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Nome Artístico
Ismael Silva
Nome verdadeiro
Ismael Silva
Data de nascimento
14/9/1905
Local de nascimento
Niterói, RJ
Data de morte
14/3/1978
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Compositor. Cantor.

Nasceu em Jurujuba, comunidade de pescadores na Baía de Guanabara. Caçula dos cinco filhos, aos três anos ficou órfão de pai – Benjamin da Silva, cozinheiro do Hospital Paula Cândido – e sua mãe, Emília Correia Chaves, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde seria mais fácil arranjar emprego, indo morar no sopé do morro do bairro do Estácio de Sá, centro carioca de pequena classe média.

Com sete anos, fez questão de matricular-se na escola. Era o melhor aluno da sala e logo tornou-se monitor.

Em 1935, foi preso depois de dar dois tiros em Edu Motorneiro, um sujeito grandalhão que faltou com o respeito a sua irmã Orestina. Foi condenado, no ano seguinte, a cinco anos por tentativa de homicídio, pena mínima, graças a Prudente de Moraes Neto, seu advogado de defesa. Contam que teria atirado em Edu Motorneiro, à porta do Café Paulicéia, na Lapa. Preso em flagrante, foi solto em 1938 por bom comportamento. Nessa mesma época, de um rápido namoro com a passista do Estácio Diva Lopes Nascimento, nasceu Marlene Martins Batista, filha nunca reconhecida oficialmente, embora fosse a cara dele.

Quase se assemelhando à figura descrita por ele em seu famoso samba “Antonico” (“… Que está vivendo em grande dificuldade/ Ele está mesmo dançando na corda bamba/ ele é aquele que na Escola de Samba/ Toca cuíca, toca surdo e tamborim…) morreu em março de 1978, ano em que a MPB perderia também Candeia.

Em 2017, um “esboço biográfico” seu foi incluído no livro “Música e cultura popular: Vários escritos sobre um tema comum”, do pesquisador José Ramos Tinhorão, lançado pela Editora 34. Conheceu Tinhorão na casa do amigo comum Humberto Franceschi, na rua da Passagem, no Bairro carioca de Botafogo.

Dados artísticos

Chamado pelo jornalista e pesquisador Lúcio Rangel de “O Grande Ismael Silva”, compôs seu primeiro samba, “Já desisti”, aos 15 anos. Em 1922, logo que terminou o curso Ginasial, tornou-se assíduo frequentador do Bar Apollo e do Café do Compadre, onde conheceu inúmeros sambistas como Mano Edgar, Baiaco, Mano Rubens (Rubens Barcellos), Nilton Bastos, Brancura, Bíde, Marçal, Francelino Ferreira Godinho e outros. Freqüentava as rodas de samba da região e o morro do Salgueiro e da Mangueira.

Em 1927, foi visitado por Bide quando estava internado no Hospital da Gamboa que lhe levou a proposta de Francisco Alves de comprar seu samba “Me faz carinhos”. A partir daí, o grande cantor das rádios passou a comprar algumas músicas de sua autoria, grande parte composta em parceria com Nilton Bastos. No  fim da década de 1920, fez um acordo com Francisco Alves, que permitia ao cantor gravar composições suas e constar como autor mediante pagamento prévio. Esse “comércio” de sambas era prática comum nos anos de 1920 e 1930. Além dele, Noel Rosa, Cartola, Nélson Cavaquinho e outros venderam sambas.

“Me faz carinhos” e “Amor de malandro” foram dois sucessos na voz de Francisco Alves resultantes desse acordo. Começou a ficar famoso em 1928 quando Francisco Alves gravou com grande sucesso o samba “Me faz carinhos”, embora a música já tivesse sido gravada três anos antes pelo pianista Orlando Cebola. No mesmo ano, participou da fundação da Deixa Falar, a primeira escola de samba do Rio de Janeiro. Fundada inicialmente como bloco, ficava perto da escola normal que ficava no bairro do Estácio e assim, seus fundadores passaram a ser conhecidos como professores e o bloco passou a ser escola de samba.

Em 1929, Mário Reis gravou com grande sucesso “Novo amor”. Em 1930, teve gravado por Jonjoca, o samba “Não te dou perdão” e, por João Gabriel de Faria no assovio o samba “Novo amor”. Em 1931, Francisco Alves e Mário Reis gravaram juntos os sambas “Se você jurar”, um clássico da música popular brasileira e que se tornou um verdadeiro modelo para os sambas dos anos trinta, segundo Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello; “Não há”; “Arrependido” e “O que será de mim?” parcerias registradas com Nilton Bastos e Francisco Alves, sendo este último samba uma das pérolas do compositor exaltando a malandragem com versos como: “Se eu precisar algum dia/de ir pro batente/não sei o que será/Pois vivo na malandragem/e vida melhor não há”. No mesmo ano, Francisco Alves registrou sozinho os sambas “Nem é bom falar”; “Meu batalhão”; “Ironia” e “Olê-leô”, parcerias com Nilton Bastos e Francisco Alves. Também no mesmo ano, estreou como cantor gravando na Odeon os sambas “Samba raiado”, de Marcelino de Oliveira e “Louca”, de Buci Moreira.

Em dezembro de 1931, gravou seu segundo disco registrando os sambas “Me diga o teu nome” e “Me deixa sossegado”, parcerias com Nilton Bastos e Francisco Alves. Nesse mesmo ano,  após a morte de Nilton Bastos e Mano Edgar mudou-se para o centro e começou a compor com Noel Rosa, que lhe foi apresentado por Francisco Alves. Francisco Alves, aliás, apresentou-o a muita gente: Vinicius de Moraes, que o apelidou “São Ismael” em virtude dos seus olhos doces e sua fala educada, Mário de Andrade, Prudente de Moraes Neto, Aníbal Machado, cuja casa costumava freqüentar nas concorridas reuniões de domingo a que compareciam também Tônia Carrero, Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, Rubem Braga, Portinari, Heitor dos Prazeres e Ataulfo Alves.

Em 1932, teve gravado por Patrício Teixeira o samba “Quero sossego”, parceria com Francisco Alves e Nilton Bastos; Francisco Alves gravou sozinho o samba “Gandaia”, parceria dos dois e, com Mário Reis o samba “Antes não te conhecesse”, também parceria dos dois. No mesmo ano, teve gravada por Francisco Alves sua primeira parceria com Noel Rosa, o samba “Para me livrar do mal”. Logo em seguida, Mário Reis gravou o samba “Uma jura que eu fiz”, parceria com Noel Rosa e Francisco Alves e o mesmo Chico Viola, gravou “Ando cismado”, outro samba da parceria com Noel Rosa. A parceria com Noel Rosa também rendeu pérolas como “Adeus”, dedicado a Nilton Bastos e “A razão dá-se a quem tem”. Juntos, fizeram  11 composições. Em 1933, a dupla Jonjoca e Castro Barbosa gravou os sambas “Deus sabe o que faz” e “Dona do lugar”, este, parceria com Francisco Alves. No mesmo ano, João Petra de Barros gravou o samba “Isso não se faz” e Francisco Alves, “Quem não quer sou eu”, parceria com Noel Rosa e “Não tem tradução”, parceria com Noel Rosa e Francisco Alves. Também no mesmo ano, gravou os sambas “Carinho eu tenho”, de Brancura e, em dueto com Noel Rosa, “Escola de malandro”, de Orlando Luiz Machado.

Em 1935, Aurora Miranda gravou a marcha “Não faltará ocasião” e o samba “Boa viagem”, parceria com Noel Rosa e, Sílvio Caldas, a marcha “Cara feia é fome” e o samba “Agradeças a mim”.  No mesmo ano, João Petra de Barros gravou o samba “Você prometeu”, parceria com Dan Malio. Ainda nesse ano, rompeu definitivamente o acordo que mantinha com Francisco Alves. Em 1936, já recluso no presídio da Frei Caneca, teve outras composições gravadas: Mário Reis registrou o samba “Você merece muito mais” e Aurora Miranda a marcha “Não apoiado”.

Em 1939, J. B. de Carvalho gravou na Odeon seu samba “Com a vida que pediste a Deus”, Cyro Monteiro na Victor gravou a marcha “Eu sou um” e Aurora Miranda, também na Victor, a marcha “Não vejo jeito”. Durante a década de 1940, esteve ausente do meio artístico.

Em 1950, ressurgiu no cenário artístico quando teve o samba “Antonico”, inspirado em uma carta de Pixinguinha para Mozart de Araújo na qual o maestro pedia ao amigo um emprego para o sambista em dificuldade, foi gravado por Alcides Gerardi na Odeon. No mesmo ano, Gilberto Alves registrou na RCA Victor o samba “Meu único desejo”, e o trio vocalTrigêmeos Vocalistas lançou pela Odeon a marcha “Bico da cegonha”. Também no mesmo ano, voltou a gravar, registrando na Sinter, o samba “Dá o fora” e a marcha “Comilão”, ambas de sua autoria.

Em 1954, Dolores Duran gravou na Copacabana, “Tradição”, seu único samba-canção. Em 1955, participou do espetáculo “O samba nasce no coração”, realizado pela companhia de Zilco Ribeiro e apresentado na boate Casablanca, contando com a participação de, entre outros, Donga, J. Cascata, Ataulfo Alves, Pixinguinha, João da Baiana e Alfredinho. No mesmo ano, gravou na Sinter o partido alto “Me diga teu nome”, de sua autoria e o samba “Nem é bom falar”, parceria com Francisco Alves e Nilton Bastos. Ainda no mesmo ano, gravou o LP “O samba na voz do sambista”, no qual cantou “Se você jurar”, “Nem é bom falar”, “Adeus” e outras composições de sua autoria.

Em 1957, lançou o LP “Ismael canta” no qual interpretou, entre outros sambas de sua autoria, “Agradeças a mim”, “Meu único desejo”, Choro, sim” e “Não vá atrás de ninguém”.

Em 1960, ganhou os títulos de “Cidadão samba” por iniciativa do jornalista Sérgio Cabral e “Carioca honorário”, concedido pela Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Ostentando o título de “Cidadão Samba”, desfilou algumas vezes na abertura oficial do carnaval carioca interpretando a corte liderada pela rei Momo. Nos anos de 1960, se apresentou em programas de televisão, tornando-se conhecido por outras gerações.

Em 1963 e 1964, fez algumas apresentações no bar Zicartola, palco que dividiu com grandes nomes da MPB como Nara Leão, Monsueto, Carlos Lyra, entre outros. Em 1965, participou do show “O samba pede passagem”, organizado por Sérgio Cabral, ao lado de Aracy de Almeida, Baden Powell, MPB-4, entre outros, que virou disco, contendo 11 músicas de sua autoria e lançado no ano seguinte pela Polydor.

Em 1969, prestou depoimento ao Museu da Imagem e do Som, entrevistado pelo pesquisador R. C. Albin. No mesmo ano, seu samba “Tristezas não pagam dívidas” foi gravado por Cyro Monteiro no LP “Meu samba, minha vida” da gravadora Copacabana. Em 1970, participou de show na boate Jogral em São Paulo. Em 1971, Gal Costa regravou com êxito seu autobiográfico “Antonico”, no LP “Gal fatal”. Em 1972, em seu aniversário, recebeu um bilhete de Chico Buarque que dizia: “Ismael, você está cansado de saber da minha admiração pelos seus sambas. Você sabe o quanto lhe devo por toda sua obra. O Sérgio Cabral está lhe entregando o meu presente pelo seu aniversário. É muito menos do que você merece. Um grande abraço, de coração”. Junto ao bilhete, Chico Buarque lhe dedicou um prêmio que recebera do Governo do Estado da Gaunabara, entregando-lhe um cheque que ele, embora vivendo modestamente demorou a descontar, preferindo exibir aos amigos a assinatura de Chico Buarque, como prova de admiração e carinho recíprocos.

Em 1973, ao lado de Carmen Costa, participou do seu último show montado, “Se você jurar”, produzido e dirigido por Ricardo Cravo Albin, que também participou no palco como narrador das vidas de ambos. O espetáculo estreou no Teatro Paiol, em Curitiba, e correu várias praças, inclusive São Paulo (Teatro Tuca) e Rio de Janeiro (Teatro Senai), onde cumpriu temporada de um mês, a convite do ator Sérgio Britto. Em São Paulo, a TV Excelsior gravou todo o espetáculo em estúdio, para seus arquivos. No mesmo ano, foi aos estúdios para registrar seu último LP, intitulado “Se você jurar”, em que cantou antigas e novas composições, como “Afina a viola”, “Alegria”, “Aliás” e “Novo amor”.

Em 1975, foi homenageado pela Escola de Samba Canarinhos da Engenhoca, de Niterói. Morreu em 1978, numa casa de cômodos no centro do Rio, sem fama nem dinheiro.

Em 2001, foi lançado com uma festa na casa de espetáculos Asa Branca, no Rio de Janeiro, o curta metragem “Ismael e Scarpino”, de Alexandre Ribeiro de Carvalho e Luís “Chacra” Gerace, que mostra a amizade entre o compositor e o fotógrafo Clóvis Scarpino. Na ocasião, foram interpretados sambas de sua autoria pelo grupo MPB de Raiz. No mesmo ano, foram lançados os Cds “Ismael canta…Ismael”, remasterização do disco de 1957 e “A música brasileira deste século por seus autores e intérpretes – Ismael Silva”.

Em 2002, foi homenageado com uma semana de atividades no Teatro da UFF em Niterói, intitulada o “Bamba de Niterói”, com a apresentação do curta “Ismael e Scarpino”, a encenação da esquete “Cenas cariocas”, retratando a polêmica entre ele e Donga sobre o que é samba, uma mesa de debates com as presenças de Maria Thereza Mello Soares, sua biógrafa, Haroldo Costa, Roberto Moura e Luiz Fernando M. de Carvalho. Foi feita ainda, a inauguração da Rua Ismael Silva na Praça de São Domingos no bairro do Gragoatá, em Niterói, além de exposição fotográfica, no Sesc de Niterói. Em 2005, por ocasião do centenário de seu nascimento foi homenageado com a série de cinco shows intitulada “Ismael Silva – Deixa falar”, que reuniu no Centro Cultural Banco do Brasil as duplas Elton Medeiros e Claudio Nucci, Fátima Guedes e Flávio Burlamarqui, e Mônica Salmaso e Cláudio Jorge, além do trio Monarco, Tereza Cristina e Pedro Miranda, que se apresentaram interpretando obras do compositor. Também como parte das comemorações pelo seu centenário foi lançado um vídeo com depoimentos do moradores da comunidade do morro de São Carlos e um show da Velha Guarda da escola de samba Estácio de Sá. Em 2010, foi homenageado coma inauguração de uma estátua sua na qual aparece tocando violão. A estátua foi erguida no Largo do Estácio, em frente à Escola de Samba Estácio de Sá. Em 2011, foi lançado pelo selo Discobertas em convênio com o ICCA – Instituto Cultural Cravo Albin a caixa “100 anos de música popular brasileira” com a reedição em 4 CDs duplos dos oito LPs lançados com as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin na Rádio MEC em 1974 e 1975. No volume 1 está incluído seu samba “Se você jurar”, com Nilton Bastos e Francisco Alves, na gravação de Paulo Marquez.

Discografias
2000 CD A música brasileira deste século por seus autores e intérpretes - Ismael Silva
1988 LP CD Ismael Silva - Peçam bis - Jards Macalé e Dalva Torres
1973 RCA Victor LP Se você jurar
1966 Polydor LP O samba pede passagem
1957 Mocambo LP Ismael canta... Ismael
1955 Sinter 78 Me diga teu nome/Nem é bom falar
1955 Sinter LP O samba na voz do sambista
1950 Sinter 78 Dá o fora/Comilão
1933 Odeon 78 Carinho eu tenho/Escola de malandro
1931 Odeon 78 Me diga o teu nome/Me deixa sossegado
1931 Odeon 78 Samba raiado/Louca
Obras
A razão dá-se a quem tem (c/ Francisco Alves e Noel Rosa)
Adeus (c/ Francisco Alves e Noel Rosa)
Afina a viola
Agradeças a mim
Alegria
Aliás
Amar (c/ Francisco Alves e Nilton Bastos)
Amor de malandro (c/ Francisco Alves)
Anda, vem cá (c/ Francisco Alves e Nilton Bastos)
Ando cismado (c/ Noel Rosa)
Antes não te conhecesse (c/ Francisco Alves)
Antes só
Antonico
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Ao romper da aurora (c/ Francisco Alves e Lamartine Babo)
Arrependido (c/ Francisco Alves e Nilton Bastos)
Assim é que é
Assim, sim (c/ Francisco Alves e Noel Rosa)
Batalhão
Bico da cegonha
Boa boca
Boa viagem (c/ Noel Rosa)
Cara feia é fome
Choro, sim
Com a vida que Deus me deu
Com a vida que pediste a Deus
Comilão
Contrastes
Deus sabe o que faz
Dona do lugar (c/ Francisco Alves)
Entrada franca
Eu bem sei (c/ Francisco Alves e Nilton Bastos)
Eu sou um
Fama sem proveito (c/ Heitor Catumbi)
Feiticeira
Feiticeiro (c/ Francisco Alves e Nilton Bastos)
Foi um sonho
Gandaia (c/ Francisco Alves)
Gosto... mas não é muito (c/ Francisco Alves e Noel Rosa)
Ingratidão
Ironia (c/ Francisco Alves e Nilton Bastos)
Isso não se faz
Jurema
Já sei que tens novo amor (c/ Francisco Alves e Noel Rosa)
Liberdade (c/ Francisco Alves)
Macaco me lamba
Maestro, toque aquela (c/ José de Almeida)
Me deixa sossegado (c/ Francisco Alves e Nilton Bastos)
Me diga teu nome
Me faz carinhos (c/ Francisco Alves)
Meu batalhão (c/ Francisco Alves e Nilton Bastos)
Meu único desejo
Minha vida
Nem é bom falar (c/ Francisco Alves e Nilton Bastos)
Ninguém faz fé (c/ Paulo Medeiros)
Ninguém tem de achar ruim
Novo amor
Nunca dei a perceber
Não apoiado
Não deixarei de beber (c/ Sebastião Gomes e J. Gonçalves)
Não digas
Não faltará ocasião
Não faz eu falar
Não há (c/ Francisco Alves e Nilton Bastos)
Não posso me queixar
Não te dou perdão
Não tenho nota
Não tenho queixa (c/ Davi Raw)
Não vejo jeito
Não vá atrás de ninguém
Não é isso que eu procuro (c/ Francisco Alves)
Não é tanto assim
O destino é Deus quem dá... (c/ Francisco Alves)
O dinheiro faz tudo
O que será de mim? (c/ Francisco Alves e Nilton Bastos)
Para me livrar do mal (c/ Noel Rosa)
Peça um bis
Por causa de alguém
Primeiro amor
Quando souberes amar
Quem não quer sou eu (c/ Noel Rosa)
Quero sossego (c/ Nilton Bastos)
Realidade
Receio
Reminiscências da Lapa (c/ J. C. Silva e E.Guedes)
Rir
Rir pra não chorar (c/ Francisco Alves)
Se eu tiver que escolher (c/ Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti)
Se você chorar (c/ Francisco Alves e Nilton Bastos)
Seja o que Deus quiser
Sofrer é da vida (c/ Francisco Alves)
Sonhei (c/ Francisco Alves e Nilton Bastos)
Todo mundo quer
Tradição
Tristezas não pagam dívidas
Uma jura que eu fiz (c/ Francisco Alves e Noel Rosa)
Vejo amanhecer (c/ Francisco Alves Noel Rosa)
Você gosta de mim? (c/ Francisco Alves)
Você merece muito mais
Você prometeu (Dan Mallio)
É bom evitar (c/ Francisco Alves e Nilton Bastos)
Shows
1973 Ricardo Cravo Albin.
O samba nasce do coração. Boate Casablanca, RJ.
O samba pede passagem. Teatro Opinião, RJ.
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.

CARVALHO, Luiz Fernando Medeiros de. “Ismael Silva: samba e resistência”. Rio de Janeiro: Livraria José Olimpio, 1980.

CRAVO ALBIN, Ricardo. MBP – A história de um século. Rio de Janeiro: Funarte, 1998.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

SARES, Maris Thereza Mello. “São Ismael do Estácio; o sambista que foi rei”. Rio de Janeiro: Funarte, 1985.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume 1. São Paulo: Editora 34, 1997.

TINHORÃO, José Ramos – Música e cultura popular: Vários escritos sobre um tema comum – Rio de Janeiro: Editora 34.

Crítica

Dele tudo já foi dito. Talvez seja Ismael o último dos grandes sambistas da época de ouro a sobreviver até o final dos anos 70. Portanto, uma verdadeira legenda que a música popular brasileira cultua e venera. Autor de alguns dos mais lindos sambas já feitos neste país, a começar por “Se você jurar”.

Ismael Silva foi considerado por Vinícius de Moraes como um dos três maiores sambistas de todos os tempos. Dono de um currículo tão cheio de acontecimentos, há um fato que Ismael guardou com merecido orgulho: de ter sido fundador da primeira escola de samba, Deixa Falar, lá pelos fins da década de 20.

É importante nunca esquecer que foi ele que, pelo fim da década dos anos 20, consolidou e estruturou o samba urbano, tal qual hoje é conhecido, tal qual foi imitado pelos seus contemporâneos como Noel Rosa, Ary Barroso e seus seguidores como Wilson Baptista, Ataulfo Alves, Geraldo Pereira e tantos e tantos outros grandes sambistas. Ismael Silva é todo ele uma legenda viva. No show “Se você jurar”, o último espetáculo montado para celebrar-se Ismael, Chico Buarque de Holanda se saía com uma confissão muito típica de sua honestidade e caráter: “Ismael é a maior influência que eu tenho em toda a minha obra. Muito maior que as constantes citações que me são imputadas: Noel Rosa e Ataulfo Alves. Ismael em verdade é meu verdadeiro pai musical.”

Ricardo Cravo Albin