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Nome Artístico
Cornélio Pires
Nome verdadeiro
Cornélio Pires
Data de nascimento
13/7/1884
Local de nascimento
Tietê, SP
Data de morte
17/2/1958
Local de morte
São Paulo, SP
Dados biográficos

Compositor. Cantor. Escritor. Cineasta. Empresário artístico. Produtor de discos.

Pioneiro na divulgação da cultura sertaneja, nunca teve emprego fixo. Irrequieto, foi expulso do grupo escolar no terceiro ano primário.Puritano, recusava anúncios de bebidas alcoólicas, cabarés e casas de jogo de bicho. Em 1949, passou a trabalhar na Companhia Antártica divulgando produtos sem álcool. Fundou em sua cidade natal, Tietê, a Granja de Jesus destinada a prestar assistência a menores carentes. Faleceu em 1958 de câncer na faringe. Foi fundado após a sua morte o Museu Cornélio Pires. Desde de 1959 realiza-se em Tietê a Semana Cornélio Pires.

Dados artísticos

Escreveu e realizou palestras a respeito da cultura caipira. É considerado o primeiro “showman” da música caipira brasileira. Em 1910, realizou conferência no Colégio Mackenzie, em São Paulo, apresentando caipiras e mostrando como era um velório caipira. Em 1912, lançou a coletânea de versos intitulado “Musa caipira”. Em 1915, publicou “Versos”. Por essa época, realizou conferências caipiras no Rio de Janeiro. Em 1916, lançou “Quem conta um conto”, seu primeiro livro de contos. Em 1921, lançou os livros “Cenas e paisagens de minha terra” e “Conversas ao pé do fogo”. Em 1922, durante os festejos comemorativos ao Centenário da Independência, fez conferência sobre a cultura típica paulista na Associação Brasileira de Imprensa. Em 1923, filmou “Brasil Pitoresco”, juntamente com Flamínio de Campos Gatti. Em 1924, lançou um de seus mais conhecidos livros: “As estrambóticas aventuras do Joaquim Bentinho”. Naquele mesmo ano, apresentou um grupo de violeiros no cine República, em São Paulo. Era a primeira vez  que a capital paulista assistia a uma apresentação de música caipira. No ano de 1926, lançou o semário “O Saci” e os livros “Patacoadas”e “Seleta capira”. Publicou em 1927, o “Almanaque do Saci Mixórdia”. Em 1928, publicou “Meu samburá” e apresentou à Columbia o projeto de gravação de discos caipiras, que foi rejeitado. Pagou do próprio bolso a produção de uma série especial de 25.000 discos, com número de identificação 20.000 e rótulo vermelho. A tiragem inicial foi vendida apenas no caminho da cidade de Jaú. O sucesso foi imediato, exigindo novas prensagens. Os discos estavam divididos em cinco séries: humorística, folclórica, regional, serenatas e patriótica. A maioria dos cerca de 50 discos estão sem indicação de autoria, devendo ser dele mesmo, ou ao que tudo indica, recolhidas por ele. Os primeiros a sair, em maio de 1929, traziam ele mesmo contando anedotas como “Entre o italiano e o alemão”, “Coisas de caipira”, “Rebatidas de caipiras” e outras. Com “Desafio de caipiras” e “Verdadeiro samba paulista”, lançou a Turma Caipira composta por Sebastião Ortiz, Caçula, Arlindo Santana, Mariano Silva e Zico Dias. Editou folheto para divulgar seus shows. Os discos da série caipira eram vendidos na porta de teatros e circos. Em 1932, publicou a obra “Sambas e cateretês”. Em 1933, foi a vez de “Chorando e rindo”.  Em 1935, ainda com Flamínio de Campos Gatti, filmou “Vamos passear” e publicou  seu último livro de contos, “Tá no bocó”. Foram também lançados por Cornélio Pires os artistas Olegário e Lourenço, Raul Torres e Mandi e Sorocabinha.Em 1945, foi a público a coletânea “Enciclopédia de anedotas e curiosidades”.  Em 1946, criou o Teatro Ambulante e passou a viajar com dois carros pelo interior. Enquanto fazia suas conferências, num carro havia discos e noutro, livros. Foi o primeiro no país a acreditar comercialmente no gênero caipira e o pioneiro nas gravações de discos do gênero caipira e sertanejo.
Em 1993, sua “Moda da revolução (Rebelião paulista de 1924)”, parceria com Arlindo Santana foi regravada por Rolando Boldrin no CD “Disco da moda”, lançado pela RGE. Escreveu mais de vinte livros de contos e causos.

Discografias
[S/D] Columbia 78 A moda da revolução, Vida apertada
[S/D] Columbia 78 Cateretê paulista/Niltinho Soares
[S/D] Columbia 78 Gavião em penacho/Que moça bonita
[S/D] Columbia 78 Legionários alerta/Qui-pró-có
[S/D] Columbia 78 Moda da revolução/Bigode raspado
[S/D] Columbia 78 O bonde camarão/Sô cabocro brasileiro
[S/D] Columbia 78 O meu viva eu quero dá/Se os revortoso perdesse
[S/D] Columbia 78 Puxando a brasa/As três lágrimas
[S/D] Columbia 78 Quando o Zidoro vortô/Os descontentes
[S/D] Columbia 78 Reculutamento/Bom remédio
[S/D] Columbia 78 Triste abandonado/Mecê diz que vai casá
[S/D] Columbia 78 Um baile na roça/Uma lição complicada
[S/D] Columbia 78 Vou casá com cinco mulheres/Vancê é um pancadão
1930 Columbia 78 A incruziada/Boiada cuiabana
1930 Columbia 78 A minha garcinha branca/Toada de cana-verde
1930 Columbia 78 Agüenta, Maneco/Folia-de-Reis
1930 Columbia 78 Bate palma/Na asa de um beija-flô
1930 Columbia 78 Beatriz/O Salim toreador
1930 Columbia 78 Bigode raspado/Estraguei a sapaiada
1930 Columbia 78 Cabocla malvada/A plantaforma do prefeito
1930 Columbia 78 Caipira velhaco/O sonho de Maria
1930 Columbia 78 Campo fermozo/Moda da Mariquinha
1930 Columbia 78 Cantando o aboio/Toada de mutirão
1930 Columbia 78 Coração amaguado/Moda do rio Tietê
1930 Columbia 78 Galo em crista/Comparações
1930 Columbia 78 Mulher teimosa/Noites de minha terra
1930 Columbia 78 Naquela tarde serena/Toada de cururu
1930 Columbia 78 Numa serenata/Quando as misses desfilavam
1930 Columbia 78 O Salim foi foi no embrulho/futebol da bicharada
1930 Columbia 78 O caboclo apanha/Passa morena
1930 Columbia 78 O jogo de bicho/Armida
1930 Columbia 78 O leilão das moça/Jardim florido
1930 Columbia 78 O meu burro "saudoso"/Será os impossivi!
1930 Columbia 78 O zeipilin/O submarino
1930 Columbia 78 Recortado/Festa do Gennaro
1930 Columbia 78 Sabiá me fais chorá/A briga dos véio
1930 Columbia 78 Situação encrencada/Escoieno noiva
1930 Columbia 78 Toada de cateretê/Toada de samba
1930 Columbia 78 Triste apartamento/Purfiando
1930 Columbia 78 Uma missão solene/Nas touradas
1929 Columbia 78 A fala dos nossos bichos/Moda do pião
1929 Columbia 78 Agitação política em São Paulo/Cavando votos
1929 Columbia 78 Anedotas cariocas/Danças regionais paulistas
1929 Columbia 78 Coisas de caipira/Batizado do Sabini
1929 Columbia 78 Como cantam algumas aves/Jorginho do sertão
1929 Columbia 78 Desafio entre caipiras/Verdadeiro samba paulista
1929 Columbia 78 Entre o italiano e o alemão/Anedotas norte-americanas
1929 Columbia 78 Os cariocas e os portugueses/Mecê diz que vai casá
1929 Columbia 78 Rebatidas de caipira/Astúcias de negro velho
1929 Columbia 78 Simplicidade/Numa escola sertaneja
1929 Columbia 78 Triste abandonado/No mercado dos caipiras
Obras
Adeus, campina da serra (c/ Raul Torres)
Bonde camarão (c/ Mariano da Silva)
Cantando o aboio c/ Angelino Oliveira
Dindo lelê (c/ Raul Torres)
Moda da revolução Rebelião paulista de 1924 (c/ Arlindo Santana)
Numa escola sertaneja
Oh, vida minha
Oi, dele-lê
Os bailes de agora (c/ Raul Torres)
Quem quiser saber meu nome (c/ Raul Torres)
Simplicidade
Toada de mutirão (c/ Angelino de Oliveira)
Bibliografia Crítica

AMARAL, Euclides. A Letra & a Poesia na MPB: Semelhanças & Diferenças. Rio de Janeiro: EAS Editora, 2019.

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

LUNA, Paulo & LUNA, Francisco. Almanaque de duplas cipiras e sertanejas. Rio de Janeiro: Edições Lunamar, 2016.

LUNA, Paulo. “Dos braços dessa viola à dissonância de uma guitarra: A tensão entre tradição e modernidade na música caipira e sertaneja”. Dissertação de Mestrado, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2005.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

MUGNAINI JR.,Ayrton. Enciclopédia das músicas sertanejas. São Paulo: Letras e Letras, 2001.

NEPOMUCENO, Rosa. Música Caipira – Da roça ao rodeio. São Paulo: Editora 34, 1999.