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Nome Artístico
Chico Science
Nome verdadeiro
Francisco de Assis França Caldas Brandão
Data de nascimento
13/3/1966
Local de nascimento
Recife, PE
Data de morte
2/2/1997
Local de morte
Recife, PE
Dados biográficos

Cantor. Compositor.

Passou a infância e a adolescência no bairro do Rio Doce. Nesse período, catava caranguejos no mangue para vender na feira.

Era fã de James Brown, Grandmaster Flash, Kurtis Blow e outros artistas importantes do soul-music norte-americano.

Em 1984, quando os primeiros passos do “break” difundidos por Michael Jackson surgiram, integrou a Legião Hip Hop, uma das principais turmas de dança de rua de Recife. Três anos depois, formaria o seu primeiro grupo, o Orla Orbe, que pouco durou. Logo depois, criou outra banda, a Loustal, em homenagem ao famoso quadrinista francês Jacques de Loustal. A ideia era mesclar soul, funk e hip hop com o rock psicodélico dos anos 60.

Chegou a trabalhar como técnico em recursos humanos numa empresa de informática de Recife, porém, no início da década de 1990, deixou o cargo para dedicar-se exclusivamente a atividades culturais e artísticas.

Em fevereiro de 1997, poucos meses depois do lançamento do segundo disco, numa quarta-feira de cinzas, faleceu em decorrência de um acidente automobilístico na rodovia que liga Recife à Olinda, quando se dirigia a um show, dirigindo o carro da irmã, uma Fiat Uno Miller. Seu corpo foi enterrado no cemitério de Santo Amaro, com a presença de 10 mil pessoas.

Em outubro de 2001, a Fiat foi condenada a pagar indenização à família do músico (aos pais e à filha do artista), devido ao constatado defeito no cinto de segurança do automóvel. Neste mesmo ano o músico recebeu uma homenagem da prefeitura de Recife: seu nome batizou uma grande avenida da cidade.

No ano de 2007 a Fiat foi condenada a pagar à família do cantor uma indenização de quase 10 milhões de reais, considerada uma das maiores já paga por uma empresa automobilística no Brasil. Ainda neste ano em homenagem aos 10 anos do falecimento, o pai do cantor, o servidor Francisco França, colocou uma placa de bronze no Espaço Ciência, em Recife.

No ano de 2016 foi lançado o documentário “Carangueijo Elétrico”, produzido pelo jornalista e produtor Ricardo Carvalho (em uma coprodução da Produtora RTV e Globo Filmes), com direção de  José Eduardo Miglioli e direção executiva de Carol Carvalho. No filme, de 86 minutos, foram reunidas várias fases do artista, tais como um clipe da banda  Loustal (embrião da Chico Science & Nação Zumbi); cenas gravadas em 1993, na primeira turnê do grupo por São Paulo (no Aeroanta); a primeira participação da banda no “Festival Abril Pró Rock” (Recife); cenas da participação do grupo no evento “Summertage”, no Central Parque, em Nova Iorque, a convite de Gilberto Gil, show no qual Chico Science e Gilberto Gil fizeram vários improvisos juntos; cenas dos bastidores da turnê da banda, em 1996, pela Europa, além de entevistas com vários amigos, artistas de diversas áreas e músicos como o produtor e baixista Liminha. A primeira exibição pública do documentário aconteceu no Circo Voador, no Rio de Janeiro, em show em homenagem aos 20 anos de lançamento do disco “Afrociberdelia;”, com a banda Nação Zumbi executando as composições do CD, entre elas “Um passei no mundo livre”, “Corpo de lama”, “Manguetown”, “Maracatu atômico” (Jorge Mauther e Nelson Jacobina), “Etnia” e “Macô”.

No ano de 2019 começaram as filmagens de um longa-metragem sobre sua vida e obra, produzido por Denis Feijão (Elixir Entretenimentos) , com auxílio de Louise Taynã, filha do cantor.

Dados artísticos

Em meados de 1991 conheceu, por intermédio do percussionista Gilmar Bolla, o trabalho do bloco afro Lamento Negro, de Olinda, que tocava samba-reggae. Se até então o seu referencial musical era basicamente norte-americano, impressionado com o trabalho percussivo do bloco, achou que poderia misturar os ritmos tradicionais como a embolada, o coco e o maracatu com o rock, reggae, funk e hip hop, revalorizando, assim, a cultura local. Tornou-se então o mentor e principal articulador do movimento que se convencionou chamar de Mangue Beat, tendo inclusive redigido o manifesto “Caranguejos com cérebro”, no qual expunha as propostas estéticas do movimento. No mesmo ano de 1991, formou na cidade de Olinda o grupo Chico Science & Nação Zumbi, o mais relevante da cena “Mangue Beat”.

Em 1994, o grupo lançou o seu primeiro CD, “Da lama ao caos”, com boa receptividade da crítica. No CD  foram incluídas “Risoflora”, “Samba Makossa”, “Da lama ao caos”, “A praieira”, “Banditismo por uma questão de classe”, “A cidade” e “Antene-se”, “Rio, pontes e overdrives” (c/ Zero Quatro), “Maracatu de tiro certeiro” (c/ Jorge Du Peixe), todas de sua autoria, dentre um conjunto de músicas de outros integrantes do Nação Zumbi.

O segundo CD, “Afrociberdelia”, foi lançado em 1996.

Em 1998, o grupo lançou o CD duplo “CSNZ”. O primeiro disco continha cinco músicas inéditas com Jorge Du Peixe no vocal e mais cinco ao vivo ainda com Chico Science. Na primeira faixa, “Malungo”, participaram Jorge Benjor, Fred 04, Marcelo D2 e Falcão. No CD também constou uma versão de “Samba Makossa” (Chico Science), integralmente interpretada pelo grupo Planet Hemp.

Discografias
1998 Sony CD CSNZ

(c/ a banda Chico Science e Nação Zumbi)

1996 Sony CD Afrociberdelia

(c/ a banda Chico Science e Nação Zumbi)

1994 Sony CD Da lama ao caos

(c/ a banda Chico Science e Nação Zumbi)

Obras
A cidade
A praieira
Antene-se
Banditismo por uma questão de classe
Coco Dub (Afrociberdelia)
Da lama ao caos
Maracatu de trio certeiro (c/ Jorge Du Peixe)
Monólogo ao pé do ouvido
Rios, ponte & overdrives (c/ Zero Quatro)
Risoflora
Salustiano song (c/ Lúcio Maia)
Samba makossa
Sangue de bairro (c/ Ortinho)
Shows
Chico Science e Nação Zumbi. Canecão, RJ.
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

ALBIN, Ricardo Cravo. MPB, a história de um século. Rio de Janeiro: Atrações Produções Ilimitadas/MEC/Funarte, 1997. 2ª ed. Revista e ampliada, Rio de Janeiro: MEC/Funarte/Instituto Cultural Cravo Albin, 2012.

ALBIN, Ricardo Cravo. MPB, a história de um século. Rio de Janeiro: Atrações Produções Ilimitadas/MEC/Funarte, 1997.

ALBIN, Ricardo Cravo. O livro de ouro da MPB. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.

FUSCALDO, Chris. Discobiografia Mutante: Álbuns que revolucionaram a música brasileira. Rio de Janeiro: Editora Garota FM Books, 2018. 2ª ed. Idem, 2020.

MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música Brasileira – erudita, folclórica e popular. 3. ed. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural/Publifolha, 1998.

THOMPSON, Mario Luiz. Música Popular Brasileira (vol. 1 e 2). São Paulo: Editora Bem Te Vi, e Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2001.