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Nome Artístico
Bibi Ferreira
Nome verdadeiro
Abigail Izquierdo Ferreira
Data de nascimento
01/6/1922
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
13/02/2019
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Atriz. Cantora. Diretora. Compositora.

Filha do ator Procópio Ferreira e da bailarina e cantora espanhola Aída Izquierdo, desde muito cedo começou a atuar nos palcos. O bisavô materno era cantor lírico e os avós, artistas de circo. Batizada pelo casal de atores Oduvaldo Vianna, pai do dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha e Abigail Maia, com apenas vinte dias de nascida entrou numa cena nos braços da madrinha, durante a peça “Manhãs de sol”, de autoria do próprio Oduvaldo Vianna. A estréia não profissional e tão precoce ocorreu porque Abigail Maia, que também era cantora, entrava em cena carregando uma boneca, que não foi encontrada até o início do espetáculo naquela noite. Nada melhor, portanto, que um bebê de verdade entrasse em cena, ainda mais sendo filha e afilhada de artistas. Apesar de em sua certidão de nascimento constar o dia 10 de junho de 1921, ela própria jamais teve certeza da data de seu aniversário, pois sua mãe afirmava que o dia teria sido 1 de junho, enquanto seu pai sustentava que o dia certo era 4 de junho. Um ano depois de seu nascimento seus pais separaram-se. Sua mãe tinha então 16 anos e ela foi viver com a mãe, que atuava na Companhia Velasco, excursionando pela América Latina.

Seu primeiro idioma foi o espanhol. Dançava e cantava o flamenco e praticava desafios, um hábito que era cultivado pelas crianças da Companhia. Por volta dos 7 anos retornou ao Brasil, indo morar com o pai no Rio de Janeiro, quando aprendeu português e começou a interessar-se por ópera, uma das paixões de seu pai. Entrou para o Corpo de Baile do Teatro Municipal onde permaneceu até os 14 anos, indo aperfeiçoar-se no Teatro Colón, em Buenos Aires. No entanto, aos 9 anos, foi impedida de matricular-se no tradicional Colégio Sion, em Laranjeiras, por ser filha de artistas, apesar do pai ser um dos mais prestigiados e famosos atores da época. Gostando de música desde muito cedo, tencionava tornar-se música e até maestrina. Aprendeu piano e violino. Quando na Europa, chegou a participar como atriz de um filme inglês, ao lado do astro Sabu. Seu professor de piano percebeu então que a jovem aluna tinha o chamado “ouvido absoluto”. Ainda criança, adaptava letras de composições de Noel Rosa e Lamartine Babo a melodias de óperas de Verdi e Rossini, entre outros. A experiência seria utilizada por ela muitos anos mais tarde ao compor a “Operabrás”, mesclando letras de Dorival Caymmi e Lamartine Babo a músicas de Rossini e Gounod.

Dados artísticos

Em 1936, com apenas 15 anos de idade, foi convidada para integrar o elenco do filme “Cidade Mulher”, de Humberto Mauro, produzido e estrelado por Carmen Santos. No filme, cantou o samba “Na Bahia”, parceria de Noel Rosa e José Maria de Abreu. Por ocasião dos ensaios do filme, teve um memorável encontro com o compositor Noel Rosa. Durante os ensaios que aconteciam no teatro Beira-Mar, o compositor ia tocando a canção ao violão para que ela aprendesse a letra do samba. Embora se sentisse vocacionada para a música, esta teve que esperar em segundo plano quando aconteceu sua estréia profissional apenas como atriz, nos palcos, a 28 de fevereiro de 1941, na companhia teatral de seu pai, que atravessava sérias dificuldades financeiras. Em seu primeiro papel profissional, o de Mirandolina, na peça “La Locandiera”, seu talento já indicava o êxito que sua prestigiada carreira de atriz viria a ter em poucos anos.

Em 1944, fundou sua própria companhia, reunindo nomes importantes do teatro brasileiro, como Cacilda Becker, Maria Della Costa e Henriette Morineau. Em 1950, ao estrear um musical no Teatro Carlos Gomes, “Escândalos”, foi surpreendida por um incêndio que danificou o teatro e todos os figurinos e cenários de sua companhia, deixando-a com grandes dívidas que se arrastaram por cerca de cinco anos. Foi para Portugal onde produziu comédias muito mal recebidas pela crítica e amargou meses de dificuldades financeiras, sem ter dinheiro até para pagar a pensão onde estava hospedada em Lisboa. Pouco depois, recebeu convite para dirigir algumas peças e acabou permanecendo em Portugal durante quatro anos, com sucesso.

Em 1953, gravou três discos na Odeon com Orquestra de Osvaldo Borba, interpretando os contos infantis “O patinho desobediente”; “A fada do futuro”; “O castelo do mágico bem”; “A raposa lograda”; “O gavião ambicioso” e “O papagaio invejoso”, de autoria de Alfredo Ribeiro, com músicas de Guari Maciel. Em 1956, lançou pela Odeon o LP “Histórias da Tia Bibi”. Em 1960, gravou pela Philips o LP “Bibi em pessoa”. Em 3 de agosto do mesmo ano, assim reportou o jornal O Globo sobre a participação dela no espetáculo “Festival” dirigido por Carlos Machado na boate Night and Day: “Esta madrugada, no palco do Night and Day, Bibi Ferreira reapareceu para o público carioca, depois de três anos de ausência. Veio com as roupas de Giselle, as músicas de Jean DArco e o bom gosto dos shows de Carlos Machado, como principal figura do “Festival”. Ao lado de Grande Otelo e grande elenco, Bibi brilhou, sendo aplaudida de pé, principalmente quando cantou “Muié rendêra” em seis idiomas, numa demonstração de suas qualidades de comediante.”

Em 1963, estrelou com sucesso o musical “Minha querida lady”, adaptação de “My Fair Lady”, que teve ela e Paulo Autran nos papéis principais. Lançado pela CBS, o LP com músicas da peça vertidas para o português por Victor Berbara trazia o sucesso “Eu dançaria assim”, versão de “I coul dance all night”.

Em 1965, atuou no musical “Hello, Dolly”, cujo LP com as músicas foi lançado no mesmo ano pela CBS.

Em sua passagem pela televisão brasileira, comandou os programas “Brasil  60”, que inaugurou a TV Excelsior, “Brasil 61”, que foi líder de audiência, “Bibi sempre aos domingos ” e atuou no Tele Teatro. Na TV Tupi : “Bibi Especial”, “Festival do Carnaval” e “Bibi ao Vivo”, além do “Curso de Alfabetização para Adultos”, pelo qual recebeu o prêmio  de “Melhor Comunicadora”, no grande Festival Internacional da Cultura em Tóquio. Entre suas composições destaca-se o choro “Chiquinho estudioso”, ainda inédito. Dirigiu muitos shows de artistas da música popular brasileira, como Maria Bethânia.

Em 1970, assinou a direção de um importante espetáculo, “Brasileiro; Profissão: Esperança”, que levou para os palcos a música de Antônio Maria e Dolores Duran, em show encenado primeiramente com o ator Ítalo Rossi e a cantora Maria Bethânia. Em 1972, foi a responsável pelo primeiro programa brasileiro transmitido via satélite, diretamente de Los Angeles – o Oscar 72, pela Rede Associada. Em dezembro de 1975, estreou a peça “Gota d Água”, uma adaptação de Chico Buarque e Paulo Pontes, com quem era casada, para a tragédia grega “Medéia”, de Eurípedes. O texto era inspirado numa idéia do dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho, que adaptara “Medéia” para um especial exibido pela TV Globo, três anos antes, com Fernanda Montenegro no papel principal. Na peça de Chico Buarque e Paulo Pontes, viveu Joana, a “Medéia brasileira”. Algumas canções da peça, compostas por Chico Buarque, tornaram-se clássicos na interpretação da atriz, como “Gota d água” e “Bem-querer”.  Em 1976, o musical “Brasileiro: Profissão: Esperança” voltou ao cartaz novamente com direção sua, e com o ator Paulo Gracindo e a cantora Clara Nunes nos papéis principais.

Em 1977, foi lançado o LP “Gota dágua”, com músicas e diálogos da peça de Chico Buarque e Paulo Pontes, no qual interpretou as músicas “Flor da idade”; “Bem querer”; “Gota dÁgua” e “Basta um dia”, todas de Chico Buarque, e os textos “Monólogo do povo”; “Desabafo de Joana para Jasão”; “Joana e as vizinhas”; “Joana promete”; “Ritual”; “Veneno” e “Morte”. Pelo final da década de 1970, voltou a TV Globo comandando um especial com seu nome durante cerca de dois anos, dirigido por Augusto César Vanucci e escrito por P. A. Grisolle, Elóis Santos e Ricardo Cravo Albin.

Em 1983, interpretou com grande sucesso a vida da estrela francesa Edith Piaf, em “Piaf”, espetáculo que lhe valeu todos os prêmios da crítica e a Comenda da Ordem e do Mérito das Artes da França.

Em 1995, seu show “Bibi in concert II”, ocorrido em São Paulo atraiu tanta gente que precisou da ajuda do batalhão de choque da Polícia Militar para conter a multidão que queria assisti-la. Em 1999, remontou o espetáculo “Brasileiro: Profissão: Esperança”, só que com ela mesma atuando, ao lado do ator Gracindo Jr. Nesse ano, participou do songbook de Chico Buarque interpretando a música “Palavra de mulher”.

Em 2000, apresentou o espetáculo “Bibi canta e conta Piaf” na Sala Martins Penna do Teatro Nacional Claudio Santoro em Brasília. Em 2001, por ocasião dos seus 60 anos de carreira, foi lançado o projeto “Bibi Ferreira, 60 Anos de Palco”. Nesse ano, apresentou novo espetáculo, um concerto musical contando a vida da cantora portuguesa Amália Rodrigues. O espetáculo teve roteiro, textos e direção cênica a cargo de Tiago Torres da Silva. No palco a atriz foi acompanhada pelo maestro Nelson Melim ao piano, Vitor Lopes, na guitarra portuguesa, Silvino Pinheiro, no violão, Álvaro Augusto, no baixo-elétrico, Jamir Torres, na bateria e Irene Mutanen no acordeom.

Em 2003, foi enredo da Escola de Samba Unidos da Viradouro no carnaval. Nesse ano, dirigiu a comédia “Sete Minutos”, escrita e interpretada por Antonio Fagundes, apresentada no Teatro Castro Alves, em Salvador, BA. Ainda no mesmo ano, apresentou show no Teatro Rival BR, no Rio de Janeiro, em gravação da série Acervo da TV E, acompanhada pelos músicos Carlos Gonçalves, na guitarra portuguesa, Vitor Lopez, no violão, Irene Mutanen, no acordeom e Jamir Torres na bateria. Na ocasião, interpretou as músicas “Tiro liro liro”, do repertório popular português; “Fadinho serrado”, de Arlindo de Carvalho e Hernani Correia; “Nem às paredes confesso”, de Artur Ribeiro e Ferrer Trindade; “Ai mouraria”, de Amadeu do Vale e  Frederico Valério; “Casa portuguesa”, de R. Ferreira, M. Sequeira e A. Fonseca e “Foi Deus”, de Alberto Janes.

Em 2004, o selo “Biscoito Fino” lançou o CD e o DVD do show “Bibi Canta Piaf”, no qual a artista interpreta Edith Piaf. Nesse ano, dirigiu no Teatro Bibi Ferreira o espetáculo musical “Na bagunça do teu coração”, com roteiro e texto de João Máximo e Luiz Fernando Viana e com 22 músicas de Chico Buarque. Também em 2004, apresentou no Canecão, RJ, o espetáculo “Bibi in concert III – Pop”, no qual, segundo a própria cantara, ela interpreta canções de sua memória afetiva como “Gota dágua”, de Chico Buarque, “Chão de estrelas”, de Sílvio Caldas e Orestes Barbosa, “Mulher rendeira”, trechos de óperas, e músicas de Edith Piaf e Amália Rodrigues, além de um rap, de Teresa Tinoco e Flávio Mendes. Ao final de 2005, apresentou ao lado de R. C. Albin no Teatro Alpha, em São Paulo, o espetáculo “MPB – Uma história da alma do Brasil” –  escrito e dirigido pelo musicólogo e com elenco estrelar, que ia das Cantoras do Rádio a Selma Reis, Zé Renato, Leny de Andrade, Roberto Menescal, Wanda Sá e Marcos Valle. Em 2006, gravou com o pianista Miguel Proença o CD “Tangos”, produzido por Olívia Hime, no qual interpreta clássicos do gênero como “Caminito”, “Cuesta abajo” e “Mano a mano”. A dupla foi premiada do Prêmio Tim de Música com o troféu na categoria “Disco em Língua Estrangeira”, com o álbum “Tangos”. Em 2010, fez duas apresentações no Canecão, apresentando o espetáculo “De Pixinguinha a Noel, passando por Gardel” no qual interpretou obras clássicas de Pixinguinha, Noel Rosa e Carlos Gardel. O espetáculo foi o último da casa de shows que encerrou suas atividades em Botafogo devido a querelas com a UFRJ tendo como centro o terreno onde a casa foi inaugurada em 1967. Em 2012, estreou no novo Teatro Tereza Rachel o espetáculo “Bibi – Histórias e canções” em comemoração aos seus 90 anos de vida e 70 de carreira. No espetáculo se apresentou acompanhada por uma orquestra formada por 26 músicos. Em 2013, foi lançado o DVD do recital comemorativo dos seus 90 ano em gravação ao vivo realizada em Belo Horizonte do show “Bibi – Histórias e canções”. Em 2015, apresentou-se no Teatro Net Rio com o show “Bibi Ferreira Canta Repertório de Sinatra”, uma homenagem aos cem anos do cantor norte americano. No show estão presentes clássicos de Sinatra como “Strangers in the night”, de Bert Kaempfert, Charles Singleton e Eddie Snyder; “Night and day”, de Cole Porter; “Autumn leaves”, de Joseph Kosma, Johhny Mercer e Jacques Prévert; “Cheek to cheek”, de Irving Berlin; “Dindi”, de A. C. Jobim e Aloisio de Oliveira, em versão de Ray Gilbert; “All the way”, de Sammy Cahn e Jimmy Van Heusen; “The lady is a tramp”, de Lorenz Hart e Richard Rodgers; “Ive got you under my skin”, de Cole Porter, e “My way”, de Paul Anka, Claude François e Jacques Revaux.  Este show também foi apresentado no Teatro Guararapes, em Recife. O mesmo espetáculo reinaugurou o Teatro Serrador, reformado pela Prefeitura do Rio, em plena Cinelândia carioca. Em 2016, comemorou 75 anos de carreira com a realização do espetáculo “4XBibi”, em duas apresentações no Teatro Net Rio. Neste espetáculo relembrou músicas de quatro cantores ligados à sua carreira: a francesa Edith Piaf, a fadista portuguesa Amália Rodrigues, o cantor argentino de tangos Carlos Gardel, e o norte americano Frank Sinatra. Em 2016, pela primeira vez em sua vida tomou uma posição política declarando-se contra o impecheament da então presidenta Dilma Rousself. Na ocasião, declarou: “Todos me conhecem e sabem que nos meus 93 anos de vida nunca fui dada a emitir opiniões de cunho político. Contudo, enquanto cidadã brasileira e mulher sinto obrigação de alertar as pessoas sobre o que está acontecendo. Muito do que vemos é o mais puro e repugnante machismo, pois tristemente muitos conseguem cultivar a ideia de que as mulheres não são capazes de ocupar cargos de importância e por isso na primeira dificuldade já querem substituí-la. Só assim pode ser explicada a falta de respeito não só com uma presidenta que obteve nas urnas mais de 54 milhões de votos e com toda população. Querer retirá-la da presidência sem que ela tenha praticado qualquer crime é inaceitável. É muito triste constatar que muitas pessoas não conseguem enxergar que as emissoras de TV são empresas, e como qualquer empresa, o seu compromisso maior é com quem lhe garante vultuosos recursos financeiros e não com o povo. Confio que a presidenta representa hoje os valores da Democracia e do Estado Democrático de Direito no só no nosso querido Brasil como no mundo. Viva a Democracia e abaixo o golpe”.

Em 2017, estreou no Teatro Oi Casa Grande, no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, o espetáculo “Por toda minha vida”, anunciado por ela como o último em turnê pelo Brasil., embora pretenda continuar a fazer shows No Rio de Janeiro e em São Paulo. Segundo reportagem do jornal O Dia, “No palco, a cantora e atriz passeia por canções e histórias que acompanharam sua trajetória. E retorna às origens da música brasileira. A ideia é uma grande homenagem à vida, aos amigos e artistas próximos”. Durante o espetáculo ela interpreta clássicos da música popular e conta histórias de sua carreira. Em 2018, anunciou sua aposentadoria após 77 anos de carreira artística. A grande artista morreu aos 96 anos de parada cardíaca em seu apartamento no Morro da Viúva, Flamengo, Rio de Janeiro. Gravemente enferma nos últimos meses, foi homenageada horas depois de sua morte pelo Instituto Cravo Albin, de que ela era muito amiga, e que emitiu a seguinte nota oficial: “A morte de Bibi Ferreira não cobre de luto apenas o Teatro Brasileiro, de que ela foi a maior figura por 96 anos, já que estreou ainda bebê levada pelo pai o grande ator Procópio Ferreira, outra legenda teatral.

 

O desaparecimento da mais completa artista do Brasil (atriz, diretora, cantora e animadora de televisão) espalha agora vasta sombra na nossa música popular.

 

Bibi Ferreira, verbete de honra do Dicionário Cravo Albin da MPB, a mais de 70 anos já era estrela no Brasil, chegando a participar de um filme inglês da Rank ao lado do então famoso ator Sabu, quando ali cantava canções do folclore de seu país natal.

 

A Diva gravou muitos discos em 78 RPM, LP’s e CD’s, sendo os últimos gravados pela Biscoito Fino que detém a guarda de vasto material da cantora.

 

Bibi Ferreira foi estrela, como atriz e cantora, de alguns dos maiores musicais encenados por aqui, entre os quais O Homem de La Mancha, My Fair Lady, “Gota D’água”, perfilando também memoráveis encenações para Edith Piaf e Amália Rodrigues, entre muitos outros, incluindo até Frank Sinatra.

 

Freqüentadora e amiga do Instituto Cravo Albin, a morte de Bibi Ferreira faz todos os que cuidamos da memória de nossa música verter uma lágrima, projetar um grito de lamento, destinar aos céus uma prece de aguda admiração.

 

Ricardo Cravo Albin

 

Presidente do Instituto Cravo Albin

O Instituto Cultural Cravo Albin, aliás, anunciou, logo depois da cremação de seu corpo, que lhe prestaria homenagem dando o nome “Bibi Ferreira”, a uma de suas salas na Urca, Rio de Janeiro, onde também podriam ser vistos os dois quadros a óleo doados por ela ao ICCA em 2010, pintados pelo com positor Monsueto Menezes por quem ela tinha amizade e admiração. Em 2019, por ocasião de seu falecimento, o jornalista Artur Xexéo escreveu para o jornal O Globo a crônica “O grande amor de Bibi Ferreira” falando dos amores e casamentos da cantora e atriz, concluindo: “Produtores, atores, dramaturgos… Para ser marido de Bibi, tinha que estar no palco, nos bastidores, num camarim. Na verdade, nenhum homem foi o grande amor de Bibi. Seu grande amor era o teatro”. Ainda em 2019, todo seu acervo, com cerca de 18 mil itens, foi colocado à venda por sua filha Thereza Christina Ferreira, que com a ajuda de sete pessoas, entre as quais, a museóloga Martha Burle, reuniu e catalogou o acervo. Guardado em caixas no apartamento onde ela morou no bairro carioca do Flamengo, estão, segundo reportagem do jornal O Globo, “cerca de oito mil fotos, quase 300 troféus, comendas e diplomas, mais de cem fitas cassete e VHS e instrumentos, como um violino e um violão com o qual ela, adolescente, dava aulas. O acervo possui ainda partituras originais de espetáculos, como o de “Piaf”, e textos com marcações da própria atriz e diretora (“Deus lhe pague”, encenado em 1976 no Canecão). Entre os figurinos, destacam-se o casaco de pele de “Piaf”, o colar e a coroa de “My fair lady”, a touca de Mirandolina, de “La locandiera” (1941), sua estreia no teatro. Segundo Thereza Christina, sua mãe antes de morrer lhe disse: “Vende o acervo para uma instituição, porque ninguém nunca me deu nada, Não tenho por que doar”. Também em 2019, foi homenageada durante a entrega da 7º edição do “Prêmio Bibi Ferreira” de teatro que consagrou o ator Fábio Assunção. Na ocasião foram interpretadas diversas canções imortalizadas por ela, como “Non, je ne regrette rien”, na voz de Alessandra Maestrini, “Gota dágua”, por Laila Garin, e “Sonho impossível”, por Sara Sarres, entre outras.

 

Discografias
2006 CD Tango
2004 Biscoito Fino CD Bibi Canta Piaf
2002 CD Amália
1999 RGE CD Brasileiro Profissão Esperança
1999 Lumiar CD Chico Buarque Songbook
1998 Rioarte Digital CD Hino Nacional Brasileiro
1983 Som Livre LP Piaf
1977 RCA Victor LP Gota D'Agua
1965 CBS LP Alô, Dolly!
1963 CBS LP Minha Querida Lady
1960 Philips LP Bibi Ferreira em Pessoa
1956 Odeon LP Histórias da Tia Bibi
1953 Odeon 78 O castelo do mágico bem/A raposa lograda

(Com Osvaldo Borba e Sua Orquestra)

1953 Odeon 78 O gavião ambicioso/O papagaio invejoso

(Com Osvaldo Borba e Sua Orquestra)

1953 Odeon 78 O patinho desobediente/A fada do futuro

(Com Osvaldo Borba e Sua Orquestra)

Obras
Belacap (c/ Jean D'Arco e Meira Guimarães)
Chiquinho estudioso
O Cruzeiro
Operabras (adaptação c/ J. Rui)
Shows
1995 - Bibi in Concert II. São Paulo.
2004;Bibi in concert III - Pop. Canecão, Rio de Janeiro.
Bibi in Concert I - Arranjos e regência de Henrique Morelembaun
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.