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Nome Artístico
Aracy de Almeida
Nome verdadeiro
Aracy Teles de Almeida
Data de nascimento
19/8/1914
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
20/6/1988
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Cantora.

Juntamente com Marília Baptista é apontada como a melhor intérprete da obra de Noel Rosa. Nasceu e cresceu no Encantado, bairro do subúrbio do Rio de Janeiro. Seu pai, Baltasar Teles de Almeida, era chefe de trens da Central do Brasil. Ainda jovem, cantava no coro da igreja Batista da qual seu irmão Alcides era pastor. Menina pobre, desde os tempos de criança sonhava em ser cantora de rádio, o que acabou acontecendo a partir de seu encontro com o compositor Custódio Mesquita, para quem cantou “Bom dia, meu amor”, de Joubert de Carvalho e Olegário Mariano. Durante essa década vai morar em São Paulo, onde reside por 12 anos (1950-1962). Foi casada com o goleiro de futebol Rei (José Fontana), que jogou no Vasco e no Bangu, entre as décadas de 1930 e 1940, mas o casamento durou pouco tempo. Cantava samba, mas era apreciadora de música clássica e se interessava por leituras de psicanálise, além de ter em sua casa quadros de importantes pintores brasileiros como Aldemir Martins e Di Cavalcanti. Os que conviviam com ela, na intimidade ou profissionalmente, a viam como uma mulher lida e esclarecida. Tratada por amigos pelo apelido de “Araca”, dela Noel Rosa disse, em 1933, numa entrevista a Orestes Barbosa, para “A Hora”: “Aracy de Almeida é, na minha opinião, a pessoa que interpreta com exatidão o que eu produzo”.

Dados artísticos

 

Grande intérprete da obra de Noel Rosa, começou a cantar profissionalmente na Rádio Educadora, em  1933, por intermédio de Custódio Mesquita, tornando-se um dos nomes mais conhecidos da fase de ouro do rádio. Por essa época, já conhecia Noel Rosa e, segundo o pesquisador Antônio Epaminondas, saía muito com o compositor, “ele de violão em punho, frequentando tudo o que era casa suspeita, botequins, nas imediações da Central do Brasil, na Taberna da Glória, etc. e ela ainda de menor”.

Em 1934, gravou seu primeiro disco, para a Columbia, interpretando a marcha de carnaval “Em plena folia”, de Julieta de Oliveira. Em seguida gravou a marcha “Golpe errado”, de Jaci. No final do mesmo ano, gravou a primeira música de Noel Rosa, o samba “Riso de criança”, ainda pela Columbia. Em 1935, assinou contrato com a Rádio Cruzeiro do Sul e passou a integrar o elenco da gravadora Victor, participando de diversas gravações fazendo parte do coro. No mesmo ano realizou sua primeira gravação solo na Victor, interpretando os sambas “Triste cuíca”, de Noel Rosa e Hervê Cordovil e “Tenho uma rival”, de Valfrido Silva.  No mesmo ano gravou o samba “Pedindo a São João”, Herivelto Martins e Darci de Oliveira e a marcha “Santo Antônio, São Pedro, São João”, de Herivelto Martins e Alcebíades Barcelos, músicas destinadas ao chamado repertório de meio de ano.

Em 1936 gravou seu primeiro grande sucesso composto por Noel Rosa, o samba “Palpite infeliz”, muito cantado no carnaval daquele ano, embora não originalmente destinado aos festejos de Momo. No mesmo ano, gravou os frevos canção “manda embora essa tristeza”, de Capiba e “Já faz um ano”, de Nelson Ferreira. No mesmo período, ingressou na Rádio Tupi. Ainda em 1936, foi filmado “Alô, alô, carnaval”,  dirigido por Adhemar Gonzaga e produzido pelo americano Wallace Downey. Neste filme, Noel Rosa sugeriu aos roteiristas e também compositores, João de Barro (Braguinha) e Alberto Ribeiro, que os versos “Quem é você que não sabe o que diz/ Meu Deus do céu, que palpite infeliz” fossem interpretados pela cantora lavando roupa num quintal modesto. Ao chegar ao estúdio da Cinédia, a cantora  mostrou-se irritada com a sugestão de Noel Rosa e recusou-se a interpretar a cena, retirando-se das filmagens. Noel Rosa, contrariado, chegou a declarar ao “Correio da Noite” que deixaria de compor canções para serem gravadas por ela, mas tal fato não aconteceu e os dois continuaram amigos até a morte de Noel.

Em 1937 gravou com o cantor Castro Barbosa os sambas “Eu e você e “Helena”, ambos da dupla Raul Marques e Ernâni Silva. No mesmo ano lançou de Noel Rosa os sambas “Eu sei sofrer” e “O maior castigo que eu te dou”. Também no mesmo ano, fez bastante sucesso com o samba “Tenha pena de mim”, de Ciro de Souza e Babaú, o que levou o cantor Sílvio Caldas a reclamar com os autores por não terem lhe dado o samba para gravar. No mesmo período, tranferiu-se para a Rádio Nacional. Em 1938 gravou com Lamartine Babo as marchas “Vaca amarela”, de Lamartine e Carlos Neto e “Esquina da sorte”, de Lamartine e Hervê Cordovil. No mesmo ano lançou o samba canção “Último desejo”, derradeira composição de Noel Rosa, gravada no ano anterior pouco depois da morte do compositor. No mesmo ano gravou os sambas “Século do progresso” e “Rapaz folgado”, ambos também de Noel.

Em 1939 lançou com grande êxito o samba “Camisa amarela”, de Ary Barroso, que tornou-se um clássico da música popular brasileira. No mesmo ano, gravou o samba “Fale mal…mas fale de mim”, de Ataulfo Alves e Marino Pinto. Em 1940 lançou os sambas “Oh! Dona Inês” e “Brigamos outra vez”, ambos de Wilson Batista e Marino Pinto e “Saudosa favela”, de Heitor dos Prazeres.  Além das rádios Educadora (que se tornaria mais tarde  Rádio Tamoio) e Cruzeiro do Sul,  atuou nas rádios Mayrink Veiga, Ipanema, Cajuti e Philips, onde, no Programa Casé, fez dupla com o cantor e compositor Sílvio Caldas.

Em 1942 fez sucesso com o samba “Fez bobagem”, de Assis Valente e com a marcha “Tem galinha no bonde”, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira. No mesmo ano, passou a gravar na Odeon, onde estreou com as marchas “Mamãe lá vem o bonde”, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira e “Que passo é esse Adolfo”, de Haroldo Lobo e RobertoRoberti, que fazia alusão ao dirigente alemão Adolf Hitler.

Em 1943 gravou, entre outros, os sambas “Quero um samba”, de Wilson Batista e Valdemar Gomes e “Gosto mais do Salgueiro”, de Wilson Batista e Germano Augusto. No ano seguinte voltou a gravar uma composição de Assis Valente, o samba “Jacaré te abraça”. Em 1945, entre outras gravações, registrou o samba choro “Flauta, cavaquinho e violão”, de Custódio Mesquita e Orestes Barbosa, o samba “Tudo acabado”, de Heitor dos Prazeres e a marcha “Tem cabrito na horta”, de Benedito Lacerda e Haroldo Lobo. Em 1946 lançou com grande sucesso o samba canção “Saia do caminho”, de Custódio Mesquita e Evaldo Rui, que se tornou um clássico e cuja gravação estava destinada a ser feita pelo cantor Jorge Goulart, não ocorrendo entretanto devido à morte prematura de Custódio Mesquita aos 35 anos, na véspera da gravação. No mesmo ano participou do filme “Segura esta mulher”, com direção e roteiro de Watson Macedo.

Em 1947 lançou com sucesso o samba “Louco, ela é o seu mundo”, de Henrique de Almeida e Wilson Batista. Gravou ainda, o samba “Deixa o mundo falar”, de Ary Barroso, com o Trio Madrigal e os Vocalistas Tropicais, a rumba “Escandalosa”, de Moacir Silva e Djalma Esteves e com os Vocalistas Tropicais o samba canção “Quem foi?”, sucesso daquele ano, composto por Nestor de Holanda e Jorge Tavares. No ano seguinte lançou com grande sucesso o samba “Não me diga adeus”, de Luiz Soberano, J. G. da Silva e Paquito, vencedor do carnaval daquele ano. Participou ainda do filme “Esta é fina”, juntamente com Linda Batista, Nelson Gonçalves, Nuno Roland, Marlene e outros. No mesmo ano, passou a apresentar-se na Boate Vogue, onde permaneceria durante quatro anos com um repertório onde se destacavam diversos sambas de Noel Rosa. Em 1949 gravou mais uma composição do Poeta da Vila, o samba “João Ninguém”.

Nos anos 1950, foi a responsável pelo ressurgimento do nome de Noel Rosa (1910-1937) para o grande público, gravando e regravando muitos de seus sucessos. Em 1950 gravou pela Continental uma série de três discos com músicas de Noel Rosa, entre as quais, os clássicos “Palpite infeliz”, “Conversa de botequim” e “Feitiço da Vila”, as duas últimas, parcerias com Vadico. O primeiro desses discos, recebeu arranjos de Radamés Gnatalli, capa de Di Cavalcanti e textos de Lúcio Rangel e Fernando Lobo. No ano seguinte gravou de Fernando Lobo e Paulo Soledade o bolero “basta dizer que sim”. No mesmo ano registrou com o Trio Madrigal e com o Trio Melodia os sambas “A dor do amor”, de Antônio de Almeida e João de Barro e “Tem pena de mim”, de Hervê Cordovil. Também no mesmo período, gravou dois baiões, fato inédito em sua carreira de sambista, em gravação conjunta com o Trio Melodia, “Rua do sol”, de Hervê Cordovil e Manezinho Araújo e “Baião sacudido”, de Humberto Teixeira e Luiz Bandeira. Em seguida, lançou mais três discos em 78 rpm com sambas de Noel Rosa, trazendo os clássicos “Pra que mentir”, “Silêncio de um minuto”, “Feitio de oração”, “Com que roupa”, “O orvalho vem caindo” e “Três apitos”, esta, em sua primeira gravação, todas em interpretações marcantes. Estas gravações deram início a uma redescoberta da obra de Noel Rosa, que ficara esquecido durante a década anterior.

Em 1953 lançou dois ritmos pouco usuiais em seu repertório de sambista, o cortajaca “Pezinho pra cá, pezinho pra lá”, de João de Barro e o baião “Chegou o goloso”, de Norival Reis e Rutinaldo. No mesmo ano gravou de Vinícius de Morais e Antônio Maria o samba “Quando tu passas por mim”. No mesmo ano conheceu um de seus últimos grandes sucessos, o samba canção “Se eu morresse amanhã”, de Antônio Maria. Em 1955 lançou pela Continental o LP “Canções de Noel Rosa com Aracy de Almeida”, com acompanhamento de orquestra regida por Vadico, parceiro de Noel, no qual interpretou, entre outras músicas, “Meu barracão”, “Voltaste”, “Fita amarela” e “A melhor do planeta”. No mesmo ano participou do filme “Carnaval em lá maior”, dirigio por Adhemar Gonzaga.

Em 1957 fez uma representativa gravação do samba “Bom dia tristeza”, parceria de Adoniran Barbosa e Vinícius de Morais. No ano seguinte, registrou pela Polydor os sambas “Eu vou pra Vila”, de Noel Rosa e “Tristezas não pagam dívidas”, de Ismael Silva. Em 1960 a Philips lançou o LP “Samba”, no qual a cantora interpretou entre outros, “A verdade dói”, de Vadico, “Chorando pedia”, de Vinícius de Moraes, “Suspiro”, de Noel Rosa e Orestes Barbosa e “Onde está a honestidade?”, de Noel Rosa. Em 1962, foi lançado pela RCA o elepê “Chave de Ouro”, com reaproveitamento de antigas gravações realizadas pela cantora.

Em 1964, ao lado da dupla Tonico e Tinoco, gravou o cateretê “Tô chegando agora” e apresentou-se com Sérgio Porto e Billy Blanco na boate Zum-Zum, no Rio de Janeiro. No ano seguinte, participou com o sambista Ismael Silva do show “O samba pede passagem”, no Teatro Opinião. No mesmo ano, participou do show “Conversa de Botequim”, de Miéle e Bôscoli, e se apresentou ao lado do cantor Murilo de Almeida na boate Le Club. Ainda no mesmo período participou juntamente com outros cantores do show de despedida do cantor Sílvio Caldas no Maracanãzinho, despedida que acabou não se concretizando.

Em 1966 foram lançados três elepês com gravações suas, com destaque para “Samba pede passagem”, gravado com Ismael Silva, no qual os consagrados artistas interpretam seus sucessos, além de “Sonho de carnaval”, de um então iniciante Chico Buarque. Em 1968, participou do programa de calouros “Proibido colar cartazes”, ao lado do cômico Pagano Sobrinho, apresentado pela TV Record, de São Paulo. Ao ser insistentemente convidada para gravar depoimento sobre sua vida e sua carreira no Museu da Imagem e do Som (MIS), respondeu ao então diretor, Ricardo Cravo Albin: “Lá não piso! Sei que se gravar meu depoimento, morrerei no dia seguinte”. E, de fato, a cantora jamais gravou o tão esperado depoimento.

Em 1969, apresentou-se na boate paulista Canto Terzo e participou do show “Que Maravilha!”, ao lado de Jorge Ben (depois Jorge Benjor), Toquinho (que naquele ano iniciaria sua parceria com Vinícius de Moraes) e Paulinho da Viola no Teatro Cacilda Becker, em São Paulo. Nas décadas de 1970 e 1980 ficou conhecida por grande parte do público como jurada de programas de auditório, aparecendo como uma senhora rabugenta, sempre de óculos escuros e mau-humor. Na verdade, tratava-se de uma personagem criada pela cantora para atrair a atenção do telespectador de programas como “A buzina do Chacrinha” e “Sílvio Santos”.

Em 1980 relizou show no Teatro Lira Paulistana, que acabou chegando ao disco, num lançamento póstumo da Continental, em 1988, intitulado ” Äracy de Almeida ao Vivo”.  Após sua morte, a remasterização de antigas gravações e o relançamento em CD de antigos sucessos redimensionam a sua importância como intéprete.

Em 1998, a cantora Olívia Byington lançou o CD “A Dama do Encantado” onde prestou homenagem à cantora, reunindo 20 sucessos de seu repertório, com composições de Noel Rosa, Assis Valente, Ary Barroso, Vinícius de Moraes e Custódio Mesquita, entre outros, e contando com participações especiais como as de Chico Buarque e direção musical de Maurício Carrilho. Em agosto de 2001, foi uma das grandes cantoras da era do rádio homenageadas no show escrito e dirigido por Ricardo Cravo Albin, “Estão voltando as flores”, estrelado pelo grupo Cantoras do Rádio. O espetáculo permaneceu quatro meses em cartaz no Teatro de Arena, em Copacabana. Em setembro do mesmo ano, estreou no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, o musical  “Aracy de Almeida no país de Araca”, com texto e direção de Eduardo Wotzick, baseado na vida da cantora. Ainda em 2001, foi inaugurado o “Centro Popular de Cultura Aracy de Almeida”. Em 2004, em homenagem aos 90 anos de nascimento da cantora foi lançado o livro “Araca – Perfil da Arquiduquesa do Encantado”, de H. Bello de Carvalho. Nesse ano, foi homenageada em show no auditório da Rádio Nacional, em comemoração a seus 90 anos de nascimento, com as presenças de Xangô da Mangueira, Agenor de Oliveira, Quarteto Araca e Gil Miranda. Em 2005, estreou no “Espírito das Artes” na Cobal de Botafogo, RJ, o espetáculo “Aracy de bolso – Um tributo à dama do Encantado” com a cantora Gil Miranda, backing vocal da banda Cidade Negra e o cantor Marcelo Maciel do grupo Manga de Colete. Seu talento para cantar sambas e músicas carnavalescas fez com que fosse chamada pelo locutor César Ladeira de “O samba em pessoa”. Em 2012, sua interpretação para o samba “Mangueira”, de Assis Valente, foi incluída no CD duplo “Assis Valente não fez bobagem – 100 anos de alegria” lançado pela EMI em homenagem ao centenário de nascimento do compositor. Em 2014, em razão do centenário de seu nascimento foi homenageada pela Cia. Teatral Luzes da Ribalta e Grupo Arquéthipo com o espetáculo “Aracy de Almeida – A Dama do Encantado”, com texto e direção de Gedivan de Albuquerque, arranjos, preparação vocal e direção musical de Jonas Hammar, com Thiago Macedo, Gedivan de Albuquerque e Daniela Calcia, e com a atriz Kikha Dantas no papel da cantora. O espetáculo estreou no Centro Cultural Parque das Ruínas, em Santa Tereza. No mesmo ano, o cronista Artur Xexéo, do jornal O Globo, escreveu em sua homenagem a crônica “O samba em pessoa” onde disse sobre ela: “Resumindo: foi graças ao “Bossaudade” que minha geração conheceu, na força de seus 51 anos de vida, Aracy de Almeida. (…)Aracy, além de muita personalidade para cantar, tinha também um jeito muito próprio de participar de entrevistas. Isso a tornou a mais popular dos “velhinhos” que faziam parte do “Bossaudade”. Ela começou a participar de outros programas de TV. Em muitos deles, ela nem cantava. Só aparecia para contar casos com seu vocabulário muito específico e seu mau humor muito bem-humorado. (…)Aracy era uma cantora sofisticada, de respiração única e timbre muito particular. Era daquelas que a gente reconhecia a voz logo nos primeiros acordes de qualquer samba”. Em 2018, foi homenageada pelo cantor Marcos Sacramento com o CD “A Rainha dos parangolés”, no qual o cantor, acompanhado pelo violonista Flávio Alcofra, relembou gravações da cantora como “Último desejo”, “O orvalho vem caindo” e “O século do progresso”, de Noel Rosa, “Camisa amarela”, de Ary Barroso, e “Triste cuíca”, de Noel Rosa e Hervê Cordovil, entre outras.

 

Discografias
[ant. 1970] Philips/ Minigroove LP Samba!...
[197?] RCA/Camden LP O Samba em Pessoa
2001 Sesc-SP CD A música brasileira deste século por seus autores e intérpretes-Aracy de Almeida
2000 Warner Music Brasil CD Enciclopédia musical brasileira. Aracy de Almeida
1995 Continental CD Mestres da Música. Aracy de Almeida
1994 Continental CD Mestres da Música. Noel Rosa e Aracy de Almeida
1994 Revivendo CD Sambistas de fato. Aracy de Almeida e Cyro Monteiro
1992 Revivendo CD Noel Rosa por Aracy de Almeida e Mário Reis
1991 Revivendo CD Orlando Silva, Carmem Barbosa e Aracy de Almeida
1988 Collector's Editora LP Aracy de Almeida

(Série Os Ídolos do Rádio Vol. XIII)

1988 Continental LP Aracy de Almeida ao vivo e à vontade
1987 RCA/Camden LP Aracy de Almeida e Patrício Teixeira
1986 RCA/Moto Discos LP O Samba em Pessoa
1969 Imperial LP Aracy de Almeida
1969 Musicolor LP O Samba em Pessoa
1968 RCA/Camden LP Chave de Ouro
1966 Polydor LP Samba pede passagem

Aracy de Almeida e Ismael Silva

1966 Elenco LP Samba é Aracy de Almeida
1966 Elenco LP Sérgio Pôrto, Araci de Almeida, Billy Blanco no Zum-Zum
1964 78 Devagar
1964 Momo 78 Saci Pererê/Chuva fina
1961 RCA/Camden LP O Samba em Pessoa
1960 Philips 78 Brotinho bossa-nova/Mulher de boêmio
1960 Philips 78 Doi, doi, doi.../Pra quê?
1959 Polydor 78 E daí/Amiga
1959 Sinter 78 E daí?/Chorando pedia
1959 Polydor 78 No morro da Casa Verde/Você vê aí!...
1958 Polydor 78 Eu vou pra Vila/Tristezas não pagam dívidas
1958 Polydor LP O samba em pessoa
1958 Polydor 78 teleco-teco/Minha cabrocha
1957 Continental 78 Conversa de samba/Bom dia tristeza
1957 Continental 78 Mais vale um gosto/Oh! Senhor
1956 Continental 78 Ingratidão/Tô chegando agora
1956 Continental 33/10 pol. Sucessos de Aracy de Almeida
1955 Continental 78 Cafuné/Conselho inútil
1955 Continental LP Canções de Noel Rosa com Aracy de Almeida
1955 Continental 78 Isto é papel, João/Vou-me embora
1955 Continental 78 Zé Povinho/Já fui areia
1954 Continental 78 A tua vida é um segredo/Dobrado de amor a São Paulo
1954 Continental 78 Eu fiz você chorar/Eu vou chorar
1954 Continental 78 Que será de mim/Não acredito mais
1954 Continental 78 Quem vem pra beira mar/Telefone mudo
1953 Continental 78 Devagar/Estou ficando doida
1953 Continental 78 Então mudou/Não vá embora
1953 Continental 78 Pezinho pra cá, pezinho pra lá/Chegou o goloso
1953 Continental 78 Quando tu passas por mim/Recado
1953 Continental 78 Saudade, resto de amor/Por que é que você chora?
1953 Continental 78 Se eu morresse amanhã/Perdida
1952 Continental 78 As lágrimas podem secar/Boite
1952 Continental 78 Chegou Vila Isabel/Querer bem
1952 Odeon 78 Escandalosa/Quando foi, porque foi
1952 Odeon 78 João Ninguém/Pela décima vez
1952 Continental 78 Quem te telefona/Já vai
1951 Continental 78 A dor do amor/Tem pena de mim
1951 Continental 78 Com que roupa/O orvalho vem caindo
1951 Continental 78 Feitio de oração/Três minutos
1951 Continental 78 Não direi a ninguém/Basta dizer que sim
1951 Continental 78 Não se aprende na escola/Baião das Alagoas
1951 Continental 78 Pra que emntir/Silêncio de um minuto
1951 Continental 78 Rua do sol/Baião sacudido
1950 Odeon 78 Chorou Madureira (Paulo da Portela)/Minha intenção
1950 Continental 78 Falta do que fazer/Toca a rumba
1950 Continental 78 Feitiço da Vila/Último desejo
1950 Odeon 78 Hoje vale tudo/Lanterna de Aladim
1950 Continental 78 Não tem tradução/O "x" do problema
1950 Continental 78 Palpite infeliz/Conversa de botequim
1949 Odeon 78 Até o amargo fim/Estranho
1949 Odeon 78 Balada/Francamente Claudionor
1949 Odeon 78 Chutaram o pinto/João Ninguém
1949 Odeon 78 O passo da girafa/O circo vem aí
1949 Odeon 78 Passa mañana/Desde ontem
1948 Odeon 78 A sanfona do Mané/Casório da Maria
1948 Odeon 78 Comprei um Buda/Bairros de Pequim
1948 Odeon 78 Na beira da praia/Cala a boca
1948 Odeon 78 Na sombra do boi/Não me diga adeus
1948 Odeon 78 Nasci para bailar-Nasci para sambar/Quando esse nego chega
1948 Odeon 78 Quando foi, porque foi/Mal agradecida
1948 Odeon 78 Um lar e você.../Distância
1947 Odeon 78 Cidade do interior/Mulato calado
1947 Odeon 78 Câmbio negro/Levaram o Claudionor no tintureiro
1947 Odeon 78 Escandalosa/Quem foi?
1947 Odeon 78 Pela décima vez/Resignação
1947 Odeon 78 Santa Terezinha/Carta esquecida
1947 Odeon 78 Trabalha mulher/Louco, ela é o seu mundo
1947 Odeon 78 É pão ou não é?/Deixa o mundo falar
1946 Odeon 78 Entra Vasco/Sou eu que dou as ordens
1946 Odeon 78 Franqueza/Saia do caminho
1946 Odeon 78 Memórias de torcedor/Pretensão e vaidade
1946 Odeon 78 Quando o rei Momo me chamar/Bate o sino Juvenal
1946 Odeon 78 Às três da manhã/Nunca vi dançar assim
1945 Odeon 78 A minha vida/As águas rolaram
1945 Odeon 78 Ele disse adeus/João Cegonha
1945 Odeon 78 Entra não demora.../Flauta, cavaquinho e violão
1945 Odeon 78 Harakiri/Em um café do Estácio
1945 Odeon 78 Não sou Manoel/O Alberto bronquiou
1945 Odeon 78 Parabéns para você/Ele não sabe dançar
1945 Odeon 78 Tem cabrito na horta/Sabotagem no morro
1945 Odeon 78 Tudo acabado/Por causa de uma mulher
1944 Odeon 78 Jacaré te abraça/Cocktail de quarenta e quatro
1944 Odeon 78 Mundo às avessas/Sambei vinte e quatro horas
1944 Odeon 78 O galo onde canta janta/Na parede da igrejinha
1944 Odeon 78 Olha ela aí Valdemar/Não tenho juízo
1944 Odeon 78 Quem disse que eu não caso?/Ninguém ensaiou
1944 Odeon 78 Tudo passa/Onde é que vais morar
1943 Odeon 78 A vida é uma mentira/Ingrato Malaquias
1943 Odeon 78 Maestro caixa de fósforo/Cinquenta por cento
1943 Odeon 78 Nega pelada me deixa/Remorso
1943 Odeon 78 Não convém/Muito obrigado
1943 Odeon 78 O Juca do Pandeiro/Diagnóstico
1943 Odeon 78 O sorriso do cobrador/Hula-Hula
1943 Odeon 78 Quero um samba/Gosto mais do Salgueiro
1943 Odeon 78 Viva o leite!/Chegou o caminhão da carne
1942 Victor 78 Ela me passou para trás/Coberta de ouro
1942 Victor 78 Fez bobagem/Amanhã eu dou
1942 Victor 78 Mamãe lá vem o bonde/Que passo é esse Adolfo?
1942 Odeon 78 Samba da Gávea/Coitadinha de mim
1942 Victor 78 Tem galinha no bonde/Oito em pé
1942 Victor 78 Vai trabalhar/Engomadinho
1941 Victor 78 A mulher do leiteiro/Serenata dos galos
1941 Victor 78 Eu não sou daqui/Eu vou lá no candomblé
1941 Victor 78 Furacão/Hoje vou almoçar com você
1941 Victor 78 Ganha-se pouco mas é divertido/Falta de sorte
1941 Victor 78 Gênio mau/Sinto muito amor
1941 Victor 78 Telefone depois das dez/Não é vantagem
1941 Victor 78 Um banquinho pra dois/Mania de grandeza
1940 Victor 78 Com razão ou sem razão/Saudosa favela
1940 Victor 78 Mamãe baiana/Minha saudade
1940 Victor 78 Menina fricote/Bem sei
1940 Victor 78 Oh! Dona Inês/Brigamos outra vez
1940 Victor 78 Passo do canguru/A dança dos índios
1940 Victor 78 Positivamente não/Continua
1940 Victor 78 Tudo foi surpresa/Mandei você embora
1939 Victor 78 Camisa amarela/Meu amor foi-se embora
1939 Victor 78 Caramuru/Eu vim lhe procurar
1939 Victor 78 Eu dei/Assim não posso viver
1939 Victor 78 Juro...juro/Pão com banana
1939 Victor 78 Mundo mal dividido/Chorei quando o dia clareou
1939 Victor 78 O passarinho do relógio (Kuko)/Miserê
1939 Victor 78 Papagaio/Todo mundo reclama
1939 Victor 78 Paz e harmonia/Goodbye amor
1939 Victor 78 Pedro Viola/Já jurei
1939 Victor 78 Pra mim meu amor mentiu/Pra que tanto orgulho
1939 Victor 78 Venha à América do Sul/Fale mal...mas fale de mim
1938 Victor 78 Meu mulato/De um sorriso
1938 Victor 78 Moreno faceiro/Quem foi que jurou
1938 Victor 78 Morreu o meu primeiro amor/Quebrei a jura
1938 Victor 78 Não sei se é/A folia já chegou
1938 Victor 78 O que foi que eu fiz/Quem mandou coração
1938 Victor 78 Orgia e nada mais/Miau...miau
1938 Victor 78 Paft-paft/Dizem por aí
1938 Victor 78 Qual o que/se alguém sofreu
1938 Victor 78 Só falta pancada/Venceu o amor
1938 Victor 78 Vaca amarela/Esquina da sorte
1938 Victor 78 Vais te cansar/Rapaz folgado
1938 Victor 78 Veneza americana/Nada faz mal
1938 Victor 78 Último desejo/Século do progresso
1937 Victor 78 Bate, bate coração/Tem tempo
1937 Victor 78 Dono do meu afeto/Nunca pensei
1937 Victor 78 Eu e você/Helena
1937 Victor 78 Eu sei sofrer/O maior castigo que eu te dou
1937 Victor 78 O que tem Iaiá/A inveja matou Caim
1937 Victor 78 Opinião de mulher/Tens que mudar de proceder
1937 Victor 78 Só pode ser você/Pensando em ti
1937 Victor 78 Tenha pena de mim/Marido da orgia
1937 Victor 78 Você me paga o que fez/Passe pra dentro
1936 Victor 78 E você me abandonou/Se o morro não descer
1936 Victor 78 Ingratidão/Ótima ocasião
1936 Victor 78 Manda embora essa tristeza/Já faz um ano
1936 Victor 78 Não quero mais/Não há razão
1936 Victor 78 O x do problema/Meu coração
1936 Victor 78 Palpite infeliz/Que baixo
1936 Victor 78 Pombo correio/ABC do amor
1935 Victor 78 Ao menos um olhar/Eu por você
1935 Victor 78 Chave de ouro/Amor de parceria
1935 Victor 78 Não deves sorrir pra mim/Samba o meu samba
1935 Victor 78 Pedindo a São João/Santo Antônio, São Pedro, São João
1935 Columbia 78 Riso de criança
1935 Victor 78 Tens de compreender/Não te dou perdão
1935 Victor 78 Tic-tac/Cansei de pedir
1935 Victor 78 Triste cuíca/Tenho uma rival
1934 Columbia 78 Em plena folia
1934 Columbia 78 Golpe errado
Shows
Apresentações na Boate Vogue. De 1948 a 1952.
Aracy de Almeida, Sérgio Porto e Billy Blanco na Boate Zum-Zum. 1964.
Conversa de botequim. Dir. de Miéle e Bôscoli. 1965.
Que Maravilha! Com Jorge Ben, Toquinho e Paulinho da Viola. Teatro Cacilda Becker. SP. 1969.
Samba pede passagem. Teatro Opinião. 1965.
Show com Murilo de Almeida na boate Le Club. 1965.
Show com o cômico Pagano Sobrinho na boate Canto Terzo. SP.1969.
Show no Teatro Lira Paulistana. 1980.
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

ALBIN, Ricardo Cravo. MPB: A História de um século. Editora: Funarte. Rio de Janeiro, 1997.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

CABRAL, Sérgio. No tempo de Ary Barroso. Editora: Lumiar. Rio de Janeiro, 1993.

CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da Música Popular. Edição do autor. Rio de Janeiro, 1965.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

EFEGÊ, Jota. Figuras e coisas da Música Popular Brasileira. Editora: MEC/FUNARTE. Rio de Janeiro, 1978.

EPAMINONDAS, Antônio. Brasil brasileirinho.Editora: Instituto Nacional do Livro. Rio de Janeiro, 1982.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

MARIZ, Vasco. A canção brasileira. Editora: Francisco Alves. Rio de Janeiro, 2000.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume 1. Editora 34. São Paulo, 1997.

VASCONCELOS, Ary. Panorama da Música Popular Brasileira. Vol. 2. Editora: Martins. Rio de Janeiro, 1965.

Crítica

A cantora Aracy de Almeida não foi apenas a intérprete do melhor da MPB. Ela sempre foi muito mais, considerada que era “o Samba em pessoa”. Aracy, no começo do século XXI, começa a ser objeto de várias homenagens, entre elas o lançamento de toda sua discografia e uma peça de teatro.

A coleção de 8 CDs duplos, fruto das pesquisas do colecionador Paulo Cezar de Andrade, é um tesouro fonográfico que abriga gravações de Aracy, que vão desde seus momentos iniciais (“Riso de criança”, de Noel Rosa e “Saudade de meu papai”, de Walfrido Silva e Roberto Martins), registradas em 1934, quando a cantora estreou acompanhada por Mestre Pixinguinha até os LPs maravilhosos da Elenco (Aluísio de Oliveira) dos anos 60, em que ela atua ao lado de Sérgio Porto e Billy Blanco. Ou seja, além de cada CD contabilizar o robusto número de 23 músicas em média, estão também transcritos todos os 8 LPs que Aracy gravou, inclusive o último, pouco antes de morrer em 1988, o raríssimo “Ao vivo e à vontade”, para a Continental.

É de pasmar a qualidade das músicas que Aracy escolheu para gravar. Para que se tenha uma idéia, ela reviveu algumas das mais preciosas jóias de Noel (compositor favorito e seu maior protetor no meio artístico), como “Palpite Infeliz” (1935), “X do Problema” (1936), “Eu sei sofrer” (37) e “Século do Progresso” (37). E, depois da morte do Poeta da Vila, o “Samba em pessoa” continuou honrando o padrinho lançando pérolas como “Camisa amarela” (Ary Barroso, 39), “Cuco” (Haroldo Lobo, carnaval de 40), “Fez bobagem” (Assis Valente, 42) e ainda “Saia do meu caminho” (Custódio Mesquita, 45), ou mesmo “Louco” (Wilson Batista, 46).

Aracy – com seu jeito descontraído e originalíssimo de ser e proceder – sempre viveu cercada de intelectuais nos anos dourados do Rio, a década de 50-60. Lembro-me de que certa vez o pintor Di Cavalcanti, em casa de quem no Catete eu estava, interrompeu uma reunião declarando solenemente: “Agora eu tenho que sair, porque marquei encontro no Lamas com a maior cantora brasileira de todos os tempos e, que vocês sabem muito bem que é a divina Araca”.

Aracy, aliás, sempre manteve fidelidade a seus amigos. Na década de 50, ela regravou quase todo o melhor de Noel, quando já ninguém mais se lembrava da música do poeta da Vila.

Esquecida nos anos 60 e 70, Aracy me telefonou certa noite para dizer que havia recebido convite para ser jurada de programas de tevê. “ – Araca, vai com calma. Você sabe que a máquina de fazer doido pode queimar o seu filme”. Ela me respondeu, como de hábito, com uma série dos mais afiados palavrões e resolveu ir em frente.

Quando Aracy morreu, em 1988, alguns obituários de jornais referiram-se ao fato de ela ser apenas uma das juradas do Sílvio Santos, omitindo-lhe a condição de deusa do canto popular que ela sempre fora.

Ricardo Cravo Albin