4.003
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Nome Artístico
Carmen Miranda
Nome verdadeiro
Maria do Carmo Miranda da Cunha
Data de nascimento
9/2/1909
Local de nascimento
Marco de Canavezes, Portugal
Data de morte
5/8/1955
Local de morte
Beverly Hills, Los Angeles, EUA
Dados biográficos

Cantora. Atriz. Dançarina.

Nasceu em Portugal, na pequena aldeia de Marco de Canavezes, Distrito do Porto, vindo para o Brasil com apenas 18 meses. Seu pai, José Maria Pinto da Cunha, que exercia a profissão de barbeiro, imigrou para o Brasil primeiro. A mãe, Maria Emília Miranda da Cunha, veio em seguida, trazendo a pequena Carmen e a outra filha mais velha, Olinda. A família cresceu no Brasil com o nascimento de mais quatro irmãos, Amaro, Cecília, Aurora e Oscar. Moraram inicialmente em um quarto de aluguel na Rua da Candelária; depois transferiram-se para a Rua Joaquim Silva, na Lapa, até resolver abrir uma pensão. Encontraram uma grande casa na Travessa do Comércio, nº 13, na Praça XV, e para lá se mudaram. A mãe assumiu a direção da pensão que fornecia refeições a empregados do comércio e ainda aceitava hóspedes. O estabelecimento logo passou a ser freqüentado por músicos da época, como Pixinguinha e seu grupo que eram assíduos. Ainda menina, estudou alguns anos num colégio de freiras, a Escola Santa Tereza, que atendia a crianças humildes, situado no bairro da Lapa, Centro do Rio. Na infância era chamada pelos apelidos de Bituca e de Carmen por seus familiares. Ainda adolescente aprendeu a costurar com a irmã Olinda.

Com apenas 15 anos começou a trabalhar como balconista de lojas de roupas femininas, de chapéus e gravatas. Na Maison Marigny, aprendeu a decorar chapéus femininos e logo depois já estava empregada como aprendiz na loja La Femme Chic, no Centro do Rio, onde passou a confeccionar chapéus orientada por Madame Boss. Desde menina demonstrou inclinação para a música, cantando para os amigos em festas, acompanhando os programas radiofônicos de então e imitando as cantoras que faziam sucesso na época, como Araci Cortes. Na década de 1930, teve um namorado, que ela declarou ter sido o grande amor de sua vida, o remador do Flamengo Mário Cunha. Em 1938, quando estava em excursão na Argentina com Aurora, recebeu a notícia do falecimento de seu pai. Foi para os Estados Unidos em 1939, contratada para alguns “shows” em Nova York, na Broadway, onde acabou permanecendo por um ano. Em 1940 retornou ao Brasil, a fim de rever os amigos e para o casamento de sua irmã Aurora, retornando meses depois para cumprir novo contrato nos Estados Unidos, levando D. Maria. Um ano depois, Aurora transferiu-se com o marido, e a família passou a viver junta.

Em 1943, submeteu-se a uma operação plástica no nariz, fato que quase lhe impediu a vida artística, pois o médico era um charlatão. Foi obrigada a refazer a operação com um especialista e, no pós-operatório, foi constatada uma infecção no fígado, que se espalhou e quase lhe tirou a vida. Em 1947, casou-se com David Sebastian, um assistente de produção norte-americano, com o qual viveu em meio a desentendimentos, fato que, segundo seus biógrafos, foi um dos motivos da forte depressão que a acometeu na época de seu retorno temporário ao Brasil, em 1954. Em 1948, a imprensa anunciou sua gravidez, confirmada por ela e por seu marido, que declarou que, se nascesse menino, eles o batizariam de Robert, e ela anunciou que, se fosse menina, chamar-se-ia Maria Carmen. Muitos afirmam que a gravidez não ocorreu de fato, tratando-se, antes, de estratégia de “marketing” para justificar seu impedimento de viajar ao Brasil para receber uma condecoração oferecida pela Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. De qualquer forma, pouco tempo depois, num dia de trabalho exaustivo, foi internada às pressas e, segundo a imprensa, perdeu a criança que nasceria em março de 1949.

Faleceu em sua residência, em Beverly Hills, Los Angeles, em 5 de agosto de 1955, com apenas 46 anos. A família decidiu sepultá-la no Brasil, onde foi velada na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. O cortejo saiu no Aeroporto do Galeão, às 10:30h da manhã do dia 12 de agosto, quando seu corpo chegou ao Brasil, e foi acompanhado por uma multidão de fãs calculada em cerca de meio milhão de pessoas. Ao passar pela Avenida Rio Branco, uma chuva de papel picado deu à cena mais emoção, reforçada pelos carrilhões da Mesbla, que executavam o refrão de “Adeus batucada”, de Synval Silva, grande sucesso na voz dela. Milhares de lenços brancos foram agitados pela multidão ao longo do trajeto até a Câmara Municipal, onde seu corpo recebeu a visitação de centenas de milhares de fãs.

Dados artísticos

Mito maior da música popular no Brasil, foi a artista brasileira que mais sucesso e prestígio alcançou na indústria do entretenimento dos Estados Unidos, para onde imigrou. Primeira artista a decolar para o sucesso por meio dos discos foi também a cantora de Rádio mais cara do Brasil. Chamada de “A Pequena do It na Voz e no Gesto”, “Rainha do Samba” e “Ditadora Risonha do Samba”, a partir de 1935, ganhou seu “slogan” definitivo: “A Pequena Notável”, que lhe foi dado pelo célebre cantor-apresentador César Ladeira. Nos Estados Unidos, ficou conhecida como “Brazilian Bombshell”.

Iniciou a carreira artística em 1928, quando conheceu o compositor e violonista Josué de Barros em um festival com fins filantrópicos realizado no Instituto Nacional de Música, no Rio de Janeiro. Na ocasião, foi levada por Aníbal Duarte, um deputado que freqüentava a pensão de sua mãe, para se apresentar, e, depois de cantar alguns tangos, interpretou “Chora, violão”, de autoria de Josué de Barros. A partir desse dia, o violonista e compositor abriu-lhe as portas para a carreira artística. O próprio Josué declararia que sua biografia poderia ser resumida em três palavras: “Eu descobri Carmen”. De fato, seu incentivo foi fundamental para que a jovem cantora, ainda conhecida como Maria do Carmo, começasse a se apresentar em recitais e nas Rádios Sociedade e Educadora. Num desses programas, realizado no dia 5 de março de 1929, apresentou-se pela primeira vez com o nome de Carmen Miranda, na tentativa de enganar o pai, que não queria que uma filha sua seguisse carreira de cantora.

No final do ano de 1929, Josué de Barros levou-a para a gravadora Brunswick, onde a cantora gravou o primeiro disco com duas músicas do amigo Josué de Barros: o samba “Não vá simbora” e o choro “Se o samba é moda” com acompanhamento do Trio Barros de violões. Ainda naquele ano, Josué de Barros apresentou-a a Rogério Guimarães, então diretor da RCA Victor, que tratou de contratá-la. A partir de então, começou a se apresentar em espetáculos nos teatros cariocas, em saraus e festas. Estreou, a convite de Francisco Alves, no Teatro República, em abril de 1930. Logo depois, em 19 de julho, estreou seu próprio “show”, o “Festival Carmen Miranda”, realizado no Teatro Lírico, com a participação de inúmeros artistas de então, Raul Roulien, Alda Garrido, Patrício Teixeira, Josué de Barros, Rogério Guimarães e muitos outros.  Ainda naquele ano, participou da revista “Vai dar o que falar”, de Luiz Peixoto e Marques Porto, com músicas de Ary Barroso e Augusto Vasseur. A peça terminou em vaias e até tiros, pois incluía um quadro sobre a prostituição no Mangue, que foi considerado imoral. Participou de um único número, cantando “O nego no samba”, que acabou sendo gravado por ela, ainda em 1930.

Também em 1930, lançou seu primeiro disco pela Victor, gravado no final do ano anterior, cantando a canção-toada “Triste jandaia” e o samba “Dona Balbina”, as duas de Josué de Barros, com acompanhamento de violões de Josué de Barros e Rogério Guimarães. Nesse ano, gravou a marcha “Iaiá, Ioiô”, de Josué de Barros, e o samba “Burucutum”, de Sinhô, que assinou a composição com o pseudônimo de J. Curanji, com acompanhamento da Orquestra Victor. Ainda nesse ano, conheceu seu primeiro grande sucesso, a marcha “Pra você gostar de mim (Taí)”, de Joubert de Carvalho. O disco vendeu 35 mil cópias, fato inédito até então. Essa marcha seria o grande sucesso do carnaval. Tal êxito lhe valeu um contrato de dois anos com a RCA Victor. Em seguida, gravou o samba “O meu amor tem” e a marcha “Eu quero casar com você”, ambas de André Filho. No ano de 1930, gravou 40 músicas pela Victor, entre as quais as canções “Gostinho diferente” e “Neguinho”, de Joubert de Carvalho; os sambas “Pra judiá de você”, de Oscar Codrona e Carlos Medina, e “Feitiço gorado”, de Sinhô; as marchas “Eu sou do barulho” e “Quero ver você chorar”, de Joubert de Carvalho, e duas composições nas quais aparece como parceira, o samba “Os home implica comigo”, com Pixinguinha, samba satírico, bem ao gosto do teatro de revista, e a marcha “Por ti estou presa”, com Josué de Barros.

Em 1931, gravou entre outras composições, as marchas “Absolutamente”, de Joubert de Carvalho e Olegário Mariano e “Foi ele…foi ela”, de Joubert de Carvalho e Paulo Roberto, e os sambas “Não tens razão” e “E depois”, de Jonjoca; os sambas “Sonhei que era feliz” e “Nosso amô veio dum sonho” e a marcha “Isto é xodó”, de Ary Barroso, e os sambas “Quando me lembro” e “Por causa de você”, de André Filho. Nesse ano, embarcou para uma temporada em Buenos Aires ao lado de Francisco Alves. Na ocasião foi acompanhada por grandes nomes do cenário musical brasileiro, como Mário Reis, Luperce Miranda, Tute e outros. Na volta, trabalhou na Rádio Mayrink Veiga e depois assinou um ótimo contrato com a Rádio Tupi. Em 1932, além de participar do filme semidocumentário “Carnaval cantado em 1932 no Rio”, exibiu-se ao lado de Donga no Fluminense Futebol Clube, com orquestra de astros com Radamés Gnattali, Luís Americano e Eleazar de Carvalho sob a batuta de Pixinguinha. Gravou em 1932, aquele que seria o único samba de Cartola interpretado por ela, “Tenho um novo amor”, gravação acompanhada pela orquestra de Harry Kossarin e seus almirantes. Nesse ano, fez as primeiras gravações de composições de Assis Valente de quem se tornou grande intérprete, a marcha “Good-bye” e o samba “Etc…”. Também em 1932, fez “shows” no Cine-Teatro Eldorado ao lado de Almirante, Lamartine Babo e outros. Em seguida participou do 2º Broadway Cocktail, promovido por uma empresa proprietária do Cine-Teatro Broadway. Fez ainda excursão à Bahia e a Pernambuco, acompanhada de Josué de Barros e seu filho Betinho.

Em 1933, fez sucesso no carnaval com a marcha “Moleque indigesto”, de Lamartine Babo, gravada em dueto com o próprio Lamartine Babo com acompanhamento do Grupo da Guarda Velha. Gravou também nesse ano os sambas “Quando você morrer”, de Donga e Aldo Taranto, e “Vou navegar” e “Nosso amor vai morrendo”, de André Filho. Ainda no mesmo ano, gravou com Mário Reis a marcha-junina “Chegou a hora da fogueira”, de grande sucesso, e o samba “Tarde na serra”, ambos de Lamartine Babo. Participou do filme “A voz do carnaval”, com direção de Adhemar Gonzaga e Humberto Mauro, interpretando as músicas “Moleque indigesto”, de Lamartine Babo, e “Good-Bye”, de Assis Valente. Também nesse ano, fez nova excursão à capital argentina, ao lado de Betinho e J. Medina.

Em 1934, gravou em dueto com mais quatro artistas: com Patrício Teixeira o samba “Perdi minha mascote”, de João da Bahiana; com Lamartine Babo as marchas “Dois a dois” e “Eu também”, do próprio Lamartine Babo, e  “O . K…”, de Jurandir Santos; com Mário Reis os sambas “Me respeite…ouviu?”, de Valfrido Silva, e “Alô?…Alô?…”, de André Filho, e a marcha “Isto é lá com Santo Antônio”, de Lamartine Babo, e, com Almirante o samba “Pra que amar”, de Assis Valente. Gravou sozinha as marchas “Eu quero te dar um beijo” e “Uma vezinha só”, de Joubert de Carvalho; “Tenho raiva do luar” e “Acorda São João”, de Assis Valente, e “Balão que muito sobe”, de Ary Barroso e Osvaldo Santiago, além do samba-canção “Na batucada da vida”, de Ary Barroso e Luiz Peixoto. Gravou também os primeiros sambas de Sinval Silva, “Ao voltar do samba” e “Alvorada”. Ainda nesse ano, fez grande sucesso com o samba “Minha embaixada chegou”, de Assis Valente, com acompanhamento do Grupo do Canhoto. Ainda em 1934, perfeitamente consciente dos limites de sua extensão vocal, comprou um microfone e dois alto-falantes importados da Alemanha. A partir dessa época, passou a escolher seus músicos. Em outubro de 1934 voltou a Buenos Aires para várias apresentações.

Em janeiro de 1935, lançou com sucesso o samba “Por causa de você, ioiô”, de Assis Valente. Nesse período gravou as marchas “Moreno”, de Alcebíades Barcelos e Dan Malio Carneiro; “Entre outras coisas”, de Alcebíades Barcelos e Valfrido Silva; “Seu Abóbora”, de Lamartine Babo e Hervê Cordovil, e “Sorrisos”, de Hervê Codovil e João de Barro. Nesse ano, participou do filme “Alô, alô, Brasil!”, com direção de Wallace Downey, João de Barro e Alberto Ribeiro interpretando “Primavera no Rio”, de João de Barro, com acompanhada ao piano de Muraro, número de encerramento do filme, privilégio normalmente concedido aos maiores astros. Também nesse ano, foi contratada pela Odeon onde estreou cantando a marcha “Foi numa noite assim” e o samba “Queixas de colombina”, da dupla Arlindo Marques Jr e Roberto Roberti. Ainda nesse ano, fez sucesso com outro samba de Assis Valente, “E bateu-se a chapa”. Outros sucessos desse ano foram os sambas “Tic-tac do meu coração”, de Valfrido Silva e Alcyr Pires Vermelho, e “Adeus batucada”, de Synval Silva. Outro filme do qual participou nesse ano foi “Estudantes”, com direção de Wallace Downey, interpretando a marcha “Sonho de papel”, de Alberto Ribeiro, e o samba “E bateu-se a chapa”, de Assis Valente.

Para o carnaval de 1936, lançou as marchas “O que é que você fazia?”, de Noel Rosa e Hervê Cordovil, único registro seu do “Poeta da Vila”, e “Alô, alô carnaval”, de Hervê Cordovil e Lamartine Babo. Nesse ano, gravou com a irmã Aurora Miranda e com acompanhamento da Orquestra Odeon aquele que seria um dos maiores sucesso de sua carreira, a marcha “Cantoras do Rádio”, de João de Barro, Alberto Ribeiro e Lamartine Babo. Também em 1936, apresentou-se em São Paulo, no Cine República e na Rádio Record. Em julho desse ano embarcou novamente para Buenos Aires, a fim de se apresentar na Rádio Belgrano, ao lado da irmã Aurora, Laurindo de Almeida, Sut, Zé Carioca e outros. Recusou, na ocasião, um convite para participar de um filme, além de um contrato na Rádio El Mundo. A constante ida à capital argentina criou uma legião de fãs, incluindo uma que acabaria sendo a primeira dama do país. O episódio do assédio de Eva Duarte, futura Sra. Perón, quando ela se encontrava em um hotel de Buenos Aires, é contado com detalhes por Cássio Barsante em seu livro “Carmen Miranda”. Em dezembro de 1936 apresentou-se pela primeira vez no Cassino da Urca, ao lado da irmã Aurora. Nesse ano, atuou no filme “Alô, alô, carnaval!”, com direção de Adhemar Gonzaga, filme no qual interpretou as músicas “Querido Adão” e, com a irmã Aurora Miranda, “Cantores de rádio”. Nos anos seguintes fez excursões à Argentina e a várias cidades paulistas. Fez nesse ano uma série de novas gravações, entre as quais os sambas “Cuíca, pandeiro, tamborim…”, de Custódio Mesquita, e “Sambista da Cinelândia”, de Custódio Mesquita e Mário Lago; as marchas “Ninguém tem um amor igual ao meu” e “Terra morena”, de Joubert de Carvalho, e o grande sucesso que foi a batucada “No tabuleiro da baiana”, de Ary Barroso, cantada em dueto com Luiz Barbosa com acompanhamento do Grupo regional de Pixinguinha e Luperce Miranda.

Em janeiro de 1937, lançou para o carnaval as marchas “Minha terra tem palmeiras” e “Balancê”, de João de Barro e Alberto Ribeiro, alcançando sucesso com essa última. Ainda nesse ano, gravou os sambas “Saudade de você” e “Gente bamba”, de Synval Silva; “Canjiquinha quente”, de Roberto Martins, e “Cabaré no morro”, de Herivelto Martins, e o samba-choro “Me dá, me dá”, de Portelo Juno e Cícero Nunes. Da dupla Paulo Barbosa e Osvaldo Santiago, registrou a marcha “Dona Gueixa” e a marcha-frevo “No frevo do amor”. Com Sílvio Caldas gravou o samba-jongo “Quando eu penso na Bahia”, de Ary Barroso e Luiz Peixoto. Seu grande sucesso neste ano, entretanto, foi o samba-choro “Camisa listrada”, de Assis Valente.

Teve grande êxito em 1938 com o samba-choro “E o mundo não se acabou”, de Assis Valente, e com o samba-jongo “Na baixa do sapateiro”, de Ary Barroso. Gravou também nesse ano os sambas “Foi embora pra Europa” e “Quem condena a batucada”, de Nelson Peterson; a rumba “Sai da toca Brasil”, de Joubert de Carvalho; a marcha “Endereço errado”, de Paulo Carvalho; o choro “Meu rádio e meu mulato”, de Herivelto Martins, e, com o Trio de Ouro, o samba-jongo “Na Bahia”, de Herivelto Martins e Humberto Porto. Duas gravações se destacaram nesse ano, uma pela raridade, o samba “Deixa falar”, de Nelson Peterson, em dueto com Ary Barroso e, outra pelo sucesso, a cena-carioca “Boneca de pixe”, de Ary Barroso e Luiz Iglésias, em dueto com Almirante. Em dezembro de 1938, o ator Tyrone Power, vendo-a em “show” no Cassino da Urca, entusiasmou-se com seu talento.

Em janeiro de 1939 foi ovacionada por cerca de 200 mil pessoas em um concurso promovido pela Prefeitura do então Distrito Federal, quando cantou “Boneca de piche”, de Ary Barroso e Luiz Iglésias, um de seus grandes sucessos. Foi ainda nesse ano que ocorreu o incidente que uniria definitivamente o compositor Dorival Caymmi à história do “mito Carmen”. A cantora estava gravando cenas do filme “Banana da terra” e, numa delas, interpretaria duas músicas de Ary Barroso, “Na Baixa do Sapateiro” e “Boneca de piche”. Como o compositor exigiu um preço altíssimo por sua inclusão no filme, o diretor Wallace Downey pediu a ela e a João de Barro que arranjassem outro compositor que tivesse composições com temática baiana. A cantora lembrou-se de um jovem que lhe mostrara uma música que registrava as belezas da Bahia. Era Dorival Caymmi, e a música em questão, “O que é que a baiana tem?”. Assim, “A pequena notável” apareceu pela primeira vez com o traje de baiana que a imortalizaria, cantando, ao lado de Dorival Caymmi, a música no filme “Banana da terra”. Nesse ano, lançou o disco no qual aparece cantando em dueto com Dorival Caymmi duas obras do compositor baiano, o samba “O que é que é que a baiana tem?” e a cena-típica “A preta do acarajé”. Gravou duas novas composições de Synval Silva, o samba “Amor ideal” e a marcha “Nosso amor não foi assim” e, dois sambas de Laurindo de Almeida, “Mulato antimetropolitano” e “Você nasceu pra ser granfina”. Em fevereiro de 1939, em uma apresentação no Cassino da Urca, foi vista pelo empresário Lee Schubert, que acabou contratando-a para uma temporada na Broadway. Embarcou para os Estados Unidos ao lado de quatro integrantes do Bando da Lua, conjunto liderado por Aloysio de Oliveira, que fez absoluta questão que a acompanhasse para os shows na Broadway. Além de participar da revista “Ruas de Paris”, fez vários “shows”, participou da Feira Mundial e do filme “Down Argentine Way” (Serenata Tropical).

De volta ao Brasil, em julho de 1940, aceitou convite para cantar no Cassino da Urca, sendo então recebida com frieza por uma platéia seleta. O episódio marcou profundamente a cantora, que dois meses depois voltou ao Cassino para show em que apresentou com êxito “Disseram que eu voltei americanizada”, uma das últimas músicas que gravou no Brasil, além de “Voltei pro morro”, “Diz que tem” e “Disso é que eu gosto”, todas com a mesma temática, ou seja, reafirmar o espírito nacionalista da cantora. Meses depois, embarcou novamente para os Estados Unidos, levando a mãe. Vencendo a barreira da língua com talento e criatividade, participou de várias produções cinematográficas. Antes de voltar aos Estados Unidos, gravou os sambas “Voltei pro morro”, de Vicente Paiva e Luiz Peixoto; “Diz que tem…”, de Vicente Paiva e Haníbal Cruz. Gravou também, da dupla Vicente Paiva e Luiz Peixoto, o choro “Disso é que eu gosto” e o samba “Disseram que eu voltei americanizada”. Lançou ainda os sambas “Recenseamento”, de Assis Valente, e, em dueto com Almirante, “Bruxinha de pano”, de Vicente Paiva e Luiz Peixoto. Os contratos com as grandes produtoras de Hollywood não a impediam de fazer “shows”. Criou fama de competência, pois dificilmente os diretores pediam que suas cenas fossem repetidas, tendo até recebido o apelido de “one take girl”, pela facilidade com que se entregava às cenas.

Em 1941, na ocasião do lançamento de “Uma noite no Rio”, foi eleita a melhor atriz do ano pela revista “Photoplay”. Ainda em 1941, foi convidada a deixar a impressão de suas mãos e de seus famosos tamancos na calçada da fama do Teatro Chinês, em Los Angeles, onde foi a única artista sul-americana a ter suas marcas. Nesse ano, atuou na revista “Sons OFun” na Broadway, ao lado de vários artistas. O teatro Winter Garden ficou pequeno para receber a multidão que compareceu a sua estréia. Nessa época recebeu convite da Decca Records para gravar alguns discos. Ainda em 1941, foi lançado o disco com sua última gravação no Brasil, feita em setembro do ano anterior, disco no qual cantou em dueto com Barbosa Júnior os choros “Blaque-blaque” e “Ginga-ginga”, da dupla Gomes Filho e Juraci de Araújo, e que não obtiveram grande sucesso.

Em 1942, estreou com sucesso um “show” no Roxy Theatre, cuja temporada se estendeu até 1943. Na época da Segunda Guerra Mundial fez inúmeros “shows” para os operários da indústria bélica. Em 1945, segundo lista fornecida pelo Tesouro Americano, foi a artista mais bem paga dos EUA. Em 1948, fez excursão com o Bando da Lua, pela primeira vez, à Europa, onde se apresentou no Palladium, de Londres. Na década de 1950 já era notório o fato de que sua vida profissional atingira um ritmo alucinante. Em 1953, fez longa excursão à Europa. Na época declararia aos jornais: “Se me perguntarem o que achei de Roma, Milão, Bruxelas, de Oslo, Helsinque, Copenhague ou Estocolmo, não saberei responder”. E falando sobre a excursão às pequenas cidades européias: “… Adorei tudo isso, esforcei-me ainda mais para agradar a esse público assim tão sincero, mas acabei esgotada. Fiz o resto da viagem, e das minhas apresentações, já fortemente abalada”. Na volta aos EUA, seu médico a aconselhou a tirar férias por três meses. Apesar do alerta, assinou contrato para 12 “shows” no Shamrock Hotel de Houston.

No início de 1954, depois de outras temporadas de “shows”, teve um colapso nervoso e foi internada no Hospital Saint Jones, em Palm Springs. Na época, submeteu-se a tratamento psiquiátrico, incluindo choques elétricos, que acabaram por abatê-la psicologicamente ainda mais. Como os tratamentos não surtiram efeito, os médicos aconselharam uma viagem ao Brasil. Depois de relutar, ela chegou ao Brasil em 3 de dezembro de 1954, recebida por amigos e público com muito carinho. Passou semanas longe das badalações. Aos poucos, começou a aceitar convites para festas e para assistir a espetáculos. Num show de Grande Otelo na boate Casablanca, chegou a subir ao palco com o amigo e cantar, em meio às lágrimas, a célebre “Taí”. Compareceu a vários shows, sempre sendo homenageada por todos, mas também homenageando talentos novos que a haviam impressionado, como Ângela Maria e Elizeth Cardoso. Apesar de seu desejo de permanecer no Brasil, telefonemas de David Sebastian instigaram a cantora a voltar para a América. Ao se despedir, declarou: “Quando vocês menos esperarem, mais depressa do que pensam, estou dando as caras – e então para ficar”. Ninguém esperava, entretanto, que sua volta fosse tão rápida e tão tragicamente definitiva. Ao retornar aos EUA, voltou aos poucos a assumir compromissos. Fez shows em Las Vegas e viajou a Cuba, para uma temporada no famoso Tropicana. Voltou aos EUA com forte bronquite e nem teve tempo de curar-se para os ensaios de um show televisivo que faria. No último dia de filmagem do show de Jimmy Durante para a TV americana, sentiu-se mal, sussurrando baixinho: “Jimmy, estou com falta de ar”. Depois da gravação, a cantora saiu com um grupo de amigos para uma esticada. Depois de irem à inauguração do primeiro restaurante brasileiro nos EUA, a Casa do Brasil, assistiram à dublagem do filme “A Dama e o vagabundo”, de Walt Disney. Chegando em casa, o grupo ainda conversou um pouco. Por volta de duas e meia da manhã, recolheu-se a seu quarto. Às 10 horas do dia seguinte foi encontrada morta pela governanta. Nos EUA, gravou 16 discos pela Decca Records e trabalhou em 14 produções cinematográficas. Depois de sua morte, em 5 de dezembro de 1956, foi criado o Museu Carmen Miranda, por decreto do Prefeito Negrão de Lima. O museu, no entanto, não saiu do papel.

Em 1960, foi inaugurado busto de bronze em sua homenagem, no Largo da Carioca, posteriormente transferido para a Praia da Bica, na Ilha do Governador. Em 1968, todo o seu acervo, contido em 12 malas, ficou sob a guarda do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, cujo diretor Ricardo Cravo Albin montou uma primeira exposição do que seria o futuro Museu Carmen Miranda que finalmente foi inaugurado no Parque do Flamengo. O MIS ainda a homenagearia com o 1º LP pelo selo MIS editado com matrizes Odeon (1965) e com uma gravação realizada por amigos por seus 30 anos de morte.

Em 1969, Adhemar Gonzaga dirigiu o documentário “Carmen Miranda”, produzido pelo INC. Em 1972 recebeu homenagem da Escola de Samba Império Serrano, com o tema “Alô, alô, taí Carmen Miranda”, que rendeu um belo samba-enredo, até hoje muito cantado nos carnavais. Em 1978, o pesquisador Abel Cardoso Júnior realizou estudo biográfico com o título “Carmen Miranda – a cantora do Brasil”. Em 1985, recebeu biografia ilustrada de Cássio Emmanuel  Barsante intitulada “Carmen Miranda”.

Em 1994, Helena Solberg lançou o documentário “Carmen Miranda – banana is my business”, reunindo importantes depoimentos sobre cantora, como os de Aloysio de Oliveira, Aurora Miranda e Lauren Bacal, entre muitos outros. Em 2001, a atriz e cantora Stella Miranda estrelou o musical “South American Way”, escrito e dirigido por Miguel Fallabela. No mesmo ano, o cantor e compositor Eduardo Dussek estreou um show inteiramente dedicado ao repertório dela, lançando um CD e um songbook em homenagem à cantora. Ainda em 2001, foi homenageada pelo grupo Cantoras do Rádio no show “Estão voltando as flores”, escrito e dirigido por Ricardo Cravo Albin quando ela e Aurora eram revividas por Ellen de Lima e Carminha Mascarenhas, envergando réplicas dos casacos de scola que ambas cantavam “Cantoras do rádio” no filme “Alô, alô Carnaval”. O show virou CD pela Som Livre com o mesmo título “Estão voltando as flores”.

Em 2003, o espetáculo “”South American Way”, escrito e dirigido por Miguel Fallabela voltou ao cartaz com sucesso no Teatro João Caetano, centro do Rio de Janeiro. Ao todo, gravou pela RCA Victor, entre 1929 e 1935, 77 discos com 150 músicas e mais 65 disco com 130 músicas pela Odeon. Só no Brasil gravou ao todo 280 músicas. Sua trajetória sempre foi marcada pelo sucesso, alcançado pelo enorme carisma, personalidade, profissionalismo e por forte investimento da então indústria cultural, tanto no Brasil como no exterior, que soube aproveitar todo o seu potencial. A cantora foi a primeira artista a alcançar sucesso por meio do disco elétrico no Brasil. Em 2004, seus duetos com Mário Reis nas marchas juninas “Chegou a hora da fogueira” e “Isto é lá com Santo Antônio”, ambas de Lamartine Babo, foram incluídos na caixa de três CDs “Um cantor moderno” lançada pela BMG com a obra do cantor Mário Reis. Em 2005, por ocasião dos 50 anos de seu falecimento, recebeu diversas homenagens, entre as quais, o espetáculo “Yes, nós temos Pêra – Marília Pêra canta Carmen Miranda”, musical de Maurício Sherman que contou com a participação especial do dançarino Carlinhos de Jesus, apresentado no Teatro João Caetano. No mesmo ano, foi homenageada com uma exposição sobre sua vida e obra no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Segundo os organizadores da exposição, a mostra “Carmen Miranda para sempre” , é a maior e mais completa exposição já dedicada à mais célebre estrela internacional brasileira do século 20″. Dividida em duas fases, a americana e a brasileira, a exposição reuniu cerca de 700 peças de acervos da família da cantora, de colecionadores e do Museu Carmen Miranda. Foram expostos trajes, jóias, partituras, discos, artigos de jornal, e capas de revistas, além de uma série de 30 fotos inéditas realizadas em 1931, em Buenos Aires, pela fotógrafa alemã Annemarie Heinrich, durante a primeira apresentação da cantora na capital argentina. No mesmo ano, foi lançado o livro “Carmen: uma biografia”, de autoria do jornalista Rui Castro, após cinco anos de pesquisas. Em 2009, por ocasião das comemorações do centenário de seu nascimento recebeu diversas homenagens. No Sesc Ipiranga, em São Paulo aconteceu o projeto “Entre Babados e Balangandãs” no qual se apresentou a cantora Ná Ozzetti, com o show “Balangandãs”, acompanhada dos músicos Dante Ozzetti, no violão, Mário Manga, na guitarra, violão e violoncelo, Zé Alexandre Carvalho, no contrabaixo acústico, e Sérgio Reze, na bateria e percussão. Ná Ozzeti interpretou clássicos de Carmen. Também no mesmo projeto se apresentaram o trio Revista do Samba, tendo a cantora Letícia Coura entre as integrantes, a Sapo Banjo Orquestra, e a cantora Yvette Matos com sua banda que se apresentou intercalando histórias e clássicos de Carmen Miranda interpretando marchinhas e sambas clássicos de Dorival Caymmi, Assis Valente, Lamartine Babo e Ary Barroso, entre outros. Ainda por conta das homenagens ao seu centenário de nascimento, foi realizado um ciclo de palestras e apresentação de filmes nos quais ela atuou no Museu Carmen Miranda, no Rio de Janeiro, e o lançamento de medalhas comemorativas de ouro, prata e bronze pela Casa da Moeda. Ainda no mesmo ano, foi homenageada pelo Grêmio Recreativo Escola de Samba Sereno de Campo Grande que desfilou no grupo de acesso B no carnaval carioca na Marquês de Sapucaí com o enredo “Eu fiz tudo pra você não esquecer de mim “Ta í” 100 anos de Carmen Miranda”. Foi também organizada pela Secretaria Estadual de Cultura a “Semana Carmen Miranda” com atividades gratuitas que incluíram palestras do escritor Ruy Castro, filmes, shows, apresentação da Escola de Samba Império Serrano, retrospectiva da carreira da cantora e uma intervenção do artista plástico Luiz Stein que projetou imagens da cantora dançando na parte externa do Museu Carmen Miranda. Foi doado ao acervo do museu pelo artista plástico Ulysses Rabelo uma escultura de resina em tamanho natural da cantora vestida com uma réplica do traje usado por ela no filme “Uma noite no Rio”. Também em 2009, foi homenageada no Museu Carmen Miranda com a série de shows “Alô alô: 100 anos de Carmen Miranda”. Foram realizados quatro espetáculos: Roberta Sá e Pedro Luís fizeram um panorama da obra da cantora, Beatriz Faria e Marcos Sacramento mostraram canções gravadas na fase americana, Verônica Ferriani e Pedro Miranda interpretaram as músicas menos conhecidas, e Eduardo Dussek e Rita Benedito cantaram os grandes sucessos. Ainda nesse ano, foi também homenageada pela Academia Brasileira de Letras no projeto “MPB na ABL” apresentado no Teatro R. Magalhães Jr., daquela entidade, com o show “Na batucada da vida” apresentado por Clara Sandroni e Marcos Sacramento. Ainda nesse ano, foi lançado pela Sony BMG o CD dupla “Carmen Miranda – 100 Anos: Duetos e Outras Carmens”. O primeiro CD apresenta duetos da cantora com diferentes intérpretes: “Alô alô”; “Chegou a hora da fogueira”; “Isto é lá com Santo Antônio” e “Tarde na serra”, todas em dueto com Mário Reis; “Moleque indigesto”; “Dois a dois” e “Eu também”, as três com Lamartine Babo; “Gira!”, com Silvio Caldas; “Retiro da saudade”, com a participação especial de Francisco Alves; “Pra quem sabe dar valor”, com Carlos Galhardo; “Perdi minha mascote”, com Patrício Teixeira; “Isola! Isola!”, com Murilo Caldas, e “Vou espalhando por ai…” com a dupla Jonjoca & Castro Barbosa. Já o CD dois apresentou músicas gravadas por ela e atualizadas na voz de diferentes interpretes, tais como, “Camisa listrada”, em gravação inédita de Elza Soares; “Cachorro vira lata” com Baby do Brasil; “E o mundo não se acabou” com Adriana Calcanhoto; “Fon-fon” com Gal Costa; “Eu dei” com Marília Barbosa; “Disseram que eu voltei americanizada” com Caetano Veloso; “No tabuleiro da baiana” com João Bosco e Daniela Mercury; “Uva de caminhão” com Olyvia Byngton & João Carlos Assis Brasil; “Na Baixa do Sapateiro” com Evinha; “Quando eu penso na Bahia” com Maria Bethânia e Chico Buarque; “O que é que a baiana tem?” com Rita Lee; “Paris” com Elba Ramalho; “Cozinheira granfina” com Daltony e Maria Alcina, o pot-pourri de marchas carnavalescas “Tico tico no fubá/ Diz que tem / Mamãe eu quero” com Maria Alcina e DJ Zé Pedro, esta também uma gravação inédita. Outro evento ligado ao centenário de seu nascimento foi a reestréia do espetáculo musical “Carmen, o it brasileiro” no Teatro João Caetano, com texto de Fátima Valença, direção de Antonio DeBonis e direção musical de Alexandre Elias, e com a atriz Andrea Veiga no papel da cantora, a peça mostra o início da trajetória até a formação do mito em torno da cantora. Em 2019, um turbante seu, cedido pelo Museu Carmen Miranda, no Rio de Janeiro, foi colocado na muito divulgada exposição de moda do Metropolitan Museum of Art, de Nona York ao lado de criações de estilistas como Paul Gaultier, Marc Jacobs e Gianni Versace. Em contrapartida pela exposição do turbante, o Metropolitan Museum restaurou uma saia e um spencer da cantora. No mesmo ano, o jornal O Globo publicou uma polêmica levantada pelo pesquisador Vagner Fernandes do bloco Timoneiros da Viola que afirmou que a cantora não quis gravar o samba “Brasil pandeiro”, de Assis Valente, pois a letra ironizava os Estados Unidos. Mas, segundo o biógrafo da artista, Ruy Castro, autor do livro “Carmen – Uma biografia”, na realidade, segundo depoimento ao jornal, porque “a letra dizia “O Tio Sam está querendo conhecer a nossa feijoada/Está dizendo que o molho da baiana melhorou seu prato/Vai entrar no cuzcuz, acarajé e abará/Na Casa Branca já dançou a batucada com ioiô e iaiá”, referências a ela própria, que cantara de baiana na Casa Branca no ano anterior, 1939. Carmen, em sua modéstia, achava que não ficaria bem ela própria cantar um samba que a glorificava – disse Ruy”.

Discografias
2009 Sony/BMG CD Carmen Miranda - 100 Anos: Duetos e Outras Carmens
2000 Revivendo CD Carmen Miranda
2000 Revivendo CD Carmen Miranda-A Pequena Notável
2000 RCA/BMG CD Carmen Miranda-caixa com 3 CDs
1999 EMI CD Carmen Miranda-Série Raízes do Samba
1950 Label/Disco DECCA 78 Asi asi (I see, I see)/The wedding samba
1950 Label/Disco DECCA 78 Baião ca-room'papa/Ipse-ai-o (Ipsee I O)
1947 Label/Disco DECCA 78 The matador (Touradas em Madri)/Cuanto le gusta?
1945 Label/Disco DECCA 78 Passo do canguru/Boneca de pixe
1945 Label/Disco DECCA 78 Upa upa/Tico tico no fubá
1942 Label/Disco DECCA 78 Chatanooga Choo choo/Tic tac do meu coração
1942 Label/Disco DECCA 78 Manuelo/Thank you North America
1942 Label/Disco DECCA 78 The man with the lollypop song/Não te dou a chupeta
1942 Label/Disco DECCA 78 When I love, I love/Rebola, bola
1941 Label/Disco DECCA 78 A week-end in Havana/Diz que tem
1941 Odeon 78 Blaque-blaque/Ginga-ginga
1941 Label/Disco DECCA 78 Cai cai/Arca de Noé
1941 Label/Disco DECCA 78 Chica Chica boom chic/Bambalê
1941 Label/Disco DECCA 78 I like you very much/Alô, alô
1941 Odeon 78 O dengo que a nega tem/É um quê que a gente tem
1940 Odeon 78 Bruxinha de pano(Com Almirante)/Recenseamento
1940 Odeon 78 Disso é que eu gosto/Disseram que voltei americanizada
1940 Odeon 78 Essa cabrocha/Me dá me dá no Chang-Lang
1940 Label/Disco DECCA 78 Mamãe eu quero (I want my mama)/Bambo do bambu (Bambu-bambu)
1940 Label/Disco DECCA 78 O que é que a baiana tem/Marchinha do grande galo (Cocococococoró)
1940 Disco DECCA 78 South American way/Touradas em Madri. Label
1940 Odeon 78 Voltei pro morro/Diz que tem
1939 Odeon 78 A vizinha das vantagens/E a festa Maria?
1939 Odeon 78 Amor ideal/Nosso amor não foi assim
1939 Odeon 78 Candeeiro/Moreno batuqueiro
1939 Odeon 78 Cuidado com a gata do Ary/A pensão da Dona Stela(Com Barbosa Jr)
1939 Odeon 78 Mulato anti-metropolitano/Você nasceu pra ser granfina
1939 Odeon 78 O que é que a baiana tem?/A preta do acarajé(Com Dorival Caymmi)
1939 Odeon 78 Preto e branco/Cozinheira granfina

(Com Almirante)

1939 Odeon 78 Que baixo(Com Barbosa Jr)
1939 Odeon 78 Roda pião(Com Dorival Caymmi)/A nossa vida hoje é diferente
1939 Odeon 78 Uva de caminhão/Deixa comigo
1938 Odeon 78 Batalhão do amor/Vingança
1938 Odeon 78 Boneca de pixe(Com Almirante)/Escrevi um bilhetinho
1938 Odeon 78 Deixa falar!/Quem condena a batucada
1938 Odeon 78 E o mundo não se acabou/Foi embora pra Europa
1938 Odeon 78 Na Bahia(Com Trio de Ouro)/Meu rádio e meu mulato
1938 Odeon 78 Nas cadeiras da baiana(Com Nuno Roland)/Samba rasgado
1938 Odeon 78 Paris/Veneno pra dois
1938 Odeon 78 Sai da toca Brasil!/Endereço errado
1938 Odeon 78 Salada mista/Na Baixa do Sapateiro
1937 Odeon 78 Cachorro vira-lata/Imperador do samba
1937 Odeon 78 Canjiquinha quente/Me dá
1937 Odeon 78 Dance rumba/Em tudo, menos em ti
1937 Odeon 78 Dona Gueixa/No frevo do amor
1937 Odeon 78 Fon-fon(Com Sílvio Caldas)/Camisa listrada
1937 Odeon 78 Nem no sétimo dia/Como eu chorei
1937 Odeon 78 Não se deve lamentar/Novo amor
1937 Odeon 78 O samba e o tango/Reminiscência triste
1937 Odeon 78 Onde vai você Maria?(Com Sílvio Caldas)/Onde é que você anda?(Com Fernando Alvarez)
1937 Odeon 78 Primavera da vida/Baiana do tabuleiro
1937 Odeon 78 Quando eu penso na Bahia(Com Sílvio Caldas)/Eu dei
1937 Odeon 78 Quem é?(Com Barbosa Jr)/Cabaret no morro
1937 Odeon 78 Saudade de você/Gente bamba
1937 Odeon 78 Vira pra cá/Quantas lágrimas
1937 Odeon 78 Você está aí pra isso?/Pois sim, pois não
1936 Odeon 78 Balancê/Minha terra tem palmeira
1936 Odeon 78 Beijo bamba/Pelo amor daquela ingrata
1936 Odeon 78 Cantores de rádio/Roncar

(Com Aurora Miranda)

1936 Odeon 78 Como vai você?/No tabuleiro da baiana(Com Luiz Barbosa)
1936 Odeon 78 Cuíca, pandeiro, tamborim/Sambista da Cinelândia
1936 Odeon 78 Dou-lhe uma/Entra no cordão
1936 Odeon 78 Duvideodó/Esqueci de sorrir
1936 Odeon 78 Honrando um nome de mulher/Polichinelo
1936 Odeon 78 Meu balão subiu, subiu/Paga quem deve
1936 Odeon 78 Ninguém tem um amor igual ao meu/Terra morena
1936 Odeon 78 Nova descoberta/Deixa esse povo falar
1936 Odeon 78 Não fui eu/Capelinha do coração
1936 Odeon 78 O que é que você fazia/Alô, alô Carnaval
1936 Odeon 78 Quem canta, seus males espanta/Você não tem pena
1936 Odeon 78 Triste sambista/Não durmo em paz
1936 Odeon 78 Ô/Fala, meu pandeiro
1935 Odeon 78 Adeus batucada/Casaquinho de tricô(Com Barbosa Júnior)
1935 Odeon 78 Dia de Natal/Samba
1935 Odeon 78 E bateu-se na chapa/Isso não se atura
1935 Odeon 78 Foi numa noite assim/Queixas de Colombina
1935 Odeon 78 Primavera/Cor de Guiné
1935 Odeon 78 Querido Adão/Pra fazer você chorar
1935 Odeon 78 Roseira branca/Se gostares de batuque
1935 Odeon 78 Sonho de papel/Fogueira do meu coração
1935 Odeon 78 Tic tac do meu coração/Fruto proibido
1934 Victor 78 Abc do amor/Tome mais um chopp
1934 Victor 78 Acorda São João/Balão que muito sobe
1934 Victor 78 Ao voltar do samba/Alvorada
1934 Victor 78 Coração!/Comigo não!
1934 Victor 78 Entre outra coisas/Seu abóbora
1934 Victor 78 Isso é lá com Santo Antônio

(Com Mário Reis)

1934 Victor 78 Minha embaixada chegou/Té já
1934 Victor 78 Moreno/Sorrisos
1934 Victor 78 Mulatinho bamba/Anoiteceu
1934 Victor 78 Nunca mais/Não me falta nada
1934 Victor 78 O samba é carioca/Agora não
1934 Victor 78 Ok/Eu também
1934 Victor 78 Por especial favor/Na batucada da vida
1934 Victor 78 Primavera no Rio/Mocidade
1934 Victor 78 Quando a saudade apertar(Com Sílvio Caldas)/Teu feitiço me pegô
1934 Victor 78 Recadinho de Papai Noel/Por causa de você Yoyo
1934 Victor 78 Retiro da saudade/Ninho secreto
1934 Victor 78 Tenho raiva do luar/Pra que amar?
1934 Victor 78 Um pouquinho de amor/Sapatinho da vida
1934 Victor 78 Vou apanhando por aí

(Com Castro Barbosa)

1933 Victor 78 As cinco estações do ano

(Com Lamartine Babo, Almirante e Mário Reis)

1933 Victor 78 Chegou a hora da fogueira/Tarde na serra

(Com Mário Reis)

1933 Victor 78 Dois a dois(Com Lamartine Babo)/Marchinha nupcial
1933 Victor 78 Elogio da raça/Pra quem sabe dar valor

(Com Carlos Galhardo)

1933 Victor 78 Eu queria ser Yoyô/Sossega o teu corpo, sossega
1933 Victor 78 Eu quero te dar um beijo/Uma vezinha só
1933 Victor 78 Fala, meu bem/Lua amiga
1933 Victor 78 Good bye/Etc...
1933 Victor 78 Lulu/Sapateia no chão
1933 Victor 78 Me respeite, ouviu/Alô, alô

(Com Mário Reis)

1933 Victor 78 Moleque indigesto(Com Lamartine Babo)/Chegou a turma boa
1933 Victor 78 Não há razão para haver barulho/Perdi minha mascote

(Com Patrício Teixeira)

1933 Victor 78 Olá/Foi você mesmo
1933 Victor 78 Piaçava pra vassoura/Cartão de visita
1933 Victor 78 Por amor a este branco/Só em saber
1933 Victor 78 Quando você morrer/Pode ir embora
1933 Victor 78 Que bom que estava/Bom dia, meu amor
1933 Victor 78 Tempo perdido/O desprezo é minha arma
1933 Victor 78 Tão grande, tão bobo/Inconstitucionalíssimamente
1933 Victor 78 Violão/Moleque convencido
1932 Victor 78 Assim sim/Espera um pouquinho
1932 Victor 78 Mulato de qualidade/Para um samba de cadência
1932 Victor 78 Nosso amô veio num sonho/Não vai zangar
1932 Victor 78 O gatinho/Tenho um novo amor
1932 Victor 78 Quando me lembro/Por causa de você
1931 Victor 78 Absolutamente/Foi ele...Foi ela
1931 Victor 78 Bamboleo/Quero só você
1931 Victor 78 Gira!(Com Sílvio Caldas)/Benzinho
1931 Victor 78 Isola, isola(Com Murilo Caldas)
1931 Victor 78 Não tens razão/E depois
1931 Victor 78 Sonhei que era feliz/Isto é xodó
1931 Victor 78 Tem gente aí/Amor! Amor!
1931 Victor 78 Ya canta el galo/Adeus, adeus
1931 Victor 78 É de trampolim/Se você quer
1930 Victor 78 Carnaval tá aí/Vamos brincar
1930 Victor 78 Deixa disso/Sou da pontinha
1930 Victor 78 Eu gosto da minha terra/Veja você
1930 Victor 78 Eu sou do barulho/Quero ver você chorar
1930 Victor 78 Gostinho diferente/Neguinho
1930 Victor 78 Já te avisei/O castigo hás de encontrar
1930 Victor 78 Malandro/Cuidado, hein!
1930 Victor 78 Mamãe não quer/Pra você gostar de mim
1930 Victor 78 Miss sertão/A mulhé quando não qué
1930 Victor 78 O meu amor tem/Eu quero casar com você
1930 Victor 78 Os home implica comigo/Moreno bonito
1930 Victor 78 Por ti estou presa/Se não me tens amor
1930 Victor 78 Prá judiá de você/Feitiço gorado
1930 Victor 78 Quero ficar mais um pouquinho/Como gosto de você
1930 Victor 78 Será você?/De quem seu gosto
1930 Victor 78 Si no me quieres más/Muchachito de mi amor tango
1930 Victor 78 Tenho um novo namorado/Espere que preciso me pintar/O nego no samba
1930 Victor 78 Triste jandaia/Dona Babina
1930 Victor 78 Vou fazê trança/É findo o nosso amor
1930 Victor 78 Yayá, Yoyô/Buruncuntum
1930 Victor 78 É com você que eu queria/Essa vida é muito engraçada
1929 Brunswick 78 Não vá simbora/Se o samba é moda
Obras
Os hôme implica comigo (c/ Pixinguinha)
Por ti estou presa (c/ Josué de Barros)
Clips
1994 "Carmen Miranda - banana is my business": filme documentário sobre a vida de Carmen, da cineasta Helena Silberg.
1994 Banana is my business: - International Cinema Corporation e Juca Filmes / RioFilme - Rio de Janeiro - 91 minutos - Em cores. Direção e narração, Helena Solberg. Produção, David Meyer e Helena Solberg. Produtores associados, Juca Filmes Ltda., Paulo José Cardoso dos Santos e Carlos Salgado. Fotografia, Tomasz Magieski. Montagem, David Meyer e Amada Zinoman. Intérpretes, Letícia Monte (como Carmen Miranda dolescente), Erik Barreto (como Carmen em Hollywood), Cynthia Adler (como Luella Hopper). Sinopse, documentário ficcional sobre Carmen Miranda. Mostra sua carreira profissional, desde os tempos do Brasil ao sucesso nos Estados Unidos, e termina mostrando uma estrela infeliz, vítima talvez de seu próprio sucesso.
1969 "Carmen Miranda": de Adhemar Gonzaga, documentário produzido pelo INC.
1953 Morrendo de medo Scared stiff: - Paramount - Preto e branco). Diretor, George Marshall. Produtor, Hal Wallis. Intérpretes, Lizabeth Scott, Dean Martin, Jerry Lewis, Dorothy Malone e outros. Canções de Carmen, "The bongo bingo", "The enchilada Man".
1950 Romance carioca: - Nancy goes to Rio - Metro - Colorido. Diretor, Robert Z. Leonard. Produtor, Joe Pasternack; Intérpretes, Jane Powell, Ann Sothern, Barry Sullivan, Louis Calhern, Nella Walker, Bando da Lua e outros. Canções de Carmen, "Ipse-Ai-O", "Baião".
1948 O príncipe encantado: - A date with judy - Metro - Colorido. Diretor, Richard Thorpe. Produtor, Joe Pasternack. Intérpretes, Jane Powell, Elizabeth Taylor, Selena Royle, Wallace Beery, Robert Stack, Xavier Cugat e Orquestra e outros. Canções de Carmen, "Cuanto le gusta", "Cooking with glass", "It's a most unusual day" (trecho).
1947 Copacabana: - Copacabana United Artists. Preto e branco. Diretor, Alfred E. Green. Produtor, Sam Coslow. Intérpretes, Groucho Marx, Andy Russel, Gloria Jean, Steve Cochran, Merle McHugh e outros. Canções de Carmen, "Tico-tico no fubá", "How to make a hit with Fifi (Mme. Fifi)", "Let's go to Copacabana", "Je vous aime", "I haven't a thing to sell".
1946 Se eu fosse feliz - If i'm lucky: - Fox - Colorido. Diretor, Lewis Seiler. Produtor, Bryan Foy; Intérpretes, Vivian Blaine, Perry Como, Harry James e Orquestra e outros. Canções de Carmen, "Batucada", "Follow the band", "Bet your botton dollar".
1945 Sonhos de estrela Doll face: - Fox - Preto e branco. Diretor, Lewis Seiler. Produtor, Bryan Foy. Intérpretes, Vivian Blaine, Martha Stewart, Perry Como, Dennis O'Keefe, Michael Dunne e outros. Canção de Carmen, "Chico-chico (from Porto Rico)".
1944 Alegria, rapazes! Something for the boys: - Fox - Colorido. Diretor, Lewis Seiler. Produtor, Irving Starr. Intérpretes, Vivian Blaine, Michael O'Shea, Cora Williams, Judy Hollyday, Perry Como, Bando da Lua e outros. Canções de Carmen, "Batuca nêgo", "Samba boogie", "Wouldn't it be nice?" (trecho).
1944 Quatro moças num jeep Four jills in a jeep": - Fox - Preto e branco. Diretor, William A. Seiter. Produtor, Irving Starr. Intérpretes, Kay Francis, Marta Raye, Dick Haymes, Betty Grable, Carole Landis, Jimmy Dorsey e Orquestra e outros. Canção de Carmen, " I, Yi, Yi, Yi, Yi - I like you very much".
1944 Serenata boêmia Greenwich Village: - Fox - Colorido. Diretor, Walter Lang. Produtor, William Le Baron. Intérpretes, Don Ameche, Vivian Blaine, William Bendix, Emil Rameau e outros. Canções de Carmen, "O que é que a baiana tem", "Give me a band and a Bandana", "Quando eu penso na Bahia", "I'm just wild about Harry", "I like to be love by you".
1943 Entre a loura e a morena The gang's all here: - Fox - Colorido. Diretor, Busby Berkeley. Produtor, William Le Baron. Intérpretes, Alice Faye, Phil Baker, Charlotte Greenwood, Sheila Ryan, Edward Everett Norton, Benny Goodman e Orquestra, Bando da Lua e outros. Canções de Carmen Miranda, "Aquarela do Brasil", "The lady paducah in the tutti frutti hat", You know you're in New York", "A journey to a star" (com todo o elenco).
1942 Minha secretária brasileira Springtimes in the rockies: - Fox - Colorido. Diretor, Irving Cummings. Produtor, William Le Baron. Intérpretes, Betty Grable, John Payne, Cesar Romero, Charlotte Greenwood, Edward Everett Norton, Trudy Marshall, Jackie Gleason, Harry James e Orquestra, Bando da Lua e outros. Canções de Carmen Miranda, Chattanooga choo choo", "O tique-taque do meu coração".
1941 Aconteceu em Havana Week-end in Havana: - Fox - Colorido. Diretor, Walter Lang. Produtor, William Le Baron. Intérpretes, Alice Faye, John Payne, Cesar Romero, Bando da Lua e outros. Canções de Carmen Miranda, "A week end in Havana", "When I love I love", "Rebola, bola", "The Nango".
1941 Uma noite no Rio That nigth in Rio: - EUA - 20th Century Fox - ... minutos – Colorido. Diretor - Irving Cummings. Produtor, Fred Kohlmar. Roteiro, George Seaton, Bess Meredith, Hal Long e Jessie Ernst, baseado na peça homônima de Rudolph Lothar e Hans Adler. Fotografia, Leon Shamroy e Ray Rennahan. Intérpretes, Don Ameche, Alice Faye, Maria Montes, Lillian Porter, J. Carrol Naish, S. Z. Sakall, Leonid Kinskey, Fortunio Bonanova, Curt Bois, Frank Puglia, Edward Conrad, George Renavent, Bando da Lua, Flores Brothers e outros. Canções de Carmen Miranda, "Chica Chica Boom Chic", "Cai Cai", "I, Yi, Yi, Yi, Yi, I Like You Very Much".
1940 Laranja da China: - Brasil / Rio de Janeiro - Sonofilmes - ... minutos - Preto e branco. Direção, argumento e roteiro, - Ruy Costa, Produção, - Wallace Downey e Alberto Byinton Jr. Música, Ary Barroso, Benedito Lacerda, Dorival Caymmi, João de Barro, e outros. Intérpretes, César Ladeira, Benedito Lacerda, Dircinha Batista, Pedro Vargas, Arnaldo Amaral, Francisco Alves, Barbosa Júnior, e outros. Estreou no Cine São Luís, em janeiro de 1940. Observação, a participação de Carmen Miranda nesse filme é a inclusão da cena do filme "Banana da terra" em que ela canta "O que é que a baiana tem?", de Dorival Caymmi. Essa presença foi uma homengem da Direção, e produção do filme a Carmen Miranda.
1940 Serenata tropical Down argentine way": - EUA - 20th Century Fox - ... minutos – Colorido. Diretor, Irving Cummings. Produtor, Darryl F. Zanuck. Roteiro, Darrell Ware e Karl Tunberg. Argumento, Rian Jones e Ralph Spence. Fotrografia, Leon Shmaboy e Ray Rennhan. Intérpretes, Betty Grable, Charlotte Greenwood, Katherine Aldridge, Catharine Dowling, Don Ameche, J. Carrol Naish, Henry Stephenson, Leonid Kinskey, Fortunio Bonanova, Robert Conway, Chris-Pin Martin, Gregory Gaye, Bobby Stone, Edward Fielding, Edward Conrad, Armand Kaliz, Frank Puglia, Thomas Dowling, Nicholas Brothers, Bando da Lua, Six Hits and a Miss, e outros. Canções de Carmen Miranda, "South american way", "Mamãe eu quero", "Bambu bambu", "Touradas em Madrid".
1939 Banana da terra: - Brasil / Rio de Janeiro - Sonofilmes / Metro Goldwyn Mayer - ... minutos - Preto e branco. Direção, - João de Barro. Supervisão e produção, - Wallace Downey. Argumento, - João de Barro e Mário Lago. Fotografia, Edgar Brasil. Som, Wallace Downey. Intérpretes, - Carmen Miranda, Aurora Miranda, Dircinha Batista, Linda Batista, Emilinha Borba, Neyde Martins, Almirante, Oscarito, Orlando Silva, Aloysio de Oliveira, Jorge Murad, Carlos Galhardo, Lauro Borges, Castro Barbosa, Mário Silva, Paulo Netto, Alvarenga e Bentinho, Bando da Lua, Orquestra Napoleão Tavares, Orquestra Romeu Silva e artistas do Cassino da Urca. Carmen canta "Pirolito" (com Almirante) e "O que é que a baiana tem". Estreou no Cine Metro-Passeio em 10 de fevereiro de 1939.
1936 Alô, alô, carnaval!: - Brasil / Rio de Janeiro - Waldow-Cinédia / DFB - ... minutos - Preto e branco. Direção, - Adhemar Gonzaga. Produtores, - Wallace Downey e Adhemar Gonzaga. Argumento, - João de Barro e Alberto Ribeiro. Fotografia, Antônio Medeiros e Edgar Brasil. Som, Moacir Fenelon. Intérpretes, - Carmen Miranda, Aurora Miranda, Heloísa Helena, Alzirinha Camargo, Dulce Wheyting, Dircinha Batista, Lelita Rosa, Francisco Alves, Mário Reis, Jayme, Luiz Barbosa, Pinto Filho, Oscarito, Almirante, Muraro, Hervé Cordovil, Pery Ribas, Joel e Gaúcho, Irmãs Pagãs, Bando da Lua, Os Quatro Diabos", Orquestra de Simon Bountman, Benedito Lacerda e seu Conjunto Regional. Carmen Miranda canta "Querido Adão" e "Cantores de rádio" (com Aurora). Estreou no Cine Alhambra em 20 de janeiro de 1936. Sinopse, dois autores procuram um empresário para oferecer-lhe uma revista musical, "Banana da terra". O empresário recusa a oferta porque está esperando uma "atração francesa". Essa atração falha, e o empresário é obrigado a reconsiderar sua decisão anterior, promovendo "Banana da terra", um musical salpicado de piadas sobre fatos e personagens do ano.
1935 Alô, alô, Brasil!: - Brasil / Rio de Janeiro - Waldow-Cinédia / Metro Goldwyn Mayer - ... minutos - Preto e branco. Direção, Wallace Downey, João de Barro e Alberto Ribeiro. Produtores, Wallace Downey e Adhemar Gonzaga. Argumento, João de Barro e Alberto Ribeiro. Fotografia, Antônio Medeiros, Luís de Barros, Afrodísio P. Castro, Edgar Brasil, Ramon Garcia e Fausto Muniz. Som, Charles Whalley. Intérpretes, Carmen Miranda, Aurora Miranda, Dircinha Batista, Cordélia Ferreira, Elisa Coelho, César Ladeira, Francisco Alves, Barbosa Junior, Mário Reis, Jorge Murad, Custódio Mesquita, Almirante, Mesquitinha, Ary Barroso, Manoelino Teixeira, Arnaldo Pescuma, Manoel Monteiro, Afonso Stuart, Bando da Lua, Os Quatro Diabos, Orquestra Simon Bountman. Quadros musicais e "sketches", - "Cidade maravilhosa", de André Filho, "Ladrãozinho", de Custódio Mesquita, com Aurora Miranda; "Foi ela", de Ary Barroso, com Francisco Alves; "Rasguei minha fantasia", de Lamartine Babo, com Mário Reis; "Menina internacional", de João de Barro e Alberto Ribeiro, com Dircinha Batista, Arnaldo Pescuma e o conjunto Os Quatro Diabos; "Primavera no Rio", de João de Barro, com Carmem Miranda, acompanhada ao piano por Muraro; "Deixa a lua sossegada", de João de Barro e Alberto Ribeiro, com Almirante e o Bando da Lua; "Garota colossal (trecho)", de Nássara e Ary Barroso, com o próprio Ary Barroso; "Fiquei sabendo", de Custódio Mesquita, com Elisa Coelho de Almeida; e "Salada portuguesa", de Paulo Barbosa e Vicente Paiva, com Manoel Monteiro. Nos programas constava ainda a música "Muita gente tem falado de você", de Mário Paulo e Arnaldo Pescuma; e Carmem Miranda cantou "Primavera no Rio", último número do filme, privilégio concedido comumente ao maior nome do elenco. Estreou no Cine Alhambra em 4 de fevereiro de 1935. Sinopse, uma espécie de revista musical, cujas histórias, músicas e anedotas estão interligadas pelas aventuras de um radiomaníaco que está em busca de seu grande amor. Segundo alguns críticos da época, o filme é tão bem-feito, que até parece filme argentino! Por isso mesmo pode ser considerado, nessa opinião, o primeiro produto industrial do cinema brasileiro. E com enorme sucesso de bilheteria.
1935 Estudantes: - Brasil / Rio de Janeiro - Waldow-Cinédia / DFB - ... minutos - Preto e branco. Direção, - Wallace Downey. Produtores, - Wallace Downey e Adhemar Gonzaga. Argumento, - João de Barro e Alberto Ribeiro. Fotografia, Antonio Medeiros e Edgar Brasil. Som, Moacyr Fenelon. Músicas. - João de Barro, Alberto Ribeiro, Assis Valente, Custódio Mesquita e Almirante. Orquestra de Simão Boutman e Conjunto Regional de Benedito Lacerda. Foram cantados os seguintes números, "Sonho de papel" (marcha), de Alberto Ribeiro; "E bateu-se a chapa", de Assis Valente, por Carrnem Miranda; "Linda Mimi" (marcha), de João de Barro, por Mário Reis; "Linda Ninon" (samba), de João de Barro e Cantídio Melo; "Onde está o seu carneirinho", de Custódio Mesquita, por Aurora Miranda; "Ele ou eu" (fox-canção), de Alberto Ribeiro, por Silvinha Melo acompanhada dos Irmãos Tapajós; "Lalá" (marcha), de Alberto Ribeiro e João de Barro, pelo Bando da Lua; "Assim como o Rio" (toada), de Almirante, com o próprio. Intérpretes, Carmen Miranda, Aurora Miranda, Silvinha Melo, Carmen Silva, Dulce Wheyting, Mesquitinha, César Ladeira, Barbosa Júnior, Almirante, Jorge Murad, Mário Reis, Afonso Osório, Elio Pereira, Bando da Lua, Irmãos Tapajós, Benedito Lacerda e seu Conjunto Regional e Orquestra de Simon Bountman. Sinopse, Carmen, em seu papel, o único, aliás, de seus filmes brasileiros, "é a pequena do rádio, toda "sex-appeal", que se deixa enamorar pelos estudantes apaixonados por seus encantos e pelas canções que a "pequena formidável" interpreta com toda a sua brejeirice. Mesquitinha e Barbosa Júnior são os seus apaixonados. E Carmen, que gosta do estudante Mário Reis, não quer desiludir os dois, proporcionando-lhes momentos de alegria e... comédia. As declarações de ambos são gozadíssimas! Já vimos o filme e podemos dizer que o cinema brasileiro nunca apresentou outro tão engraçado... A nova produção de Wallace Downey está destinada a bater outro "record". ("Cinearte", 15-6-1935) Estreou no Cine Alhambra em 8 de julho de 1935.
1933 A voz do carnaval: - Brasil / Rio de Janeiro - Cinédia - - Preto e branco. Direção, - Adhemar Gonzaga e Humberto Mauro. Produtor, - Adhemar Gonzaga. Argumento, - Joracy Camargo. Fotografia, Edgar Brasil, Afrodísio P. Castro, Vítor Ciacchi e Ramon Garcia. Músicas, trechos dos sambas e ou canções "Linda morena, Aí, hein?!" e "Moleque indigesto", de Lamartine Babo; "Boa bola", de Lamartine Babo e P. Valença; "Fita amarela", de Noel Rosa; "Mas como...," de Noel Rosa e Francisco Alves; "Formosa", de J. Rui e Nássara; "É batucada", de J. Luís de Moraes; "Macaco, olha o teu rabo", de Benedito Lacerda e G. Viana; "Trem blindado" e "Moreninha da praia", de Carlos Braga; "Vai haver barulho no chatô", de W. Silva e Noel Rosa; "Good-bye", de Assis Valente; "Allo", Jones, de Jurandir Santos; e "Opa, opa!", de Maércio e Mazinho. Intérpretes, Carmen Miranda, Gina Cavaliere, Lu Marival, Regina Maura, Elsa Moreno, Naná Figueiredo, Pablo Palitos, Paulo de Oliveira Gonçalves, Lamartine Babo, Paulo Gonçalves, Apolo Corrêa, Henrique Chaves, Alice Garcia, Mário Toledo Filho, Sara Nobre, Sônia Veiga, Edmundo Maia, Lilian Paes Leme, Paulina Mobarak, Jararaca e Ratinho, e outros; Carmen Miranda canta ao microfone "Moleque indigesto" e "Good-Bye". Estreou no Cine Odeon em 6 de março de 1933. Sinopse, trata-se de um semidocumentário, pois, contando a história do Rei Momo que foge do trono para assistir ao carnaval do Rio, utiliza cenas reais, gravadas ao vivo, e cenas de estúdio. É o primeiro filme sonoro da Cinédia. Foi exibido, em 1936, em Paris; há informações de que obteve grande êxito.
1932 Carnaval cantado de 1932 no Rio: - Brasil / Rio de Janeiro - V. R. Castro Produtora - Documentário de média-metragem - ... minutos - Preto e branco.
1930 Degraus da vida: - Brasil / Rio de Janeiro - Agra Filme. Direção, Lourival Agra. Produção, Agra Filme. Obs no catálogo da retrospectiva promovida pela Cinemateca do Museu de Arte Moderna / Clube de Cinema do Rio de Janeiro / Secretaria de Turismo do Governo da Guanabara (1969, 2ª edição 1971) consta a informação de que esse filme (embora Carmen Miranda tenha assinado contrato) não chegou a ser rodado.
Bibliografia Crítica

ALBIN, R. Cravo. MPB a História de um século. Rio de Janeiro: Funarte, 1998.

ALBIN, R. Cravo. O livro de ouro da MPB – A História de nossa música popular de sua origem até hoje. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

BARSANTE, Cássio Emmanuel. Carmen Miranda. Rio de Janeiro: Europa, 1985.

CARDOSO JÚNIOR, Abel. Carmen Miranda – a cantora do Brasil. São Paulo: edição particular do autor, 1978.

CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário biográfico da música popular. Rio de Janeiro; Edição do autor, 1965.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

EPAMINONDAS, Antônio. Brasil brasileirinho. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1982.

FUSCALDO, Chris. Discobiografia Mutante: Álbuns que revolucionaram a música brasileira. Rio de Janeiro: Editora Garota FM Books, 2018. 2ª ed. Idem, 2020.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

MONTEIRO, Martha Gil. Carmen Miranda – a pequena notável (uma biografia não autorizada). Rio de Janeiro: Record, 1989.

OLIVEIRA, Aloysio de. De banda pra lua. Rio de Janeiro: Record, 1982.

QUEIROZ JÚNIOR. Carmen Miranda – vida, glória, amor e morte. Rio de Janeiro: Ed. Cia. Brasileira de Artes Gráficas, 1956.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Vol 1. São Paulo: Editora 34, 1997.

VASCONCELOS, Ary. Panorama da música popular brasileira. Rio de Janeiro: Martins, 1965.

Crítica

Carmen Miranda também vem merecendo citações, livros e artigos em praticamente todo o mundo, que a incensam como um ícone do exagero tropicalista brasileiro, da luxuriante “extravaganza” musical de Hollywood nos anos 40 e até da alegria desenfreada que sua figura emitia. Figura que era uma rara conjugação de olhos, mãos e corpo inteiro ondulante, cujo ponto culminante estava não só nos turbantes recheados com frutas dos trópicos, como nas frases metralhadas em português dentro do seu inglês de forte sotaque latino-americano. Mas quem foi, lá no fundo da alma, essa portuguesa de nascimento (Marco de Canavezes, vila de colhedores de nobre vinhedo, perto do Porto), que veio morar no Rio com apenas um ano de idade?

Vale dizer que Carmen Miranda foi: 1 — a rainha absoluta da época de ouro da MPB no Brasil (1930-1940), gravando dezenas de sucessos. Um filete de voz projetado com tal charme e “swing”, que logo conquistaria o país e deixaria no chinelo sua inspiradora, a supervedete Aracy Cortes; 2 — a rainha absoluta de Hollywood entre 1941 e 1949, quando chegou a ser a estrela de cinema mais bem paga do mundo, estrelando filmes de qualidade até duvidosa (reconheço), mas iluminados por sua personalidade magnética. Quem duvidar que faça um exercício: veja no vídeo qualquer filme da Carmen e tente tirar os olhos dela quando aparece em cena. Como resistir a um ser quase de um outro planeta?

Carmen foi, sim, um ser especialíssimo e iluminado: bem-humorada e feliz, era capaz de dizer palavrões com uma graça tal, que ninguém se dava conta dos ditos cabeludos, insuportáveis em qualquer outra mulher de sua época.

Só que, mesmo cercada pelo namorado Aluysio de Oliveira (do Bando da Lua), teve que curvar-se ao catolicismo de sua mãe. E, para satisfazê-la, casou-se. Com o homem errado, o produtor David Sebastian. Data daí, do casamento, seu infortúnio e sua perdição. O marido, quase um rufião, explorava-lhe como empresário e a torturava como homem, chegando ao desatino de lhe aplicar pancadas em público. O que a levou quase à loucura e ao trágico fim, provocado pela ingestão de excitantes (bolinhas) para acordar, dormir e até se alimentar.

Ou seja, vivendo nas telas a “féerie” do samba saltitante, vivia em casa o drama soturno do bolero mexicano mais chinfrim. Não poderia dar bom resultado. Por isso tudo, Carmen sucumbiu aos 46 anos. Morte prematura que ajudou, a meu ver, a preservar o mito e a “persona” que ela representava com frescor e vivacidade.

Ricardo Cravo Albin