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Nome Artístico
Cauby Peixoto
Nome verdadeiro
Cauby Peixoto Barros
Data de nascimento
10/2/1931
Local de nascimento
Niterói, RJ
Data de morte
15/5/2016
Local de morte
São Paulo, SP
Dados biográficos

Cantor.

Nascido no bairro de Santa Rosa, em Niterói (RJ), em uma família que legou à MPB vários músicos e cantores. Filho de um violonista conhecido como Cadete, sobrinho do famoso Nonô (Romualdo Peixoto), grande pianista, que popularizou o samba naquele instrumento, além de primo de Ciro Monteiro, grande cantor brasileiro que se imortalizou com o apelido de “Formigão”, cantando sambas sincopados com o acompanhamento de caixinhas-de-fósforos. Seus irmãos também se destacaram na área artística: Moacyr Peixoto como pianista, Arakén Peixoto como trompetista e Andyara como cantora. Estudou em um colégio de padres salesianos em Niterói, onde chegou a cantar no coro da igreja. Trabalhou no comércio até resolver participar de programas de calouros no rádio, em 1949, no Rio. No ano 2000, sofreu uma intervenção cirúrgica para a colocação de seis pontes de safena no coração. Considerado um dos mais populares cantores do Brasil e um dos mais bem sucedidos remanescentes da Era do Rádio. Um dos maiores cantores brasileiros de todos os tempos, ícone da Era do Rádio, faleceu aos 85 anos de pneumonia, em São Paulo, pouco antes da realização de um show com a cantora Ângela Maria, comemorativo aos 60 anos de carreira de cada um.

Dados artísticos

Iniciou a carreira no início da década de 1950 apresentando-se em programas de calouros como a “Hoar dos comerciários”, na Rádio Tupi. Atuou em seguida como crooner em diversas boates do Rio de Janeiro. Gravou o primeiro disco pelo selo Carnaval em 1951 com o samba “Saia branca”, de Geraldo Medeiros e a marcha “Ai, que carestia!”, de Victor Simon e Liz Monteiro. Em 1952, transferiu-se para São Paulo onde cantou como “crooner” nas boates Oásis e Arpége, além de apresentar-se na Rádio Excelsior. Sua capacidade de interpretar canções em inglês impressionou o futuro empresário Di Veras, que lhe criou aos poucos uma estratégia de marketing da qual fazia parte a maneira de se trajar, o repertório e atitudes nos palcos. Em 1953, gravou dois discos pelo selo Todamérica com os sambas-canção “Tudo lembra você”, de Marvel, Strachey, Link e Mário Donato; “O teu beijo”, de Sílvio Donato e “Ando sozinho”, de R. G. de Melo Pinto e Hélio Ramos e a toada-baião “Aula de amor”, de Poly e José Caravaggi, com acompanhamento de Poly e seu conjunto. Ainda nesse ano, assinou contrato com a gravadora Columbia na qual estreou no ano seguinte com o samba “Palácio de pobre”, de Alfredo Borba e José Saccomani e a marcha “Criado mudo”, de Alfredo Borba. Em seguida, fez sucesso com o slow-fox “Blue gardênia”, de B. Russel e L. Lee com versão de Antônio Carlos, música tema do filme de Hollywood de igual título, que lhe abriu as portas para o estrelato. Em pouco tempo o cantor se transformou em ídolo do rádio. Entrou para o cast da Rádio Nacional no mesmo ano. Dois anos depois, já era o cantor mais famoso do rádio, substituindo o fenômeno Orlando Silva de 20 anos antes, passando a ser perseguido pelas fãs em qualquer lugar onde estivesse. Muitas vezes, chegava a ter suas roupas rasgadas pelas admiradoras mais veementes, fenômeno inicialmente muito bem planejado pelo empresário Di Veras, como estratégia de marketing. Ainda em 1954, gravou também os sambas-canção “Só desejo você”, de Di Veras e Osmar Campos Filho e “Triste melodia”, de Chocolate e Di Veras e a marcha “Daqui para a eternidade”, de R. Wells, F. Karger e Lourival Faissal.
Em 1955, lançou “Blue gardênia”, seu primeiro LP no qual interpretou entre outras, a música título; “Triste melodia”, de Di Veras e Chocolate; “Um sorriso e um olhar”, de Di Veras e Carlos Lima; “Sem porém nem porque”, de Renato César e Nazareno de Brito e “Final de amor”, de Cidinho e Haroldo Barbosa. Ainda em 1955, foi escolhido pelo crítico Silvio Túlio Cardoso através da coluna “Discos populares” escrita por ele para o jornal O Globo como o “melhor cantor do ano” recebendo como prêmio um “disco de ouro” entregue em cerimônia no Goldem Room do Copacabana Palace. Em meados dos anos 1950, fez excursões aos Estados Unidos, onde gravou várias faixas com o nome Ron Coby, tentando uma carreira internacional que acabou não acontecendo, apesar de ter gravado com um dos grandes maestros da época, Percy Faith. Em 1955, o cronista Louis Serrano do jornal O Globo em sua coluna “Cartas de Hollywood” escreveu sobre ele: “Quem tem recebido elogios rasgados por aqui, é o jovem e modesto Cauby Peixoto. Não posso deixar de trazê-lo muitas vezes à minha coluna, sabendo como por aí devem estar seguindo os passos deste cantor que veio aqui gravar e está  despertando tanto interesse que agora mesmo um caçador de talentos do Arthur Godfrey Show, de Nova York, anda procurando-o por toda a parte. É que Cauby veio para um hotel de Hollywood, o Knicherbocker, para ficar mais perto dos estúdios de gravação da Columbia! Se Cauby tivesse vindo para ficar, estou certo de que depois das apresentações iniciais que tive o gosto de lhe fazer e os contactos que lhe proporcionei, já teria um bom contrato. Mas o tempo limitado o tem feito perder boas propostas. “Too bad”. Em 1956, gravou três LPs. Em “Você, a música e Cauby” lançou o grande sucesso do ano e sua interpretação mais famosa, o samba-canção “Conceição”, de Jair Amorim e Dunga. Do mesmo LP faziam parte ainda “Siga”, de Hélio Guimares e Fernando Lobo e “Molambo”, de Jayme Florence e Augusto Mesquita. No LP “O show vaI começar” interpretou “Volta ao passado”, de Fernando César; “Acaso”, de Othon Russo e Nazareno de Brito; “Amor não é brinquedo”, de Ibraim Sued e Mário Jardim e “Se adormeço” e “Piano velho”, de Herivelto Martins e David Nasser. Ainda nesse ano, participou do filme “Com água na boca” no qual interpretou seu grande sucesso “Conceição”.
Gravou em 1957, pela RCA Victor, o LP “Ouvindo Cauby” no qual interpretou canções clássicas: “Nada além”, de Custódio Mesquita e Mário Lago; “Chora cavaquinho”, de Dunga; “Deusa da minha rua”, de Jorge Faraj e Newton Teixeira; “Serenata”, de Sílvio Caldas e Orestes Barbosa; “As três lágrimas”, de Ary Barroso; “Flor do asfalto”, de J. Thomaz e Orestes Barbosa; “Na aldeia”, de De Chocolat, Carusinho e Sílvio Caldas e “As pastorinhas”, de João de Barro e Noel Rosa. No mesmo ano, saiu da Rádio Nacional, transferindo-se para a Rádio Tupi. Ainda nesse ano gravou em disco de 78 rpm o samba “Nono mandamento”, de René Bittencourt e Raul Sampaio que se constituiu em novo sucesso de sua carreira. Participou também dos filmes “Com jeito vai”, cantando “Melodia do céu”; “Chico Fumaça”, cantando “Onde ela mora” e “Metido a bacana”, interpretando “O teu cabelo não nega”.
Em 1958, lançou dois LPs, um pela gravadora RCA Victor e outro pela Columbia. No LP “Música e romance”, da RCA Victor cantou entre outras “Não fale de mim”, de Fernando César; “Onde ela mora”, de Lourival Faissal; “Melodia do céu”, de Di Veras e Haroldo Eiras e “Você e eu”, de Ibrahim Sued e Mário Jardim. Já em “Nosso amigo Cauby”, lançado pela Columbia, gravou “Quero você”, de Paulo Tito e Ricardo Galeno; “Bela Napoli”, de Bruno Marnet; “Insônia”, de Mário Albanese e Heitor Carrilho; “Viver sem você”, de Fernando César e “Foi a noite”, de Newton Mendonça e Tom Jobim. Ainda nesse ano, atuou nos filmes “De pernas pro ar”, cantando “Nono mandamento”; “Minha sogra é da polícia”, cantando “Thats rock” e “Jamboreé”, cantando “El toreador” e  obteve novo êxito com o samba-canção “Prece de amor”, de René Bittencourt. Nos Estados Unidos, onde foi tema de reportagens nas revistas “Time” e “Life” como o “Elvis Presley Brasileiro”, em 1959, fez temporada de 14 meses, onde gravou em inglês “Maracangalha”, de Dorival Caymmi, com o título de “I Go”. No mesmo ano, lançou o LP “Seu amigo Cauby cantando pra você” no qual gravou “Tará-tá-tá”, de Geraldo Medeiros; “Maldição”, de Fernando César e Britinho; “Noite”, de Raul Sampaio; “Carioca 58”, de Bruno Marnet e Ari Monteiro e “Inveja”, de Zé da Zilda e Zilda do Zé.
Gravou em 1960 o LP “O sucesso na voz de Cauby Peixoto” que marcou seu retorno para a RCA Victor. Nesse LP cantou entre outras, “Conversa”, “Alguém me disse” e “Só Deus”, de Jair Amorim e Evaldo Gouveia; “A felicidade”, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes e  “Covarde”, de Lourival Faissal. Lançou dois LPs pela RCA Victor em 1961. No primeiro, “Perdão para dois” cantou músicas como a que dá título ao disco de Alfredo Corleto e Palmeira; “Palavra que faltou” e “Eterno sono”, de Adelino Moreira; “Minhas namoradas”, de Oto Borges e Paulo Borges; “Ela disse-me assim”, de Lupicínio Rodrigues e “Granada”, de Agustin Lara. No outro LP, “Cauby canta novos sucessos”, interpretou “Perdoa-me pelo bem que te quero”, de Waldir Machado; “Exemplo”, de Lupicínio Rodrigues; “Alma de boêmio”, de Benedito Seviero e Tião Carreiro; “Brigas”, de Toso Gomes e Umberto Silva; “Amar foi minha ruína”, de Jayme Florence e Augusto Mesquita e “O nosso olhar”, de Sérgio Ricardo. Ainda em 1961, foi agraciado juntamente com a cantora Elizeth Cardoso com a faixa de “Soberanos do Disco de 1961. Na ocasião, assim reportou o jornal O Globo: “Entre as muitas festas juninas que se realizaram na note de ontem, a mais concorrida foi, sem dúvida, o Baile do Palito de Fósforo, no Maracanãzinho. A festa teve os auspícios do Departamento de Turismo e Certames do estado e foi organizada pelo Clube dos Comentaristas de Discos da cidade, com o apoio da indústria de fósforos de segurança. Muitos caipiras compareceram e foram animados pelas orquestras de Valdir Calmon e Gentil Guedes e pelos cantores Cauby Peixoto e Elizeth Cardoso. Ali mesmo os cantores receberam as faixas de Soberanos do Disco de 1961, enquanto as dos príncipes e princesas eram entregues a Severino Araújo, Poli, Inezita Barroso e Marisa Barroso.”
No ano seguinte gravou “Canção que inspirou você”,   de Toso Gomes e Antônio Correia que deu nome ao LP lançado por ele naquele ano e que tinha ainda “Samba do avião”, de Tom Jobim; “A vida continua”, de Jair Amorim e Evaldo Gouveia; “Poema da luz”, de Maria Helena Toledo e Nelsinho e “Vou brigar com ela”, de Lupicínio Rodrigues. Gravou o LP “Tudo lembra você”, com a música título sendo uma versão de “These foolish things”. No mesmo disco gravou “Tamanco no samba”, de Orlandivo e Hélton Menezes; “Canção que nasceu do amor”, de Clóvis Melo e Rildo Hora; “Meu amor, minha maldade”, de Clóvis Melo e Rildo Hora e “Ave Maria dos namorados”, de Jair Amorim e Evaldo Gouveia.
Em 1964, abriu a famosa boate Drink, no Leme, em Copacabana, ao lado dos irmãos Moacyr, pianista, Arakén, trompetista e Andyara, cantora, apresentando-se em seu palco por quatro anos. Nesse ano, gravou o LP “Cauby interpreta” no qual cantou “Berimbau”, de Baden Powell e Vinícius de Moraes; “Só quis você”, de Roberto Menescau e Ronaldo Bóscoli; “Desilusão”, de Ted Moreno; “Nosso cantinho”, de Jair Amorim e Evaldo Gouveia; “Amor demais”, de Ed Lincoln e Sílvio César e “Lamento negro”, de Orlandivo e Roberto Jorge. Em 1965, gravou o LP “Porque só penso em ti”, música título, que assim como as outras 11 do disco eram de autoria da dupla Jair Amorim e Evaldo Gouveia, entre as quais, “Existe alguém”; “Minha serenata” e “Que queres tu de mim”. Logo em seguida lançou o LP “Cauby canta para ouvir e dançar”, com destaque para “Samba de verão”, de Paulo Sérgio Valle e Marcos Valle; “Balançafro”, de Luiz Bandeira e “Garota de Ipanema”, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, uma das primeiras gravações desse clássico da MPB.
Em 1968, gravou ao vivo na Boate Drink o LP “Um Drink com Cauby e Leny”, com a amiga e cantora Leny Eversong no qual cantaram entre outras, “Samba do avião”, de Tom Jobim; “Lady be good”, de Cole Porter; “Viola enluarada”, de Paulo Sérgio Valle e Marcos Valle; “É de manhã”, de Caetano Veloso e “Devagar com a louça”, de Haroldo Barbosa e Luiz Reis. No ano seguinte, lançou pelo selo Fermata o LP “O explosivo Cauby”, no qual interpretou “O que será de mim”, de sua autoria; “Stella”, de Fábio e Paulo Imperial; “Dalila”, de Mason e Reed; “História comum”, de Michel Butnariu e Juvenal Fernandes e “Zíngara”.
Nos anos 1970 continuou fazendo shows em boates, mas viveu  certo ostracismo na mídia, apesar de ter vencido, em 1970, o Festival de San Remo na Itália com a canção “Zíngara”, de R. Alberteli, com versão de Nazareno de Brito. Nesse mesmo ano, atuou no filme “O donzelo”, cantando a música “Vagador”. Em 1971, participou do VI FIC da TV Globo, defendendo a canção “Verão vermelho”, de Sérgio Ferreira da Cruz. Gravou pela Odeon em 1972 o LP “Superstar”, com destaque para “Valsinha”, de Chico Buarque e Vinícius de Moraes; “Detalhes”, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos; “Prá você”, de Sílvio César; “Os argonautas”, de Caetano Veloso e “Se todos fossem iguais a você”, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes.
Em 1974, participou, ao lado da cantora Marlene, da série radiofônica “MPB-100 ao vivo”, transmitida em cadeia nacional pelo Projeto Minerva, da qual resultaram oito elepês, produzidos pelo apresentador da série, R. C. Albin. Dois anos depois gravou pelo selo Som Livre o LP “Cauby” no qual cantou “Duas contas”, de Garoto; “Cansei”, de Raul Sampaio e Celso Castro; “A volta do boêmio”, de Adelino Moreira; “O que foi que eu fiz”, de Augusto Vasseur e Luiz Peixoto; “Perdão Mangueira”, de Rutinaldo e Adelino Moreira e “Onde anda você”, de Hermano Silva e Vinícius de Moraes.
Em 1979, participou do Projeto Pixinguinha da Funarte, ao lado de Zezé Gonzaga, apresentando-se em Vitória, ES, e Recife, PE. Nesse ano, lançou também pela Som Livre outro LP intitulado apenas “Cauby” no qual interpretou canções como “Outra vez”, de Isolda; “Velas ao vento”, de Benito di Paula; Pode chegar”, de Piska; “Medo de amar”, de Tite Lemos e Sueli Costa; “Gosto de maçã”, de Wando e “Amor dividido”, de Sidney da Conceição e Luiz Ayrão. Em 1980, sua carreira foi revitalizada com a gravação de “Bastidores”, de Chico Buarque e “Loucura”, de Joanna e Sarah Benchimol, ambas faixas do elepê “Cauby! Cauby!”, que comemorou seus 25 anos de carreira. A música título desse disco foi composta especialmente para ele por Caetano Veloso. Também constaram desse LP as músicas “Dona culpa”, de Jorge Bem; “Oficina”, de Tom Jobim; “Brigas de amor”, de Erasmo Carlos e Roberto Carlos e “Não explique”, de Eduardo Dusek. A partir de então, voltou a receber convites para se apresentar em palcos de maior prestígio.
Ao lado da cantora, e também amiga, Ângela Maria, gravou dois discos nos anos de 1982 e 1992, quando se apresentaram juntos várias vezes em shows montados no Teatro Casa Grande. O primeiro deles foi sugerido por R. C. Albin e dirigido por Augusto César Vanucci. Em 1982, lançou com Ângela Maria o LP “Ângela e Cauby” no qual interpretaram “Começaria outra vez”, de Gonzaguinha; “Eu não existo sem você”, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes; “Matriz ou filial”, de Lúcio Cardim; “Como vai você”, de Mário Marcos e Antônio Marcos, entre outras. Ainda nesse ano, lançou o LP “Estrelas solitárias”, que trazia além da música título, de Gonzaguinha, obras como “Tortura”, de Florbela Espanca e Fagner; “Gosto final”, de Johnny Alf; “História de amor”, de Ivan Lins; “Luiza”, de Tom Jobim e “Tua presença”, de Mauricio Duboc e Carlos Colla.
Gravou dois LPs pela Top Tape em 1986, “Cauby”, interpretando “Spot light”, de Maurício Duboc e Carlos Colla; “Polaróide”, de Abel Silva e Cláudio Nucci; “O ébrio”, de Vicente Celestino; “Ternura”, de Lyrio Panicalli e Amaral Gurgel e “Eterno rouxinol”, de Abel Silva e Sueli Costa. Já no LP “Cauby Peixoto – Só sucessos”, cantou hits como “Conceição”, de Dunga e Evaldo Gouveia; “Solidão”, de Dolores Duran; “Folha morta”, de Ary Barroso; “Força estranha”, de Caetano Veloso e “Flor de lis”, de Djavan. Em 1988 participou do LP duplo “Há sempre um nome de mulher”, também produzido por R. C. Albin para a Campanha do Aleitamento Materno premiado pelo Banco do Brasil, e do qual se venderam 600 mil cópias, apenas no Banco do Brasil. No ano seguinte, lançou pelo selo Fama/CID o LP “Cauby é show” cantando, entre outras, “A noite do meu bem”, de Dolores Duran; “Ilusão à toa”, de Jonny Alf; “Pianista”, de Ari Monteiro e Irany de Oliveira; “Cabelos brancos”, de Herivelto Martins e Marino Pinto; “Último desejo”, de Noel Rosa e “Negue”, de Enzo Passo e Adelino Moreira.
Em 1991, gravou o LP “Grandes emoções” pela Polydisc no qual cantou “New York, New York”, de Ebbe Kander; “Vida de bailarina”, de Américo Seixas e Chocolate; “Faz parte do meu show”, de Ladeira e Cazuza e um pot-pourri com “Cavalgada”, “Detalhes” e “Emoções”, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. No ano seguinte, gravou com Ângela Maria pela BMG Ariola o CD “Ângela e Cauby ao vivo”, no qual cantaram músicas como “Nem eu”, de Dorival Caymmi; “Carinhoso”, de Pixinguinha e João de Barro; “Ave Maria no morro”, de Herivelto Martins; “Canta Brasil”, de David Nasser e Alcyr Pires Vermelho e “Lábios de mel”, de Waldir Rocha. Em 1992, participou do filme “O corpo”, cantando a música “Blue gardenia”.
Em 1993, foi homenageado juntamente com Ângela Maria na festa de entrega do Prêmio Sharp, para os melhores da MPB. Em 1995, gravou pela Som Livre o CD “Cauby canta Sinatra” ao lado de grandes nomes da MPB como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Zizi Possi, e de uma estrela internacional, Dionne Warwick, interpretando clássicos da carreira do cantor norte americano. Fez uma particpação no filme “ED Mort” em 1997 cantando “Bastidores”. Em 1998, a Polydisco lançou o CD “20 super sucessos – O professor da MPB – Cauby Peixoto”, com seu sgrandes sucessos. Em 1999, gravou o CD “Cauby canta as mulheres”, só de canções cujos títulos são nomes de mulheres, tais como: “Izabella”, de Billy Blanco; “Lígia”, de Tom Jobim; “Doralice”, de Antônio Almeida e Dorival Caymmi; “Dindi”, de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira e “Laura”, de João de Barro e Alcyr Pires Vermelho.
Seus grandes sucessos continuam a ser: “Conceição”, de Jair Amorim e Dunga; “Blue gardenia”, de B. Russel e L. Lee, com versão de Antônio Carlos; “A pérola e o rubi” (The ruby and the pearl), de Jay Livingston e R. Evans, com versão de Haroldo Barbosa; “Molambo” de Jayme Florence e Augusto Mesquita, “Nono mandamento”, de René Bittencourt e Raul Sampaio; Tarde fria”, de Angelo Apolônio e Henrique Lobo, “Ninguém é de ninguém”, de Umberto Silva e Toso Gomes, com versão de Luiz Mergulhão, “Bastidores” de Chico Buarque e “New York, New York”, de John Kander e Fred Ebb.
Em 2000, lançou o CD “Meu coração é um pandeiro”, pela Som Livre interpretando “Eu canto samba”, de Paulinho da Viola; “Quem te viu, quem te vê”, de Chico Buarque; “Acreditar”, de Ivone Lara e Délcio Carvalho; “Festa da vinda”, de Nuno Veloso e Cartola; “Morena boca de ouro”, de Ary Barroso e “Kizomba (A festa da raça), de Jonas, Rodolfo e Luiz Carlos da Vila.
Ao longo de sua carreira, recebeu homenagens de muitos compositores que fizeram músicas especialmente para ele cantar, entre eles: Benito Di Paula com “Velas ao vento”, Joanna com “Loucura”, Tom Jobim com “Oficina”,  Jorge Benjor, “Dona culpa”, Roberto e Erasmo Carlos, “Brigas de amor”, Eduardo Dusek, “Não explique”, Caetano Veloso; “Cauby! Cauby!”, Carlos Dafé, “Onde foi que eu errei” e João Roberto Kelly, “Mistura”. “Bastidores”, seu grande sucesso nos anos 1980 e uma das canções que ele mesmo diz mais gostar, foi composta por Chico Buarque originalmente para ser gravada por sua irmã, Cristina Buarque. No entanto, devido ao enorme sucesso dessa música em sua voz, poucos são os que acreditam que esse samba com tons de bolero não tenha sido feito especialmente para ele. Gravou, desde 1951, 61 discos de 78 rpm, seis elepês 33 1/2 rpm de 10 polegadas, 51 elepês 33 1/2 rpm de 12 polegadas, 25 compactos simples de 33 1/2 e 45 rpm, 19 compactos duplos de 33 1/2 e 45 rpm, 32 K7s e mais de 20 CDs. Em 2002, foi lançada uma biografia autorizada, “O astro da canção”, escrita pelo jornalista Rodrigo Faour. Nesse ano, apresentou-se com Ângela Maria no Teatro Rival BR em temporada que durou duas semanas. Na ocasião, interpretou sucessos seus como “Blue gardênia”, “Conceição” e “Bastidores”.
Em 2003, aos 73 anos, estreou na casa de shows “Canecão”, no Rio de Janeiro onde nunca havia cantado. Na ocasião, lançou também o CD “Cauby Peixoto graças a Deus”, com direção e produção de João de Aquino interpretando “Noite de paz”, de Dolores Duran,  “O menino de braçanã”, de Luiz Vieira, “Deus me perdoe”, de Humberto Teixeira e Lauro Maia e “Se eu quiser falar com Deus”, de Gilberto Gil, além do seu grande hit “Conceição”, ovacionado pelo público. Nesse mesmo ano, apresentou no teatro Rival BR o show “Vozes” com a cantora Selma Reis. Em 2004, foi indicado para o Prêmio Tim em cinco categorias. Nesse ano, fez show no Bar do Tom, em Ipanema mostrando seus últimos trabalhos. Em 2006, foi homenageado com o espetáculo musical “Cauby”, uma superprodução com dez atores, cinco músicos, cenários de Daniela Thomas e 120 figurinos, escrito e dirigido pelo dramaturgo Flávio Marinho, no qual cantor foi interpretado pelo ator Diogo Vilela, estreou em julho no Teatro Ginástico no centro da cidade do Rio de Janeiro. Ainda nesse ano, lançou o CD “Cauby canta Baden” no qual interpretou onze composições de Baden Powell, entre as quais, “Apelo”, “Lapinha”, “Pra que chorar”, “Samba triste”, “Violão vadio”, “Canção do amor um só”, “Mistério”, e “Samba em prelúdio”. Em abril de 2007, o texto do musical “Cauby, Cauby”, de Flávio Marinho foi lançado em livro resultando em celebração ao cantor. Nesse ano, recebeu dois prêmios Tim. Melhor cantor na categoria “Canção popular” pelo CD “Eternamente Cauby Peixoto – 55 anos de carreira” da Atração Fonográfica, e melhor cantor na categoria MPB com o CD “Cauby canta Baden” da Editora Entrelinhas. Ainda em 2007, venceu o Grammy Latino na categoria “Melhor Álbum de Música Romântica” com o CD “Eternamente Cauby Peixoto – 55 anos de carreira”. Em 2009, lançou o CD “Cauby interpreta Roberto”, disco idealizado e produzido por Thiago Marques Luiz para o selo Lua Nova no qual ele interpretou 12 composições de Roberto Carlos e Erasmos Carlos. Em reportagem do jornal O Globo sobre o disco, assim escreveu o crítico Antônio Carlos Miguel: “As interpretações de Cauby e os arranjos reaproximam essas composições de suas fontes originais, pré bossa nova. “Música suave” tem seu andamento de fox acentuado pelos metais; “Desabafo” ganhou tituras de tango, realçadas por cordas e bandoneon; “Não se esqueça de mim” vira uma seresta; “A volta”, um samba-canção; “O show já terminou”, um standard”. Também fizeram parte do repertório do CD músicas como “Olha”, “Sentado à beira do caminho”, “Proposta” e “Seus botões”. O CD foi em São Paulo no programa “Metrópolis” exibido pela TV Cultura, e em show no Sesc Vila Mariana com ingressos esgotados. No show o cantor foi acompanhado por Hanilton Messias, no piano, Eric Budney, no baixo acústico, Ronaldo Rayol, no violão e guitarra, Nahame Casseb, na bateria, e Marcelo Monteiro, no sax e flauta, e violoncelo. Em 2010, sua vida estava sendo objeto de um filme de longa metragem, para o qual foram colhidos depoimentos de artistas, críticos e jornalistas.
Em 2010, fez no Teatro Fecap, no bairo da Liberdade, em São Paulo oshow “Cauby canta Sinatra” no qualinterpretou canções imortalizadas na voz do cantor norte americano Frank Sinatra. Foram dois shows sendo que no segundo foi feita a gravação do Cd e DVD, além do primeiro blue-ray da carreira do cantor. Nosshows, o cantor foi acompanhado por oito músicos que realizaram umasérie de treze sessões de ensaios com ele. No mesmo período foi gravado um especial para a TV Cultura de São Paulo. Em 2011, para celebrar os seus 80 anos de nascimento foi lançada uma caixa com três CDs intitulada “Cauby, o mito” que incluiu a composição inédita “Minha voz, minha vida” de Caetano Veloso. Nesses CDs, interpretou músicas como “Guerreiro Menino (Um Homem Também Chora)”, de Gonzaguinha; “As Vitrines”, de Chico Buarque; “Fracasso”, de Fagner; “Minha Voz, Minha Vida”, de Caetano Veloso; “Modinha”, de Sergio Bittencourt; “Eu Sonhei Que Tu Estavas Tão Linda”, de Lamartine Babo e Francisco Mattoso; “Todo O Sentimento”, de Cristóvão Bastos e Chico Buarque; “O Que Tinha De Ser”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes; “Hoje”, de Taiguara; “Pra Dizer Adeus (Adieu)”, de Edu Lobo e Torquato Neto, em versão sua para o francês; “Lembra De Mim”, de Ivan Lins e Vitor Martins; “Viola Enluarada”, de Marcos Valle e Paulo Sergio Valle, e “A Voz Do Violão”, de Francisco Alves e Horácio Campos, entre outras. O segundo CD da série, incluiu apenas gravações de músicas do conjunto inglês The Beatles sendo intitulado como “Caubeatles”.
Ainda em 2011, foi lançado pelo selo Discobertas em convênio com o ICCA – Instituto Cultural Cravo Albin a caixa “100 anos de música popular brasileira” com a reedição em 4 CDs duplos dos oito LPs lançados com as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin na Rádio MEC em 1974 e 1975. No volume 3 estão incluídas suas interpretações para os sambas “Ave Maria no morro” e “Lapa”, de Herivelto Martins, e para os sambas-canção “Vingança”, de Lupicínio Rodrigues, e “Lábios que eu beijei”, de J. Cascata e Leonel Azevedo. Ainda por conta das comemorações dos seus 80 anos de nascimento foi homenagem na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro recebendo a Medalha Tiradentes, de que foi orador o musicólogo Ricardo Cravo Albin; foi lançado no Festival do Rio o filme “Cauby – Começaria tudo outra vez”, de Nelson Hoineff, e realizou no Teatro Oi Casagrande seu primeiro show no Rio de Janeiro em oito anos, com casa lotada. Em 2012, foram lançadas pelo selo Discobertas duas caixas com seis CDs cada uma reunindo gravações do cantor realizadas entre 1968 e 1995. Estão presentes nas caixas os LPs “O explosivo”, de 1969, “El explosivo”, também de 1969, voltado para o mercado latino, “Superstar”, de 1972, “Cauby”, de 1976, “Cauby”, de 1979, “Cauby, Cauby”, de 1980, “Um drink com Cauby e Leny”, de 1968, “Cauby”, de 1968, além de dois CDs que foram batizados de “Raridades” com gravações inéditas de compactos e registros esparsos. No mesmo ano, comemorou dez anos de apresentações ininterruptas, todas as segundas-feiras no Bar Brahma, na esquina entre as avenidas Ipiranga e São João, tendo sido foco de reportagem na Revista de Domingo do jornal O Globo. Em 2013, lançou pela Lua Music o CD “Minha serenata”, gravado ao vivo no Teatro Fecap, em São Paulo, no qual cantou clássicos da seresta como o “Rosa”, de Pixinguinha, “Três lágrimas”, de Ary Barroso, “Velho realejo”, de Custódio Mesquita E Sadi Cabral; “Quase que eu disse”, de Silvio Caldas e Orestes Barbosa, e “Lábios que eu beijei”, de J. Cascata e Leonel Azevedo; além de músicas mais recentes como “A Flor e o cais”, de Wagner Tiso e Geraldo Carneiro; “Eterno rouxinol”, de Sueli Costa e Abel Silva, e “De volta pro aconchego”, de Dominguinhos e Nando Cordel. No mesmo ano, apresentou-se, juntamente com Agnaldo Rayol, no Teatro NET Rio, interpretando sucessos como “Eu sonhei que tu estavas tão linda”, de Lamartine Babo, “Granada”, de Agustín Lara, “Guerreiro Menino”, de Gonzaguinha, e “A voz do violão”, de Francisco Alves e Horácio Campos, entre outras. Ainda em 2013, foi duplamente premiado no 24º Prêmio da Música Brasileira recebendo os troféus de “Melhor cantor” e de “Melhor disco popular”, pelo CD “Minha serenata”. No mesmo ano, lançou o CD “Cauby Sings Nat King Cole”, no qual interpretou músicas consagradas na voz do cantor norte americano, entre as quais, “Unforgettable”, de Irving Gordon. O CD, que foi produzido por Thiago Marques e contou com direção musical do pianista Daniel Bondaczuk, reproduziu na capa um foto do cantor ao lado de Nat King Cole da época em que, com o nome de Ron Coby, tentou carreira artística nos Estados Unidos. Em 2015, foi homenageado com o lançamento do filme “Cauby – Começaria Tudo Outra Vez”, de Nelson Hoineff, uma cinebiografia do ídolo com entrevistas e registros de shows raros, inclusive realizados nos Estados Unidos no final dos anos 1950. No mesmo ano, lançou o CD “A bossa de Cauby Peixoto”, produzido por Thiago Marques Luiz para o selo Biscoito Fino, no qual interpretou “Dindi”, de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira;; “Até quem sabe”, de João Donato e Lysias Ênio; “Este se olhar”, de Tom Jobim; “O amor e a paz”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes; “Preciso aprender a ser só”, de Marcos Valle e Paulo Sérgio Vale; “Wave”, de Tom Jobim; “Razão de viver”, de Eumir Deodato e Paulo Sergio Valle; “Samba do avião”, de Tom Jobim, e “Eu e a brisa”, de Johnny Alf, faixas em que foi acompanhado por Alexandre Vianna, no piano, Deco Telles, no baixo, e Humberto Zigler, na bateria, além de “Ilusão à toa”, faixa na qual teve o acompanhamento de Ronaldo Rayol ao violão.  Em 2016, retornou ao Teatro Bradesco, em São Paulo, ao lado da cantora Angela Maria no show “120 Anos”, no qual comemoram os respectivos 60 anos de carreira. Acompanhados pelos músicos Alexandre Vianna, piano, Eric Budney, baixo, Ronaldo Rayol, violão, Jabes Felipe, bateria, Michel Machado, percussão e Marcelo Monteiro, sopros , interpretaram sucessos como “Vida da Bailarina”, “Cinderela”, “Gente Humilde”, “Bastidores”, “Babalú” e “Conceição”. Em 2016, em decreto da Prefeitura do Rio de Janeiro, ficou nomeado “Túnel Cantor Cauby Peixoto”, o túnel com 190 m de extensão, integrando o Sistema BRT Transolímpica, ligando os bairros de Jacarepaguá e Sulacap. Em 2017, um ano após sua morte, foi homenageado pelo cantor Agnaldo Timóteo que lançou no Teatro Net Rio o CD “Obrigado Cauby”, no qual interpretou clássicos do cantor, entre os quais, “Conceição”, “Bastidores” e “Ninguém é de ninguém”.

Em 2018, estreou no Teatro Carlos Gomes o espetáculo “Cauby! Cauby! Uma lembrança”, estrelado pelo ator Diogo Vilela, que volta a personificar o cantor onze anos depois do espetáculo “Cauby! Cauby!”, sendo este no entanto, um novo espetáculo, desta vez baseado nas memórias do cantor.

Por ocasião das comemorações de seus 90 anos de nascimento asim foi saudado pelo Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin:

 

CAUBY, CAUBY!

Este título acima, uma quase exclamação, ficou reconhecido como um dos mais célebres LPs do grande cantor cujos 90 anos celebramos hoje. Como contraface ao título, postamos a foto que o ilustra, feita momentos antes de eu ocupar a Tribuna da Assembleia Legislativa do Estado do Rio, a pedido expresso do Cauby, para agradecer em nome dele a homenagem que lhe seria tributada em instantes para receber o Título de Cidadão Honorário Fluminense, ao lhe ser imposta a Medalha Tiradentes, a mais alta honraria da Assembleia.
– “Mas Cauby, por que você mesmo não discursa?”, perguntei-lhe ingenuamente. A resposta veio de imediato – “Eu não falo, eu só sei cantar.”
De fato, depois de perfilar quase toda sua gloriosa carreira por quase meia hora e de acentuar a importância capital tanto de sua presença nos corações brasileiros quanto dos sulcos profundos impostos ao Brasil pela grandeza de sua garganta de ouro, de seu repertório, da simplicidade de seu comportamento pessoal como estrela da radiofonia e dos discos, Cauby pôs-se ao meu lado, tomou delicadamente o microfone e disse apenas “ Só posso agradecer essas palavras do Ricardo e ao Deputado que propôs essa Sessão que a ALERJ me presta, além da presença dessa multidão sentada aqui a minha frente com o começo dessa canção, meu primeiro sucesso, e cuja letra pode remeter à minha própria vida e ao povo pobre de Niterói, de onde venho.”
Fez meio segundo de silêncio e entrou: “Conceição, eu me lembro muito bem / Vivia no morro a sonhar / Com coisas que o morro não tem / Foi então / Que lá em cima apareceu / Alguém que lhe disse a sorrir / Que, descendo à cidade, ela iria subir…”
“Esta Conceição é o meu próprio retrato. Conceição, eu te agradeço por me ser tão fiel.” Baixou a cabeça, curvou-se e agradeceu. O público levantou-se num ímpeto e aplaudia Cauby quase em frenesi por quase cinco minutos ininterruptos.
Ao olhar emocionado para ele, vi sua face molhada por lágrimas.

 

Ricardo Cravo Albin

 

Discografias
2015 Biscoito Fino CD A bossa de Cauby Peixoto
2013 Lua Music CD Minha serenata
2009 CD Cauby interpreta Roberto
2006 CD Cauby canta Baden
2003 CD Cauby Peixoto graças a Deus
2000 Som Livre CD Meu coração é um pandeiro
1999 Albatroz CD Cauby canta as mulheres
1999 RCA Victor CD Focus. O essencial de Cauby Peixoto
1999 Polydor CD Millennium. Cauby Peixoto
1999 Colúmbia/Sony Music CD Série Brilhantes. Cauby Peixoto. Grandes sucessos
1998 Polydisc CD 20 super sucessos. Cauby Peixoto, o professor da MPB
1998 Colúmbia/Sony Music CD Série Brilhantes. Cauby Peixoto
1998 Colúmbia/Sony Music CD Série Brilhantes. Cauby Peixoto, edição especial
1996 RGE CD 20 preferidas. Cauby Peixoto
1996 Colúmbia/Sony Music CD Celebridades da MPB (Disco 1)
1996 Colúmbia/Sony Music CD Celebridades da MPB (Disco 2)
1996 RCA Victor CD Série Aplauso. Cauby Peixoto
1995 Som Livre CD Cauby canta Sinatra
1995 Colúmbia/Sony Music CD Frente a frente. Cauby Peixoto & Sílvio Caldas
1994 CAST CD Cauby Peixoto. Estrelas solitárias
1994 CAST CD Cauby! Cauby!
1994 RGE CD Cauby/O que será de mim..
1993 RGE CD A arte do espetáculo ao vivo
1993 RCA Victor CD Acervo especial. Cauby Peixoto
1993 RCA Victor LP Acervo. Cauby Peixoto
1993 CID CD Cauby Peixoto
1993 Polydisc CD Cauby. Grandes emoções
1993 EMI Odeon CD Ângela & Cauby
1993 RCA Victor CD Ângela & Cauby ao vivo
1992 RGE LP A arte do espetáculo ao vivo. Cauby Peixoto
1992 BMG Ariola LP Ângela & Cauby ao vivo
1991 RGE LP Convite para ouvir Cauby Peixoto

(2 DISCOS)

1991 Polydisc LP Grandes emoções - Cauby Peixoto
1988 CID LP Cauby é show
1988 Som Livre LP Cauby, Elizeth e Nora Ney
1988 CBS LP Presença de Cauby Peixoto

(dois discos)

1988 RGE LP Quando os Peixoto se encontram

"Na contra-capa, notas de Roberto Corte Real."

1987 EMI LP Cauby Peixoto, Ângela Maria & Agnaldo Timóteo
1986 Top Tape LP Cauby Peixoto. Só sucessos
1986 Top Tape LP Cauby!
1985 Top Tape LP Cauby Peixoto/Amparito
1983 RGE LP Cauby Peixoto, Agostinho dos Santos, Altemar Dutra, Nélson Gonçalves e Jessé/Série Brilho
1982 Som Livre/Sigma LP Estrelas solitárias
1982 EMI/Odeon LP Ângela & Cauby
1980 RCA Victor LP Cauby Peixoto
1980 CBS LP Cauby sempre Cauby
1980 Som Livre LP Cauby! Cauby!
1980 RGE LP Cauby. O que será de mim
1979 Som Livre LP Cauby Peixoto
1976 Som Livre LP Cauby
1976 Arara LP Ângela Maria & Cauby Peixoto no Canecão
1972 Fênix LP Cauby interpreta
1972 Tropicana LP Os grandes sucesos de Cauby
1972 Veleiro LP Os grandes sucessos de Cauby Peixoto
1972 Odeon LP Superstar
1969 Fermata LP O explosivo Cauby Peixoto
1969 RCA Victor LP Os grandes sucessos de Cauby Peixoto
1969 CBS LP Os grandes sucessos românticos de Cauby Peixoto
1969 RCA Victor LP Os maiores sucessos de Cauby Peixoto

"Na contra-capa, textos de Elmo Barros."

1968 LP Um Drink com Cauby e Leny - Cauby Paixoto e Leny Eversong
1967 RCA Victor LP Cauby Peixoto. Porque só penso em ti
1965 RCA Victor LP Cauby canta para ouvir e dançar
1965 CBS LP Grandes interpretações/Cauby Peixoto
1965 RCA Victor LP Porque só penso em ti
1964 RCA Victor LP Cauby intérpreta...
1963 RCA Victor 78 Tamanco no samba/A noite de ontem
1963 RCA Victor LP Tudo lembra você
1962 RCA Victor 78 Ave Maria dos namorados/Canção que inspirou você
1962 RCA Victor LP Canção que inspirou você. Cauby Peixoto
1962 RCA Victor 78 Enamorada/E os céus choraram
1962 RCA Victor 78 Lambuzando o selo/Quebranto
1962 RCA Victor 78 Minhas namoradas/Madrepérola
1962 RCA Victor 78 O poeta chorou/Aleli
1962 RCA Victor LP Os grandes sucessos de Cauby Peixoto
1961 RCA Victor LP Cauby canta novos sucessos
1961 RCA Victor 78 Duelo/Brigas
1961 RCA Victor LP Perdão para dois
1960 Columbia 78 De degrau em degrau/Me deixa em paz
1960 RCA Victor 78 Lealdade/Ninguém é de ninguém
1960 RCA Victor 78 Mack the knife/Vila de Santa Bernadette
1960 Columbia 78 Marina/Drink na praia
1960 RCA victor LP O sucesso na voz de Cauby Peixoto

"Na contra-capa, texto de Elmo Barros"

1960 RCA Victor 78 Se foi passado/No mundo da lua
1959 Columbia 78 Noite/Close to you
1959 Columbia/Entré LP Os grandes sucessos de Cauby
1959 Columbia 78 Porque e para que/Inveja
1959 Columbia LP Seu amigo Cauby cantando para você
1958 Columbia 78 Cartilha de amor/Primeiro mandamento
1958 Columbia 78 Linda/Enrolando o rock
1958 RCA Victor LP Música e romance - Cauby Peixoto
1958 RCA Victor 78 Nono mandamento/Meu amor por você
1958 Colombia 45/12 pol. Nosso amigo Cauby

Na contra capa, texto assinado por ' Todos Nós'

1958 Columbia 78 Quero você/Tammy
1958 Columbia 78 Simplesmente/Bela Nápoli
1958 Columbia 78 Toreador/Viver sem você
1958 Columbia 78 Volare/Triste paixão
1957 Columbia 78 Abandonado/Se adormeço
1957 RCA Victor 78 Anastácia/Onde ela mora
1957 Columbia 78 Final de amor/A pérola e o rubi
1957 RCA Victor 78 Garotas de Portugal/Outro dia virá
1957 RCA Victor 78 Melodia do céu/Você e eu
1957 RCA Victor 78 Não fale de mim/Espera-me no céu
1957 RCA Victor 78 O louco/Tinha que ser
1957 Columbia 78 Os pobres do Brasil/Ser triste sozinho
1957 RCA Victor 33/10 pol Ouvindo Cauby

Na contra-capa, texto de Elmo Barros

1957 Columbia LP Prece de amor. Cauby Peixoto
1957 RGE LP Quando os Peixotos se encontram
1957 RCA Victor 78 Rock'n'roll em Copacabana/Amor verdadeiro
1957 RCA Victor 78 Serenata/As três lágrimas
1957 Columbia 78 É tão msublime o amor/Sem teu amor
1956 Columbia 33/10 pol. "Você, a música e Cauby"
1956 Columbia 33/10 pol. Blue Gardenia

"Na contra-capa, biografia do Cauby Peixoto"

1956 RCA Victor 78 Cajú nasceu pra cachaça/Ter saudade
1956 Columbia 78 Canção do mar/Volta ao passado
1956 Columbia 33/10 pol Canção do rouxinol
1956 Columbia 78 Conceição/Bibape do Ceará
1956 Columbia 78 Lisboa antiga/Tentação
1956 Columbia 78 Molambo/Amor não é brinquedo
1956 RCA Victor 78 Nada além/Flor do asfalto
1956 Columbia 33/10 pol. O show vai começar
1956 Columbia 78 Prece ao amor/Lamento noturno
1956 Columbia 78 Siga/Acaso
1955 Columbia 78 Amor cigano/Um sorriso e um olhar
1955 Columbia 78 Esperei por você/Tu, só tu
1955 Columbia 78 Nem toda flor tem perfume/Cabo frio
1955 Columbia 78 Superstição/Mambo do galinho
1955 Columbia 78 Tarde fria/Ci-ciu-ci, canção do rouxinol
1954 Columbia 78 Blue gardênia/Só desejo você
1954 Columbia 78 Daqui para a eternidade/Triste melodia
1954 Columbia 78 Mil mulheres/Se você pensa
1954 Columbia 78 Palácio de pobre/Criado-mudo
1954 Columbia 78 Vaya con Dios/Elvira/

(c/Zilá Fonseca)

1953 Todamérica 78 Aula de amor/Ando sozinho
1953 Columbia 78 Caruaru/Mulher boato
1953 Todamérica 78 Tudo lembra você/O teu beijo
1951 Carnaval 78 Saia branca/Ai que carestia
Shows
2003; Canecão, Rio de Janeiro, RJ.
Clips
1997 Ed mort, cantando "Bastidores".
1992 O corpo, cantando "Blue gardenia".
1970 O donzelo, cantando "Vagador".
1958 De pernas pro ar, cantando "Nono mandamento".
1958 Jamboreé, cantando "El toreador".
1958 Minha sogra é da polícia, cantando "That's rock".
1957 Canjerê.
1957 Chico Fumaça, cantando "Onde ela mora".
1957 Com jeito vai, cantando "Melodia do céu".
1957 Metido a bacana, cantando "O teu cabelo não nega".
1957 Tagarela.
1956 Com água na boca, cantando "Conceição".
1955 Aí vem o general, cantando "Mil mulheres".
1955 Carnaval em Marte, cantando "Se você pensa".
Participações em filmes
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

ALBIN, Ricardo Cravo. O livro de ouro da MPB – A História de nossa música popular de sua origem até hoje. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

FAOUR, Rodrigo. “Cauby Peixoto – o astro da canção”. Rio de Janeiro, 2002.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.

VASCONCELOS, Ari. Panorama da música popular brasileira – volume 2. Rio de Janeiro: Martins, 1965.

Crítica

Cauby Peixoto é considerado por 10 entre 10 figuras da MPB como o maior cantor do Brasil. Não é exagero. Com seu timbre grave e aveludado, é um de nossos raros artistas que conseguiu manter seu prestígio por cinco décadas, num país de “culto à juventude”. Desde que começou, em fins dos anos 40, cantando ao lado do irmão, o pianista Moacir Peixoto, na noite paulista, Cauby acumulou influências de seus dois maiores ídolos da infância – Orlando Silva e Nat King Cole –, sem, no entanto, imitar nenhum deles. Cauby criou um estilo único na MPB, cantando “moderninho”, como ele mesmo diz, para a atmosfera da época, de forma um pouco mais coloquial, mas ainda se valendo do belo material vocal nas notas em que precisava mostrar que era um cantor de verdade.

Pode-se dizer que há quatro Caubys. O “primeiro” é o dos anos 50, quando as fãs gritavam e desmaiavam por ele e que, num engenhoso esquema de marketing do empresário Di Veras, foi transformado da noite para o dia num ídolo conhecido por todo o país, através das ondas da Rádio Nacional. Era a época das macacas-de-auditório, do sex-symbol Cauby. O sucesso foi tanto que chegou a tentar carreira nos Estados Unidos, como outro de seus ídolos, Dick Farney, mas desistiu. O lugar de Cauby era aqui.

Seu repertório dessa época continha muitas versões de canções temas de filmes americanos de sucesso, como “Blue gardenia”, “Daqui para a eternidade” e “É tão sublime o amor”, pitadas de bolero, samba, mambo, tarantelas e o que mais desse na telha de seu empresário. O que emplacou mais foram sambas-canções populares, bem ao sabor da época, como “Conceição”

(que se tornou um clássico instantâneo em 1956), “Tarde fria” e “Nono mandamento”. Era um repertório irregular, mas muito bem cantado. A “cafonice” de seu repertório foi progressiva. Ela predomina no período do “segundo Cauby”, o dos anos 60 e início dos 70. Nesta época, o cantor estava com um timbre mais exagerado, carregado, com ênfase nos graves. De novidade no repertório, apenas um pouco de bossa nova (“Samba do avião”, ”Samba de verão”, “Berimbau”) e pitadas de jazz (“Mack the knife” e “Hello, dolly”). Mas o estilo romântico nunca lhe abandonara, e os sucessos em disco eram mesmo sambas-canções como “Ninguém é de ninguém” e “Perdão para dois”.

Cauby cantou quatro anos na Boate Drink (1964-1968), que abriu ao lado dos irmãos Moacir, Araken e Andiara, ficou longe da mídia e lá chegou até a gravar um elepê com a extraordinária Leny

Eversong e iniciou uma parceria artística com Ângela Maria, que renderia mais tarde muitos shows e dois discos. Mas, ao término dos anos 60 até o fim dos 70, Cauby amargou um período de ostracismo na imprensa, restringindo suas apresentações a pequenas boates, especialmente em São Paulo, onde passou a morar, e algumas turnês pelo exterior. Muito disso aconteceu porque, em meio a tantos novos talentos egressos do fim da década de 60 com propostas renovadoras, seu estilo passou a ser considerado ultrapassado.

Neste momento, Cauby percebeu que era preciso modernizar-se. Para tanto, foi mudando o visual. Abandonou o figurino tradicional, passando a roupas mais extravagantes, cheias de cores e brilhos, ficou mais teatral no palco, aprimorando também o seu lado “intérprete”. De volta ao Rio, em 1979, gravou um elepê pela Som Livre que acenava para mudanças vocais fundamentais. É o “terceiro Cauby”. Mais comedido, com a voz perfeitamente colocada, sem muitas firulas. O repertório, porém, ainda alternava bobagens com jóias. No mesmo ano, também participou de uma faixa num disco da exigentíssima Elis Regina (“Bolero de satã”). Algo de bom estava no ar.

Logo depois, em 1980, com o elepê “Cauby! Cauby!, o cantor deu o pulo-do-gato. Era seu melhor disco, com canções inéditas de vários ases da MPB, como Caetano Veloso (faixa título), Roberto & Erasmo Carlos (“Brigas de amor”) e Chico Buarque (com o clássico “Bastidores”). Ele voltou à mídia com força total: deu entrevistas a todos os jornais e revistas, teve especial na Rede Globo, festa de lançamento do disco, badalada pelos grã-finos de então, e até um sucesso radiofônico, “Loucura” (Joanna/Sarah Benchimol).

Felizmente, a partir dos anos 80, o cantor evitou gravar bobagens, preferindo músicas mais à altura de sua voz. Se não chegou a gravar mais nenhum álbum do quilate de “Cauby, Cauby”, também não gravou nada que lhe comprometesse muito. Seguiram-se discos um pouco mais sofisticados, que não tiveram muita repercussão, e Cauby voltou a fazer seu circuito noturno de boates – aliás, nunca parou –, mas não se afastou mais totalmente da mídia. Nos anos 90, apareceu um “quarto Cauby”. Uma voz um pouco mais grave e suave. E uma surpresa: aos 44 minutos do segundo tempo, descobriram que Cauby é mito. O Prêmio Sharp, em 1993, dedicou sua festa a ele e a Ângela Maria, em noite de gala no Teatro Municipal do Rio. Dois anos depois, gravou em dueto com grandes nomes da MPB o CD “Cauby canta Sinatra”. Até o fim da década, gravou mais dois CDs e foi capa dos principais cadernos culturais do país, tendo uma agenda de shows concorrida por todo o Brasil. Cauby é um exemplo de artista que conseguiu renovar-se e manter a voz e o glamour em torno de sua figura em 50 anos de carreira. Isso sem contar a elegância, os figurinos e penteados excêntricos e o senso crítico. Assumiu todas as suas mancadas e nunca falou mal de nenhum colega. Por tudo isso é querido por todos: pelo público e por toda a MPB. Seu apelido de Professor é perfeito. Porque ele é realmente o mestre de todos os nossos cantores.

Rodrigo Faour