
Compositor. Regente. Trompetista.
Executante de sax-horn. Filho do clarinetista Francisco Manuel de Almeida e de Leonor Guilherme de Almeida. Conhecido por seus contemporâneos como “O homem da capa preta”, apelido recebido por sua insistência em usar um capote militar. Iniciou-se em música com o sax-horn, ainda em sua cidade natal, São Fidélis. Mais tarde o menino trocou o sax-horn pelo trompete. Na infância vivida na Ilha da Saudade (ilha fluvial formada pelo Rio Paraíba do Sul), o menino sonhava em ser militar. O curioso é que seus pais detestavam tudo o que se relacionasse com exército ou polícia, criando o jovem e seus cinco irmãos sob essa filosofia. Apesar disso, aos 17 anos, J. Resende fugiu para o Rio de Janeiro e alistou-se no 23º Batalhão de Infantaria, ingressando na banda da corporação como trompetista. Morou na Rua Indira, 47, em Laranjeiras, RJ. Casou-se com Libânia Domingos de Almeida, em 7 de março de 1907. Teve oito filhas (Leonor, Iracema, Mercedes, Valquíria, Rita, Guiomar, Maria, Nazarina) e um filho caçula (Francisco), falecido com apenas um ano de idade. Sabe-se que era possuidor de um gênio irascível, que fez muitas vítimas, inclusive ele mesmo. Certa feita, regendo a banda do Corpo de Bombeiros de Niterói (que organizou), deu uma dentada na orelha de um trompetista que errava insistentemente, o que acabou por afastá-lo do cargo. Por outro lado, demonstrou, em outras ocasiões, o seu bom coração. Um dia, um músico do Regimento de Cavalaria da Frei Caneca, em que J. Resende era 2º Tenente-músico, pediu-lhe que o deixasse levar um clarinete, para ganhar algum dinheiro e comprar remédios para a mãe que estava à morte. O rapaz prometeu devolvê-lo em dois dias. Antes disso, porém, foi feita vistoria no instrumental da banda. J. Resende foi punido com 30 dias de prisão, só saindo dias depois para sepultar seu único filho homem, mas tendo que voltar à prisão logo em seguida. Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 30 de dezembro de 1945.
Começou tocando trompete na banda do 23º Batalhão de Infantaria do Rio de Janeiro. Ao deixar a corporação, organizou a Banda de Música da Fábrica de Tecidos Aliança, nas Laranjeiras. Posteriormente, sentou praça no 1º Regimento da Brigada Policial. Depois de dar baixa, trabalhou em várias orquestras de dança da época. Quando trabalhava na orquestra “Cordigaia-Lavale”, no Teatro Municipal de Niterói, recebeu convite para organizar a Banda do Corpo de Bombeiros da capital fluminense. Trabalhou, ainda, como mestre da Banda do 6º Batalhão da Polícia Militar, no Andaraí, bairro do Rio de Janeiro. Nessa época teve composições suas gravadas e editadas. É o caso de “A rolinha do sertão (Assim é que é)”, samba em parceria com Mirandela, gravado primeiramente por Baiano na Odeon e grande sucesso no carnaval carioca de 1919. O samba foi também gravado pela Banda do Batalhão Naval também na Odeon. No carnaval de 1922, veio outro sucesso, a marcha-rancho “Coração divinal”. Em 1924, o samba carnavalesco “Panela furada” foi gravado pelo cantor Bahiano na Odeon. Foi também 2º Tenente-músico do Regimento de Cavalaria da Frei Caneca. Deixou outras composições, entre elas: “Xuxu”, “Nair”, “Zilá”, “Paraíso das flores”, “Me larga”, “Canção do aviador” e o maxixe “A cigana do Catumbi”, muito divulgado no Rio de Janeiro, naquela época. Em 1957, Pixinguinha (com sua orquestra) gravou pela Sinter um dos LPs mais importantes da história do choro: “Assim é que é”, onde está registrado seu maxixe “A cigana do Catumbi”.
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
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