4.004
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Nome Artístico
Noel Rosa
Nome verdadeiro
Noel de Medeiros Rosa
Data de nascimento
11/12/1910
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
4/5/1937
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Compositor. Cantor. Violonista.

Nasceu no bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, tornando-se anos mais tarde conhecido como o “Poeta da Vila”. Morou durante seus vinte e seis anos e meio de vida na mesma casa na rua Teodoro da Silva, que tempos depois seria demolida para a construção de um prédio residencial que leva seu nome. Filho de Manuel Medeiros Rosa, que era gerente de camisaria, e da professora Marta de Azevedo, teve em seu nascimento fratura e afundamento do maxilar provocados pelo fórceps, além de uma pequena paralisia na face direita, que o deixou desfigurado para o resto da vida, apesar das cirurgias sofridas aos seis e 12 anos de idade. Quando seu pai foi trabalhar como agrimensor numa fazenda de café, sua mãe abriu uma escola dentro de casa, passando a sustentar os dois filhos, Noel e Hélio, o mais novo, nascido em 1914.

Já alfabetizado pela mãe, foi matriculado no Colégio Maisonnete quando tinha treze anos, depois foi para o São Bento, onde ficou até 1928, recebendo dos colegas o apelido de Queixinho. Teve paixões por mulheres que se tornaram musas de alguns de seus sambas, como no caso de Ceci, dançarina de um cabaré da Lapa. Para ela, compôs “Dama do Cabaré” e “Último desejo”.

Casou-se com Lindaura, em dezembro de 1934. Na verdade, o casamento ocorreu por pressão da mãe da moça, pois Lindaura tinha apenas 13 anos, dez a menos do que ele. Grávida, ela perderia o filho meses após o casamento. A união com Lindaura não modificou seus hábitos boêmios, que acabariam por comprometer irremediavelmente a sua saúde. No início de 1935, já com os dois pulmões lesionados, viajou com a mulher para se tratar em Belo Horizonte, onde se hospedou na casa de uma tia. Porém, o tratamento durou poucos dias, pois o compositor logo começou a freqüentar os bares e o meio artístico da cidade, apresentando-se até na Rádio Mineira. Ainda em Minas, em maio desse mesmo ano, recebeu a notícia do suicídio do pai, que se enforcou na casa de saúde onde estava internado para tratamento dos nervos. Apresentando algumas melhoras, em setembro retornou ao Rio de Janeiro. Contudo, em fevereiro de 1936, viajou para Nova Friburgo(RJ) por ordens médicas. Mesmo assim se apresentou no cinema local e freqüentava os bares da cidade. Retornou ao Rio bastante adoentado. Por sugestão de amigos e familiares, foi para Barra do Piraí, em abril do mesmo ano, em busca de repouso para tentar curar a tuberculose. Após uma semana, visitou, no dia 1 de maio, a represa de Ribeirão das Lajes e começou a sentir arrepios e a passar mal. Retornou à pensão com febre. Durante a noite sofreu uma grave crise de hemoptise e o médico que o atendeu advertiu que não havia recursos para tratar dele naquela cidade. Na manhã de 2 de maio, voltou ao Rio com Lindaura, às pressas, num táxi, em estado muito grave, do qual não conseguiria se recuperar. Durante dois dias recebeu visitas de muitos amigos, entre os quais Marília Baptista e Orestes Barbosa, que procuraram animá-lo.

Morreu na noite do dia 04 de maio, enquanto em frente à sua casa comemoravam o aniversário de uma vizinha numa festa em que tocavam suas músicas. Diversas versões sobre sua morte foram publicadas em diferentes jornais e biografias, onde se fez referência até a um ataque cardíaco. Ao seu enterro compareceram muitas personalidades da música e do rádio. À beira de seu túmulo, Ary Barroso fez um discurso emocionado, homenageando o amigo e parceiro. Depois de alguns anos de sua morte, seu nome ficou esquecido durante a década de 1940, até que Aracy de Almeida, em 1950, passou a cantar na famosa boate Vogue, incorporando sambas inéditos dele ao seu repertório. Desde aí, o compositor foi redescoberto e passou a ser homenageado pelo público e por autoridades, como no caso do busto inaugurado na Praça Tobias Barreto e que hoje se encontra na Praça Barão de Drumond, Vila Isabel, e pela comunidade de Vila Isabel, que inaugurou um monumento no Cemitério São Francisco Xavier, onde o compositor foi sepultado, em comemoração ao cinqüentenário do nascimento do sambista.

Em 1967, o Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro – que acabara de lançar o elepê “Noel Rosa por Noel Rosa”, com o compositor cantando suas próprias músicas – fez também uma grande homenagem ao Poeta da Vila em seus 30 anos de morte, inaugurando exposição comemorativa e juntando os amigos remanescentes em gravação histórica conduzida por R. C. Albin em 4 de maio daquele ano. Em 1987, várias solenidades e eventos lembraram o cinqüentenário de seu falecimento.

Dados artísticos

Quando tinha apenas 13 anos, começou a tocar bandolim de ouvido e violão, que aprendeu com o pai, seu primo Adílio e os amigos Romualdo Miranda, Vicente Sabonete e Cobrinha. Já dominando o instrumento, fazia serenatas com o irmão no bairro de Vila Isabel em 1925. Nesse mesmo ano, conheceu o compositor Sinhô, de quem tornou-se grande admirador. Sem deixar de lado o violão e as serenatas, em 1929, ao terminar o ginásio, preparou-se para a Faculdade de Medicina, que viria a abandonar três anos depois. Em 1929, os moradores de Vila Isabel e alunos do Colégio Batista, Almirante, Braguinha, Alvinho e Henrique Brito, formaram um grupo musical, o Flor do Tempo, que se apresentava em festas locais. Quando foram convidados para gravar, o grupo foi reformulado, mudando o nome para Bando de Tangarás. O compositor, que já tinha fama de bom violonista no bairro, foi convidado por Almirante e Braguinha para juntar-se ao grupo. A primeira gravação do Bando de Tangarás foi o samba “Mulher exigente”, seguido por uma embolada e um cateretê, todos de autoria de Almirante. Ainda em 1929, escreveu as suas primeiras composições, a embolada “Minha viola” e a toada “Festa no céu”, gravadas por ele no ano seguinte pela Parlophon. Ainda em 1930, conheceu seu primeiro grande sucesso com o samba “Com que roupa?”, gravado por ele mesmo na Parlophon e sobre o qual durante muito tempo pairou a lenda de que teria sido feito devido ao fato de sua mãe ter escondido suas roupas para que não fosse para as farras. Esta lenda foi desmentida por Almirante em sua biografia sobre o compositor. Segundo o pesquisador Ary Vasconcelos, os primeiros acordes da melodia original eram bastante semelhante aos do Hino Nacional Brasileiro, o que foi detectado pelo maestro Homero Dornelas e prontamente modificada pelo autor. Paralelamente às gravações solo, continuou se apresentando com o Bando de Tangarás. Em 1931, gravou com esse grupo os sambas “Cordiais saudações”, “Picilone” e “Mulata fuzarqueira”, de sua autoria, e “Samba da boa vontade”, parceria com João de Barro. Outras composições de sua autoria foram também gravadas no mesmo ano pelo Bando de Tangarás, como o samba “Nega”, parceria com Lamartine Babo. Ainda no mesmo ano, apresentou-se no Cinema Eldorado e excursionou com o Bando de Tangarás a São José dos Campos, em São Paulo. Foi um ano pródigo em produções, com mais de 20 músicas compostas, entre as quais, “Cordiais saudações”, “Agora” e “Quem dá mais?”. Várias revistas musicais dessa época utilizaram composições suas, como “Mar de rosas”, revista de Gastão Penalva e Velho Sobrinho, que incluía os sambas “Cordiais saudações”, “Mulata fuzarqueira” e “Mão no remo”, esta última em parceria com Ary Barroso. Já a revista “Café com música”, de Eratóstenes Frazão, apresentava os sambas “Eu vou pra Vila”, “Gago apaixonado”, “Malandro medroso” e “Quem dá mais?”, também conhecida como “Leilão do Brasil”, além da marcha “Dona Araci”. Ainda como componente do Bando de Tangarás, estreou no rádio, na Rádio Educadora, e depois na Mayrink Veiga e em seguida, passou a atuar  na Rádio Philips. Ainda no mesmo período, entrou em contato com sambistas dos morros cariocas ao freqüentar o bar Ponto de Cem Réis, em Vila Isabel, onde conheceu alguns sambistas do Salgueiro: Canuto, com quem compôs o samba “Esquecer e perdoar” e, Antenor Gargalhada, que era o principal dirigente da Escola de Samba Azul e Branco, do morro do Salgueiro, e seu parceiro no samba “Eu agora fiquei mal”. Estes dois sambas foram gravados por Canuto na Parlophon.
Em 1932, atuou durante algum tempo como contra-regra do Programa Casé, na Rádio Philips, onde se apresentou também como cantor ao lado de Almirante, João de Barro, Patrício Teixeira e Marília Batista.  Ia constantemente ao café Nice, onde compôs naquele ano o samba “Coração”, uma influência do curso de medicina, cujas aulas freqüentava cada vez menos, e que dizia em alguns de seus versos: “Coração/Grande órgão propulsor/Transformador do sangue/Venoso em arterial…”. Nesse mesmo ano, em uma festa no Grêmio Esportivo 11 de julho, conheceu aquela que ele julgava ser sua melhor intérprete, a cantora Marília Batista. Ainda no mesmo ano, passou para a Odeon onde lançou no disco de estréia os sambas “Quem dá mais?” e “Coração”. Também em 1932, Francisco Alves gravou seus sambas “Ando cismado” e “Nuvem que passou”, este, uma parceria com Ismael Silva. Já Mário Reis gravou o samba-canção “Mulato bamba” e os sambas “Mentir”, “Uma jura que eu fiz”, parceria com Ismael Silva e Francisco Alves, e “Prazer em conhecê-lo”, uma parceria com Custódio Mesquita, inspirado num encontro com uma ex-namorada, que, estando acompanhado pelo noivo, fingiu não conhecê-lo. Ainda no mesmo período, fez com Francisco Alves, Mário Reis, Nonô e Peri Cunha, uma excursão ao Rio Grande do Sul, com apresentações nas cidades de Porto Alegre, São Leopoldo, Caxias do Sul, Cachoeiro do Sul, Rio Grande e Pelotas. Nessa viagem, teve mais um caso amoroso que rendeu samba com uma mulher que conheceu no Cabaré Clube Jocotó de Porto Alegre e para quem compôs o samba “Até amanhã”, grande sucesso no carnaval do ano seguinte na gravação de João Petra de Barros. Após se apresentar em cidades gaúchas, em Florianópolis(SC) e Curitiba(PR), retornou com o grupo ao Rio de Janeiro em junho de 1932. Foi nesse mesmo período que firmou parceria com Francisco Alves, substituindo Nilton Bastos no trio “Bambas do Estácio”, que passou então a ter denominações variadas como “Gente Boa”, “Turma da Vila” e “Batutas do Estácio”. Também nesse ano, conheceu nos estúdios da Odeon, apresentado por Eduardo Souto, o pianista Vadico, seu futuro parceiro em dez composições e que lhe mostrou seu último samba. Logo recebeu letra do Poeta da Vila, nascendo então o clássico “Feitio de oração”, cujos versos foram inspirados em Julinha, outra de suas namoradas, com quem teve tumultuado caso, e que inspirou também os sambas “Pra esquecer”, “Cor de cinza”, “Meu barracão” e “Vai pra casa depressa”, esse último com música de Francisco Matoso.
Em 1933, gravou com Ismael Silva um samba que curiosamente não era de autoria de nenhum dos dois, “Escola de malandro”, de Orlando Luiz Machado, com acompanhamento do grupo Batutas do Estácio. Com Léo Vilar gravou o samba “Devo esquecer”, de Gilberto Martins. No mesmo disco, gravou o samba “Positivismo”, parceria com Orestes Barbosa, as duas gravações acompanhadas por Pixinguinha e seu conjunto. Nesse mesmo ano, conheceu novos êxitos que se tornaram clássicos da música popular brasileira, como o samba “Fita amarela”, gravado pela dupla Francisco Alves e Mário Reis e muito cantado naquele carnaval. A mesma dupla gravou a marcha “Mas como…outra vez?”, parceria com Francisco Alves, e os sambas “Tudo que você diz” e “Estamos esperando”. Sobre este último, há o registro de que foi feito na rua, no Largo do Maracanã, onde o compositor estava com Cartola e Francisco Alves. Estando sem dinheiro, recebeu a oferta do Rei da Voz de que se fizesse um samba ali na hora, ganharia algum dinheiro, oferta feita também a Cartola, que compôs “Qual foi o mal que eu te fiz?”. Já o Poeta da Vila compôs “Estamos esperando”, que diz em alguns de seus versos: “Estamos esperando, vem logo escutar/O samba que fizemos pra te dar/A rua adormeceu e nós vamos cantar/Aquilo que é só teu, que nos faz penar.” Ainda em 1933, compôs com Valfrido Silva, o samba “Vai haver barulho no chatô”, gravado por Mário Reis e, gravou com a sua Turma da Vila, na verdade, ele, Ismael Silva e Francisco Alves, os sambas “Onde está a honestidade” e “Arranjei um fraseado”, de sua autoria. Na mesma época, Francisco Alves gravou os sambas “Quem não quer sou eu”, parceria com Ismael Silva, e “Não tem tradução”, parceria com Ismael Silva e Francisco Alves. São deste período uma série de sambas que se tornaram clássicos, como “Filosofia”, parceria com André Filho; “Fui louco”, com Alcebíades Barcelos; “A razão dá-se a quem tem”, com Francisco Alves e Ismael Silva, e “Três apitos”. Ainda nesse ano, teve início sua famosa polêmica com o compositor Wilson Batista, que compôs o samba “Lenço no pescoço” enaltecendo a malandragem, e que teve como resposta do compositor da Vila o samba “Rapaz folgado”, que só foi gravado após sua morte por Aracy de Almeida. Em “Lenço no pescoço”, por exemplo, Wilson fazia a apologia do sambista malandro, idéia com a qual o compositor de “Feitiço da Vila” não concordava, pois achava que ela denegria a imagem dos sambistas. Por isso contestou com “Rapaz folgado” em que diz: “Malandro é palavra derrotista/Que só serve pra tirar/Todo valor do sambista”.  A tréplica de Wilson Batista veio através de “Mocinho da Vila”, que não foi gravado. A polêmica encerrou-se momentaneamente aí.
Durante o ano de 1933, teve mais de trinta composições gravadas. Em 1934, gravou com João Petra de Barros o samba “Sentinela alerta”, de Ary Barroso. No mesmo ano, excursionou com o Grupo Gente do Morro, composto por ele, Benedito Lacerda, Russo do Pandeiro, Canhoto e outros, à cidade de Campos, em viagem que pretendia seguir ao norte do país, o que acabou não ocorrendo, resumindo-se a apresentações em Campos, Muqui e Vitória. Ainda nesse ano, conheceu no Cabaré Apolo, na Lapa, a dançarina Ceci, de apenas 16 anos, seu grande amor, e para quem compôs oito sambas, entre os quais, os clássicos “Pra que mentir?”, parceria com Vadico, “O maior castigo que te dou” e “Último desejo”.
Em 1935, gravou com acompanhamento de conjunto regional o samba-canção “João Ninguém”, de sua autoria e o samba “Conversa de botequim”, parceria com Vadico, cujos versos mostram seu talento como cronista da vida da cidade: “Seu garçom/Me empreste algum dinheiro/Que eu deixei o meu/Com o bicheiro (…) Vá perguntar ao seu/Freguês do lado/Qual foi o resultado/Do futebol”. Nesse mesmo ano, devido a seu estado de saúde, viajou para Belo Horizonte a fim de descansar, mas acabou não conseguindo se afastar da vida boêmia. Ali fez apresentações em cafés e cantou na Rádio Mineira. De volta ao Rio de Janeiro, seguiu intensa atividade artística, compondo novos sambas como “Silêncio de um minuto” e outros. Regressou de Belo Horizonte num sábado e já no domingo, apresentou-se no “Programa suburbano”, apresentado por Allah Xavier, na Rádio Guanabara, onde cantou o samba “Só pode ser você”, inspirado em uma visita de Ceci à casa de sua mãe, no tempo em que esteve em Minas Gerais. Nesse mesmo ano de 1935, Almirante conseguiu-lhe um emprego na Rádio Clube do Brasil, sugerindo ao “Poeta da Vila” que trabalhasse como libretista no programa “Como se as óperas célebres do mundo houvessem nascido aqui no Rio”, parodiando obras de Verdi e Pucini, entre outros. Redigiu na época o programa “Conversa de esquina”, apresentado em esquetes humorísticos. Escreveu, para ser musicado por Arnald Gluckman, o libreto da ópera “O Barbeiro de Niterói”, uma paródia ao “Barbeiro de Sevilha”. Fez também a revista radiofônica “Ladrão de galinha” na qual usava melodias de sucesso na época. Nesse mesmo período, retomou sua famosa polêmica musical com Wilson Batista, que havia feito um samba em que rebatia o “Feitiço da Vila”. Escreveu então como resposta o samba “Palpite infeliz” no qual dizia “Quem é você que não sabe o que diz/Meu Deus do céu,/Que palpite infeliz!/Salve Estácio, Salgueiro Mangueira/Oswaldo Cruz e Matriz/Que sempre souberam muito bem/Que a Vila não quer abafar ninguém,/Só quer mostrar que faz samba também”. Wilson Batista respondeu com dois novos sambas “Frankstein da Vila” e “Terra de cego”, que terminaram sem resposta. Os dois compositores conheceram-se pessoalmente na Lapa, no restaurante “Leitão”, ocasião na qual mantiveram amistosa conversa. Noel pediu então a Wilson Batista para fazer uma nova letra para a melodia de “Terra de Cego”.  Ali mesmo nasceu “Deixa de ser convencida”, provavelmente mais uma das letras inspiradas em seu amor por Ceci. Encerrava-se assim a polêmica com uma inusitada parceria entre os dois compositores. “Deixa de ser convencida” permaneceu inédita em disco até ser gravada por Cristina Buarque, somente no ano 2000, num CD dedicado ao repertório de Wilson Batista.
Foi também em 1935 que Aracy de Almeida gravou o samba “Riso de criança”, iniciando assim uma série de gravações que a transformaram numa das principais intérpretes de Noel. Ainda em 1935, destacaram-se os sambas “Cansei de implorar”, com Arnold Glückmann e a marcha “Pierrô apaixonado”, com Heitor dos Prazeres. Em 1936, gravou com Marília Batista e acompanhamento de Pixinguinha e sua orquestra os sambas “De babado”, parceria com João Mina, e “Cem mil réis”, parceria com Vadico. Em 11 de novembro do mesmo ano, voltou a gravar com Marília Batista, desta vez com acompanhamento de Benedito Lacerda e seu conjunto regional,  os sambas “Provei”, parceria com Vadico, e “Você vai se quiser”, de sua autoria. Sete dias depois, realizou na Victor, com a mesma Marília Batista e acompanhamento dos Reis do Ritmo, aquela que foi a sua última gravação, registrando os sambas “Quem ri melhor”, de sua autoria, e “Quantos beijos”, parceria com Vadico. Ainda no mesmo ano, recebeu o convite de Carmem Santos e escreveu seis músicas para o filme “Cidade mulher”: o samba “Tarzan, o filho do alfaiate”; parceria com Vadico; os sambas “Morena sereia” e “Na Bahia”, com José Maria de Abreu; a valsa-canção “Numa noite à beira mar”, o samba “Dama do cabaré”, além da música título, que era uma marcha.  Terminou também nessa época a originalíssima opereta “A noiva do condutor”, obra inteiramente escrita por ele, que dividiu a maioria das melodias com o maestro húngaro Arnold Gluckmann, também contratado da Rádio Clube. Até o final da vida, Almirante acalentou o sonho de levar ao disco essa obra inédita do compositor da Vila. Isso só aconteceria em 1985, cinco anos após a morte de Almirante, em gravação registrada pelos atores-cantores Marília Pera e Grande Otelo e o conjunto Coisas Nossas.
Também em 1936, teve registrada a marcha “Menina dos olhos”, parceria com Lamartine Babo, numa das mais raras gravações da discografia popular brasileira feita pela inédita dupla Gaúcho e Orlando com acompanhamento dos Diabos do Céu. A gravação seria feita pela dupla Joel e Gaúcho. Como Joel não pôde comparecer ao estúdio da RCA, acabou substituído nessa gravação por Orlando Silva. Ainda nesse mesmo ano, o mesmo Orlando Silva lançou a marcha “Cidade mulher” e o samba “Pela primeira vez”, parceria com Cristóvão de Alencar.
Em 1937, teve agravado seu estado de saúde e viajou durante algum tempo para a cidade de Nova Friburgo(RJ), onde, entretanto, continuou com a vida boêmia de sempre, freqüentado bares e fazendo apresentações, como a no Cine Ideal. De volta ao Rio de Janeiro, compôs aquele que foi seu último samba e última composição, “Eu sei sofrer”, cujos versos diziam: “Quem é que já sofreu mais do eu/Quem é que já me viu chorar?/Sofrer foi o prazer que Deus me deu/Eu sei sofrer sem reclamar/Quem sofreu mais do que eu não nasceu/Com certeza Deus já me esqueceu”. Seu estado de saúde agravou-se de maneira irreversível e a 4 de maio daquele ano veio a falecer em sua residência na Rua Teodoro da Silva, em Vila Izabel. Meia hora depois de seu falecimento chegaram em sua casa a cantora Aracy de Almeida e o compositor e instrumentista Benedito Lacerda para mostrar-lhe a gravação que haviam feito, naquela tarde, de sua última composição, “Eu sei sofrer”.
Em 1938, Aracy gravou o samba “Rapaz folgado” e Sílvio Caldas o samba “Pra que mentir”, parceria com Vadico, ambos na RCA. Nesse mesmo ano, João de Barro (Braguinha) fez alterações na marchinha “Linda pequena”, de parceria dos dois, dando-lhe o novo título de “As pastorinhas”. A marcha modificada venceu então o concurso de músicas carnavalescas daquele ano. Também em 1938, foi lançada a gravação do samba “Último desejo”, feita por Aracy de Almeida no ano anterior, sem que o compositor chegasse a ouvir a gravação de uma de suas obras mais célebres, cuja partitura foi ditada no leito de morte para o parceiro Vadico.
Em 1939, Sílvio Caldas fez sucesso com seu samba “Pra que mentir”, parceria com Vadico, composto dois anos antes. Em 1940, Marília Batista gravou o samba “Silêncio de um minuto”. Em 1941, o escritor José Lins do Rego, autor de clássicos da literatura brasileira como “Menino de Engenho” e “Fogo Morto”, acalentava o sonho de escrever uma biografia de Noel Rosa segundo uma entrevista sua a Diretrizes, publicação dirigida por Samuel Wainer, o que acabou não acontecendo. Em 1946, Carlos Galhardo registrou a canção “Queixumes”, parceria com Henrique Brito. Em 1947, Aracy de Almeida foi um dos destaques do ano pela gravação do seu samba “Pela décima vez”, composto doze anos antes.
Em 1950, a cantora Aracy de Almeida deu início a um movimento de redescoberta da obra do compositor e gravou pela Continental uma série de três discos com as seguinte músicas de Noel:  “Palpite infeliz”, “Último desejo”, “Não tem tradução”, “O X do problema”, “Conversa de botequim” e “Feitiço da Vila”, as duas últimas, parcerias com Vadico. O primeiro desses discos recebeu arranjos de Radamés Gnatalli, capa de Di Cavalcanti e textos de Lúcio Rangel e Fernando Lobo. Em 1951, Almirante lançou na Rádio Tupi do Rio de Janeiro a série de programas radiofônicos intitulada “No tempo de Noel Rosa”.
Em 1954, o cronista Rubem Braga, em artigo para a Revista da Música Popular, em seu primeiro número, escrevia sobre Noel: “Lembro-me de uma noite em que fui ouvir um ensaio da Escola da Estação Primeira da Mangueira. O preto Cartola fez cantar os sambas da Escola. E o único samba lá de baixo, o único samba não produzido na própria escola que ali se cantou foi o Palpite infeliz. O morro respeitando Noel. Depois do estribilho, Cartola e outro preto iam improvisando novas letras, numa fertilidade espantosa e absurda: Bidú Saião um dia deste estristeceu/Tomou veneno pra morrer e não morreu…/Subiu no morro e encontrou linda atriz/Quem é você que não sabe o que diz!. Só quem conhece uma escola de samba com o seu imenso orgulho exclusivista pode conceber o valor de uma homenagem como essa prestada a Noel”.
Em 1955, o cantor Nelson Gonçalves lançou pela RCA o LP “Nelson canta Noel”, no qual interpretou, entre outras composições, os sambas “Feitiço da Vila”, “Com que roupa” e “Quando o samba acabou”.
No mesmo ano, seu primo-irmão, Jaci Pacheco, lançou a primeira obra biográfica sobre sua vida intitulada “Noel Rosa e sua época”. Em 1958, o mesmo Jaci Pacheco complementou a obra com um segundo livro intitulado “O cantor da Vila (Documentos e episódios inéditos da vida de Noel Rosa)”. No ano seguinte, o compositor e pesquisador Almirante proferiu no Teatro Maison de France a conferência “Retrato musical de Noel Rosa”.
Em 1960, por ocasião do cinqüentenário de seu nascimento, foi inaugurado, por iniciativa da Associação Atlética Vila Isabel, um mausoléu em sua homenagem no Cemitério do Caju. Em 1962, recebeu nova homenagem com a inauguração da Escola Noel Rosa, na Rua Barão do Bom Retiro, no Rio de Janeiro, no local onde existiu o antigo Jardim Zoológico. No mesmo ano, por ocasião dos 25 anos de sua morte foi homenageado com o LP “Noel Rosa vinte anos depois”, no qual foram gravadas dez composições de sua autoria na interpretação de dez diferentes artistas: “Feitiço da Vila” por Ângela Maria, “O orvalho vem caindo”, pelo Quarteto Excelsior, “Último desejo”, “Feitio de oração”, e “Balão apagado”, interpretados por Elizeth Cardoso, “Conversa de botequim”, por Dolores Duran, “Até amanhã”, por Waldir Calmon e seu conjunto, “Fita amarela”, por Altamiro Carrilho e sua bandinha, “Pastorinhas”, por Aloysio Figueiredo e seu conjunto, e “Palpite infeliz” na interpretação de Roberto Silva. Em 1963, Almirante lançou a célebre biografia do compositor, “No tempo de Noel Rosa”, listando 212 obras de sua autoria. Em 1968, no LP “Velloso, Bethânia e Gil”, lançado pela RCA Victor, a cantora baiana Maria Bethânia dedicou todo o lado B do disco, intitulado “Bethânia canta Noel”, ao compositor da Vila, interpretando os sambas “Três apitos”, “Pra que mentir”, “Feitio de oração”, “Último desejo”, “X do problema” e “Silêncio de um minuto”.
Em 1971, foi relançado o LP “Nelson canta Noel”. Em 1974, no LP “Sinal fechado”, o cantor Chico Buarque gravou o samba “Filosofia”, parceria com André Filho.
Sua obra foi bastante revitalizada pelo conjunto “Coisas Nossas”, que na década de 1980 gravou os discos “Noel Rosa – inédito e desconhecido” e “A noiva do condutor”, este último com as participações especiais de Grande Otelo e Marília Pera. No primeiro, destacam-se composições até então não gravadas, com parceiros ilustres como Lamartine Babo, Ary Barroso, João de Barro e Ismael Silva, entre outros. “A Noiva do Condutor” é a gravação integral da opereta composta em 1935 em parceria com o maestro Arnold Gluckmann. Na mesma década, o conjunto vocal MPB4 lançou o LP “Feitiço Carioca”, inteiramente dedicado à obra do Poeta da Vila e com alguns arranjos mais ousados, que provocaram estranhamento aos apreciadores de sua obra.
Em 1987, por ocasião dos 50 anos de sua a morte, foi homenageado pela gravadora Continental com o LP “Uma rosa para Noel – 50 anos depois”, com oito composições do Poeta da Vila interpretadas por ele mesmo com arranjos originais e reconstituição musical do maestro Edson José Alves, incluindo, entre outras, “Positivismo”, parceria com Orestes Barbosa; “Coisas nossas”; “Mulher indigesta” e “Vejo amanhecer”, parceria com Francisco Alves interpretada em dueto com Ismael Silva.
Nos anos 1990, o cineasta Rogério Sganzerla lançou um curta-metragem inspirado na vida trágica do artista, e sua história também chegou aos palcos na montagem teatral dirigida por Domingos de Oliveira e estrelada por Pedro Cardoso e, anos mais tarde, na que trouxe Marcelo Novaes no papel de Noel Rosa, à frente de um elenco que incluía a cantora Elza Maria vivendo Aracy de Almeida. Um dos integrantes do Coisas Nossas, Carlos Didier, o Caola, escreveu com o jornalista e crítico João Máximo um livro fundamental lançado em 1990 pela Editora da Universidade de Brasília (UnB) e a Linha Gráfica Editora: “Noel Rosa, uma biografia”.
Na coleção “Mestres da MPB”, projeto de Tárik de Souza e Carlos Alberto Sion, a gravadora Continental lançou em 1994 o CD “Noel Rosa e Aracy de Almeida”, com remasterização em sistema digital de gravações originais.  A admiração por sua obra e a revalorização de seus sambas continuam a acontecer, a exemplo do CD lançado pelo cantor Zé Renato, “Filosofia”, em que canta exclusivamente canções de Noel e também de Chico Buarque. O músico Henrique Cazes (um dos integrantes do Coisas Nossas) e a cantora Cristina Buarque gravaram em 2001 um CD inteiramente dedicado ao seu repertório, disco que foi acompanhado por show levado pela dupla a vários palcos do país. Em 2004, seus samba “Fui louco”, com Bide, e as marchas “Eu queria um retratinho de você” e “O sol nasceu para todos”, ambas com Lamartine Babo, foram incluídos na caixa de três CDs “Um cantor moderno” lançada pela BMG com a obra do cantor Mário Reis. Em 2006, foi homenageado por ocasião da passagem dos seus 96 anos de nascimento, com um show do grupo curitibano do cantor Marcio Juliano. Em 2007, a Rádio MEC lançou o CD triplo “Acervo Rádio MEC” do qual fazem parte a série de 19 programas sobre sua vida e carreira artística intitulados “O assunto é Noel” produzidos por Paulo Tapajós em 1987. Nesse ano, por ocasião dos 70 anos de sua morte, foi homenageado no bairro de Vila Isabel, onde nasceu, viveu e morreu, com um grande show que contou com direção musical de Henrique Cazes e participação dos músicos Luis Filipe Lima, no violão; Itamar Assiere no piano; Dirceu Leite nos sopros; Beto Cazes e Paulino Dias na percussão, além do prórpio Henrique Cazes no cavaquino. Tomaram parte do show os cantores Roberto Silva, Cristina Buarque, Nilze Carvalho e Marcos Sacramento. No show foram interpretadas as seguintes composições. “Eu vou pra Vila”, “Conversa de botequim”, “Feitio de oração”, e “Com que roupa”, na voz de Nilze Carvalho; “Só pode ser você”, “Mulato bamba”, “Meu barracão” e “Triste cuíca”, por Marcos Sacramento; “O x do problema”, “Cem mil réis”, “Quem ri melhor”, “Julieta” e “Três apitos”, por Cristina Buarque, e “Fita marela”, “Dama do cabaré”, “Palpite infeliz” e “Feitiço da Vila”, na voz de Roberto Silva. Encerrando o show que foi realizado na rua, no Boulevard 28 de Setembro com grande presença de público, os quatro cantores presentes entoaram em coro com os presentes os clássicos “O orvalho vem caindo”, “Até amanhã” e “As pastorinhas”, esta última, uma parceria com Braguinha. Ainda em 2007, estreou o filme “Noel – O poeta da Vila”, dirigido por Ricardo Van Steen, e que retrata a vida e a carreira do compositor que é interpretado pelo ator Rafael Raposo, que impressiona pela semelhança física com o “Poeta da Vila”. O filme contou com trilha sonora de Arto Lindsay e do violonista Luís Filipe de Lima, e teve ainda as participações dos músicos Otto, Wilson das Neves, Eduardo Galotti e Mário Broder. Ao longo do filme são interpretados clássicos do compositor como “Com que roupa?”, “Três apitos”, “Silêncio de um minuto”, “Ilustre visita” e “Dama do cabaré”, entre outras. Também por conta das homenagens pelos 70 anos de sua morte, foi apresentado no “Viva Rio” o espetáculo “Uma noite com Noel Rosa” no qual os cantores Ney Matogrosso, Roberta Sá, Rodrigo Maranhão, Zé Renato, Diogo Nogueira, e Maurício Pessoa, além do grupo Anjos da Lua, se reuniram para “cantar a vida e a obra do poeta da Vila”, conforme diz o texto de divulgação do show. Em 2008, foi homenageado na abertura da série “MPB e Jazz” no palco do Canecão com a presença da orquestra Petrobrás Sinfônica com regência de Wagner Tiso e Carlos Prazeres. Contando ainda com as participações especiais de Beth Carvalho e Diogo Nogueira, foram interpretados clássicos do compositor da Vila Izabel como “Conversa de botequim”, “Filosofia”, “Não tem tradução”, “Gago apaixonado”, “Feitiço da Vila” e “Último desejo”, além de “Pierrot apaixonado”, parceria com Heitor dos Prazeres, e “As pastorinhas”, com Braguinha. Em 2009, abrindo as comemorações pelo centenário de nascimento do compositor foi lançado pelo Instituto Cultural Cravo Albin dentro da série MPB pela MPE uma caixa de quatro CDs intitulada “Noel é 100” com produção artística e textos de Ricardo Cravo Albin, e assistência de produção e montagem de Carlos Savalla. Os CDs foram divididos em eixos temáticos. O volume 1 apresenta gravações do próprio compositor com ele interpretando os sambas “Malandro medroso”; “Com que roupa”; “Quem dá mais”; “Mulata fuzarqueira”; “Coração”; “João ninguém”; “Cordiais saudações”; “Conversa de botequim”, e “Vou te ripar”, todas em gravações solo do próprio autor, além de “Cem mil réis” e “De babado”, com a participação de Marília Batista; “Seu Jacinto” e “Quem não dá”, com a participação de Ismael Silva, e “Onde está a honestidade”, com a participação da Turma da Vila. O volume 2 apresenta as nove composições que envolveram a famosa polêmica musical entre o “Poeta da Vila” e o sambista Wilson Batista, sendo interpretadas por Roberto Paiva os sambas “Lenço no pescoço”; “Mocinho da Vila”; “Frankstein da Vila”; “Conversa fiada”, e “Terra de cego”, já Francisco Egídio gravou os sambas compositor de Vila Isabel: “Rapaz folgado”; “Palpite infeliz”; e “Feitiço da Vila”, ainda fazem parte desse volume as gravações dos sambas “Pra me livrar do mal”, com Ismael Silva, e “Quem não quer sou eu”, na voz de Francisco Alves; “A razão dá-se a quem tem”, com Ismael Silva, e “Quando o samba acabou”, nas gravações de Mário Reis, e “É preciso discutir”, no dueto entre Francisco Alves e Mário Reis. No terceiro volume são apresentadas obras carnavalescas em diversas interpretações: “AEIOU”, com Lamartine Babo, na interpretação de Arrelia e Lamartine Babo; “O orvalho vem caindo”, com Elza Soares; “Dona do lugar”, com Jonjoca e Castro Barbosa; “Felicidade”, com Carlos Galhardo; “Escola de malandro”, em dueto entre o Poeta da Vila e Ismael Silva; “As pastorinhas”, na voz de Sylvio Caldas; “Vai haver barulho no chatô”, com Walfrido Silva, na gravação de Mário Reis; “Pela décima vez”, na voz de Dalva de Oliveira; “Estamos esperando”, no dueto entre Francisco Alves e Mário Reis; “Você vai se quiser”, no dueto entre o autor e Marília Batista; “Você só…mente”, em dueto entre Francisco Alves e Aurora Miranda; “Arranjei um fraseado”, na interpretação do autor com a Turma da Vila; “Prazer emconhecê-lo”, na voz de Mário Reis; e “Até amanhã”, na gravação do Trio Irakitan. O quarto volume apresenta gravações feitas a partir da década de 1960, em diferentes vozes da música popular brasileira: “Gago apaixonado” e “Não tem tradução”, na voz de João Nogueira; “Conversa de botequim”, na de Dóris Monteiro; “Pra que mentir”, na de Paulinho da Viola; “Onde está a honestidade”, na interpretação de Beth Carvalho; “Filosofia”, na gravação de Mário Reis de 1971; “Último desejo”, na voz de Maria Betânia; “Palpite infeliz”, na de Roberto Silva; “Feitiço da Vila”, com Vadico, na gravação de Elizeth Cardoso; “Três apitos”, na de Mitinho; “Feitio de oração”, com Vadico, na de Ângela Maria; “Só poderia ser você”, na gravação de Márcia; “Pra esquecer”, na de Clara Nunes, e “De qualquer maneira”, com Ary Barroso, com o Trio Irakitan. Ainda em 2009, foi escolhido como enredo da escola de samba Unidos de Vila Isabel, cujo samba-enredo, “Noel: a presença do Poeta da Vila” foi composto por Martinho da Vila. Também nesse ano, por ocasião da data em que se comemoraram seus 99 anos de nascimento foi homenageado com um grande show na quadra da escola de samba Unidos de Vila Isabel. Foi lançado ainda em 2009, o CD “Noel – Poeta da Vila” com a trilha sonora do filme homônimo  com interpretações de suas obras a cargo de Wilson das Neves, Itamar Assiere, Paulão 7 Cordas e Otto. Em 2010, por conta do centenário de seu nascimento foi lançado pela editora paulista Terceiro Nome o livro “Noel Rosa – A noiva do condutor” com o esboço do roteiro e as letras das canções da opereta que o compositor e o maestro Arnold Gluckman escreveram em 1935 para a Rádio Clube do Brasil mas que motivos ignorados nunca foi ao ar. Segundo o jornalista João Máximo, “Formalmente, não se trata de uma opereta, e sim de uma curta e ingênua comédia musical. Difere das duas experiências anteriores de Noel, em termos de teatro musical radiofônico: “O barbeiro de Niterói” e “O ladrão de galinha”. Nestas, Noel abraçava um de seus gêneros favoritos, a paródia, apondo letras cheias de humor a melodias alheias. Em “A noiva do condutor”, são originais tanto as melodias (duas do próprio Noel e as demais de Glückmann) como as letras. Da mesma forma, é original o enredo esboçado por Noel sobre alguns de seus temas mais recorrentes, o dinheiro, a mentira, o oportunismo, a mulher que se conquista com carícias de papel.” Ainda segundo João Máximo, “Noel Rosa, como já disse Ary Barroso, “criou um estilo”. E nisso, foi mais cronista do que poeta. Contador  de histórias, fixador de tipos, observador da sociedade meio marginal do seu tempo, é aí que se deve ver nele a promessa de um autor teatral a expressar-se com a música.” Ainda por conta das comemorações pelo seu centenário de nascimento foi publicada no jornal O Globo pelo jornalista João Máximo uma entrevista imaginária na qual o jornalista listou entrevistas concedidas pelo compositor e remontou essa fictícia entrevista. Foi ainda lançado pela Casa da Palavra o livro “Noel Rosa, o poeta da cidade”, de André Diniz, em evento realizado na casa de shows Trapiche Gamboa com show da cantora Soraya Ravenle recriando clássicos do compositor. Foram ainda lançados os CDs “Scenarium de Noel” com gravações do grupo Scenarium Musical formado por jovens alunos do Instituto Rio Scenarium, e o CD “Noel Rosa: Universidade da Vila” que foi produzido por Marcelo Fróes para o selo Discobertas e no qual Joyce, Zélia Duncan, Isabella Taviani, Ivan Lins, Jorge Versíllo e Paulinho Moska cantaram obras do Poeta da Vila. Ainda em 2010, o jornalista Francisco Bosco em artigo para o jornal O Globo intitulado “O filósofo do samba” ressaltou o lado filosófico da obra do compositor. No artigo o jornalista afirma: “Noel levaria ao universo dessas canções mundanas, de base ritmica negra e calcadas na oralidade, uma profundidade e um alcance artístico sem precedentes, tendo como matéria-prima a mesma coloquialidade. (…) O filosófico, em Noel, se deixa ler em pelo menos duas dimensões. Uma, mais evidente, é a dimensão ética. (…) A outra dimensão é menos evidente. Ela está na capacidade de ver os pontos em que a realidade se fratura em dois níveis. Essa fratura, Noel a flagra em vários versos.” Também em 2010, dentro das celebrações para o centenário, o crítico e historiador R. C. Albin foi convidado por Arnaldo Niskier para gravar na Academia Brasileira de Letras quatro programas de meia hora, que foram transmitidos pelo TVU (Canal Universitário). O último programa dessa série teve como convidado especial o compositor Martinho da Vila. Em 2011, foi lançado pelo selo Discobertas em convênio com o ICCA – Instituto Cultural Cravo Albin a caixa “100 anos de música popular brasileira” com a reedição em 4 CDs duplos dos oito LPs lançados com as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin na Rádio MEC em 1974 e 1975. Nesses CDs estão incluídas seus sambas “Com que roupa” e “Conversa de botequim” na voz de Paulo Marquês, e “Feitiço da Vila” e “Último desejo”, na voz de Odete Amaral. Em 2013, foi relançada sua primeira biografia, o livro “No tempo de Noel Rosa – O nascimento do samba e a era de ouro da música brasileira”, de Almirante, pela Sonora Editora, com prefácio de Marcelo Fróes para essa terceira edição da Obra. A primeira edição, com prefácio de Edigar de Alencar foi lançada em 1963. A partir do livro foi montada uma exposição homenageado o compositor e o autor da biografia, no Instituto Cultural Cravo Albin, onde o livro seria lançado. Em 2014, comprovando-se mais uma vez a vitalidade de sua obra, foi homenageado pela cantora Valéria Lobão, que gravou o CD “Noel Rosa, preto e branco”, com 22 obras do poeta da Vila, nas quais foi acompanhada somente por pianistas. Entre as faixas e suas participações especiais constam “Pastorinhas”, com João de Barro, com arranjo e piano de  André Mehmari; “Você só mente”, com Francisco Alves e Hélio Rosa, com arranjo e piano de Adriano Souza; “Julieta”, com Eratóstenes Frazão, com arranjo e piano de Rafael Martini; “Eu agora fiquei mal”, com Antenor Gargalhada, com arranjo e piano de Fernando Leitzke; “Só pode ser você”, com Vadico, com arranjo e piano de Rafael Vernet  e participação especial da cantora Joyce Moreno; “Pra que mentir”, com Vadico, com arranjo e piano de Vitor Gonçalves, “Sinhá Ritinha”, com Moacyr Pinto, com arranjo de André Mehmari e piano de Robert Fuchs, “Feitio de oração”, com Vadico, com arranjo e piano de Itamar Assière; “Suspiro”, com Orestes Barbosa, com arranjo e piano de Gabriel Geszti, “Positivismo”, com Orestes Barbosa, com arranjo e piano de Cliff Korman; “Filosofia”, com André Filho, com arranjo e piano de Itamar Assiére, e “Triste cuíca”, com Hervê Cordovil, com arranjo e piano de Marcos Nimrichter, além das obras solo “Mulato bamba”, com arranjo e piano de Gilson Peranzzetta; “Pela décima vez”, com arranjo e piano Duo Gisbranco e participação de M. Baltar, “Minha viola”, com arranjo e piano de Leandro Braga, “Meu barracão”, com arranjo e piano de Marcelo Caldi, “Verdade duvidosa”, com arranjo e piano de Tomás Improta; “E não brinca não”, com arranjo e piano de Cláudio Andrade e participação de Marcelo Pretto; “Cor de cinza”, com arranjo e piano de João Donato; “Eu sei sofrer”, com arranjo e piano de Eduardo Farias e participação especial da cantora Nina Wirtti; “Eu vou pra Vila”, com arranjo e piano de Cristóvão Bastos e participação dos cantores João Cavalcanti e Moyséis Marques, e “Último desejo”, com arranjo e piano de Carlos Fuchs. Em 2015, foi levada à cena, no Centro Cultural Correios, uma adaptação de sua opereta “A Noiva do Condutor”, composta em parceria com o maestro húngaro Arnold Gluckman, e levada ao público pela primeira vez apenas em 1985 quando foi gravada em LP por Marília Pera e Grande Otelo. Em sua nova montagem, a opereta foi dirigida por Djalma Thurler, com direção musical de Glória Valvente. Nesta versão, além das composições originalmente integrantes da peça foram incluídas outras composições do “Poeta da Vila”, como “Último Desejo”. Em 2017, por ocasião dos 80 anos de sua morte foi lançado o livro “Conversas de botequim”, organizado pelos escritores Henrique Rodrigues e Marcelo Moutinho com uma série de contos escritos por diferentes autores, a partir de composições suas, como Nei Lopes, que a partir do samba “Mulato bamba” escreveu um conto tendo o próprio c Poeta da Vila como personagem, e Aldir Blancm, que a partir do samba “Feitiço da Vila” escreveu um conto homenageando o pai e o bairro de Vila Isabel. Em 2018, foi homenageado pela cantora Teresa Cristina no CD “Teresa Cristina canta Noel Rosa”, com produção de Caetano Veloso e acompanhamento de Carlinhos Sete Cordas ao violão. NO CD, lançado em shows no Teatro Net Rio, a cantora interpretou clássicos do “Poeta da Vila” como “Feitio de oração”, “O X do problema”, “Não tem tradução”, “Positivismo”, “Pela décima vez”, “Onde está a honestidade?” e “Quando o samba acabou”, entre outras.

Discografias
1994 Continental CD Noel Rosa e Aracy de Almeida

Mestres da MPB

1987 Continental LP Uma rosa para Noel - 50 anos depois
1971 RCA Camden LP Nelson interpreta Noel
1967 RCA Camden LP Noel Rosa
1965 LP Noel Rosa

Museu da Imagem e do Som

1936 Odeon 78 De babado/Cem mil réis

(Com Marília Batista)

1936 Odeon 78 Provei/Você vai se quiser

(Com Marília Batista)

1936 Victor 78 Quem ri melhor/Quantos beijos

(Com Marília Batista)

1935 Odeon 78 João Ninguém/Conversa de Botequim
1934 Odeon 78 Sentinela alerta

(Com João Petra de Barros)

1933 Odeon 78 Escola de malandro

(Com Ismael Silva)

1933 Odeon 78 Onde está a honestidade?/Arranjei um fraseado
1933 Columbia 78 Positivismo/Devo esquecer

(Com Léo Villar)

1933 Odeon 78 Seu Jacinto/Quem não dança

(c/ Ismael Silva)

1932 Columbia 78 Coisas nossas/Mulher indigesta
1932 Columbia 78 Mentiras de Mulher(Com Artur Costa)/Felicidade
1932 Odeon 78 Quem dá mais?/Coração
1931 Parlophon 78 Cordiais saudações/Mulata fuzarqueira

(Com o Bando de Tangarás)

1931 Columbia 78 Gago Apaixonado
1931 Parlophon 78 O pulo da hora/Vou te ripar
1931 Victor 78 Por causa da hora/Nunca...jamais...
1931 Parlophon 78 Samba da boa vontade/Picilone

(Com o Bando de Tangarás)

1930 Parlophon 78 Com que roupa?/Malandro medroso
1930 Parlophon 78 Festa no céu/Minha viola
Obras
A Genoveva não sabe o que diz
A melhor do planeta (c/Almirante)
A razão dá-se a quem tem (c/Ismael Silva e Francisco Alves)
A-B-Surdo (c/Lamartine Babo)
A-E-I-O-U (c/Lamartine Babo)
Adeus (c/Francisco Alves e Ismael Silva)
Agora
Alô, beleza
Amor com sinceridade
Amor de parceria
Ando cismado (c/Ismael Silva)
Arranjei um fraseado
Assim, sim (c/Ismael Silva e Francisco Alves)
Até amanhã
Baianinha
Balão apagado (c/ Marília Batista)
Boa viagem (c/ Ismael Silva)
Boas intenções (c/Arnold Glückmann)
Bom elemento (c/ Quidinho)
Cansei de implorar (c/Arnold Glückmann)
Cansei de pedir
Canção do galo capão
Capricho de rapaz solteiro
Cem mil-réis ou Você me pediu (c/Vadico)
Chuva de vento
Cidade-mulher
Cinema-falado ou Não tem tradução
Coisas nossas ou São coisas nossas
Com que roupa?
Condena o teu nervoso
Contraste
Conversa de botequim (c/Vadico)
Cor de cinza
Cordiais saudações
Dama do cabaré
De babado (c/João Mina)
De qualquer maneira (c/Ary Barroso)
Deixa de ser convencido (c/Wilson Batista)
Devo esquecer (c/Gilberto Martins)
Disse-me-disse
Dona Araci
Dona Emília (c/Glauco Viana)
Dona do meu nariz
Envio estes mal traçados
Escola de malandro (c/Orlando Santos)
Esquecer e perdoar (c/Canuto)
Esquina da vida ou Na esquina da vida (c/Francisco Matoso)
Estamos esperando
Este meio não serve (c/Donga)
Estrela da manhã (c/Ary Barroso)
Estátua da paciência (c/Jerônimo Cabral)
Eu agora fiquei mal (Antenor Gargalhada)
Eu não preciso mais do seu amor
Eu queria um retratinho de você (c/Lamartine Babo)
Eu sei sofrer
Eu vi num armazém
Eu vou pra Vila
Faz-de-conta que eu morri
Feitio de oração (c/Vadico)
Feitiço da Vila (c/Vadico)
Felicidade ou Que bom, felicidade que vai ser (c/Renê Bittencourt)
Festa do céu
Filosofia (c/André Filho)
Finaleto (c/Arnold Glückmann)
Fiquei rachando lenha (c/Hervé Cordovil)
Fiquei sozinho (c/Adauto Costa)
Fita amarela
Fita de cinema
Foi ela
Fui louco (c/Bide)
Gago apaixonado
Gosto, mas não é muito (c/Ismael Silva e Francisco Alves)
Habeas corpus
João ninguém
João teimoso (c/Marília Batista)
Julieta (c/Frazão)
Já não posso mais (c/ Canuto, Puruca e Almirante)
Leite com café ou Morena ou loura (c/Hervé Cordovil)
Linda pequena (c/João de Barro)
Lira abandonada
Madame honesta
Mais um samba popular ou Fiz um poema (c/ Vadico)
Malandro medroso
Marcha da prima... Vera
Marcha do dragão (c/ Vadico)
Mardade de cabocla
Maria-fumaça
Mas como... outra vez? (c/ Francisco Alves)
Mas quem te deu tudo isso?
Menina dos meus olhos (c/ Lamartine Babo)
Mentir ou Mentira necessária
Mentiras de mulher (c/ Artur Costa)
Meu barracão
Meu bem
Meu sofrer ou Queixumes (c/Henrique Brito)
Minha viola
Morena sereia (c/José Maria Abreu)
Mulata fuzarqueira (ou Fuzarqueira)
Mulato bamba ou Mulato forte
Mulher indigesta
Mão no remo ou Iça a vela (c/Ary Barroso)
Na Bahia (c/José Maria de Abreu)
Na esquina da vida
Nega (c/ Lamartine Babo)
Negócio de turco
Nem com uma flor (c/ Francisco Alves)
No baile da flor-de-lis
Numa noite à beira-mar
Nunca... Jamais
Nuvem que passou
Não brinca não ou E não brinca não
Não faz amor (c/Cartola)
Não há castigo (c/Donga)
Não me deixam comer
Não morre tão cedo
Não quero mais (c/Nonô)
Não resta a menor dúvida (c/Hervé Cordovil)
O Joaquim é condutor (c/ Arnold Glückmann)
O maior castigo que eu te dou
O orvalho vem caindo (c/ Kid Pepe)
O pulo da hora (ou Que horas são?)
O que é que você fazia? (c/Hervé Cordovil)
O x do problema
Onde está a honestidade?
Paga-me esta noite
Palpite (c/ Eduardo Souto)
Palpite infeliz
Para atender a pedido
Para bem de todos nós (c/Arnold Glückmann)
Para me livrar do mal (c/ Ismael Silva)
Pastorinhas (c/João de Barro)
Pela décima vez (c/Cristóvão de Alencar)
Perdoa este pecador (c/Arnold Glückmann)
Perdão, meu bem (c/ Ernâni Silva)
Pesado treze
Picilone
Pierrô apaixonado (c/Heitor dos Prazeres)
Por causa da hora
Por esta vez passa
Positivismo (c/ Orestes Barbosa)
Pra esquecer
Pra lá da cidade
Pra que mentir (c/ Vadico)
Prato fundo (c/João de Barro)
Prazer em conhecê-lo (c/ Custódio Mesquita)
Precaução inútil
Pregando no deserto (c/ Nonô)
Primeiro amor (c/ Ernâni Silva)
Proezas do seu fulano
Provei (c/ Vadico)
Quando o samba acabou
Quantos beijos (c/ Vadico)
Que baixo (c/ Nássara)
Que orgulho é este? (c/Alfredo Lopes Quintas)
Que se dane (c/Jota Machado)
Quem dá mais ou Leilão do Brasil
Quem não dança
Quem não quer sou eu (c/ Ismael Silva)
Quem parte, não parte sorrindo
Quem ri melhor
Rapaz folgado
Remorso
Retiro de saudade (c/ Nássara)
Riso de criança ou Seu riso de criança
Roubou mas não leva
Rumba da meia-noite (c/ Henrique Vogeler)
Saber amar (c/ Alfredo Lopes Quintas)
Samba da boa vontade (c/João de Barro)
Saí do presídio
Sei que vou perder (c/Alfredo Lopes Quintas)
Seja breve
Sem tostão
Seu Jacinto
Seu Zé
Silêncio de um minuto
Sinhá Ritinha
Suspiro (c/ Orestes Barbosa)
Século do progresso
Só pode ser você ou Ilustre visita (c/ Vadico)
Só pra contrariar (c/ Manuel Ferreira)
Só você
Tarzã, o filho do alfaiate (c/ Ismael Silva)
Tenentes do diabo (c/ Visconde de Bicuíba e Henrique Vogeler)
Tenho raiva de quem sabe (c/ Kid Pepe e Zé Pretinho)
Tipo zero (c/ Arnold Glückmann)
Triste cuíca (c/ Hervé Cordovil)
Três apitos
Tudo nos une (c/ Arnold Glückmann)
Tudo pelo teu amor (c/ Arnold Glückmann)
Tudo que você diz
Uma coisa ficou
Uma jura que eu fiz (c/ Ismael Silva e Francisco Alves)
Vai haver barulho (c/ Francisco Alves)
Vai haver barulho no chatô (c/ Valfrido Silva)
Vai para a casa depressa ou Cara ou coroa (c/ Francisco Matoso)
Vaidosa
Vejo amanhecer (c/ Francisco Alves)
Verdade duvidosa
Vingança de malandro
Vitória (c/ Nonô)
Você foi meu azar (c/ Artur Costa)
Você só... Mente (c/ Hélio Rosa)
Você vai se quiser
Você é um colosso ou Pisando no meu calo
Você, por exemplo
Voltaste pro subúrbio ou Voltaste
Vou fazer um samba (c/ Russo do Pandeiro)
Vou te ripá
É bom parar (c/Rubens Soares)
É difícil saber fingir
É preciso discutir
Último desejo
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

ALBIN, Ricardo Cravo. O livro de ouro da MPB – A História de nossa música popular de sua origem até hoje. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.

ALMIRANTE. No tempo de Noel Rosa. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1977.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

CABRAL, Sérgio. No tempo de Ary Barroso. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, 1993.

CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário biográfico da música popular. Rio de Janeiro; Edição do autor, 1965.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

EPAMINONDAS, Antônio. Brasil brasileirinho. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1982.

LUNA, Paulo – No compasso da bola. Rio de Janeiro, Irmãos Vitale, 2011.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

MÁXIMO, João e DIDIER, Carlos. Noel Rosa: Uma biografia. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1990.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Vol 1. São Paulo: Editora 34, 1997.

VASCONCELOS, Ary. Panorama da música popular brasileira. Rio de Janeiro: Martins, 1965.

Crítica

Noel Rosa pode não ter sido o melhor compositor da chamada Época de Ouro da música popular brasileira (1930-1945), mas foi, decerto, o mais importante. De uma importância que pode ser resumida em duas palavras: transformação e integração. Como uma e outra, por si só, não dizem muito, é preciso explicá-las. A transformação que Noel Rosa empreendeu diz respeito à lírica da canção popular. Antes, a letra coloquial, anedótica, debochada, satírica, confinava-se aos limites da canção carnavalesca. As letras ditas “sérias”, principalmente as de cunho romântico, perdiam-se em preciosismos, em imagens parnasianas, em exageros poéticos. Foi Noel Rosa quem demonstrou — com suas letras inspiradas no linguajar do povo, nos episódios do dia-a-dia, nos personagens de sua cidade, nos temas de sua época e ao mesmo tempo de todas as épocas, como os maus governos, a falta de dinheiro, a fome, o crime, a mendicância, a marginalidade, a boêmia — que tudo cabe numa canção “séria”, ainda que haja lugar também para o humor e a crítica irreverente. É verdade que, nessa transformação, ele não esteve sozinho. Pelo menos Lamartine Babo foi um aliado de peso. Mas ninguém, nem mesmo Lamartine, levou tão longe sua proposta: até em suas canções de amor, Noel desce das alturas do poeta derramado para o chão do homem comum. E o faz de forma admirável, única. A letra de música torna-se outra forma de arte depois dele. Quanto à integração, refere-se às conscientes viagens que realizou morro acima (Mangueira, Salgueiro, São Carlos, Serrinha, Gamboa, Favela), atrás dos compositores negros que faziam, nos anos 20 e 30, o melhor samba carioca. Noel tornou-se parceiro deles e, como nenhum outro, integrou-se à estética de cada um. Numa época em que parcerias inter-raciais praticamente inexistiam, o jovem branco, culto, da classe média de Vila Isabel, se uniria a nada menos de 13 sambistas de morro (entre os quais Cartola, Bide e Antenor Gargalhada) para enriquecer a música deles e, principalmente, a sua própria. Com isso, seus sambas tornam-se modelos da grande canção popular da Época de Ouro. Tanto nas letras que a partir dele se descobriu serem possíveis (e até aconselháveis) como nas melodias que os

negros lhe passaram. A que outro compositor-letrista daquele tempo se pode atribuir igual importância?

João Máximo