
Compositor. Cantor. Escritor. Cineasta. Empresário artístico. Produtor de discos.
Pioneiro na divulgação da cultura sertaneja, nunca teve emprego fixo. Irrequieto, foi expulso do grupo escolar no terceiro ano primário.Puritano, recusava anúncios de bebidas alcoólicas, cabarés e casas de jogo de bicho. Em 1949, passou a trabalhar na Companhia Antártica divulgando produtos sem álcool. Fundou em sua cidade natal, Tietê, a Granja de Jesus destinada a prestar assistência a menores carentes. Faleceu em 1958 de câncer na faringe. Foi fundado após a sua morte o Museu Cornélio Pires. Desde de 1959 realiza-se em Tietê a Semana Cornélio Pires.
Escreveu e realizou palestras a respeito da cultura caipira. É considerado o primeiro “showman” da música caipira brasileira. Em 1910, realizou conferência no Colégio Mackenzie, em São Paulo, apresentando caipiras e mostrando como era um velório caipira. Em 1912, lançou a coletânea de versos intitulado “Musa caipira”. Em 1915, publicou “Versos”. Por essa época, realizou conferências caipiras no Rio de Janeiro. Em 1916, lançou “Quem conta um conto”, seu primeiro livro de contos. Em 1921, lançou os livros “Cenas e paisagens de minha terra” e “Conversas ao pé do fogo”. Em 1922, durante os festejos comemorativos ao Centenário da Independência, fez conferência sobre a cultura típica paulista na Associação Brasileira de Imprensa. Em 1923, filmou “Brasil Pitoresco”, juntamente com Flamínio de Campos Gatti. Em 1924, lançou um de seus mais conhecidos livros: “As estrambóticas aventuras do Joaquim Bentinho”. Naquele mesmo ano, apresentou um grupo de violeiros no cine República, em São Paulo. Era a primeira vez que a capital paulista assistia a uma apresentação de música caipira. No ano de 1926, lançou o semário “O Saci” e os livros “Patacoadas”e “Seleta capira”. Publicou em 1927, o “Almanaque do Saci Mixórdia”. Em 1928, publicou “Meu samburá” e apresentou à Columbia o projeto de gravação de discos caipiras, que foi rejeitado. Pagou do próprio bolso a produção de uma série especial de 25.000 discos, com número de identificação 20.000 e rótulo vermelho. A tiragem inicial foi vendida apenas no caminho da cidade de Jaú. O sucesso foi imediato, exigindo novas prensagens. Os discos estavam divididos em cinco séries: humorística, folclórica, regional, serenatas e patriótica. A maioria dos cerca de 50 discos estão sem indicação de autoria, devendo ser dele mesmo, ou ao que tudo indica, recolhidas por ele. Os primeiros a sair, em maio de 1929, traziam ele mesmo contando anedotas como “Entre o italiano e o alemão”, “Coisas de caipira”, “Rebatidas de caipiras” e outras. Com “Desafio de caipiras” e “Verdadeiro samba paulista”, lançou a Turma Caipira composta por Sebastião Ortiz, Caçula, Arlindo Santana, Mariano Silva e Zico Dias. Editou folheto para divulgar seus shows. Os discos da série caipira eram vendidos na porta de teatros e circos. Em 1932, publicou a obra “Sambas e cateretês”. Em 1933, foi a vez de “Chorando e rindo”. Em 1935, ainda com Flamínio de Campos Gatti, filmou “Vamos passear” e publicou seu último livro de contos, “Tá no bocó”. Foram também lançados por Cornélio Pires os artistas Olegário e Lourenço, Raul Torres e Mandi e Sorocabinha.Em 1945, foi a público a coletânea “Enciclopédia de anedotas e curiosidades”. Em 1946, criou o Teatro Ambulante e passou a viajar com dois carros pelo interior. Enquanto fazia suas conferências, num carro havia discos e noutro, livros. Foi o primeiro no país a acreditar comercialmente no gênero caipira e o pioneiro nas gravações de discos do gênero caipira e sertanejo.
Em 1993, sua “Moda da revolução (Rebelião paulista de 1924)”, parceria com Arlindo Santana foi regravada por Rolando Boldrin no CD “Disco da moda”, lançado pela RGE. Escreveu mais de vinte livros de contos e causos.
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