4.002
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Nome Artístico
Cássia Eller
Nome verdadeiro
Cássia Rejane Eller
Data de nascimento
10/12/1962
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
29/12/2001
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Cantora. Compositora.

Filha mais velha (tinha mais quatro irmãos) de Altair Eller, sargento reformado e Nancy Eller. Por conta do serviço do pai, que serviu em vários estados do Brasil, passou a infância e a adolescência em diferentes cidades, como Belo Horizonte (MG), Santarém (PA) e Rio de Janeiro, onde passou a adolescência no bairro do Lins de Vasconcellos.

Aos 14 anos ganhou de presente seu primeiro violão, e, aos 18, quando mudou-se para Brasília, começou a cantar em corais e a fazer testes para musicais e óperas. Tentou o canto lírico, porém a rígida disciplina desse estudo e sua paixão por música popular a fizeram desistir, permanecendo somente seis meses nos estudos.

Foi garçonete, cozinheira, secretária do Ministério da Agricultura, redatora, tradutora e ajudante de pedreiro.

Optou definitivamente pela carreira artística.

Em 1993, decidiu ter um filho e deu à luz um menino, Francisco Ribeiro Eller (Chico Chico), fruto de uma relação com o baixista Tavinho Fialho (falecido em acidente de carro). Oito meses depois do nascimento do filho, já estava de volta aos palcos.

Em 2001, iria participar da festa de réveillon na Barra da Tijuca na virada do ano, mas no dia 29 de dezembro foi internada na Clínica Santa Maria, em Laranjeiras com intoxicação exógena e após três paradas cardíacas veio a falecer neste mesmo dia. Foi sepultada no cemitério Jardim da Saudade, no bairro de Sulacap, no Rio de Janeiro. Deixou o filho Francisco Ribeiro Eller (Chico Chico) e Maria Eugênia Viera Martins, companheira de 14 anos de convivência e com quem pretendia se casar, como declarou em entrevista à revista Marie Clare, caso o projeto-de-lei de reconhecimento de união civil de homossexuais fosse aceito no Congresso Nacional. A guarda provisória de Francisco Ribeiro Eller foi dada à Maria Eugênia. Após disputa com Altayr Eller, pai da cantora, Maria Eugênia, ganhou a guarda definitiva do menino, transformando-se em caso único na justiça brasileira.

No ano de 2005 os jornalistas Eduardo Belo e Ana Cláudia Landi lançaram o livro “Apenas uma garotinha – A história de Cássia Eller”, Editora Planeta.

Como compositora tem parcerias inéditas com a amiga Dora Galesso.

Em 2013, segunda a produtora cinematográfica Carolina Castro, foram iniciadas as filmagens do documentário em longa metragem “Cássia”, de Paulo Henrique Fontenelle. Neste mesmo ano de 2013 começaram os ensaios do espetáculo “Cássia Eller, O Musical”, com direção de Ernesto Piccolo, roteiro de Patrícia Andrade, produção de Gustavo Nunes e direção musical de Lan Lan.

Em Brasília, seu nome foi dado à Sala Funarte, como homenagem a uma das cantoras mais conhecidas da cidade.

Dados artísticos

Surgiu em Brasília, em 1981, quando participou de um espetáculo de Oswaldo Montenegro. Nessa época, atuou também como cantora em grupo de forró e participou do primeiro trio-elétrico de Brasília, o Massa Real, no qual cantou por dois anos. Cantou em vários bares de Brasília, entre eles o Bom Demais. Cantou ópera e tocou surdo em um grupo de samba e trabalhou na noite, cantando e tocando em bares de Brasília.Todavia, somente em 1989 sua carreira decolaria. Com a ajuda de um tio, gravou uma fita demo com a música “Por enquanto” (Renato Russo), levada pelo tio à gravadora PolyGram. Contratada pela gravadora, sua primeira participação em disco foi no LP “Baobab”, de Wagner Tiso, em 1990. Nesse mesmo ano lançou o primeiro LP “Cássia Eller”, cujo maior sucesso foi “Por enquanto”, de Renato Russo, fazendo com que o disco vendesse 60.000 cópias. Outros destaques foram as regravações de “Rubens” (Mário Manga), do grupo Premeditando O Breque, uma versão reggae para “Eleanor Rigby”, dos Beatles, “Já deu prá sentir – tutu” (Marcus Miller e Itamar Assumpção), “Barraco” (Roberto Frejat e Jorge Salomão) “Que o Deus venha” (Roberto Frejat, Clarice Lispector e Cazuza) “Otário” (Bocato), “O Dedo de Deus” (Mário Manga e Arrigo Barnabé), “Não sei o que quero da vida” (Hermelino Neder e Arrigo Barnabé) e uma composição de sua autoria, “Lullaby”, em parceria com o brasiliense Márcio Faraco.

No ano de 1992, lançou o segundo disco “O marginal”, que vendeu 40 mil cópias. Dentre as faixas que se destacaram estão “Caso você queira saber” (Beto Guedes e Márcio Borges), “Sonhei que viajava com você” (Itamar Assumpção), “Sensações” (Luiz Melodia), “Teu bem” (Paulo Barnabé) e “Amnésia” (Cláudio Lobato e Luiz Melodia).

Apareceu como compositora no CD “Eles”, em uma parceria com o baixista Tavinho Fialho e o letrista Luís Pinheiro; e ainda na faixa-título “O marginal”, em parceria com os músicos Hermelino Neder, o tecladista Zé Marcos e ainda com letra de Luís Pinheiro. Neste mesmo ano de 1992 interpretou “Oriente” (Gilberto Gil) no songbook de Gilberto Gil. Ainda no mesmo ano gravou com o guitarrista argentino, naturalizado brasileiro, Victor Biglione o disco “Victor Biglione e Cássia Eller in blues”, destacando-se o duelo blueseiro da cantora com o guitarrista em “Mercedes Benz” (Janis Joplin e M. McClure), além de “Im your Hoochie Coochie man” (Willie Dixon), “I aint supersticious” (Willie Dixon), “Same old blues” (Freddie King), “When sunny gets blue” (Marvin Fisher e Jack Segal), “I ain t got nothing but the blues” (Duke Ellington), “If six was nine” (Jimi Hendrix) e “Got to get into my life” (Lennon e McCartney).

Sobre esse disco, ainda inédito em 2008, a escritora e poeta Beatriz Helena Ramos Amaral no livro “Cássia Eller – Canção na voz do fogo”, lançado pela Editora Escrituras em 2002, escreveu:

 

“As razões pelas quais foi o álbum engavetado não são completamente conhecidas. Muito se escreveu a respeito. Publicou-se que a gravadora não teria achado conveniente para a carreira de Cássia, que se iniciava, o lançamento de um CD exclusivamente de blues, o que poderia rotulá-la e afastar a possibilidade de sua penetração cada vez maior no mercado mais popular. Escreveu-se, também, que a objeção partira do empresário da cantora, à época Rafael Borges, por temer que o lançamento precoce do álbum pudesse vir a confundir a imagem de Cássia no mercado fonográfico”.

 

Ainda sobre o disco e a parceria inusitada do guitarrista e a cantora em um trabalho exclusivamente de blues, Victor Biglione declarou a repórter Regina Ricca, do Jornal da Tarde, em 18 de setembro de 1992:

 

“Nunca fui um guitarrista de fusion. Isso foi um rótulo que me puseram. Eu toco guitarra, qualquer que seja o estilo, jazz, rock, mpb, blues. E a Cássia canta. E bem. Precisa mais que isso?”.

 

No ano seguinte, em 1993, a cantora viria a participar do songbook de Vinicius de Moraes, no qual cantou em dueto com Nelson Faria a faixa “Garota de Ipanema”, de Tom e Vinicius.

Em 1994, no disco “Cássia Eler”, interpretou “Malandragem”, de Frejat e Cazuza, faixa que se tornou um dos maiores sucessos da cantora. A música havia sido feita pela dupla Frejat e Cazuza para Angela Rorô anos antes, contudo, os compositores acharam que também era a “cara” de Cássia Eller e a ofereceram à cantora que prontamente a tornou em um grande sucesso, fazendo com que sua carreira desse um salto e as vendagens desse trabalho chegassem a 160.000 cópias. Outras músicas também foram responsáveis por sua projeção nacional, destacando-se “E.C.T.” (Carlinhos Brown, Marisa Monte e Nando Reis), “1º de Julho” (Renato Russo), “Na cadência do samba” (Paulo Gesta e Ataulfo Alves), “Lanterna dos afogados” (Herbert Vianna), “Coroné Antônio Bento” (Luiz Wanderley e João do Vale), “Metrô linha 743” (Raul Seixas), “Socorro” (Arnaldo Antunes e Alice Ruiz), “Música urbana” (Renato Russo) e “Pétala”, de Djavan, sendo considerado este disco, um dos mais trabalhados na carreira da cantora. Ainda em 1994 fez dueto com Marco Pereira na faixa “Dora” (Dorival Caymmi) no songbook de Dorival Caymmi. Neste mesmo ano cantou “Saudade de um samba” (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes) no songbook de Carlos Lyra. No ano posterior, em 1995, interpretou “Blues da piedade” (Frejat e Cazuza) na coletânea “Som Brasil Cazuza”.

Em seu primeiro disco ao vivo, de 1996, resultado de shows no Rio de Janeiro e em São Paulo, interpretou músicas de Cazuza, Rita Lee e Lobão, já mostrando uma tendência para o pop-rock brasileiro. Entre as novas faixas do CD destacaram-se “Eu sou neguinha”  (Caetano Veloso), “Nós” (Tião Carvalho) e “Música urbana II”, de Renato Russo, todas muito executadas na época, além das regravações de “E.C.T.”, “Coroné Antônio Bento”, “Socorro” e “Na cadência do samba”, entre outros sucessos anteriores. Com esse trabalho atingiu a marca de 180 mil cópias vendidas.

Em “Veneno antimonotonia”, de 1997, composto apenas por músicas de Cazuza (e parceiros) vendeu 120.000 cópias. Do disco fizeram parte “Brasil”, “Blues da Piedade”, “Obrigado”, “Menina mimada”, “Todo amor que houver nessa vida”, “Billy Negão”, “Bete Balanço”, “A orelha de Eurídice”, “Só as mães são felizes”, “Ponto fraco”, “Por que a gente é assim?”, “Preciso dizer que te amo”, “Mal nenhum” e “Pro dia nascer feliz”. No ano seguinte foi convidada para abrir os dois shows da turnê brasileira dos Rolling Stones. Nesse mesmo ano lançou o segundo disco ao vivo: “Veneno vivo”, disco que vendeu somente 50 mil cópias, destacando-se apenas as faixas “Amor destrambelhado” (Márcio Mello), “Vida bandida” (Lobão e Bernardo Vilhena), “Geração Coca-cola”  (Renato Russo) e “Eu queria ser Cássia Eller”, de Péricles Cavalcanti. Ainda em 1998 participou do disco “Acústico Rita Lee” no qual interpretou em dueto com a anfitriã a música “Doce vampiro” (Rita Lee). Neste mesmo ano interpretou “Malandragem” (Frejat e Cazuza) na coletânea “Codinome Cazuza” e ainda “Não deixe o samba morrer” (Édson e Aloísio), em dueto com Alcione, no disco “Celebração”, de Alcione.

No ano de 1999 lançou o CD “Com você… Meu mundo ficaria completo”, produzido por Nando Reis e do qual se destacaram “O segundo sol” (Nando Reis), “Maluca” do compositor niteroiense Luís Capucho e ainda “Gatas extraordinárias” de autoria de Caetano Veloso. O disco deu uma virada na carreira da cantora e chegou a marca de 110.000 cópias vendidas logo nos primeiros meses. Também foram muito executadas na época as faixas “Meu mundo ficaria completo com você” (Nando Reis), “Palavras ao vento” (Marisa Monte e Moraes Moreira) e “Esse filme eu já vi”, de Renato Piau e Luiz Melodia). No ano seguinte, em 2000, participou como convidada do disco “Momentos que marcam demais”, de Sandra de Sá, interpretando com ela a canção “Um tiro no coração”, de Nando Reis e ainda do disco do Sítio do Picapau Amarelo, gravando o tema da personagem Cuca “A Cuca te pega” de autoria de Dori Caymmi e Geraldo Casé. Neste mesmo ano, ao lado de Martinho da Vila, Leila Pinheiro, Leci Brandão, Caetano Veloso, Walter Alfaiate, Ivete Sangalo, Jorge Aragão, Zeca Pagodinho, João Bosco e Dudu Nobre, entre muitos outros, participou do disco “Casa de samba 4”, produzido por Rildo Hora. Neste CD interpretou “Você passa, eu acho graça” (Ataulfo Alves e Carlos Imperial) em dueto com o cantor Noite Ilustrada. Por essa época, gravou com Luiz Melodia “Juventude transviada” (Luiz Melodia). Apresentou-se no “Rock In Rio III”, num show em que baião, samba e clássicos da MPB foram cantados em ritmo de rock. Na apresentação, mostrou os seios à platéia e saiu ovacionada do palco.

Em 2001, nos antigos estúdios da Rede Manchete na Vila Leopoldina, em São Paulo, gravou o disco “Acústico MTV”, o terceiro disco ao vivo de sua carreira. Com produção do titã Nando Reis e do guitarrista Luiz Brasil, a cantora fez uma releitura de alguns seus sucesso “ECT” (Carlinhos Brown, Marisa Monte e Nando Reis); “Malandragem” (Frejat e Cazuza); “Por enquanto” (Renato Russo); “Todo amor que houver nessa vida” (Frejat e Cazuza), “O segundo sol” (Nando Reis); “Nós” (Tião Carvalho) e incluiu novas como “Vá morar com o diabo” do compositor baiano Riachão; “Queremos saber” (Gilberto Gil); “Partido alto” (Chico Buarque) e “Top, top” (Mutantes e Liminha), além de regravações como “Primeiro de julho”, composta para ela por Renato Russo e ainda “Relicário” (Nando Reis). O disco ainda contou com as participações do rapper paulista Xis na faixa “Da esquina” (Xis) e de três integrantes do grupo Nação Zumbi na faixa “Quando a maré encher” (Fábio Trummer, Roger Man e Bernardo Chopinho). O CD vendeu inicialmente 500 mil cópias. Ainda em 2001, apresentou-se no “Projeto Luz do Solo”, no ATL Hall, gravando seu quarto disco ao vivo no qual foram incluídas “Doce mar” (Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown), “Socorro” (Arnaldo Antunes e Alice Ruiz), “Espaço” (Vítor Ramil) e “Vila do Sossego”, de autoria de Zé Ramalho, entre outras, sendo o CD e DVD  lançado após a sua morte. Ao lado de Lobão, Gilberto Gil, Nando Reis, Moska, Zeca Baleiro, Zélia Duncan, Celso Fonseca, Arnaldo Baptista, Andreas Kisser (Sepultura), Charles Gavin e João Barone, participou do disco-tributo “Dê uma chance à paz – John Lennon, uma homenagem”, no qual interpretou “Woman is the nigger of the world”. Convidada por Djavan, participou do CD “Milagreiro”, no qual interpretou com o cantor e compositor a faixa-título “Milagreiro” (Djavan e Flávia Virgínia). Ainda neste ano, em dueto com Guilherme de Brito interpretou “Erva daninha” (Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito) no disco “Samba guardado”, de Guilherme de Brito e ainda participou da trilha sonora do filme “Bufo & Spallanzani”, composta por Dado Villa-Lobos, na qual interpretou a faixa “Bufo & Spallanzani: dentro de ti”, de Humberto Effe e Dado Villa-Lobos. Em setembro de 2001, participou ao lado das bandas Cidade Negra, Jota Quest, Garotos da Praia, Superfly, Casaca e O Surto do 1º Vitória Pop Rock, no Espírito Santo. Nesse mesmo ano, participou do festival Pop Rock Brasil em Belo Horizonte, que foi lançado em CD e no qual foi incluída sua interpretação para “Bichos escrotos” (Arnaldo Antunes, Sérgio Britto e Nando Reis), sucesso do grupo Titãs. Entre maio e dezembro de 2001 a cantora fez 95 shows. Em dezembro iria se apresentar na Praça do Ó, na Barra da Tijuca, nas comemorações do réveillion, sendo substituída pela cantora Luciana Mello, em virtude de sua morte repentina. Houve um minuto de silêncio em vários pontos do Rio de Janeiro durante a comemoração da passagem do ano. Vários artistas prestaram homenagem à cantora em seus shows na virada do ano.

Durante o ano de 2002, a gravadora PolyGram lançou alguns títulos de um pacote com diversas gravações da cantora. São músicas (quase duas horas de out-takes) que não foram aproveitadas em discos anteriores. Um dos primeiros discos desse pacote lançado foi “Cássia Eller e convidados”, CD que traz a participação de diversos artistas em faixas recolhidas em participações especiais da cantora. Entre os artistas estão Djavan, Xis, Nando Reis e Alcione. Ainda em 2002, a faixa “Juventude transviada” interpretada em dueto com Luiz Melodia, foi incluída no CD “Os melhores do ano III”, coletânea da gravadora Índie Records. Neste mesmo ano, o ex-Titã Nando Reis produziu o CD “Dez de dezembro” com 11 gravações inéditas da cantora (sobras de estúdio). No disco foram incluídas “Fiz o que pude”, “All star”, “No recreio” e “Nenhum Roberto”, as quatro de autoria de Nando Reis, além de “Vila do Sossego” (Zé Ramalho), “Júlia” (The Beatles), “Eu sou neguinha” (Caetano Veloso), “Só se for a dois” (Cazuza) e “Little wing” (Jimi Hendrix). O CD ainda trouxe participações especiais: Zélia Duncan em “Get back”, retirada do repertório dos Beatles; Bi Ribeiro e João Barone (baixo e bateria), Fabão em “Nada vai mudar isso” e Gilberto Gil em “Fiz o que pude”. Foi lançada a coletânea “Houve uma vez dois verões”, com temas gravados para cinema, na qual aparece a regravação de “Born to cry” (Nasci para chorar), versão feita por Erasmo Carlos. Neste mesmo ano de 2002 foi lançado o ensaio biográfico “Cássia Eller – Canção na voz do fogo”, de Beatriz Helena Ramos Amaral, pela Escrituras Editora.

No ano de 2003 Lucinha Araújo recebeu em seu nome os prêmios de “Melhor Cantora Pop-Rock” e “Cantora” (pelo voto popular) no “Prêmio Tim de Música”, no teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Em 2011 a gravadora Universal Music, em homenagem à cantora pelos 10 anos de falecimento e 50 de nascimento, lançou a coletânea “Relicário”, integrada somente por músicas que a cantora interpretou de autoria de Nando Reis, incluindo três composições inéditas como “Baby love”, “Um tiro no coração” e “As coisas tão mais lindas”, as duas últimas interpretadas em dueto por Cássia Eller e Nando Reis. O disco foi produzido por Nando Reis e Fellipe Cambraia, contando ainda com a percussão de Chicão, filho da cantora. Ainda em 2011 a gravadora Universal Music lançou uma caixa com nove CDs e um DVD que abrangem toda a obra da cantora na gravadora. Dois anos depois, em 2013, seu filho Francisco Eller, também conhecido como Chicão, administrador do acervo da mãe, deu início à produção e lançamento de vários trabalhos da cantora, entre os quais o CD e DVD “Do lado do avesso” (coproduzido pelo músico Rodrigo Garcia) com a gravação de sua apresentação, em 2001, no ATL Hall (depois Citibank Hall) no projeto “A Luz do Solo”, espetáculo no qual a cantora apresentou-se apenas acompanhada por seu violão e interpretou as composições “Eleanor Rigby” (Beatles), “Cherokee Louise” (Joni Mitchel), “Gatas extraordinárias” (Caetano Veloso), “Doce do mar” (Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes), “All Star” e “Luz dos olhos” (ambas de Nando Reis), “Primeiro de julho” (Renato Russo), “I aint got nothing but the blues” (Duke Ellinton”, “Relicáro” (Nando Reis), “Maluca” “Rubens”, “Queremos saber”, “Vila do Sossego” (Zé Ramalho), “Espaço” (Vitor Ramil), “Diamante verdadeiro” (Caetano Veloso) e a inédita, a faixa-título “Do lado do avesso”, música instrumental de autoria da cantora. Em apenas uma faixa deste trabalho, “Youve changed”, foi acompanhada pelo saxofone de Fábio Meneghesso. Neste mesmo ano de 2013 Chicão Eller e Rodrigo Garcia também produziram o single “Flor do sol”, com a composição homônima escrita por Cássia Eller, aos 19 anos de idade, em parceria com a letrista Simome Saback. Na faixa a dupla de produtores mantiveram o violão e a voz da cantora, anteriormente gravados em cassete pela parceira Simome Saback, mas, adicionaram vários outros instrumentos: Chicão Eller (violão), Miguel Dias (baixo – filho da flautista e amiga Andréa Ernest), Lan Lan (percussão), Waltinho Villaça (guitarra), Alex Merlino (bateria), Jander Ribeiro (viola caipira) e Jussara Silveira e Júlia Vargas (vozes), além de Rodrigo Garcia ao violão. O single é o primeiro trabalho da cantora lançado pelo selo musical Porangareté, criado por Chicão e Rodrigo para lançar os trabalhos da cantora, tais como um CD e DVD, inéditos, com uma apresentação ao vivo, no Circo Voador, no ano de 1993. Também finalizado em 2013 o CD “Cássia em Brasília” (Selo Porangareté) com gravações dos primeiros anos da cantora quando ainda residia na capital brasileira. Ainda em 2013, do baú artístico da cantora, está para ser lançado pelo mais um disco inédito, o CD  “Victor Biglione e Cássia Eller in blues: If Six Was Nine”, gravado em 1992 com sete faixas nas quais a cantora interpretou Jimi Hendrix, Jimmy Page, Beatles, Willie Dixon e Duke Ellngton, entre outros, acompanhada pela guitarra de Victor Biglione.

No ano de 2015 estreou o espetáculo “Cássia Eller – O Musical”, no Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O papel principal ficou por conta da cantora e atriz curitibana Tacy de Campos, escolhida entre mais de mil candidatas para audição. Neste mesmo ano foi lançado o longa-metragem “Cássia”, documentário no qual o diretor Paulo Henrique Fontenelle reuniu imagens caseiras e do início da carreira da cantora em bares e pequenas apresentações, além de atuações como atriz e cantora de trio elétrico de Brasília.

Durante a carreira de 11 anos como cantora lançou oito discos, sendo três ao vivo. Seu derradeiro CD “Acústico MTV” contabilizou em 2005 a vendagem de 900 mil discos vendidos.

No ano de 2019 a gravadora Universal Music lançou o CD “Todo veneno vivo”, disco inédito gravado em show no Teatro Rival, no Rio de Janeiro, em 1997, dirigido e produzido pelo poeta Waly Salomão. No CD, com 24 faixas, a cantora interpretou no referido espetáculo dez composições em versões inéditas de seu disco “Veneno vivo”, inclusive, faixas que não entram neste trabalho lançado pela gravadora em 1998, tais como “Bete Balanço” (Frejat e Cazuza), “Blues da Piedade” (Frejat e Cazuza) e “1º de julho” (Renato Russo), além de declamar trechos do poema “Querido diário – tópicos para uma semana utópica”, de Cazuza. Também interpretou, com outros arranjos, as composições “Por que a gente é assim?” (Frejat, Ezequiel Neves e Cazuza); “Mal nenhum” (Lobão e Cazuza); “Pro dia nascer feliz” (Frejat e Cazuza); “Só as mães são felizes” (Frejat e Cazuza); “Ponto fraco” (Cazuza); Billy Negão” (Cazuza); “Geração Coca-Cola” (Renato Russo); “Vida bandida” (Lobão e Bernardo Vilhena); “Farrapo humano” (Luiz Melodia); “A orelha de Eurídice” (Cazuza); “Menina mimada” (Cazuza); “Preciso dizer que te amo” (Cazuza, Dé e Bebel Gilberto); “Todas as mulheres do mundo” (Rita Lee) e “Mis penas lloraba yo”, do cantor e compositor espanhol Camarón de La Isla.

Em dezembro de 2021, marcando os 20 anos da morte de Cassia Eller, Chico Chico (filho de Cassia), Nando Reis e Lan Lahn fizeram um tributo à cantora durante o prêmio Multishow. O filho cantou a música autoral “Mãe”, que fez arte de seu álbum “Pomares”. Nando Reis e Lan Lanh tocaram a música “All Star”. Ainda em 2021, a partir de um registro em K7 da voz da cantora, foi lançada a faixa inédita “Espírito do som” (Péricles Cavalcanti/Chico Evangelista), produzida por Chico Chico, Rodrigo Garcia e Pedro Fonseca. 

Em julho de 2022 foi lançado o projeto “Cássia Reggae”. O álbum, que tem músicas do repertório de Cássia Eller em ritmo de reggae, foi lançado em celebração aos 60 anos da cantora que seriam completados em dezembro do mesmo ano. O trabalho tem a participação de Nando Reis cantando “Lanterna dos Afogados”; Gilberto Gil em “O Segundo sol”; Chico Chico e Jorge Du Peixe em “Coroné Antônio Bento”; Lan Lanh e Marcio Mello em “Amor Destrambelhado”; Toni Garrido em “Palavras ao Vento”; Margareth Menezes e Maestro Tiquinho em “Malandragem” e Zé Ricardo em “Meu Mundo Ficaria Completo(Com Você)”. O projeto foi produzido por Sergio Fouad e Fernando Nunes para a Universal Music. A música escolhida para promover o álbum foi “Segundo Sol” cantada por Gilberto Gil.

Em dezembro de 2022, nos 60 anos de Cassia Eller, foi lançado, nas plataformas digitais, o álbum “Cássia Eller e Victor Biglione in Blues”, com regravações de clássicos do blues e do rock. O trabalho foi gravado em 1991 mas não havia sido lançado. O projeto foi criado por Biglione, que selecionou o repertório e, por sugestão da produtora Ligia Alcantarino, chamou a então iniciante Cássia Eller para ser a voz. Na época o disco não saiu, mas a dupla fez alguns shows com o repertório no Circo Voador e no Free Jazz Festival de 1992 na mesma noite de Albert King e Robben Ford. As dez faixas incluídas no ábum foram “I’m Your Hoochie Coochie Man”; “Got to Get You Into My Life”; “Same Old Blues”; “When Sunny Gets Blue”; “Blues Medley II”( “Oh, Well, Quadrant”, “Lazy”); “If Six Was Nine”; “Prison Blues”; “I Ain’t Superstitious”; “I Ain’t Got Nothing But the Blues” e “Blues Medley I”( “Need Your Love So Bad”/ “You Shook Me”/”The Flash Door”). Os músicos que tocaram no disco foram  André Gomes (baixo elétrico), André Tandeta (bateria), Marcos Nimrichter (órgão), Ricardo Leão (teclados) e Nico Assumpção (baixo acústico), Zé Nogueira (sax alto e soprano), Zé Carlos Ramos, o Bigorna (sax alto), Chico Sá (sax tenor), Bidinho (trompete) e Serginho Trombone (trombone. A captação, mixagem e masterização foram feitas por Sérgio Murilo. A masterização nos parâmetros técnicos de execução nas plataformas de streaming foi feita por Ricardo Garcia.

Ganhou, postumamente, com o álbum “Cássia Eller & Victor Biglione in Blues”, feito em parceria com Victor Biglione, o prêmio na categoria Melhor Lançamento em Língua Estrangeira na edição de 2023 do Prêmio da Música Brasileira.

Discografias
2022 Universal Music Cassia Eller e Victor Biglione in Blues

Com Victor Biglioni

2022 Universal Music Cássia Reggae (vol 1.)

Artistas diversos interpretam repertorio de Cassia Eller - Compilação

2019 Gravadora Universal Music CD Todo veneno vivo
2013 Universal Music DVD Do lado do avesso
2013 Selo Porangareté CD Flor do sol
2011 Box com 9 CDs e um DVD - Universal Music Cássia Eller
2011 Universal Music CD Relicário
2002 Universal Music Cássia Eller e convidados
2002 Universal Music CD Dez de dezembro
2002 CD Luau MTV 2002 - homenagem à Cássia Eller

vários

2001 Universal Music DVD Acústico MTV
2000 Universal Music DVD Com você... Meu mundo ficaria completo
2000 Universal Music CD Cássia Rock Eller

Coletânea

1999 Universal Music CD Com você... Meu mundo ficaria completo
1998 PolyGram CD Veneno vivo (Ao Vivo)
1997 CD Minha história

(coletânea)

1997 PolyGram CD Veneno antimonotonia
1996 Som Livre CD Cássia Eller ao vivo
1994 PolyGram CD Cássia Eller
1992 PolyGram CD O marginal
1990 PolyGram LP Cássia Eller
Obras
Do lado do avesso
Eles (c/ Luiz Pinheiro e Tavinho Fialho)
Flor do sol (c/ Simone Saback)
Lullaby (c/ Márcio Faraco)
O marginal (c/ Hermelino Neder, Luiz Pinheiro e Zé Marcos)
Shows
1º Vitória Pop Rock. Praça do Papa. Vitória, ES.
Acústico MTV. Canecão, RJ.
Acústico MTV. Terraço Itália, SP.
Cássia Eler. Fundição Progresso, RJ.
Cássia Eller e Victo Biglione in Blues. Free Jazz Festival. São Paulo, SP.
Cássia Eller e Victor Biglione. Circo Voador, RJ.
Cássia Eller. Olimpo, RJ.
Cássia Eller. Teatro Crowne Plaza, SP.
Projeto Luz do Solo. ATL Hall, RJ.
Victor Biglione e Cássia Eller in blues. Free Jazz Festival, RJ.
Victor Biglione e Cássia Eller in blues. Jazzmania, RJ.
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

ALBIN, Ricardo Cravo. MPB Mulher. (Fotos: Mario Luiz Thompson). Rio de Janeiro: Instituto Cultural Cravo Albin/Elpaso e SESC Rio de Janeiro, 2006.

ALBIN, Ricardo Cravo. O Livro de Ouro da MPB. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A., 2003.

AMARAL, Beatriz Helena Ramos. Cássia Eller – Canção na voz do fogo. Escrituras Editora, 2002, SP.

AMARAL, Euclides. A Letra & a Poesia na MPB: Semelhanças & Diferenças. Rio de Janeiro: EAS Editora, 2019.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.

AMARAL, Euclides. O Guitarrista Victor Biglione & a MPB. Rio de Janeiro: Edições Baleia Azul, 2009. 2ª ed. Esteio Editora, 2011. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

BELO, Eduardo e Ana Cláudia Landi. Apenas uma garotinha – A história de Cássia Eller. Rio de Janeiro: Editora Planeta, 2005.

Cássia Eller

MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música Brasileira – erudita, folclórica e popular. 3. ed. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural/Publifolha, 1998.

MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música brasileira – erudita, folclórica e popular. 1 v. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural, 1977.

PASCHOAL, Marcio. Pisa na fulô mas não maltrata o carcará. Vida e obra do compositor João do Vale, o poeta do povo. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, 2000.