Compositor. Autor. Cantor. Roteirista. Produtor.
Primogênito de um casal de classe média, Jerônimo José Ferreira Braga Neto (diretor da Fábrica de Tecidos Confiança) e Carmen Beirão Ferreira Braga. Passou uma infância feliz. Morou nos bairros cariocas da Gávea, Botafogo, mas o principal cenário de sua infância foi o bairro de Vila Isabel. Entre os amigos passou a ser chamado de Braguinha, nome pelo qual tornou-se conhecido também no meio musical, embora tenha adotado o pseudônimo de João de Barro para evitar constrangimentos familiares. Desde pequeno costumava cantar acompanhado ao piano pela avó.
Estudou inicialmente em uma escola pública, indo mais tarde para o Colégio Santo Inácio, dirigido por padres jesuítas, em Botafogo. Transferiu-se, depois, para o Colégio Batista. Foi lá que conheceu e tornou-se amigo do violonista Henrique Brito. A amizade despertou-lhe o interesse pela música, tentando aprender alguns acordes com o amigo. Estudou Arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes, razão pela qual adotou o pseudônimo de João de Barro, em homenagem ao passarinho que constrói sua própria casa. Isso aconteceu porque seu pai não gostou de ver o nome da família circulando no ambiente da música popular, que era malvisto naquela época.
Em 1931, matriculado no 3º ano, resolveu deixar a Arquitetura e dedicar-se à composição. Seu processo para compor costumava ser o assobio, pois nunca teve uma formação musical formal. Casou-se em 1938, com Astréa Rabelo Cantolino, professora, com a qual teve uma única filha, Maria Cecília, que lhe deu três netos: Carlos Alberto, Maria Luiza e Maria Cláudia. Estes ainda lhe deram seis bisnetos (Carlos Daniel, Maria Beatriz, Maria Elisa, Maria Clara, Rafael e Gabriela). Faleceu na véspera do Natal de 2006, aos 99 anos de idade, de falência múltipla dos órgãos, na UTI do Hospital Pró-Cardíaco. O velório ocorreu na Câmara dos Vereadores e contou com a presença de diversas personalidades e autoridades todas unânimes em ressaltar as qualidades do compositor. Seu corpo foi sepultado no Cemitério São João Batista, em Botafogo, sendo enterrado junto com ele algumas das homenagens que receu como as medalhas Pedro Ernesto, Tiradentes e a da Ordem do Mérito Cultural. Foi homenageado pelos amigos que cantaram seus sucessos como “Chiquita bacana” e “Carinhoso”. Sua família endereçou um pedido ao prefeito da cidade para que na praça onde fica a estátua do compositor seja plantado um flamboyant, árvore cuja flor representa o sonho, na praça onde está a estátua do compositor, na esquina da Rua Barata Ribeiro com a Avenida Princesa Isabel, em Copacabana, como uma homenagem ao compositor que fez tal pedido na música “Velho Flamboyant”. Foi homenageado na quadra da escola de samba Estação Primeira de Mangueira com ritmistas e passistas sambando e cantando em sua homenagem. Em 2007, a escola de samba mirim Mangueira do Amanhã, apresentará o enredo “Yes, nós temos Braguinha”, com o qual a Mangueira desfilou e foi campeão no desfile de inauguração do Sambódromo, em 1984.
Um dos compositores de maior expressão na música popular brasileira. Sua musicografia completa, que inclui versões e músicas compostas para histórias infantis, passa dos 400 títulos. Essa é, sem dúvida, uma das maiores obras feitas por um compositor em nossa música popular. Sua extensa produção encontra-se praticamente toda gravada. Seus parceiros mais constantes foram: Alberto Ribeiro, médico homeopata e grande amigo, Alcyr Pires Vermelho, Antônio Almeida e Jota Júnior.
O cinema brasileiro também lhe deve, pois ele muito contribuiu como roteirista e compositor em filmes que se tornaram memórias musicais do Brasil. Infelizmente, muitas dessas obras encontram-se perdidas.
Em 1923, aos 16 anos, compôs sua primeira obra (letra e música), a canção “Vestidinho encarnado”. Em 1928, ainda na época do Colégio Batista, e influenciado pelo sucesso do grupo vocal e instrumental nordestino Turunas da Mauricéia, fundou o conjunto Flor do Tempo, com apoio do comerciante Eduardo Dale, que gostava de levá-los para apresentações em sua bela casa, quando recebia visitas e amigos. O Flor do Tempo teve mais de uma formação: primeiramente era integrado por Alvinho (Álvaro de Miranda Ribeiro), Henrique Brito, Almirante (Henrique Foréis), que não era aluno do Colégio Batista e Braguinha, que anos depois se tornaria seu cunhado ao casar-se com sua irmã Ilka.
A primeira apresentação pública do grupo se deu no mesmo colégio numa festa de aniversário de Eduardo Dale, que, em sua casa, promoveu um espetáculo chamado de “Madrugada de samba”. Por essa época, o grupo se apresentava freqüentemente em festas e eventos artísticos, como uma festa em homenagem ao então Ministro da Viação Victor Konder e uma “Noite do Violão e da Modinha”, no Tijuca Tênis Clube, além de apresentações em festas na cidade capixaba de Vitória.
Cerca de um ano e meio depois, em 1929, mudaram o nome do grupo para Bando de Tangarás. Foi nessa época que o jovem Noel Rosa, um colega de Almirante, integrou-se ao conjunto. Ainda em 1929, o grupo gravou o primeiro disco, ocasião em que Braguinha trocou seu nome para João de Barro.
Esse disco, gravado na Odeon, informava no selo: Almirante com o Bando de Tangarás. E trazia o cateretê “Anedotas” e a embolada “Galo garnizé”, ambas de Almirante.
Também no mesmo ano, o grupo passou a gravar na Parlophon. Lançou então, com o Bando de Tangarás, numa gravação em que aparece como cantor solista, a canção “Pra vancê” e a toada “Coisas da roça”, suas primeiras composições gravadas. Ainda em 1929, fez sua segunda gravação como solista vocal acompanhado pelo Bando de Tangarás com as canções “Desengano” e “Assombração”, parcerias com Henrique Brito.
Em 1930, o Bando de Tangarás gravou os sambas “Na Pavuna”, de Homero Dornellas e Almirante, com o qual o grupo obteve um sucesso extraordinário no carnaval daquele ano, e “Não quero amor nem carinho”, de sua parceria com Canuto, no qual aparecia como solista enquanto Almirante foi o solista de “Na Pavuna”. No mesmo ano, gravou como solista a marcha “Dona Antonha”, de sua autoria, o samba “Minha cabrocha”, de Lamartine Babo e a toada “A mulher e a carroça”, também de sua autoria. Em 1931, gravou solo o samba “Cor de prata”, também de Lamartine Babo, pela Parlophon. No mesmo ano, gravou em dupla com Noel Rosa, com acompanhamento do Bando de Tangarás, os sambas “Samba da boa vontade”, de sua parceria com Noel Rosa e, “Picilone”, de Noel Rosa. Desistiu da carreira de intérprete solo pouco tempo depois, tendo gravado 19 faces de discos com 15 composições de sua autoria num período de cerca de dois anos.
No mesmo ano, teve dois sambas classificados em 2º e 3º lugares no concurso carnavalesco promovido pela Odeon, “Olha a crioula”, parceria com Almirante e “Encurta a saia”, parceria com Almirante e Júlio Casado. No carnaval de 1933, obteve, pouco antes do fim do Bando de Tangarás, os primeiros grandes sucessos com as marchas de sua autoria “Moreninha da praia” e “Trem blindado”, ambas interpretadas por Almirante na Victor. No mesmo ano, Gastão Formenti gravou na Victor, com o Bando de Tangarás, a toada “Azulão”, parceria com Almirante, Jorge Fernandes lançou pela Odeon a valsa “Canção do mar”, parceria com José Maria de Abreu e o Bando de Tangarás registrou, também na Odeon, a cena regional “Festa de São João”, sua primeira composição sobre o tema. Também no mesmo ano, tirou o segundo lugar em concurso promovido pelo Jornal A Noite, intitulado “O Mês da cidade”, com a rumba-canção “Garimpeiro do rio das Garças”.
Em 1934, lançou novos sucessos no carnaval: as marchinhas “Linda lourinha”, somente de sua autoria e “Uma andorinha não faz verão”, em parceria com Lamartine Babo e gravadas por Sílvio Caldas e Mário Reis. Nesta época, conheceu duas pessoas que teriam influência marcante em sua carreira: o médico e também compositor Alberto Ribeiro, que viria a ser o seu mais assíduo parceiro e Wallace Downey, um americano que o conduziu à carreira do cinema e da indústria de discos. A partir desse encontro, o compositor passou a ter intensa participação como roteirista e assistente de direção em filmes da Cinédia. Juntamente com Alberto Ribeiro, escreveu argumentos e composições para a trilha sonora de vários filmes, dentre os quais “Alô, alô, Brasil” e “Estudantes”, cuja personagem principal, Mimi, foi estrelada por Carmen Miranda.
Em 1935, escreveu, com Alberto Ribeiro, o argumento do filme “Alô, alô Brasil”, de Wallace Downey, além de trabalharem como assistentes de direção e ajudarem na escolha do elenco. Compuseram igualmente para a trilha musical deste filme, nascendo assim as primeiras parcerias da dupla: as marchinhas “Menina internacional”, interpretada por Dircinha Batista e Arnaldo Pescuma e “Deixa a lua sossegada”, cantada por Almirante e Bando da Lua. Sobre essa última, assim falou o compositor: “Estávamos eu e o Alberto no Café Papagaio, no dia mesmo em que nos conhecemos, quando tivemos a idéia de fazer uma marchinha satirizando o uso, tão explorado, da lua como tema poético. Daí nasceu Deixa a lua sossegada, nossa primeira composição”.
No mesmo ano, escreveu também com Alberto Ribeiro o argumento do filme “Estudantes”, filmado pela Waldow-Cinédia em uma semana. Neste filme, apareceram três composições de sua autoria: o samba “Linda Ninon”, interpretado por Mário Reis e as marchas “Linda Mimi”, também cantada por Mário Reis e “Lalá”, parceria com Alberto Ribeiro, cantada pelo Bando da Lua, que, a partir de então, adotou a composição como prefixo em suas audições.
Em 1936, fez novos sucessos com Alberto Ribeiro, as marchas “Maria, acorda que é dia”, gravada pela dupla Joel e Gaúcho e “Pirata” e “Muito riso, pouco siso”, gravadas por Dircinha Batista. No mesmo ano, escreveu com Alberto Ribeiro o argumento para o filme “Alô, alô carnaval”, também da Waldow-Cinédia, que se tornou um marco para o filme musical brasileiro. Nesta produção constaram nove composições de sua autoria, entre as quais, a marcha “Cantoras do rádio”, parceria com Lamartine Babo, interpretada pelas irmãs Carmen e Aurora Miranda e que se tornou uma espécie de prefixo da geração chamada de “Cantores do rádio”.
Em 1937, ainda com Alberto Ribeiro, compôs as marchas “Por um ovo só”, gravada por Almirante na Victor, “Minha terra tem palmeiras” e “Balancê”, gravadas por Carmen Miranda na Odeon, entre outras.
No mesmo ano, escreveu com Alberto Ribeiro o roteiro do filme “João Ninguém”, de Wallace Downwy, para o qual compuseram a valsa “Sonhos azuis”, cantada no filme por Dircinha Batista e gravada por Carlos Galhardo, alcançando grande sucesso.
Também no mesmo ano, fez letra para uma das composições mais gravadas da música popular brasileira, o samba-choro “Carinhoso”, feito por Pixinguinha vinte anos antes. Lançado por Orlando Silva na Victor, “Carinhoso” recebeu mais de cem gravações a partir de então, por parte dos mais diferentes artistas brasileiros e estrangeiros, como Dalva de Oliveira, Isaura Garcia, Ângela Maria, Gilberto Alves, Elis Regina, João Bosco e outros.
Nesse mesmo ano, foi levado por Wallace Downey para trabalhar na divisão de gravações da Columbia.
Em 1938, venceu o concurso carnavalesco com uma das marchinhas mais famosas da dupla: “Touradas em Madrid”, embora a música tenha depois sido desclassificada, pois alegou-se que se tratava de um “paso doble” (ritmo estrangeiro). Mesmo assim, a marchinha fez sucesso, sendo gravada por Almirante. Depois que o concurso foi anulado, inscreveu outra marchinha, “Pastorinhas”, uma versão modificada de “Linda pequena”, composta anos antes com Noel Rosa, gravada por Sílvio Caldas e que acabou vencendo o novo concurso. Ainda no mesmo ano, compôs com Alberto Ribeiro a marcha “Yes, nós temos bananas”, gravada por Almirante na Odeon e que foi uma resposta à música de Frank Silver e Irving Cohn, “Yes! We have no bananas”. Também no mesmo ano, Almirante gravou na Odeon a marcha “Barquinho pequenino”, parceria com Alberto Ribeiro e Heriberto Muraro e Carlos Galhardo, na Victor, a valsa “Linda borboleta”, parceria com Alberto Ribeiro.
Em 1939, lançou com o parceiro Alberto Ribeiro a marcha “Noites de junho”, gravada com sucesso por Dalva de Oliveira na Columbia. No mesmo ano, Arnaldo Amaral e Neide Martins gravaram pela Columbia o fox-canção “Era uma vez” e Carlos Galhardo, na Victor, a “Marcha para o Oeste”, também parcerias com Alberto Ribeiro. Em 1940 obteve novo sucesso com a marcha “Dama das camélias”, uma parceria com Alcyr Pires Vermelho, gravada por Francisco Alves na Columbia e relançada posteriormente entre outros por Carlos José, Trio Irakitan, Helena de Lima e Os Três Morais.
Na década de 1940, passou a fazer dublagens para produções cinematográficas realizadas por Walt Disney. O primeiro desenho de longa metragem, “Branca de Neve”, foi dublado por ele. Suas versões para as canções de Branca de Neve fizeram grande sucesso. Participou ainda das versões brasileiras de Pinóquio em 1940, Dumbo em 1941 e Bambi em 1942, entre outras. Entusiasmado com o sucesso do filme Branca de Neve, teve a idéia de recontar os grandes clássicos das histórias infantis, imortalizando-os em discos. As canções que fez para estas histórias são inesquecíveis: “Branca de Neve e os sete anões”, “Chapeuzinho vermelho” e “O pequeno polegar”, entre outras. Na dublagem dos filmes de Walt Disney, apesar dos poucos recursos técnicos, conseguiu resultados formidáveis, que impressionaram o próprio Disney, que lhe ofereceu um relógio de ouro com dedicatória especial. Em 1940, o cantor Deo gravou na Continental o seu choro “Cochichando”, parceria com Pixinguinha e Alberto Ribeiro.
Em 1941, lançou com sucesso uma composição de 1936, “Seu Libório”, parceria com Alberto Ribeiro, gravada por Vassourinha na Columbia. No mesmo ano, lançou a marcha “Quebra tudo”, parceria com Alberto Ribeiro, gravada pelo grupo Anjos do Inferno, também na Columbia. No ano seguinte, teve a marcha “Onde vais morena?”, parceria com Antônio Almeida gravada pelos Anjos do Inferno e a conga “Joaninha vai casar”, parceria com Alberto Ribeiro gravada por Castro Barbosa e o samba “Brasil, usina do mundo”, por Deo, os três na Columbia. Em 1943, obteve sucesso com novas marchinhas de carnaval, “Adolfito mata-mouros” e “China pau”, ambas com Alberto Ribeiro, gravadas por Orlando Silva e Castro Barbosa respectivamente, os dois na Columbia. No mesmo ano, assumiu a direção do selo Continental. Foi nesta gravadora que lançou em disco várias adaptações suas para histórias infantis tradicionais. Em 1944, Dircinha Batista e Deo gravaram em dueto na Continental a valsa “Continuas em meu coração”, parceria com Alberto Ribeiro.
Em 1945, fundou com outros sócios a Todamérica, editora musical que passaria a ser também gravadora de 1950 até 1960, ano que voltou apenas a atuar como editora. Em 1946, sobre um tema encomendado sete anos antes pelo produtor americano Wallace Downey, compôs com Alberto Ribeiro o antológico samba-canção “Copacabana”, imortalizado pela voz do então jovem cantor Dick Farney que o gravou na Continental, com arranjo inovador de Radamés Gnattali. Esta composição teve mais de oitenta regravações, entre as quais as de Jorge Veiga, Albertinho Fortuna, Severino Araújo e sua orquestra, Fafá Lemos e sua orquestra, Lúcio Alves, Tito Madi, Maysa, Altemar Dutra, Nana Caymmi, Bing Crosby, Buddy Castel e Roberto Inglez e sua orquestra. Ainda no mesmo ano, sua marchinha “Pirata da perna-de-pau” alavancou a carreira do cantor Nuno Roland que a gravou na Continental, pois foi grande sucesso no carnaval do ano seguinte.
Em 1947, o mesmo Nuno Roland lançou seu samba “Fim de semana em Paquetá”, parceria com Alberto Ribeiro, que também obteve grande sucesso, sendo regravado entre outros por Elizeth Cardoso e Jorge Goulart. No mesmo ano, Dircinha Batista gravou na Continental a marcha “Flauta de Pã”, parceria com Alberto Ribeiro. Em 1948, com o parceiro Antônio Almeida, lançou no carnaval novo sucesso, a marcha “A mulata é a tal”, gravada por Ruy Rey na Continental. Lançou também no mesmo ano “Tem gato na tuba”, com Alberto Ribeiro, gravada por Nuno Roland e “O que é que há”, lançada por Jorge Veiga e para a qual usou o pseudônimo de Furnarius Rufus, as duas gravações na Continental. No ano seguinte, compôs a “marchinha existencialista” “Chiquita bacana”, um dos grandes sucessos da carreira da cantora Emilinha Borba que a gravou na Continental. O sucesso dessa marchinha tornou-se internacional, pois foi gravada nos EUA, Argentina, Itália, Holanda, Inglaterra e França, onde saiu com o título “Chiquita madame de la Martinique”, em gravação da cantora Josephine Baker. Ainda em 1949, lançou uma série de sucessos: “Serenata chinesa” e “Corsário”, esta com Alberto Ribeiro, ambas gravadas por Nuno Roland; “Legionário”, com José Maria de Abreu, gravada por Ruy Rey; “Vote! Que mulher bonita! “, com Antônio Almeida, gravada por Blecaute; “O circo chegou”, com Antônio Almeida e Alberto Ribeiro, gravada por Sílvio Caldas; os sambas “Rosa tirana”, com Alberto Ribeiro, gravado por Déo e “Tem marujo no samba”, gravado por Emilinha Borba e Nuno Roland.
Em 1950, lançou novos sucessos: “Lancha nova”, com Alberto Ribeiro, gravada por Nuno Roland e Trio Melodia, a marcha “Ai, Gegê…”, parceria com José Maria de Abreu, gravada por Jorge Goulart e o baião “Saia de bico”, gravado por Carmélia Alves e Trio Melodia, todos na Continental. No mesmo ano, sua marcha “Touradas em Madrid” foi cantada na tarde de 13 de julho, durante partida contra a Espanha pela Copa daquele ano por cerca de 200 mil torcedores no Maracanã, ocasião em que a seleção brasileira goleou por 6 X 1 o adversário, em partida histórica. O compositor esteve no Maracanã, mas, segundo testemunhou a Jairo Severiano, “Eu estava lá, e lamentavelmente não pude participar do coral. A emoção não deixou.”
Em 1953, obteve sucesso com “Luzes da ribalta”, letra escrita sobre melodia de Charles Chaplin e gravada por Jorge Goulart na Continental. No mesmo ano, Jorge Goulat gravou a marcha “Pepita de Guadalajara”, parceria com Alberto Ribeiro. Ainda nesse ano, teve a marchinha carnavalesca “Taradinha”, preparada para o carnaval do ano seguinte, interditada pelo Serviço de Censura de Diversões Públicas que a condenou integralmente. O diretor do órgão de censura afirmou que em hipótese alguma permitiria tal expressão no rádio, no cinema, no teatro ou na televisão. Em 1954, Emilinha Borba gravou na Continental a marcha “Acende a vela”, os Vocalistas Tropicais o samba “Adeus Helena” e Marlene o samba “Batucada”, na mesma gravadora. No ano seguinte, Emilinha Borba lançou o baião “Canta, canta passarinho” e Bill Farr o fox-polca “A casa do Nicola”.
Em 1956, Emilinha Borba e Bill Farr gravaram na Continental o fox-marcha “Bate o bife”. Trambém no mesmo ano e na mesma gravadora, Juanita Cavalcânti lançou o samba-canção “Convite ao Rio”, parceria com Alberto Ribeiro. Em 1957, lançou uma das marchinhas carnavalescas preferidas do público, “Vai com jeito”, gravada por Emilinha Borba na Continental, e regravada em seguida por Valdir Azevedo ao cavaquinho. No mesmo ano, obteve sucesso com “Laura”, um samba-canção em parceria com Alcyr Pires Vermelho e cujos versos diziam: “O vale em flor/A ponte, o rio cantando/O sol banhando a estrada/Frases de amor…/Laura, um sorriso de criança/Laura, nos cabelos uma flor”. Gravado por Jorge Goulart na Continental e regravado no mesmo ano pelo Trio Nagô na RCA Victor, Radamés Gnatalli e seu conjunto na Continental e Britinho ao piano na Sinter.
No ano seguinte, Joel de Almeida gravou na Continental o samba “Leonor”. No final dos anos 1950, seus sucessos carnavalescos começaram a escassear devido ao declínio das músicas de carnaval. Em 1962, passou a compor com um novo parceiro, Jota Júnior, e a primeira composição gravada da nova parceria foi a marcha “Ai, ai morena”, por Vagareza, na Continental. No mesmo ano, obteve sucesso com a marcha “Garota de Saint-Tropez”, parceria com Jota Junior, gravada por Jorge Veiga na RCA Victor. No ano seguinte compôs com Jota Júnior a “Marcha-chá-chá”, aproveitando a onda do chá-chá-chá então em voga, gravada por Jorge Veiga na RCA Victor. Em 1964, compôs com Radamés Gnatalli “Pau no burro”, gravada por Joel de Almeida na Continental. Em 1966, teve a marcha “Rosas para Colombina” gravada na RCA Victor por Orlando Silva. Em 9 de dezembro deste ano, reportagem do jornal O Globo noticiava seu depoimento ao MIS, no qual afirmou: “Hoje em dia, o compositor pode ter a melhor música de carnaval, mas se não tiver dinheiro para promovê-la e capacidade de estivador para trabalhar a sua composição, ela não fará nenhum sucesso, pelo simples fato de não poder tornar-se conhecida”. A declaração foi feita ontem, no Museu da Imagem e do Som, pelo compositor João de Barro, o Braguinha. Vencedor de vários carnavais, com “Pastorinhas”, “Dama das Camélias” e “Gato na tuba”, Braguinha afirmou que, atualmente, com menos de dois milhões de cruzeiros não se faz o “trabalho” de uma música carnavalesca. Em 1967, Dalva de Oliveira gravou a marcha “Banana nanica”, na Odeon, Jorge Goulart, na Continental, o samba-canção “Canção de um dia de sol”, parceria com Alcyr Pires Vermelho, e Wilson Simonal regravou, na Odeon, o samba “Fim de semana em Paquetá”, parceria com Alberto Ribeiro.
Em 1968, foi homenageado com o espetáculo “Yes,nós temos Braguinha”, no Teatro Casa Grande, organizado por Sidney Miller e Paulo Afonso Grisoli, no qual apareceu pessoalmente em cena. Em 1972, lançou um LP pela RCA Victor, no qual interpretou composições de sua autoria como o samba “Balancei a roseira”. Em 1975, tornou a receber homenagem, dessa vez com o espetáculo “O Rio amanheceu cantando”, na boate Vivará, com Elizeth Cardoso, Quarteto em Cy e MPB. Em 1976, o seu repertório de discos infantis atingiu a marca dos cinco milhões de cópias editadas. Criou o selo chamado “Disquinho” na gravadora Continental. Como produtor dos primeiros disquinhos coloridos para crianças, lançou não só adaptações suas das histórias infantis, como também de Elza Fiúza, Jota Junior, etc. Em 1977, compôs com Jota Júnior a marcha “Funciona cocota”, gravada na Som Livre pelo cantor e comediante Chico Anysio.
Em 1979, a cantora Gal Costa regravou com grande sucesso o samba “Balancê”, que trouxe o compositor novamente para o novo cenário da MPB. Esta marchinha foi a mais tocada no carnaval do ano seguinte, com 2357 execuções segundo dados do ECAD citados po Jairo Severiano. No mesmo ano, fez relativo sucesso no carnaval com a marcha “Bebê de proveta”, gravada na RCA Victor pelo apresentador de TV Sílvio Santos. Em 1980, Grande Otelo e sua mulher Joséphine Hélène encenaram, no Teatro Casa Grande (RJ), a sua história “Viveiro de pássaros”. No mesmo ano, teve nova composição gravada pelo apresentador de televisão Sílvio Santos na RCA Victor, a marcha “Pacote de mulher”. Em 1981, a marcha “Raminho de café” foi gravada na Continental por Jorge Goulart e Emilinha Borba. Em 1983, gravou com o conjunto Coisas Nossas, pelo selo Funarte, a marcha-rancho “Saudosismo”. No mesmo ano, foi homenageado com o show “Viva Braguinha”, dirigido por Ricardo Cravo Albin, com o conjunto Coisas Nossas e Miúcha, na Sala Sidney Miller, que incluído no Projeto Pixinguinha, correria todo o norte e nordeste do Brasil.
Em 1984, no ano da inauguração do Sambódromo, teve sua grande consagração carnavalesca – saiu desfilando na Mangueira, escola de samba carioca, ocasião em que foi tema do enredo mangueirense. A escola consagrou-se campeã com o enredo intitulado “Yes, nós temos Braguinha”, que deu nome ao samba cantado em massa pelos espectadores que estavam na Marquês de Sapucaí. Em 1985, em parceira com César Costa Filho, compôs “Vagalume”, vencedora de concurso musical da TV Manchete. No mesmo ano, o espetáculo “Viva Braguinha” ganhou nova versão, com o elenco acrescido de Duardo Dusek no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, na ocasião da entrega do Prêmio Shell de Música Brasileira ao compositor. Em 1987, o nome do samba enredo cantado pela Mangueira três anos antes se transformou no título de sua primeira biografia, escrita pelo historiador Jairo Severiano.
Em 1996, o cantor Djavan incluiu no CD “Malásia” a versão do compositor, composta em 1955, para a canção “Smile”, de Charles Chaplin, Turner e Parsons, com o título “Sorri”. A mesma versão foi regravada por Nana Caymmi em seu CD ao vivo, no final dos anos 1990. Ainda em 1996, a Editora Moderna transformou as histórias que Braguinha criou para discos, em lindos livros coloridos. Alguns deles receberam o selo de altamente recomendável da Fundação do Livro Infanto-juvenil. Em 1997, na passagem dos seus 90 anos de vida, recebeu inúmeras e grandiosas homenagens que começaram com um jantar de gala para cem convidados, organizado por Ricardo Cravo Albin, no Rio Palace Hotel (antigo Cassino Atlântico), ao qual compareceram a maioria de seus intérpretes, além de ministros e governadores. Entre as homenagens estava o lançamento do CD Revivivendo-Todamérica – Carnaval Sua História Sua Glória, Vol. 19.
Em 4 de novembro desde mesmo ano, pelo decreto presidencial de 30/10/1997, foi admitido na “Ordem do Mérito Cultural”, na classe Comendador, recebendo a condecoração das mãos do então Presidente Fernando Henrique Cardoso.
Em 4 de setembro de 2000 recebeu a Medalha do Mérito Cultural da Magistratura, concedida pelo Instituto dos Magistrados do Brasil. Outubro de 2000 foi marcado pelo lançamento do livro/CD “Braguinha Para Crianças – Um Canto de Felicidade”, projeto de Carlos Alberto Rabaça, patrocinado pela Petrobras. Algumas de suas histórias escritas para crianças, como “O Casamento de Dona Baratinha” voltaram a ser encenadas em espetáculos dirigidos por Karen Acciolly, no Centro Cultural Light. Em 2001, o produtor Carlos Alberto Sion relançou pela WEA a série de 50 histórias infantis adaptadas e musicadas por João de Barro desde a década de 40. Histórias como as de “João e Maria”, “O Patinho Feio”, “O Gato de Botas”, “A Cigarra e a Formiga”, “Estória da Baratinha” e “A Bela Adormecida”, com arranjos de Francisco Mignone, Ramamés Gnatalli e Guerra Peixe. Em 2002, teve lançado no Teatro Rival o seu songbook, produzido por Almir Chediak, formado por um livro com 60 particturas de suas composições mais importantes e 3 CDs com 43 regravações de suas obras. Destacam-se nos CDs, as gravações de Chico Buarque para o “Samba da boa vontade”, Alceu Valença, que gravou “As pastorinhas”, Edu Lobo, com “Copacabana”, Djavan com “Carinhoso” e Luis Melodia com “Laura”.
Em 2004, cinco histórias infantis de sua autoria foram reunidas no espetáculo infantil “Sinfonieta Braguinha”, de Karen Acioly. Com uma obra ampla e variada foi um dos mais aclamados compositores brasileiros do século XX tendo composto verdadeiras pérolas musicais imortalizadas como clássicos da música popular brasileira e permanentemente cantadas e regravadas como “Carinhoso”, “Copacabana” e “As pastorinhas”. Em 2007, por ocasião das comemorações dos seus 100 anos de nascimento foi homenageado com a mostra “Braguinha, 100 Anos – Homenagem do Cinema Brasileiro”, com a ajuda dos curadores Matheus Ramalho e Eduardo Ades, a ser apresentada no CCBB, no Rio de Janeiro, com as apresentações de nove documentários, cinco filmes infantis e um musical. Haverá também um debate com as presenças de Hernani Heffner, curador do acervo da cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e do pesquisador Ricardo Cravo Albin. Foi também homenageado com a exposição “100 anos de João de Barro – Braguinha” no Arte SESC, no Flamengo, Rio de Janeiro. Na exposição estarão abertos ao público detalhes da vida do compositor divida em sete módulos ricamente ilustrados incluindo módulos interativos. Haverá inclusive a reprodução de um estúdio da Rádio Nacional. Poderão ser ouvidas composições clássicas do autor como “Chiquita Bacana”, “Copacabana”, “Carinhoso”, “Touradas de Madri”, entre outras. O acervo da exposição foi doado pela filha do compositor Maria Cecília Braga, e estarão em exposição entre outros objetos, o violão do compositor, troféus que recebeu ao longo da vida, fotos dele quando criança, jovem, casando, e no nascimento da primeira filha e com netos. Estarão expostas também fotos com nomes fundamentais da música popular como Noel Rosa, Pixinguinha, Lamartine Babo, e outros. Haverá ainda a exibição de um audio-visual com depoimentos de sua filha Maria Cecília Braga, João Máximo, Ruy Castro, Joaquim Ferreira dos Santos, entre outros. Ainda por ocasião dos festejos do centenário de seu nascimento foi criado pelo Instituto Cultural Cravo Albin o “Comitê Braguinha” composto por Martinho da Vila, Maria Cecília – única filha do compositor -, a juiza de paz Maria Vitória Riera, o desembargador Paulo Barata (diretor do centro Cultural da Justiça Federal) e Rogério Bittar (representante da Câmara dos Vereadores), além dos críticos João Máximo, Luiz Lobo e Ricardo Cravo Albin. O “Comitê” começou a se reunir em dezembro de 2006, visando coordenar eventos em celebração ao artista, além de estimular a realização de homenages, que culminou com uma grande celebração no dia 29 de março, data de aniversário do compositor. Ainda nesse ano, foi homenageado pela cantora Bia Bedran com a peça “Histórias de um João de Barro” apresentada no Teatro Villa-Lobos, com texto de Nick Zarvos e acompanhamento de um quinteto musical. Nesse musical, Bia Bedran reconte sete histórias infantis adaptadas e musicadas pelo compositor na década de 1960: “O gato de botas”, “Festa no céu”, “O macaco e a velha”, “Os três porquinhos”, “Chapeuzinho vermelho”, “Os quatro heróis” e “A gata borralheira”. Ao todo foram apresentadas 41 músicas do compositor. Em dezembro de 2010, foi homenageado na Fundição Progresso no “Baile de carnaval sinfônico” no qual se apresentaram as orquestras Céu na Terra e Orquestra Petrobras Sinfônica acompanhando interpretações de composições suas como “Balancê”; “Chiquita bacana”; “Vai com jeito”; “As pastorinhas”, e outras, além da inédita “A vida não tem bis” nas vozes de Tereza Cristina, Soraya Ravenle, João Cavalcanti, Pedro Miranda, Mariana Bernardes, Eduardo Dusek e Serjão Loroza, especialmente convidados para a homenagem. Em 2011, foi lançado pelo selo Discobertas em convênio com o ICCA – Instituto Cultural Cravo Albin a caixa “100 anos de música popular brasileira” com a reedição em 4 CDs duplos dos oito LPs lançados com as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin na Rádio MEC em 1974 e 1975. No volume 3 estão incluídas suas marchas carnavalescas “Linda lourinha”, com Alberto Ribeiro; Cadê Mimi”, “Pirolito”; “Chiquita bacana”; “Pirata da perna de pau” e “Touradas em Madrid” que foram interpretadas num medley por As Gatas e Gilberto Milfont. Em 2017, foi homenageado no espetáculo “Braguinha para crianças” em temporada no Teatro dos Quatro, no Rio de Janeiro.
(c/Garganta Profunda)
(Prêmio Shel)
(Com o Bando de Tangarás)
(Com o Bando de Tangarás)
(Com o Bando de Tangarás)
(Com o Bando de Tangarás)
(Com o Bando de Tangarás)
(Com o Bando de Tangarás)
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
ALBIN, Ricardo Cravo. O livro de ouro da MPB. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.
ALMIRANTE. No tempo de Noel Rosa. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1977.
AMARAL, Euclides. A Letra & a Poesia na MPB: Semelhanças & Diferenças. Rio de Janeiro: EAS Editora, 2019.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.
COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
MARIZ, Vasco. A canção brasileira. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 2002.
REPPOLHO. Dicionário Ilustrado de Ritmos & Instrumentos de Percussão. Rio de Janeiro: GJS Editora, 2012. 2ª ed. Idem, 2013.
SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. São Paulo: Editora: 34, 1997.
SEVERIANO, Jairo. Yes, nós temos Braguinha. Rio de Janeiro: Funarte/Martins Fontes, 1987.
VASCONCELLOS, Ary. Panorama da música popular brasileira – volume 2. Rio de Janeiro: Martins, 1965.