 alcançou sucesso no carnaval com o samba “Falta um zero no meu ordenado”, de Ary Barroso e Benedito Lacerda. No mesmo ano, gravou duas composições de Lupícínio Rodrigues que se tornaram clássicos da música romântica, os sambas “Quem há de dizer”, este uma parceria com Alcides Gonçaves e “Esses moços (Pobres moços)”. Em 1949, gravou os sambas “Chuvas de verão”, de Fernando Lobo; “Velhas cartas de amor”, parceria sua com Klécius Caldas e “Palavras amigas”, de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti. No ano seguinte, lançou com sucesso o samba “A Lapa”, de Herivelto Martins e Benedito Lacerda. Gravou no mesmo ano, os sambas “Cadeira vazia”, de Lupicício Rodrigues e “Vem meu amor”, outra parceria sua com Klécius Caldas.
Em 1951, fez sucesso no carnaval com a marcha “Retrato do velho”, de Haroldo Lobo e Marino Pinto, que aludia ao retorno do presidente Getúlio Vargas ao poder. No mesmo ano gravou os sambas “São Paulo coração do Brasil ” e “Sem protocolo”, parcerias com David Nasser. Ainda no mesmo ano, o cantor João Dias gravou da mesma dupla o bolero “Peço a Deus”. Em 1952, gravou de sua parceria com David Nasser, o samba “Todo mundo chora” e a toada “Que saudade”. Gravou também “Milagre impossível”, de sua parceria com René Bittencourt. No mesmo ano, a 10 de setembro, gravou na Odeon, aquele que foi seu último disco, interpretando a canção “Malandrinha”, de Freire Jr. e o samba “A mulher do meu amigo”, de Dênis Brean e Osvaldo Guilherme. Dezesste dias após esta gravação, o cantor morreu vítima de um acidente automobilístico na Via Dutra, quando retornava de São Paulo. Por ocasião de sua morte, assim noticiou o Jornal do Brasil: “O maior cantor brasileiro de todos os tempos, Francisco Alves, morreu em um desastre de automóvel na Via Dutra, no Estado de São Paulo, quando viajava em direção ao Rio de Janeiro. Seu carro chocou-se com um caminhão em plena rodovia, e, explodindo o motor, as chamas envolveram todo o veículo, carbonizando o corpo do querido artista. (…) Era contratado da Rádio Nacional, em cujo elenco artístico estava há 10 anos. Tão logo chegou a notícia do falecimento de Chico Alves, a emissora suspendeu a sua programação habitual em sinal de luto. As demais emissoras homenagearam igualmente a sua memória fazendo ouvir os seus discos, inclusive a Rádio Jornal do Brasil, que sentiu profundamente a morte do artista das multidões”. Por ocasião do enterro do cantor o mesmo jornal assim noticiou o fato: “Brasil canta “adeus” a Chico Alves: “Adeus, adeus, adeus/Cinco letras que choram/Num soluço de dor”. A canção de Silvino Neto foi o fundo musical da despedida de Francisco Alves, O Rei da Voz. Sua morte arrancou lágrimas no Brasil inteiro. Os seus restos mortais foram transportados para esta capital durante a noite, e no dia seguinte filas intermináveis passaram diante do seu esquife. Multidões compungidas, chorosas, saudosas do seu ídolo desaparecido. Quem conhecia o artista que se impôs pelos seus predicados vocais e pelos dotes do seu coração, sentiu profundamente o acontecimento que o destino determinara.”
Em 1953, Aracy de Almeida gravou, dele e René Bittencourt, o samba canção “Boite”. Em 1955, a Atlândida-Argentina-Sonofilms fez o filme “Chico Viola não morreu”, baseado na história de sua vida, com Cyl Farney no papel do cantor. Em 1981, a canção “A voz do violão”, com Horácio Campos Alves foi regravada por Gilberto Alves no LP “O fino da seresta volume 2”. Sobre sua obra como compositor, observou o musicólogo Vasco Mariz: “Mesmo que, com exagero lhe fosse negada a autoria de todas as suas músicas , e realmente não há dúvida que muitas delas foram compradas a diversos compositores, uma ficaria, pelo menos, para lhe dar também um título de glória neste setor: a melodia com que revestiu os versos de Horácio de Campos e que seria, aliás, o seu prefixo musical: “A voz do violão “.
Em 2002, o selo Revivendo lançou uma caixa com quatro CDs intitulada “Francisco Alves 50 anos depois”, com 92 faixas gravadas por ele, em rememoração ao aniversário de sua morte. Os CDs estão divididos em quatro sessões temáticas: as grandes versões, seresteiro, sambista e carnavalesco. Em 2009, foi levado ao palco do Teatro Bibi Ferreiro, no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro, o espetáculo “Francisco Alves – O Rei da Voz”, com direção de Di Veloso, e Eduardo Cabús no papel principal. O espetáculo cênico-musical narrou a vida do cantor. Em 2013, sua canção “A voz do violão”, com Horácio campos, foi interpretada por Cauby Peixoto no espetáculo “A voz do violão”, no Teatro NET Rio, no Rio de Janeiro. No mesmo ano, o jornalista Artur Xexéo, em crônica escrita para a Revista do jornal O Globo, assim escreveu, atestando ao mesmo tempo a qualidade e popularidade ainda presentes do cantor, e ao mesmo tempo, o esquecimento em que se encontra: “É costume se dizer que a música no Brasil não é uma área de vozes masculinas. Somos um país de cantoras. Eu mesmo repito isso aqui de vez em quando. O Brasil é um país de cantoras. Tenho uma teoria para explicar por que desvalorizamos nossas grandes vozes masculinas, que não são poucas. Vivemos muito tempo sob a sobra do talento de Francisco Alves. Embora esteja meio esquecido, Francisco Alves é considerado até hoje o maior cantor brasileiro. Como morreu relativamente moço (tinha 52 anos), de forma inesperada (um acidente de automóvel) e no auge da carreira, o país não acompanhou sua decadência, como aconteceu com Orlando Silva e Nelson Gonçalves, só para citar duas vozes do século passado.”
"Na contra-capa, texto de Lúcio Rangel."
"Encarte com entrevista do intérprete a Miécio Caffé, contendo também caricaturas de Noel Rosa, Carmen Miranda, Orlando Silva, Ary Barroso e Francisco Alves ."
"Na contra-capa, texto de Francisco A. Aguiar (Chico da Motodiscos)."
"Na contra-capa, texto de Lúcio Rangel."
"Na contra-capa, texto de Martim Pescador."
"Na contra-capa, as letras das músicas."
"Na contra-capa, comentários de Jorge Audi e foto de Francisco Alves no Café que pertenceu a seu pai, rememorando passagens de sua vida a David Nasser."
Na contra-capa biografia de Francisco Alves.
Este disco faz parte da série 'Tesouros brasileiros'.
"Na contra-capa, texto de Lúcio Rangel."
"Encarte com as letras das músicas. Edição limitada (1000 exemplares) para colecionadores e pesquisadores. Arquivo fonográfico: Collector's Editora Ltda e Fundação Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. Disco 1. Junto à capa, fascículo com texto de Fr"
Disco 2. Encarte com as letras das músicas. Junto à capa fascículo com a discografia do intérprete. Edição limitada de 1000 exemplares para colecionadores e pesquisadores. Arquivo fonográfico Collector's Editora Ltda e Fundação MIS do Rio de Janeiro.
"Na contra-capa, letra da música 'canção do expedicionário', texto de Chico da Moto discos e Geraldo J.de Barros."
"Edição para colecionadores. Na capa-interna, biografia de Francisco Alves e detalhamento de todas as fontes e matrizes que serviram-se os produtores para a criação deste disco."
"Edição para colecionadores. Na capa-interna, biografia de Francisco Alves e detalhamento de todas as fontes e matrizes que serviram-se os produtores para a criação deste disco."
Na contra-capa texto de Geraldo José de Barros.
"Álbum duplo. Edição limitada de 1000 exemplares para colecionadores. Na parte central da capa, biografia de Francisco Alves e um pequeno histórico sobre os compositores das músicas por Jairo Severiano."
Este disco faz parte da série Os Ídolos do Rádio - Voll-2
"Na contra-capa, texto de J.L. Ferrete."
"Este disco faz parte da série documento - Edição Documento n° 1. Encarte com texto de Miécio Caffé. Desenho e texto intitulado Chico Rey de Denis, Brean, datado de 1951 e publicado no 'Album dos Radorianos' da revista 'Radar' na semana de 29 de junho a 5 "
"Exemplar promocional. Na contra-capa, texto de J.L. Ferrete. Encarte com biografia de Francisco Alves, fotos de compositores e artistas e uma reprodução fotográfica da avenida Beira Mar, no início do século XX."
Capa dupla com fotos e histórico sobre o intérprete. Encarte com fotos do intérprete em shows e em sua vida privada.
Série Reminiscências.
"Na contra-capa, comentário de Ary Vasconcelos sobre as músicas."
"Exemplar promocional. Discos gentilmente cedidos da discoteca do Sr. Miécio Caffe. Na contra-capa, texto de 'Titio' Padua Reis, produtor e apresentador do programa noturno 'Rua das Recordações, 1.100' da Rádio Nacional de São Paulo, setembro de 1968."
"Na contra-capa, texto de Ary Vasconcelos sobre as músicas do disco."
"Na contra-capa, texto de Z. Viana."
"Na contra-capa, pequena biografia de Francisco Alves."
(c/o Trio de Ouro)
(c/o Trio de Ouro)
(c/Trio de Ouro)
(c/as Três Marias)
(c/Dalva de Oliveira)
(c/Bob Lazy)
(c/Dalva de Oliveira)
(c/Madelou de Assis)
(c/Aurora Miranda)
(c/Mário Reis)
(c/Mário Reis)
(c/Mário Reis)
(c/Mário Reis)
(c/Mário Reis)
(c/VitórioLattari)
(c/Mário Reis)
(c/Mário Reis)
(c/Mário Reis)
(c/Mário Reis)
(c/Mário Reis)
(c/Mário Reis)
(c/Rogério Guimarães)
(c/Araci Cortes)
(c/Lídia Campos)
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Francisco Alves foi o mais influente cantor brasileiro da primeira metade do século. De sua estréia sob uma lona de circo em 1918 até sua morte trágica em 1952, foram 34 anos de primeiro plano, de sucesso, de impressionante presença, arrastando em sua carreira inúmeros seguidores, quando não imitadores. Como a quase totalidade dos barítonos e tenores anteriores à gravação elétrica – que, aliás, coube a ele inaugurar em 1927 –, guiou-se pela escola do bel-canto, mais afinada pelos padrões da ópera clássica do que por um cantar brasileiro ainda em formação: para que suas vozes fossem registradas pelo primitivo sistema mecânico de registro fonográfico, de microfones pouco sensíveis, tenores e barítonos valiam-se mais da potência do que de outros recursos. Numa palavra, “gritavam” mais que “cantavam”. Francisco Alves jamais se livraria de todo desse estilo semi-operístico, mas se tornaria mais natural a partir da gravação elétrica e, principalmente, de seus duetos em disco (24 ao todo) com Mário Reis, este, sim, um cantor já brasileiro, na emissão de voz, na naturalidade e na pronúncia. Essas diferenças entre Francisco Alves e Mário Reis, anotadas por vários estudiosos da música popular, já eram ressaltadas por Mário de Andrade no ensaio “A pronúncia cantada e o problema do nasal brasileiro através dos discos”, de 1938. Sendo assim, a que se deve a importância do chamado Rei da Voz? Qual o porquê de sua influência sobre seus pares? Primeiramente, à sua musicalidade, ao seu faro para descobrir canções destinadas ao sucesso. Entre elas, os sambas de compositores desconhecidos, pedras brutas dos morros cariocas (Ismael Silva, Cartola, Bide, Marçal, Brancura, Gradim), que o intérprete lapidou com sua voz. É verdade que resultou disso um produto híbrido, o samba espontâneo dos morros vestidos pelo artificialismo do cantor. Mas uma hibridez de grande agrado popular e que, entre outras coisas, tirou aqueles sambistas do anonimato. Em seguida, e até o fim da vida, o cantor seguiu perseguindo o sucesso (ou o sucesso a ele). Música de carnaval, sambas-canções de meio de ano, as exaltações de Ary Barroso, as incontáveis versões, de tudo um pouco, num repertório de mais quantidade que qualidade.
Em seu tempo, ninguém gravou tanto. Já o Francisco Alves compositor está a merecer um estudo mais atento. Se é verdade que comprava sambas daquelas pedras brutas,
tornando-se seu parceiro, não há como negar que, com sua musicalidade, ele próprio era capaz de compor lindas melodias, do que são exemplos as valsas serenatas com letras de Orestes Barbosa.
João Máximo