4.254
Nome Artístico
Beto Sem Braço
Nome verdadeiro
Laudenir Casemiro
Data de nascimento
1940
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
15/4/1993
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Compositor.

Trabalhou como feirante.

Seu pseudônimo lhe foi dado na infância, em consequência de uma queda de cavalo, na qual perdeu o braço direito.

Pertenceu à Ala de Compositores da Vila Isabel e mais tarde, transferiu-se para a Escola de Samba  Império Serrano.

Em 1987, descontente com a desclassificação de seu samba, atirou no presidente e no vice-presidente da escola Jamil Cheiroso e Roberto Cunha, respectivamente.

Para o Império Serrano compôs o seu maior sucesso carnavalesco, “Bum, bum baticumbum, prugurundum”, em parceria com Aluízio Machado. Nesta escola foi diretor de bateria por vários anos.

Faleceu aos 53 anos, vitimado por tuberculose.

No ano de 2023 recebeu duas homenagens: Uma pelo “Projeto Negro Muro” a inauguração do Muro Beto Sem Braço, em Oswaldo Cruz, na Praça Armando Cruz, na Rua Miguel Ângelo, próximo à Estação do BRT Paulo da Portela, e a segunda, a inauguração de seu busto em bronze, na Quadra do Império Serrano, em Madureira, ambas as homenagens pontuadas com roda de samba, lideradas por amigos e admiradores de sua obra musical.

Dados artísticos

No início da década de 1970 estreou no mercado fonográfico com a gravação de “Ai que vontade”, interpretada por Oswaldo Nunes, tornando-se o seu primeiro sucesso em nível nacional.

Em 1978, Beth Carvalho, no LP “De pé no chão”, gravou de sua autoria “Marcando bobeira” (c/ Dão e João Quadrado). No ano seguinte, Almir Guineto, no LP “Jeito de amar”, pela gravadora RGE, incluiu “Lindo requebrado” (Beto Sem Braço, Almir Guineto, Carlos Senna e Adalto Magalha).

No ano de 1977, Paulinho Mocidade interpretou “Põe pimenta” (c/ Jorginho Saberás) no LP “Se o caminho é meu”, pela RCA.

Na década de 1980, Beth Carvalho interpretou várias composições suas, como “Quando o povo entra na dança” (c/ Carlito Cavalcanti), no LP “Sentimento brasileiro” (1980); em 1981, a cantora incluiu no disco “Na fonte”, outra composição sua, “Escasseia”, em parceria com Aluízio Machado e Zé do Maranhão; em 1983, o LP “Suor no rosto” obteve um grande sucesso devido à interpretação de “Camarão que dorme a onda leva” (c/ Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz) e, no ano seguinte, Beth Carvalho, juntamente com Martinho da Vila, interpretaram “São José de Madureira” (c/ Zeca Pagodinho), em novo disco da cantora.

Em 1986, Zeca Pagodinho incluiu várias composições suas em seu disco, como “Quando eu contar, Iaiá” (c/ Serginho Meriti);  “Vou lhe deixar no sereno” (c/ Jorginho Saberás); “Cidade do pé junto” (c/ Zeca Pagodinho); e “Brincadeira tem hora” (c/ Zeca Pagodinho), muito divulgadas em rodas de samba e emissoras de rádio por todo o país. Neste mesmo ano, outro sucesso de sua autoria viria a ser amplamente divulgado na voz de Carlos Sapato, “Papagaio”, em parceria com Almir Guineto e Luverci Ernesto. A música foi gravada para o LP “Explosão do pagode”, pela gravadora Fama, obtendo repercussão nacional. Ainda nesse ano, duas outras composições suas foram gravadas no disco de Almir Guineto pela RGE, “Quem me guia” (c/ Serginho Meriti) e “Flecha do cupido”, em parceria com Almir Guineto e Guará da Empresa. Ainda em 1986, Dominguinhos do Estácio, no LP “Bom ambiente”, interpretou, de sua autoria, “Dura prova” (c/ Serginho Meriti e Aluízio Machado), e Reinaldo interpretou “Coco de Catolé” (c/ Joel Menezes) no LP “Aquela imagem”, lançado pela gravadora Continental. Alcione, neste mesmo ano, gravou “Na paz de Deus”, composição sua em parceria com Sombrinha e Arlindo Cruz. No ano de 1987, Jovelina Pérola Negra, no disco “Luz do repente”, incluiu duas músicas suas, “Feira de São Cristóvão” (c/ Bandeira Brasil) e “Calango do morro”, em parceria com Paulo Vizinho. Ainda nesse ano, no LP “Perfume de champanhe”, Almir Guineto cantou “Coisa da roça”, parceria de ambos, e o grupo Exporta Samba gravou “Daltônico Varela” (c/ Serginho Meriti), “Samba em Berlim” e “Morena do canjerê”, ambas em parceria com Joel Menezes. Neste mesmo ano Deni de Lima  gravou em seu primeiro disco pela RGE duas composições de sua autoria: “Céu da boca” e “Concórdia”. No ano seguinte, Elza Soares, no disco “Voltei”, interpretou, de sua autoria, “Erê” (c/ Bandeira Brasil), e Zeca Pagodinho incluiu no disco “Jeito moleque” outra composição sua, “Manera, mané”, em parceria com Serginho Meriti e Arlindo Cruz.

Participou do LP “Samba de roda de Salvador”, produzido pelo baiano Walmir Lima e lançado pelo Selo K-Tel da gravadora, no qual foi incluída sua composição “Eu quero ver” (c/ Celso Apache), interpretada pela Sarabanda, Beto Sem Braço e Giba.

Em 1990, Zeca Pagodinho gravou diversas composições de Beto Sem Braço no CD “Mania de gente”, pela gravadora RCA, entre elas, “Aonde será que eu vá”, em parceria com Martinho da Vila.

No ano de 1996, “Boi”, parceria sua com J. C. Santos, foi gravada por Zeca Pagodinho no CD “Deixa clarear”; em 1999, ainda Zeca Pagodinho, no disco “Ao vivo”, interpretou  “Camarão que dorme a onda leva” e “São José de Madureira”. Nesse mesmo ano, Leci Brandão, no disco “Auto-estima”, gravou de sua autoria “Com toda essa gente”, em parceria com Dudu Nobre e Zeca Pagodinho.

No ano 2000, Zeca Pagodinho interpretou “A paisagem”, no disco “Água da Minha Sede”. Neste mesmo ano, Nininha, Almirzinho, Kléber, Nonana da Mangueira e Luizinho SP gravaram o CD “Pagode de Mesa – Terra Samba”. No disco, feito ao vivo na casa de show Terra Samba, em São Paulo, foi incluída uma composição de sua autoria, “Pintou uma lua lá”, em parceria com Maurição.

No ano de 2002, Deni Lima gravou um disco só com composições de Beto Sem Braço: “Deni de Lima canta Beto Sem Braço”, lançado pela gravadora Virrec, que, entre outras, apresenta as inéditas “Panos de Buda”, “Marimbondo dá mel” e “Um dia de rei” e ainda regravações de grandes sucessos do compositor. Em setembro deste mesmo ano vários artistas, entre eles, Almir Guinéto, Arlindo Cruz, Serginho Meriti, Bandeira Brasil, Deni de Lima, Ivan Milanez, Marquinhos China, Ircea Pagodinho e Maurição fizeram o show-homenagem “Bum-bum-baticum-Beto”, tributo ao compositor no Bar Supimpa, na Lapa, Rio de Janeiro. Ainda em 2002, Dudu Nobre regravou “Papagaio” em seu terceiro disco solo “Chegue mais”. No show “Tributo a Beto Sem Braço” apresentado no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, vários companheiros e parceiros, entre eles, Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Deni de Lima, Arlindo Cruz e Sombrinha, lhe prestaram homenagem.

Dentre os muitos sucessos de sua carreira estão “Manera mané” e “Meu bom juiz”, ambas interpretadas por Bezerra da Silva.

Em 2003, sua composição “Meu bom juiz” deu título ao disco de Bezerra da Silva. Neste mesmo ano, Arlindo Cruz e o grupo Roda fizeram show em sua homenagem (somente com composições de sua autoria) no projeto “Sala de Visita”, apresentado no Ballroom. Zeca Baleiro incluiu “Deixa a fumaça entrar”, parceria com Martinho da Vila, no show de “Petshopmundocão”, no Canecão. Zeca Pagodinho lançou o CD “Zeca Pagodinho Acústico MTV”, disco no qual incluiu “Quando eu te contar (YaYá)” (c/ Serginho Meriti) e  “Brincadeira tem hora”, em parceria com o próprio Zeca.

Em 2004 Arlindo Cruz no Teatro Rival Br prestou homenagem a Guará, Neoci e Beto Sem Braço, no show “Arlindo Cruz – homenagem aos poetas do Cacique de Ramos”. Neste mesmo ano Beth Carvalho interpretou de sua autoria “Camarão que dorme a onda leva” (c/ Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz) no DVD ao vivo “Beth Carvalho – A madrinha do samba”, gravado em show no Canecão e com a participação especial de Zeca Pagodinho nesta faixa.

Entre os vários intérpretes das mais de 500 músicas gravadas estão Alcione, Jovelina Pérola Negra, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Bezerra da Silva e Fundo de Quintal.

Discografias
S/D Selo K-Tel/EMI LP Samba de roda de Salvador (vários)
Obras
A paisagem
Aonde quer que eu vá (c/ Martinho da Vila)
Boi (c/ J. C. Santos)
Brincadeira tem hora (c/ Zeca Pagodinho)
Calango no morro (c/ Paulo Vizinho)
Camarão que dorme a onda leva (c/ Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz)
Cidade do pé junto (c/ Zeca Pagodinho)
Coco de Catolé (c/ Joel Menezes)
Coisa da roça (c/ Almir Guineto)
Com toda essa gente (c/ Dudu Nobre e Zeca Pagodinho)
Daltônico Varela (c/ Serginho Meriti)
Deixa a fumaça entrar (c/ Martinho da Vila)
Dura prova (c/ Serginho Meriti e Aluízio Machado)
Erê (c/ Bandeira Brasil)
Escasseia (c/ Aluízio Machado e Zé do Maranhão)
Feira de São Cristóvão (c/ Bandeira Brasil)
Flecha do Cupido (c/ Almir Guineto e Guará da Empresa)
Lindo requebrado (c/ Carlos Senna, Almir Guineto e Adalto Magalha)
Manera, mané (c/ Serginho Meriti e Arlindo Cruz)
Marcando bobeira (c/ Dão e João Quadrado)
Meu bom juiz
Morena do canjerê (c/ Joel Menezes)
Mão baiana (c/ Aluízio Machado)
Na paz de Deus (c/ Sombrinha e Arlindo Cruz)
Papagaio (c/ Almir Guineto e Luverci Ernesto)
Pintou uma lua lá (c/ Maurição)
Põe pimenta (c/ Jorginho Saberás)
Quando eu contar Iaiá (c/ Serginho Meriti)
Quando o povo entra na dança (c/ Carlito Cavalcanti)
Quem me guia (c/ Serginho Meriti)
Samba em Berlim (c/ Joel Menezes)
São José de Madureira (c/ Zeca Pagodinho)
Vou lhe deixar no sereno (c/ Jorginho Saberás)
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2010, 3ª ed. EAS Editora, 2014.

ARAÚJO, Hiram. Carnaval – Seis milênios de história. Rio de Janeiro: Ed. Gryphus, 2000.