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Nome Artístico
Elza Soares
Nome verdadeiro
Elza da Conceição Soares
Data de nascimento
22/7/1930
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
20/1/2022
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Cantora. Compositora.

Filha de Avelino Gomes (operário e tocador de violão nas horas vagas) e Rosária Maria da Conceição (lavadeira).

Nascida no núcleo residencial Moça Bonita (hoje Vila Vintém), uma das primeiras favelas do Rio de Janeiro.

Aos 12 anos, o pai obrigou-a a casar com Lourdes Antônio Soares, conhecido como Alaúrdes. No ano seguinte teve o primeiro filho, João Carlos.

Aos 15 anos, viu falecer o segundo filho.

Aos 21 anos ficou viúva. Em 1957 era mãe de cinco filhos, quatro meninos e uma menina. Dois meses após o parto de Dilma, foi trabalhar como encaixotadora e conferente na Fábrica de Sabão Véritas, em Engenho de Dentro.

Em 1969 publicou seu primeiro livro “Minha vida com Mané” (Editora Saga) narrado em primeira pessoa.

Na década de 1980, estudou saxofone com Moacyr Santos em Los Angeles, Estados Unidos.

Em 1997 o escritor José Louzeiro publicou a biografia “Elza Soares – Cantando para não enlouquecer” (Editora Planeta).

No ano 2000, em Londres, a emissora BBC lhe deu o título de “A Melhor Cantora do Universo”.

Em 2009 dois documentários entraram em fase de produção sobre a vida e obra da cantora: um com diereção da cineasta carioca Isabel Jaguaribe e outro, dirigido pela cineasta mineira Elizabeth Martins, no qual são misturados realidade e ficção. Foi homenageada pelo compositor Itamar Assumpção com a música “Elza Soares”.

Em 2018 foi pessoalmente à estreia do musical “Elza”, no Teatro Riachuelo, no Rio de Janeiro, em que sete atrizes encenaram momentos marcantes de sua vida, dentre as quais destacou-se a atriz e cantora Larissa Luz, que encarnou a personagem Elza em seus trejeitos e timbre de voz. O espetáculo, teve texto de Vinícius Calderoni, direção de Duda Maia, direção musical de Pedro Luís com arranjos de Letieres Leite. Nesse mesmo ano foi lançada biografia autorizada “Elza” (Editora LeYa), escrita pelo jornalista Zeca Camargo. Nesse mesmo ano foi exibido o documentário de Elizabete Martins Campos “My name is now”, com cenas em que a cantora conversa consigo mesma olhando-se no espelho.

Em janeiro de 2022, Elza estava alguns dias com respiração ofegante. Seus familiares verificaram sua pressão e oxigenação e notaram uma pequena alteração, o suficiente para acionar o médico por precaução, que enviou uma ambulância para sua residência. Pouco depois, Elza Soares faleceu de causas naturais. Uma partida tranquila, como sempre desejou.

Dados artísticos

Em 1953, fez o primeiro teste na Rádio Tupi, no programa “Calouros em desfile”, de Ary Barroso. No teste interpretou a música “Lama” (Paulo Marques e Alice Chaves), ganhando o primeiro lugar. Seu irmão Avelino, que estudava violão e tocava na Orquestra Garam de Bailes, do maestro Joaquim Naegli, comentou com este sobre a irmã e do prêmio que havia ganho no programa de Ary Barroso. Após um teste com o maestro, foi contratada como crooner. Trabalhou na orquestra até 1954, quando ficou grávida. No ano seguinte, após ser liberada pelo médico do resguardo do parto, fez um show no Clube da Imprensa e foi convidada a assistir à peça “Jour-jou-Fru-fru”, de Silva Filho, no Teatro João Caetano, onde conheceu Mercedes Batista, que a convidou para participar do elenco de bailarinas. Pouco tempo depois, estava contracenando com Grande Otelo na peça que se tornaria um grande sucesso de público na época.

Em 1958, viajou para a Argentina com a Companhia de Mercedes Batista, apresentando-se no Teatro Astral.

No ano de 1959, ao regressar ao Brasil, foi contratada por Walter Silva para a Rádio Vera Cruz. Na emissora, conheceu Moreira da Silva, que a levou para cantar no Texas Bar, em Copacabana, fazendo contato com Silvinha Teles e Aloísio de Oliveira, que a convidou para gravar. Ainda em 1959 gravou pela Odeon um 78 rpm com as músicas “Se acaso você chegasse” (Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins) e “Mack the Knife”. No ano seguinte, foi para São Paulo trabalhar no show “Festival Nacional de Bossa Nova”, realizado no Teatro Record e na Boate Oasis. Por essa época, gravou o primeiro LP, “Se acaso você chegasse”, pela Odeon. Logo depois lançou “A bossa negra”, seu segundo disco.

Em 1961 gravou seu 2º disco “A bossa negra”, lançado pela Odeon nesse mesmo ano e relançado pela Universal Music em 2003. O disco contou com 12 faixas, dentre as quais “Marambaia” e “Beija-me”.

Em 1962, fez apresentações como representante do Brasil na Copa do Mundo no Chile, onde conheceu Louis Armstrong (representante artístico dos Estados Unidos), que lhe propôs fazer carreira nos EUA.

Conheceu Garrincha, com quem se casaria e manteria um relacionamento conturbado. No ano seguinte, em 1963, gravou pela Odeon o LP “Sambossa”, com as composições “Rosa morena” (Dorival Caymmi), “Só danço samba” (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e “A banca do distinto” (Billy Blanco), entre outras.

Em 1964, ainda pela Odeon, gravou o disco “Na roda do samba”, com os sucessos “Pressentimento” (Elton Medeiros e Hermínio Bello de Carvalho) e “Princesa Isabel”, de Sérgio Ricardo.

Entre 1963 e 1967, gravou vários compactos e LPs.

Em 1967, apresentou-se em shows como “Bahia de todos os santos”, no Teatro Copacabana, e “Elza de todos os sambas”, no Teatro Santa Rosa. Recebeu do então governador do Rio de Janeiro, Negrão de Lima, o diploma de “Embaixatriz do samba”, do Conselho de Música Popular do Museu da Imagem e do Som, por iniciativa do então presidente da instituição, Ricardo Cravo Albin. Transferiu-se para a Itália, onde morou acompanhada de Mané Garrincha. Na Itália apresentou-se no Teatro Sistina, em Roma, retornando ao Brasil em 1972, montando o show “Elza em dia de graça”. Apresentou-se no Teatro Opinião e fez temporada no navio italiano Eugenio C. Cantou também no Canecão, no espetáculo “Brasil export show”. Fez uma temporada de duas semanas na boate Number One, no Rio de Janeiro.

Na década de 1970, gravou o disco “Elza, Miltinho & samba”, em dupla com o cantor Miltinho.

Em 1973, apresentou-se em São Paulo no Teatro Brasileiro de Comédia, com o show “Viva Elza”, depois levado para outras capitais do país. No ano seguinte, participou do programa radiofônico “MPB – 100 Anos Ao Vivo”, apresentado e produzido por Ricardo Cravo Albin, para mostrar a história da MPB em cadeia nacional de rádio. A série radiofônica gerou vários LPs de igual título, da qual a cantora participou dos números sete e oito, cantando os sambas dos anos 60 e 70.

No início da década de 1980, trabalhou na boate paulista Madame Satã, no show “A vingança será maligna”, juntamente com o grupo Os Titãs.

Em 1984, Caetano Veloso a convidou para participar do disco “Velô”, dividindo com ela a música “Língua”, composição do próprio Caetano. No ano seguinte, o compositor baiano e Lobão produziram o LP “Somos todos iguais”.

Em 1986, com o falecimento de seu filho Garrinchinha, em decorrência de um acidente automobilístico, resolveu ir para o exterior onde permaneceu nove anos, transitando entre a Europa e os Estados Unidos.

Em 1988 gravou o LP “Voltei”. Regressou de vez ao Brasil em 1994. Dois anos depois, interpretou com Lobão a música “Se acaso você chegasse”, no disco “Casa de samba”, produzido por Rildo Hora. Por essa época, participou do CD “Bordões”, de João de Aquino, interpretando “Canário da terra” (João de Aquino e Aldir Blanc).

Em 1997, lançou o disco “Trajetória”. Com participação especial de Zeca Pagodinho, o disco ainda reuniu composições de Chico Buarque, Guinga e Aldir Blanc, Noca da Portela, Nei Lopes, João Roberto Kelly, Arlindo Cruz, entre outros. Com esse trabalho, ganhou o Prêmio Sharp de “Melhor Cantora de Samba”. Ainda em 1997, José Louzeiro lançou sua biografia, “Elza Soares: cantando para não enlouquecer”, pela Editora Globo.

No ano de 1999, lançou de forma independente o disco “Carioca da gema”. Em novembro desse mesmo ano, participou em Londres do show “Desde que o samba é samba” no Royal Albert Hall, ao lado de Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Virgínia Rodrigues. Lançou o CD duplo “Meus Momentos”, com um repertório de músicas consagradas por sua voz. Nesse mesmo ano lançou, pela EMI, a compilação “Raízes do Samba”, com 20 clássicos da MPB, dentre os quais “Se acaso você chegasse”, “Devagar com a louça”,  “Salve a Mocidade”, entre outros.

Em 20 de janeiro de 2000, estreou no Teatro 2 do Centro Cultural Banco do Brasil o musical “Crioula”, de Stella Miranda. O musical sobre sua vida contou com a música “Dura na queda” (Elza desafinou nº 2) composta por Chico Buarque, e ainda músicas inéditas de outros compositores, como “Poeira” (Chico César e Stella Miranda), “Não nasci pra Cinderela” (Humberto Araújo e Nei Lopes) e “Meninos e meninas” (Tim Rescala). O show sobre sua vida e sua obra foi estrelado por  Zezé Polessa, Elisa Lucinda, Kacau Gomes, Sheila Mattos, Tuca Andrade e mais seis atores e seis músicos. Ainda nesse ano, estreou o show “Dura na queda”, no Teatro Glória do Rio de Janeiro. O show, cujo título foi tirado da canção homônima que Chico Buarque compôs em sua homenagem para o musical “Crioula”, contou com a participação da Banda AfroReggae, e teve a direção de Gringo Cardia e José Miguel Wisnik. Nesse mesmo ano, participou do CD “Cole Porter, George Gershwin – canções, versões”, produzido e letrado por Carlos Rennó. No disco, dividiu com Chico Buarque a música “Façamos! (Vamos amar), versão para “Lets do it”  (Lets fall in love), de Cole Porter. Por essa época, participou do programa “Millenium concert”, da BBC de Londres, gravado no Teatro Glória do Rio de Janeiro.

Em 2002, “Façamos! (Vamos amar),  foi incluída na trilha sonora da novela “Desejos de mulher”, da Rede Globo. Fez uma participação especial no espetáculo de dança “Folias Guanabara” do Corpo de Dança da Maré (RJ). Em maio de 2002, “Façamos! (Vamos amar), foi incluída no CD “Duetos” de Chico Buarque. Ainda em 2002 lançou o CD “Do cóccix até o pescoço”, produzido por José Miguel  Wisnik . No CD interpretou as inéditas “Dor de cotovelo” (Caetano Veloso), “Hoje é dia de festa” (Jorge Benjor), “Eu vou ficar aqui” (Arnaldo Antunes) e “Dura na queda” (Chico Buarque) e ainda “Façamos! (Vamos amar), em dupla com Chico Buarque, além de uma versão para tango de “Fadas”, choro de Luiz Melodia. Também foram incluídas “A carne” (Marcelo Yuka, Seu Jorge e Wilson Cappellette), “Etnocopop” (Carlinhos Brown), “Haiti” (Caetano Veloso e Gilberto Gil), “Bambino” choro de Ernesto Nazarth letrado por José Miguel Wisnik, “Flores horizontais”, poema de Oswaldo de Andrade musicado por José Miguel Wisnik e também duas composições de sua autoria: “Samba crioula” e “A cigarra”, esta última, em parceria com a atriz Letícia Sabatella. Participou do disco “Ciranda brasileira”, projeto da Nestlé com renda revestida para crianças carentes. No CD interpretou a faixa “História de amor”, de autoria de Denise Mendonça. Participou do disco e do DVD “Jorge Aragão ao vivo convida”, pela gravadora Indie Records. Foi eleita a “Cantora do ano” no primeiro Prêmio Rival BR.

Em 2003 apresentou-se no Teatro Rival BR lançando o CD “Do cóccix até o pescoço”. Neste mesmo ano seus discos entre os anos de 1960 e 1978 foram  reeditados pela gravadora EMI. Participou da trilha sonora do filme “Lisbela e o prisioneiro”, dirigido por Guel Arraes, disco no qual interpretou “Espumas ao vento”, de Accioly Neto. A gravadora EMI lançou a caixa de título “Negra”, com 12 CDs reunindo 27 títulos da carreira da cantora entre os anos de 1960 e 1988, além de faixas-bônus e uma compilação de compactos. Ao lado de Dona Ivone Lara, Wilson Moreira, Elton Medeiros, Cristina Buarque, Monarco, Velha Guarda da Portela, Renato Braz, Teresa Cristina, Martnália, Cristina Buarque, Nilze Carvalho, Seu Jorge e Walter Alfaiate, entre outros, participou do CD “Um ser de luz – saudação à Clara Nunes”, lançado pela gravadora Deckdisc. No final de ano de 2003 lançou o CD “Vivo feliz”, no qual foi incluído o clássico “Opinião”, de autoria de Zé Kéti.

No ano de 2004 ganhou o “Prêmio Tim” na categoria “Melhor Cantora” de pop-rock.

Em 2005 participou do bloco do documentário “Brasileirinho”, do cineasta finlandês Mika Kaurismaki, radicado no Rio de Janeiro desde o início da década de 1990. Do documentário sobre o gênero “choro” também fizeram parte Tereza Cristina, Yamandú Costa e Paulo Moura, entre outros. O filme foi lançado no “Fórum Internacional do Novo Cinema”, uma das mostras paralelas do “Festival de Berlim”, na Alemanha.

Em 2007 foi convidada pela emissora Rádio MPB FM para participar do projeto “Palco MPB”, para o qual apresentou show no Estrela da Lapa, no qual interpretou alguns de seus maiores sucessos da carreira, entre os quais “Salve a Mocidade” (Luiz Reis), “Boato” (João Roberto Kelly), “Edmundo” (versão para In the mood de J. Garland e A. Razaf), “Eu só quero ser feliz” (Doca e MC Cidinho) e “Pranto livre” (Everaldo da Viola e Dida). Neste mesmo ano lançou o primeiro DVD da carreira “Beba-me – Elza Soares ao vivo”, gravadora  Biscoito Fino. O DVD foi gravado em show no Sesc da Vila Mariana, em São Paulo, com direção de José Miguel Wisnik e Wadim Nikitim, no qual interpretou 22 composições, entre as quais “Se acaso você chegasse” (Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins), “Dura na queda” (Chico Buarque), “Dor de cotovelo” (Caetano Veloso), “Malandro” (Jorge Aragão e Jotabê), “Flores horizontais” (José Miguel Wisnik e Oswald de Andrade), “A carne” (Marcelo Yuca, Seu Jorge e Wilson Cappellette), “Fadas” (Luiz Melodia), “Volta por cima” (Paulo Vanzolini), “O neguinho e a senhorita” (Noel Rosa de Oliveira e Abelardo da Silva) e “O meu guri” (Chico Buarque). Neste mesmo ano fez turnê com o CD e DVD pela Itália e Chile. Participou do elenco do filme “Chega de Saudade”, e da trilha sonora do mesmo, lançada em CD pela Universal Music.

Em 2009 através de seu selo musical Pívetz, criado em parceria com seu marido mineiro, o empresário Bruno Lucide, lançou o CD “Arrepios”, em parceria com o violonista e compositor João de Aquino. No CD, gravado em 1998, com apenas a voz da cantora e o violão de João de Aquino, foram incluídas as composições “Drão” (Gilberto Gil), “Como uma onda” (Lulu Santos e Nélson Motta), “Canário da terra” (João de Aquino e Aldir Blanc), “Juventude tansviada” (Luiz Melodia) e “Devagar com a louça” (Luiz Reis e Haroldo Barbosa), entre outras. O disco teve pré-lançamento em show na casa noturna Posto 8 (ex- Mistura Fina), na zona sul do Rio de Janeiro.

Em 2010 relançou em formato CD, pelo selo Discobertas, o LP “Pilão + Raça = Elza”, de 1977, que contou com a direção musical de Gilson Peranzzetta e com a participação de Hélio Delmiro (violão) e Copinha (flauta). O disco “Somos todos iguais”, gravado em 1985, também foi relançado em CD, incluindo o dueto com Caetano Veloso na versão da canção “Sophisticated Lady”. Nesse mesmo ano, foi lançado o longa metragem “Elza”, de Isabel Jaguaribe e Ernesto Baldan. Este documentário sobre sua vida contou com depoimentos de personalidades e de seu próprio testemunho.

Em 2011 participou do “Projeto Quintas no BNDES”, em que apresentou o show “Arrepios” no auditório do BNDES, no Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano participou do projeto “Pixinguinha in Jazz”, ao lado dos músicos Laudir de Oliveira, Paulo Russo, Paulinho Black, Jessé Sadoc e Kiko Continentino, da Historic Brazilian Jazz Band. O show, realizado no Teatro Rival, no Rio de Janeiro, foi produzido por Maurício D’Amico  e Bruno Lucide. Participou dos volumes sete e oito do box “100 Anos de Música popular Brasileira”, no qual interpretou as faixas “Dia de graça” (Candeia), “Canta, canta, minha gente” (Martinho da Vila), “Vem chegando a madrugada” (Noel Rosa de Oliveira e Adil de Paula “Zuzuca do Salgueiro”), “Quando vim de Minas” (Xangô da Mangueira), “Maledicência” (Carlão e Sidney da Conceição), “Ê baiana” (Fabrício Silva, Baianinho, Santos Ribeiro e M. Pancrácio), “A infelicidade” (Niltinho Tristeza e Mauro Duarte), “Sei lá Mangueira” (Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho). O box, extraído de oito LPS lançados pela Tapecar no ano de 1975, em coleção produzida pelo crítico musical e radialista Ricardo Cravo Albin a partir de seus programas radiofônicos “MPB 100 AO VIVO”, com gravações ao vivo realizadas no auditório da Rádio MEC entre os anos de 1974 e 1975, é integrado por quatro CDs duplos, contendo oito LPs remasterizados, e foi relançado no ano de 2011 pelo Selo Discobertas, do pesquisador Marcelo Fróes, em convênio com o Instituto Cultural Cravo Albin. Ainda em 2011 fez uma participação especial no disco duplo “O samba carioca de Wilson Baptista”, lançado pela Biscoito Fino, no qual interpretou a faixa “Artigo Nacional” (Wilson Baptista e Germano Augusto). Apresentou-se ao lado do grupo Farofa Carioca no palco do Teatro Rival, no Rio de Janeiro.

Em 2012 realizou uma pequena temporada do show “Deixa a Nega Gingar”, no Teatro Rival, no Rio de Janeiro, acompanhada dos músicos JP Silva (violão de 7 cordas, cavaco, bandolim e direção musical), Rodrigo Ferreira (baixo), Nelson Freitas (piano, teclado e acordeom), Paulinho Black (bateria) e o DJ Ricardo Muralha, que fez intervenções eletrônicas Ao vivo.

No ano de 2013 participou do projeto “Inusitado”, criado e dirigido por André Midani para o espaço Cidade das Artes, para o qual montou espetáculo de voz e música eletrônica em parceria com DJ Muralha, no qual explorou os recursos de sua voz em dueto com a música eletrônica, fazendo novas versões para alguns de seus sucessos, tais como “Malandro”, “A carne”, “A flor e o espinho”, “Nega do cabelo duro” e “Eu vou ficar aqui”.

Em 2014, com o título “Fogo e Paixão”, apresentou-se no projeto “MPB na ABL”, comandado por Ricardo Cravo Albin, no qual a cantora falou sobre a vida e a obra, e interpretou composições de um roteiro feito exclusivamente para a ocasião, no qual constaram as músicas “Insensatez” (Tom e Vinicius), “O meu guri” (Chico Buarque), “Malandro” (Jorge Aragão e Jotabê), “Pra frente Brasil” (Miguel Gustavo), ainda, composições do show “Elza Soares – Fogo e paixão – 100 Anos de Lupicinio”, tais como “Esses moços”, “Felicidade” e “Nunca”, todas de  Lupicínio Rodrigues, e ainda “Se acaso você chegasse”, Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins, que a lançou como cantora em 1959.

Em 2015 lançou o CD “A mulher do fim do mundo”, produzido por Guilherme Kastrup e direção musical de Romulo Fróes e Celso Sim. O disco, patrocinado pelo projeto “Natura Musical” contou com repertório inédito com as faixas “Coração do mar” (poema de Oswald de Andrade musicado por José Miguel Wisnik), “Benedita” (Celso Sim, Pepê Mata Machado, Joana Barossi e Fernanda Diamant), “Comigo” (Romulo Fróes e Alberto Tassinari), “Dança” (Kaká Machado e Romulo Fróes), “Firmeza?!” (Rodrigo Campos), “Luz vermelha” (Kiko Dinucci e Clima), “Maria da Vila Matilde” (Douglas Germano), “A mulher do fim do mundo” (Romulo Fróes e Alice Coutinho), “O canal” (Rodrigo Campos), “Pra fuder” (Kiko Dinucci), “Solto” (Marcelo Cabral e Clima). Apresentou o show de lançamento do CD “A mulher do fim do mundo” no Teatro Oi Casagrande, no Rio de Janeiro.

O CD “A mulher do fim do mundo”, foi eleito pela crítica do Jornal O Globo como um dos dez melhores álbuns de 2015.

Em 2016 lançou o DVD “Elza canta e chora Lupi”, idealizado por Glauber Amaral sob a direção de Rene Goya, no qual interpretou músicas de Lupicínio Rodrigues, em show apresentado no Theatro São Pedro, em Porto Alegre (RS). Gravou a música “Identidade” (Jorge Aragão) no Sambabook em homenagem a Jorge Aragão. Participou da 27ª edição do “Prêmio da Música Brasileira”, realizado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em homenagem ao cantor e compositor Gonzaguinha. Na ocasião, interpretou “O que é o que é”, acompanhada dos músicos Pretinho e Thiago da Serrinha e foi contemplada com o prêmio de “Melhor Álbum” na categoria “Pop/Rock/Reggae/Hip Hop/Funk”, com o disco “A mulher do fim do mundo”. Participou da Cerimônia de Abertura das Olimpíadas 2016, no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, interpretando “Canto de Ossanha” (Baden Powell e Vinicius de Moraes), acompanhada das cantoras Larissa Luz, Maíra Freitas e Dandara Ventapane.

Em 2017 lançou o CD “End of the world – Remixes”, voltado para o mercado fonográfico intenacional, com remixes das músicas do disco de 2015 “A mulher do fim do mundo”, feito por nomes conhecidos da cena eletrônica mundial. Foi contemplada pelo “28º Prêmio da Música Brasileira” com o prêmio de “Melhor Cantora de Samba” pelo disco “Delírio no Circo”. Foi contemplada pelo “28º Prêmio da Música Brasileira” com o prêmio de “Melhor Álbum” na categoria “Canção Popular” pelo disco “Elza canta e chora Lupi”. Apresentou-se pela primeira vez no festival “Rock in Rio”, como convidada especial do rapper Rael em seu show realizado no palco Sunset.

Em 2018 lançou o CD “Deus é mulher”, produzido por Guilherme Kastrup, que incluiu as músicas “O que se cala” (Douglas Germano), “Exu nas escolas” (Kiko Dinucci e Edgar), “Banho” (Tulipa Ruiz), “Eu quero comer você” (Romulo Fróes e Alice Coutinho), “Um olho aberto” (Mariá Portugal), “Deus há de ser” (Pedro Luís), “Dentro de cada um” (Luciano Mello e Pedro Loureiro), com a participação do grupo afro Ilú Obá de Min, entre outras. O show de lançamento do disco foi apresentado no SESC Vila Madalena, em São Paulo, em que esteve acompanhada pelos músicos Guilherme Kastrup (bateria) com Mestre DaLua (percussão), Rafa Barreto (guitarra e sintetizadores), Rodrigo Campos (cavaquinho e guitarra) e Luque Barros (baixo e sintetizadores). Ainda em 2018 gravou, ao lado de Liniker, a música inédita “Foi você, fui eu” (Garbato Bros), para a trilha sonora da segunda temporada da série “Carcereiros”, da TV Globo. Gravou o clipe de cunho feminista “Escuta as minas”, ao lado das cantoras da Bahia e a Cozinha Mineira, Mart’nália e Karol Conka.

Foi destaque no carro abre-alas da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel no carnaval de 2019. Logo após desfilar na Marquês de Sapucaí, viajou para o Equador, para apresentar-se em Quito, onde também realizou uma palestra na ONU sobre a mulher na América Latina. Por essa razão não desfilou no desfile das campeãs, no sábado à noite, aonde era aguardada pela multidão que lotava o sambódromo.

Em 2019 lançou o CD “Planeta fome”, produzido por Rafael Ramos. Com  repertório majoritariamente inédito, teve participações de BNegão em “Blá blá blá”, Rafael Mike em “Não tá mas de graça”, Baiana System e Orkestra Rumpilezz em “Libertação”. O disco incluiu a música autoral “Menino”. Apresentou-se no Palco Sunset do festival “Rock in Rio”, no Rio de Janeiro, recebendo como convidadas as cantoras As Bahias e a Cozinha Mineira, Jéssica Ellen e Kell Smith.

Em 2020 foi homenageada pela escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel com o enredo “Elza Deusa Soares”, cujo samba foi assinado pela cantora Sandra de Sá, dentre os compositores. Na ocasião desfilou sentada em um trono no último carro da escola, que ficou em terceiro lugar, apresentando-se no Desfile das Campeãs. A gravadora Som Livre relançou no formato CD o LP “Senhora da terra”. Gravou, a lado do rapper Flávio Renegado, o single “Negão Negra” (Flávio Renegado e Gabriel Moura), cujas rimas abordam a questão do racismo estrutural. Nesse mesmo ano regravou a música “Malandro” (Jorge Aragão e Jotabê) para a trilha-sonora do longa-metragem italiano “Rosa e Momo”, estrelado por Sophia Loren.

Em 2021 lançou o CD “Elza Soares e João de Aquino”, registro de apresentação que fez em dueto com o violonista João de Aquino em meados da década de 1990, no estúdio Haras, no Rio de Janeiro. O disco incluiu gravações de “Drão” (Gilberto Gil), “Canário da terra” (João de Aquino e Aldir Blanc), “Que maravilha” (Jorge Ben Jor e Toquinho), entre outras.

Em 2022 foi lançado o registro audiovisual “Elza ao vivo no Municipal”, no dia em que comemoraria seus 92 anos de idade. A exibição do show apresentado no Theatro Municipal de São Paulo em janeiro de 2022 foi perpassada por depoimentos de amigos e artistas como Caetano Veloso, Carlinhos Brown, Regina Casé, Chico Buarque, Rita Lee, Alcione, entre outros.

Foi lançado postumamente, em junho de 2023, no dia do aniversário da cantora, o álbum “No tempo da intolerância”, produzido por Rafael Ramos no estúdio Tambor, da gravadora Deck. As faixas foram gravadas por Elza entre julho de 2021 e janeiro de 2022. As faixas incluídas no álbum foram “Justiça”, “Coragem”, Pra ver se melhora”, “No tempo da intolerância”, “Te quiero”, (estas compostas por Umberto Tavares, Jefferson Junior, Elza Soares e Pedro Loureiro), “Rainha africana” (Roberto de Carvalho e Rita Lee), “Mulher pra mulher”(Josyara), “Feminelza” (Pitty), “Quem disse?” (Isabela Moraes) e “No compasso da vida”(Ivone Lara, Elza Soares e Pedro Loureiro). Nesse mesmo ano de 2023 ganhou o “Prêmio da Música Brasileira” na categoria “Melhor Intérprete de Pop/Rock”.

Discografias
2023 Deck CD No temponda intolerância
2022 Deck DVD Elza ao vivo no Municipal
2021 Deck CD Elza Soares e João de Aquino

(com João de Aquino)

2020 Som Livre CD Senhora da terra

(reedição)

2020 Som Livre CD Senhora da terra (relançamento)
2019 Deck CD Planeta fome
2018 Deck CD Deus é mulher
2017 Mais um Discos CD End of the world – Remixes
2016 Coqueiro Verde Records DVD Elza canta e chora Lupi
2015 Circus CD A mulher do fim do mundo
2015 QVT CD Anganga (c/ Cadu Tenório)
2015 Goma Gringa Discos LP Encarnado
2011 Discobertas/ ICCA CD 100 Anos de Música popular Brasileira, Vol. 7 e Vol. 8 (participação)
2011 Biscoito Fino CD O samba carioca de Wilson Baptista

(vários artistas)

2011 Biscoito Fino CD O samba carioca de Wilson Baptista (participação)
2010 Discoberta CD Pilão Raça = Elza

(reedição)

2010 Discoberta CD Pilão + Raça = Elza

(reedição)

2010 Discoberta CD Somos todos iguais

(reedição)

2009 Selo Pívetz CD Arrepios - Elza Soares & João de Aquino
2007 Biscoito Fino Beba-me - Elza Soares ao vivo
2007 Universal Music CD Chega de Saudade

(trilha sonora do filme)

2007 Universal Music CD Chega de Saudade (trilha sonora do filme)
2003 Universal Music CD A bossa negra
2003 EMI Music CD Sambas e mais sambas Vol.2
2003 vários CD Trilha sonora do filme "Lisbela e o prisioneiro"
2003 Deckdisc CD Um ser de luz - saudação à Clara Nunes

vários

2003 Deckdisc CD Um ser de luz - saudação à Clara Nunes (Vol. 1)

(vários artistas)

2003 Selo Reco-Head CD Vivo feliz
2002 (participação) CD Chico Buarque – Duetos
2002 Maianga Discos CD Do cóccix até o pescoço
2002 (participação) CD Duetos-Chico Buarque
2002 Indie Records CD Jorge Aragão ao vivo convida

(participação)

2000 Independente CD Cole Porter, George Gershwin-canções, versões-por Carlos Rennó. (vários)
1999 Independente CD Carioca da gema
1999 Independente CD Carioca da gema (Ao Vivo)
1999 EMI CD Meus Momentos (disco duplo)
1999 EMI CD Raízes do Samba
1997 CD Salve a Mocidade. Volume
1997 CD Trajetória
1995 EMI Music LP Elza, Miltinho e Samba
1989 Odeon Compacto simples Sei lá Mangueira
1988 RGE LP Voltei
1986 LP Somos todos iguais
1985 LP Somos todos iguais
1982 Odeon Compacto simples Dindi
1980 Odeon LP Com que roupa
1980 CBS LP Elza negra, negra Elza
1979 Odeon Compacto Duplo Se acaso você chegasse
1978 Odeon Compacto simples Sei lá Mangueira
1977 LP Pilão + raça = Elza
1975 Odeon Compacto simples Aquarela brasileira
1975 Odeon LP Aquarela brasileira
1975 Odeon LP Com que roupa. Com Miltinho
1975 Tapecar LP Nos braços do samba
1975 Odeon Compacto simples Rio carnavais dos carnavais
1974 Odeon Compacto Duplo Cadeira vazia
1974 Odeon Compacto simples Capital do tempo
1974 Tapecar LP Elza Soares
1974 Odeon Compacto Duplo Festa da vinda
1974 Odeon Compacto simples Festa da vinda
1974 Tapecar LP Quem é bom já nasce feito
1974 Tapecar LP Salve a Mocidade
1974 Tapecar LP Samba, minha raiz
1974 Odeon LP Se acaso você chegasse
1973 Odeon Compacto Duplo Acorda Portela
1973 Odeon LP Elza Soares
1973 Odeon LP Lendas do Abaeté
1973 Odeon Compacto simples Mangueira em tempo de folclore
1973 Odeon Compacto Duplo O pato
1973 Odeon Compacto Duplo Rio carnavais dos carnavais
1972 Odeon LP Elza pede passagem
1972 Odeon LP Grade do amor
1972 Odeon Compacto Duplo Grade do amor

(c/ Roberto Ribeiro)

1972 Odeon Compacto Duplo Grade do amor. Com Roberto Ribeiro
1972 Compacto simples Lendas do Abaeté

(c/ Roberto Ribeiro)

1972 Compacto simples Lendas do Abaeté. Com Roberto Ribeiro
1972 Odeon LP Maria vai com as outras
1972 Odeon Compacto simples Rainha da roda
1972 Odeon Compacto Duplo Recordações de um batuqueiro

(c/ Roberto Ribeiro)

1972 Odeon Compacto Duplo Recordações de um batuqueiro. Com Roberto Ribeiro
1972 Odeon Compacto simples Rio carnaval dos carnavais
1972 Odeon Compacto simples Rio-carnaval dos carnavais
1972 Odeon LP Sangue, suor e raça

(c/ Roberto Ribeiro)

1972 Odeon LP Sangue, suor e raça. Com Roberto Ribeiro
1972 Odeon LP Swing negrão. Com Roberto Ribeiro
1971 Odeon LP Se acaso você chegasse
1970 Odeon (Itália) Compacto simples Mas que nada / Mácara negra
1970 Odeon (Itália) Compacto simples Mas que nada/Mácara negra
1970 Odeon LP Samba & mais sambas
1970 Odeon LP Sambas & mais sambas
1969 Odeon Compacto simples A flor e o samba
1969 Odeon Compacto simples Bahia de todos os deuses
1969 Odeon Compacto simples Bis
1969 Odeon LP Boogie-woogie na favela
1969 Odeon LP Elza, Miltinho e Samba (Vol. 3)
1969 Odeon LP Elza, carnaval & samba
1969 Odeon LP Heróis da liberdade
1969 Odeon LP Juntinho de novo
1969 Odeon Compacto simples Lendas e mistérios da Amazônia
1969 Odeon LP Onde está meu samba?
1968 Odeon LP Balanço zona sul
1968 Odeon LP Capoeira
1968 Odeon LP Diálogo de crioulos
1968 LP Elza Soares & Wilson das Neves
1968 Odeon LP Elza Soares – Baterista: Wilson das Neves
1968 Odeon LP Elza, Miltinho e Samba (Vol. 2)
1968 Odeon Compacto simples Lapinha / Presssentimento
1968 Odeon Compacto simples Lapinha/Presssentimento
1968 Odeon LP Mestre-sala
1968 Odeon Compacto Duplo O bonde de São Januário
1968 Odeon Compacto simples Onde está meu samba
1968 Odeon Compacto simples Portela querida
1968 Odeon Compacto simples Sei lá Mangueira
1967 Odeon LP Com que roupa
1967 Odeon LP Elza, Miltinho e Samba
1967 Odeon Compacto simples Isso não se faz / Unha e carne
1967 Odeon Compacto simples Isso não se faz/Unha e carne
1967 Odeon LP Negro telefone
1967 Odeon LP O mundo encantado de Monteiro Lobato
1967 LP O máximo em samba
1967 Odeon LP Palmas no Portão
1967 Odeon Compacto simples Palmas no portão
1967 Odeon Compacto simples Portela querida / Sofri
1967 Odeon Compacto simples Portela querida/Sofri
1966 Odeon LP Com a bola branca
1966 Odeon Compacto simples De amor ou paz / Toque balanço
1966 Odeon Compacto simples De amor ou paz/Toque balanço
1966 Odeon Compacto simples Quizumba / A infelicidade
1966 Odeon Compacto simples Quizumba/A infelicidade
1965 Odeon LP O neguinho e a senhorita
1965 Odeon Compacto simples O neguinho e a senhorita / O que passou, passou
1965 Odeon Compacto simples O neguinho e a senhorita/O que passou, passou
1965 Odeon LP O samba brasileiro
1965 Odeon LP Um show de Elza
1965 Odeon LP Um show de beleza
1965 Odeon LP Verão do meu Rio
1964 Odeon LP Na roda do samba
1964 Odeon Compacto simples Receita de balanço / Na roda do samba
1964 Odeon Compacto simples Receita de balanço/Na roda do samba
1963 Odeon 78 Eu sou a outra / Amor imposssível
1963 Odeon 78 Eu sou a outra/Amor imposssível
1963 Odeon LP Sambossa
1963 Odeon 78 Só danço samba / Sim e não
1963 Odeon 78 Só danço samba/Sim e não
1963 Odeon Compacto Duplo Volta por cima
1963 Odeon Compacto Duplo Vou rir de você
1962 Odeon 78 Avec no Leblon / Aconteceu um novo amor
1962 Odeon 78 Avec no Leblon/Aconteceu um novo amor
1962 Odeon Compacto Duplo Maria, Mária, Mariá
1962 Odeon 78 Ziriguidum / Maria, Mária, Mariá
1962 Odeon 78 Ziriguidum/Maria, Mária, Mariá
1961 Odeon LP A bossa negra
1961 Odeon LP Beija-me
1961 Odeon 78 Boato / O samba está com tudo
1961 Odeon 78 Boato/O samba está com tudo
1961 Odeon Compacto simples Cadeira vazia / Ziriguidum
1961 Odeon Compacto simples Cadeira vazia/Ziriguidum
1961 Odeon LP Eu e o Rio
1961 Odeon LP Mulata assanhada
1961 Odeon Compacto Duplo Não põe a mão
1961 Odeon LP O samba é Elza Soares
1961 Odeon Compacto Duplo Perdão
1960 Odeon LP A bossa negra
1960 Odeon Edmundo (In the mood)/Era bom
1960 Odeon LP Se acaso você chegasse
1960 Odeon 78 Teleco-teco nº 2 / Casa de turfista
1960 Odeon 78 Teleco-teco nº 2/Casa de turfista
1960 Odeon LP Tenha pena de mim
1959 Odeon Se acaso você chegasse/Mack the Knife
Obras
A cigarra - (c/ Letícia Sabatella)
Enredo de pirraça - (c/ Gérson Alves)
Exagero
Lata d'água
Liberdade de amar (c/ Iberê Melodia)
Louvei Maria
Língua de pilão (c/ Gérson Alves)
Menino
Perdão, Vila Isabel (c/ Gérson Alves)
Samba crioula
Somos todos iguais
Swing negrão c/ Roberto Ribeiro
Shows
2019 Palco Sunset, festival “Rock in Rio”, Rio de Janeiro Elza Soares
2018 SESC Vila Madalena, em São Paulo Elza Soares – “Deus é mulher”
2015 Teatro Oi Casagrande, Rio de Janeiro Elza Soares - lançamento do CD “A mulher do fim do mundo”
2012 Teatro Rival, Rio de Janeiro Elza Soares “Deixa a Nega Gingar”
2011 Auditório do BNDES, RJ Arrepios
2011 Teatro Rival, Rio de Janeiro Elza Soares e Farofa Carioca
2004 Vander Lee ao vivo convida Elza Soares e Alcione. Canecão, RJ.
Beba-me - Elza Soares ao vivo. Canecão. RJ.
Do Cóccix até o pescoço. Canecão, RJ.
Do Cóccix até o pescoço. Teatro Rival BR, RJ.
Do cóccix até o pescoço. Lona Cultural João Bosco, RJ.
Dura na queda. Teatro Glória, RJ.
Elza Soares e Banda AfroReggae. Lona Cultural Carlos Zéfiro, RJ.
Elza em dia de graça. Teatro Opinião, RJ.
Milleniun concert. Salão Nobre do Hotel Glória, RJ.
Negra Elza. Teatro Carlos Gomes, RJ.
Negra Elza. Teatro Municipal de Niterói, RJ.
Projeto Palco MPB - Rádio MPB FM. Estrela da Lapa, RJ.
Show "Do cóccix até o pescoço". Teatro Rival BR, RJ.
Show "Vivo Feliz". Teatro Municipal de Niterói, RJ.
Show Beba-me - Elza Soares ao vivo. Sesc da Vila Mariana, SP.
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

ALBIN, Ricardo Cravo. MPB, a história de um século. Rio de Janeiro: Atrações Produções Ilimitadas/MEC/Funarte, 1997.

ALBIN, Ricardo Cravo. O Livro de Ouro da MPB. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A., 2003.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.

AMARAL, Euclides. O Guitarrista Victor Biglione & a MPB. Rio de Janeiro: Edições Baleia Azul, 2009. 2ª ed. Esteio Editora, 2011. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

CASTRO, Ruy. Estrela solitária – Mané Garrincha. Rio de Janeiro: Companhia das Letras.

CHAVES, Xico e CYNTRÃO, Sylvia. Da Pauliceia à Centopeia Desvairada – as Vanguardas e a MPB. Rio de Janeiro: Elo Editora, 1999.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

História do samba. “Capítulo 15”. Globo.

LOUZEIRO, José. Elza Soares – cantando pra não enlouquecer. São Paulo: Globo, 1997.

MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música Brasileira – erudita, folclórica e popular. 3. ed. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural/Publifolha, 1998.

MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música brasileira – erudita, folclórica e popular. 2 v. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural, 1977.

REPPOLHO. Dicionário Ilustrado de Ritmos & Instrumentos de Percussão. Rio de Janeiro: GJS Editora, 2012. 2ª ed. Idem, 2013.

Crítica

Uma das figuras mais extravagantes, talentosas e de estilo ímpar da MPB chama-se Elza Soares. Surgida em 1959, recriando o samba “Se acaso você chegasse”, do repertório de Cyro Monteiro, ela chegou e arrasou. Aliás, seu lado “cheguei!” a perseguiu a vida inteira. É impossível não notar a presença de Elza onde quer que ela chegue. Além da plástica corporal sempre enxuta, sua voz rouca e rítmica – única – parece mais um instrumento de percussão quando canta samba. Tudo isso, aliado aos seus “scats”, deu uma forma inteiramente nova aos dois estilos de samba que se conhecia quando ela surgiu, o samba de raiz e a bossa nova, criando um estilo novo que chegou mesmo a ser chamado de “bossa negra” para implicar com a bossa “branca” feita pelos riquinhos da zona sul do Rio.

Com o passar do tempo, Elza modernizou-se ainda mais. Os arranjos de seus discos deixaram de ser excessivamente orquestrados, como na fase áurea em que gravou na Odeon, entre 1959 e 1974, e passaram a ser na maioria das vezes mais percussivos. Isso quando ela conseguia gravar. Após uma fase de menos prestígio, nos anos 70, quando gravou no selo Tapecar, a partir dos 80, ela cortou um dobrado para conseguir se impor num mercado cada vez mais curvado aos modismos. Aliás, não foi só em relação a isso que ela precisou lutar em sua vida. Segundo José Louzeiro, que em 1997 escreveu a biografia “Cantando para não enlouquecer”, ela teve pelo menos seis altos e baixos em sua vida e carreira.

Elza experimentou emoções fortes em sua trajetória. Da miséria à riqueza, do assédio ao descaso da mídia, da paixão ao abandono. Algumas vidas e algumas mortes. Foi lavadeira, casou-se forçada pelo pai aos 12 anos e chegou a perder três filhos, que morreram de fome. Mesmo assim, nunca foi de esmorecer: foi com a cara e a coragem num programa de Ary Barroso e ganhou a nota máxima, após passar pelo constrangimento de ouvir do apresentador piadas devido à sua origem humilde. Depois foi para a Argentina, onde trabalhou com a Companhia de Mercedes Batista. Anos mais tarde conseguiu a chance de cantar no rádio e gravar na Odeon graças aos cantores Moreira da Silva e Silvinha Telles. Ganhou fama, sucesso e dinheiro; construiu a primeira casa com piscina, ganhou elogios de Louis Armstrong, no Chile, em 1962, e se casou com Garrincha, o mito do futebol brasileiro, com quem viveu uma intensa paixão.

Na época das vacas gordas, chegou a ganhar 300 contos quando o craque do futebol, no seu auge, ganhava apenas 50. Aturou o alcoolismo desse mesmo homem, ainda por cima comendo o pão que o Diabo amassou por causa da opinião pública, que julgava ter sido sua a culpa de Garrincha ter morrido pobre e desamparado. Mesmo com tanta perseguição, no auge da carreira, nos anos 60, gravou e fez muito sucesso com discos clássicos como “O máximo em samba” (1967), “Elza Soares & Wilson das Neves” (1968), uma série de três álbuns com Miltinho (“Elza, Miltinho e samba”), verdadeiras aulas de ritmo, e, em 1972, bateu o pé em sua gravadora e conseguiu dividir um LP com o então estreante sambista Roberto Ribeiro – “Sangue, suor e raça”.

Foi nos anos 60 que teve o maior número de sucessos, como “Se acaso você chegasse”, “Boato”, “Edmundo” (versão de “In the mood”), “Beija-me”, “Devagar com a louça”, “Mulata assanhada”, “O mundo encantado de Monteiro Lobato”, “Bahia de todos os deuses”, “Palmas no portão”, “Palhaçada”, ainda que nos anos 70 tenha brilhado com “Salve a Mocidade” (1974) e “Malandro” (1977), esta última lançando Jorge Aragão como compositor. Mais tarde, perdeu tudo que possuía. Ficou sem emprego, chegou a pensar em desistir de cantar. Foi quando Caetano Veloso a convidou para gravar “Língua”, em seu LP “Velô”, em 1984, que Elza voltou a ser notada pela mídia. Em 1985, o roqueiro Lobão e o mesmo Caetano patrocinaram um disco coroando sua volta, “Somos todos iguais”. “Voltei”, o seguinte, viria três anos depois. Ambos, sem o merecido sucesso. Nesse meio tempo, mais uma tragédia: perdeu outro dos nove filhos que teve – o Garrinchinha – num acidente de carro, em 1986.

Tentou a sorte fora do país de 1986 a 1994, mas não deu certo. Depressões, desencantos. Elza, no entanto, sempre soube recomeçar e toda vez que pisou num palco, causou comoção. Porque seu vigor, mesmo já depois dos 60, era espantoso. Por sinal, ela sempre escondeu a idade e realmente no palco parece uma garota, sambando com saltos enormes e minissaia, modelitos adotados a partir de meados dos anos 80, num estilo “perua chique” que a marcaria até os dias atuais. Musicalmente, a influência do jazz passou a ser mais forte, mas, mesmo assim, nunca deixou de gravar pérolas tipicamente brasileiras, como sambas-de-enredo, dos quais Elza sempre foi exímia intérprete.

Não foram apenas os arranjos que mudaram em seus discos. Elza, com o tempo, aprimorou-se como intérprete, tornando-se cada vez mais visceral e teatral. Ela soube renovar-se e, ao ser convidada para participar do CD “Casa de samba” (1996), voltou a aparecer mais constantemente na mídia. Gravou novo álbum solo após nove anos, “Trajetória” (1997), ganhando com ele o Prêmio Sharp de Melhor Cantora de Samba, e depois o independente “Carioca da gema”, ao vivo (1999). Nesse meio tempo, fez shows em tudo que é canto do Rio de Janeiro e virou tema do musical teatral “Crioula”, no ano 2000, escrito e dirigido por Stella Miranda. Quem já viu a energia de Elza no palco pode dizer sem exagero que ela não fica a dever, comparada às maiores divas da música popular do planeta.

Rodrigo Faour